Autor da Pesquisa: Pedro Leão
O Brasil, com aproximadamente um terço das florestas tropicais remanescentes do mundo, é um dos mais importantes repositórios da biodiversidade mundial. Porém, o impacto das ações antrópicas sobre os ambientes tem feito com que importantes ecossistemas sejam descaracterizados sem que se tenha conhecimento da sua estrutura fitossociológica e composição florística das espécies nos diferentes ambientes.
A cobertura vegetal natural da ilha amazônica de Mosqueiro é constituída predominantemente por floresta ombrófila densa (pluvial tropical). Compõe-se, mais especificamente, de floresta de terra firme densa, floresta de terra firme aberta, floresta de várzea, floresta de igapó e manguezal. Destacaram ainda a presença de floresta secundária ou “capoeira” que em 1995 já ocupava aproximadamente 24 % da área total da ilha.
Mosqueiro é caracterizada por extensos remanescentes de floresta natural, possibilitando a ocorrência de uma diversidade de espécies florestais, que na atualidade estão cada vez mais expostas a inúmeras ações antrópicas, como desmatamento para feitura de carvão e para exploração mineral, muito embora consideráveis áreas com a vegetação natural ainda [estejam] pouco alterada, o que se deve, principalmente, ao fato de nela haver muitos igarapés e três grandes rios localizados ao sul de seu território, constituindo ambientes de difícil exploração imobiliária.
Jeferson Miranda & Costa e Marcio Roberto Pietrobom (2007) em pesquisa de campo, concluíram que “dentre as áreas inventariadas da Região Metropolitana de Belém, a Ilha de Mosqueiro foi a que apresentou a pteridoflora (samambaias e plantas afins) mais rica, o que ressalta a importância dos remanescentes florestais situados em seu território”.
Exemplares de Pteridófitas: salpichlaena hookeriana e selaginella willdenowii (Samambaia azul)
Na ilha amazônica de Mosqueiro, duas áreas de proteção ambiental (APA’s), se configuram: O Parque Ambiental da Ilha de Mosqueiro e a Estação Ecológica do Furo das Marinhas.
Dentre as comunidades do Parque Ambiental da Ilha de Mosqueiro destacam-se as localizadas nas margens do Rio Murubira, Tamanduaquara, Pratiquara e comunidade do Espírito Santo, Caruaru, Tucumandeua, Itapiapanema, Castanhal do Mari-Mari e Tabatinga ou Cantuário.
.
Floresta de terra firme densa e floresta de terra firme aberta
As florestas de terra firme ocupam terras não inundáveis. São recentes, originadas da sedimentação da bacia amazônica no período terciário. Caracterizam-se pelo grande porte das árvores e formação de dossel, isto é, uma compacta e permanente cobertura formada pelas copas das árvores. As florestas de terra firme dividem-se em florestas densas, as mais diversas e com maior quantidade de madeira, e floresta abertas, mais próximas dos escudos e depressões e que sustentam maior biomassa animal. Neste ambiente da ilha temos a Castanha-Do-Pará (Bertholletia excelsa H.B.K.), maçaranduba (Persea pyrifolia), acapu (Vouacapoua americana Aubl.) e Figueira ou Ipê amarela (mata-paus)(Tabebuia serratifolia (Vahl) Nich.), dentre outras espécies.
Castanha-do-pará (Bertholletia excelsa H.B.K.)
Floresta de várzea
As matas de várzea são as que sofrem com inundações em determinados períodos do ano. Na parte mais elevada desse tipo de mata, o tempo de inundação é curto e a vegetação é parecida com a das matas de terra firme. Nas regiões planas, que permanecem inundadas por mais tempo, a vegetação é semelhante a das matas de igapó. Dentre as espécies são destaque a andiroba (Carapa guianesis Aubi), a sumaúma (Ceiba pentandra (L.) Gaertn e o açaí (Euterpe oleracea Mart.)).
Sumaúma (Ceiba pentandra (L.) Gaertn
Floresta de igapó
As árvores atingem até vinte metros de altura, com a maioria entre quatro e cinco metros. As espécies vegetais aqui encontradas são adaptadas a terrenos alagadiços. Nelas são ocorrentes os cipós e as epífitas. Suas plantas, de menor porte, são hidrófilas (adaptadas a regiões alagadas), possuindo como espécies comuns as orquídeas, as bromélias e outras. As árvores mais típicas são o tachi (Tachigalia paniculata Aubl.), o buriti (Mauritia flexuosa L.), o Caranã (Copernida cerífera) e a mamorana (Paquira aquatica Aubl.).
Buriti (Mauritia flexuosa L.)
Manguezal
Os manguezais desenvolvem-se sobre sedimentos lodosos, sendo constituídos por espécies adaptadas ao baixo teor de oxigênio e às variações de salinidade decorrentes da ação de marés. A vegetação caracteriza-se pela presença de poucas espécies lenhosas com numerosos indivíduos.
Outros tipos de vegetação característica de áreas com influência salina estão presentes nos mangues mosqueirense. Suas espécies principais são: tamanqueiro (Tagara rhoifolia), mangue vermelho (Rhizophora mangle), siriúba (Avicenia nítida), mangerona (Conocarpus erecta) e a mague-rama (Laguncularia racemosa).
Para a fixação em um solo lamoso, o mangue-vermelho (Rhizophora mangle) possui raízes escoras ou rizóforos. Essas estruturas formam arcos saindo do caule principal, o que permite a sustentação da planta.
Vegetação de mangue no Carananduba
Floresta secundária, capoeira ou capoeirão.
As florestas secundárias são aquelas resultantes de um processo natural de regeneração da vegetação, em áreas onde no passado houve corte raso da floresta primária para uso de pasto ou agricultura. Também são consideradas secundárias as florestas muito descaracterizadas por exploração madeireira irracional ou por causas naturais, mesmo que nunca tenha havido corte raso e que ainda ocorram árvores remanescentes da vegetação primária.
Bacurizeiro (platonia insignis Mart.)
Dentre as espécies com ocorrência neste tipo de floresta estão o bacurizeiro (platonia insignis Mart.), tachi-branco (Sclerolobium paniculatum Vogel), matamatá branco (Eschweilera coriacea), Jarana (Holopyxidium jarana ( Hub. ) Ducke), mandioqueira lisa (Qualea albiflora), além de Ingá diversos (Inga sp). Como exemplo de cipós temos a escada de jabuti (Bauhinia guianensis, Caesalpiniaceae).
Escada de jabuti (Bauhinia guianensis, Caesalpiniaceae)
Diante do intenso processo de devastação das florestas brasileiras que vem tomando proporções alarmantes em todos os biomas, a conservação das espécies florestais da ilha amazônica de Mosqueiro deve ser objeto de medidas governamentais urgentes pensando-se nas gerações presente e futura.
A exploração das florestas se inicia, invariavelmente, com a extração das árvores de maior vigor e de melhor qualidade, deixando-se apenas as de qualidade inferior para transmitir seus genes às próximas gerações, num processo disgênico que leva à degradação dos remanescentes. Além disso, as formações florestais vêm sendo reduzidas a fragmentos cada vez menores e mais dispersos em meio às áreas antropizadas.
Fontes:
http://www.cdpara.pa.gov.br/index.php
Floristic composition and phytosociology of tree species in the Phenological Site of the Embrapa Western Amazonia. In: http://www.scielo.br/
Jeferson Miranda Costa & Marcio Roberto Pietrobom: Pteridófitas (Lycophyta e Monilophyta) da Ilha de Mosqueiro, município de Belém, estado do Pará, Brasil,2007. In: http://www.scielo.br/
www.ipaam.br/amazonas-corpo5.html
flickrhivemind.net
gardenbreizh.org
nemetonsamauma.blogspot.com/
http://www.flickr.com/photos/naiarabalderramas/page11/
www.cnpf.embrapa.br/publica/pfb-revista.../pfb.../PFB54_p7-35.pdf
http://www.lurvely.com/photo/4005001862/Selaginella_willdenowii/
http://plantamundo-novedades.blogspot.com.br/
http://www.flickr.com/photos/ericrstoner/4550713346/
FONTE:
http://mosqueiroambiental.blogspot.com.br/2012/06/exemplares-de-especies-florestais-na.html
PESQUISE NESTE BLOG:
Meio Ambiente: Poder x Ecologia
http://mosqueirando.blogspot.com.br/2011/09/meio-ambiente-poder-versus-ecologia.html
Nenhum comentário:
Postar um comentário