sábado, 25 de agosto de 2012

A OUTRA FACE DA ILHA: MOSQUEIRO PEDE SOCORRO

POSTADO PELO BLOG CASARÃO DE MEMÓRIAS DA AMAZÔNIA (Blog da Associação dos Agentes de Patrimônio da Amazônia – ASAPAM), no dia 01 de fevereiro de 2011.

E-mail recebido pela Associação Cidade Velha-Cidade Viva, atendendo a solicitação de Eduardo Brandão, morador de Mosqueiro, para divulgarmos e refletirmos sobre a situação do patrimônio cultural de Belém e nos mobilizarmos para a preservação do mesmo, fazendo denúncias e cobrando atitudes das autoridades dessa cidade, deste Estado e desta região:

Caros amigos,

Todos sabem o carinho que tenho com Mosqueiro, não é por acaso que optei morar neste lugar.

Inconformado com tanta incompetência e irresponsabilidade, resolvi colocar por escrito um depoimento que reflete o meu sentimento nesse momento.
Conto com o apoio de vocês repassando o texto abaixo:

Porque 2011 e 2012 precisam passar rápido em Mosqueiro.


Com a passagem de um ano para outro costumamos fazer uma reflexão sobre o que passou e o que virá. Para nós, em Mosqueiro, o resultado desta reflexão em nada é animador. Um conjunto de desmandos, omissões e desatinos das últimas administrações formou um cenário que vem provocando um grande desalento para moradores, empresários e visitantes, principalmente àqueles que nutrem um sentimento responsável pelo futuro de um lugar que vem encantando gerações. Não é por acaso que presenciamos a mobilização de muitos para eleger Mosqueiro uma das 7 Maravilhas do Pará.

Sabemos que no seio de nossa sociedade existem diversas pessoas que só querem tirar proveito dos valores que um lugar oferece e quase nada fazem para retribuir o que recebem de bom. Costumo chamar esses indivíduos de cidadãos gafanhotos, depois de destruir a folhagem de um vegetal partem para outro e desta forma se transformam em verdadeira praga, acreditem, uma praga humana. Porém é na administração pública, onde pagamos os salários de indivíduos para promover o bem comum, que enfrentamos nossos maiores problemas.
Numa região, como o norte do Brasil, onde o percentual de domicílios atendidos por sistema de tratamento de esgoto dificilmente ultrapassa 5%, Mosqueiro está perdendo a oportunidade de ter mais de 60% de seus domicílios com seus esgotos tratados. Tudo porque a atual administração, alegando problemas na execução da obra na administração anterior abandonou os mais de dez milhões de reais investidos pelo cidadão contribuinte. As bombas das estações elevatórias foram danificadas, roubadas e nenhuma manutenção foi dada. O resultado é a rede afogada e as casas que se ligaram nos sistemas enfrentando o refluxo. Para justificar tal fato os agentes públicos divulgam que a tubulação utilizada foi sub-dimensionada, quando sabemos que tudo não passa de uma estratégia para atingir a administração anterior que também teve as suas falhas.

Com a aprovação do novo Plano Diretor de Belém, áreas de Mosqueiro foram definidas como de interesse a preservação. Contrariando este dispositivo, a administração municipal vem autorizando o funcionamento da atividade de exploração de areia em áreas que deveriam estar protegidas.

Estudo realizado pela UFRA aponta a atividade mineradora (areia, barro e pedra) como responsável por mais de 80% do desmatamento em Mosqueiro, contrariando a tese de que os assentamentos rurais é que mais desmatam. A última área decretada como Unidade de Conservação em Mosqueiro foi em 1983, de lá até hoje nenhuma outra, apesar de haverem estudos e dispositivos legais que apontam essa necessidade.

Para proteger áreas das orlas das praias e demais ilhas do Município de Belém, o Plano Diretor considerou área non aedificandi a faixa mínima de cem metros, a partir da linha de maior preamar. Desrespeitando o dispositivo legal, mais uma vez a administração municipal vem se omitindo ao não fiscalizar as irregularidades e até autorizando a construção de equipamentos em diversas praias de Mosqueiro.

Todos sabemos a importância dos casarões construídos na orla de Mosqueiro. Exemplares onde os traços da arquitetura europeia se evidenciam, ilustram com muita propriedade a forma de ocupação nas primeiras décadas do século passado e em cada um deles lembranças estão gravadas em suas estruturas.

Lamentavelmente não são alvos de uma política pública de preservação do patrimônio histórico e cultural por parte da administração municipal. Muito pelo contrário, o que estamos presenciando é a destruição gradual desses imóveis, entre eles o imóvel localizado na praia do Bispo que pertence à Prefeitura de Belém. 
Da mesma forma que os casarões, os sítios da baía do Sol que remontam do período Pombalino, estão cada vez mais esquecidos. A fábrica Bitar, primeira a produzir pneumáticos no Brasil ainda está de pé porque a família vem mantendo a propriedade, mas poucos são aqueles que conhecem este fato. Estrutura centenária como a capela do Chapéu Virado está preservada graças às ações da igreja católica. O mesmo não se pode dizer com relação ao trapiche da Vila que se encontra deteriorado. Como podemos falar em qualificar a atividade turística e aumentar a autoestima do mosqueirense com os valores históricos vazando pelo ralo sob os olhares incompetentes dos gestores públicos.

O turismo, sempre apresentado pelos políticos de plantão como prioridade, vem se desenvolvendo graças ao empenho e até teimosia de alguns empreendedores locais que insistem em manter seus investimentos. A associação Pró-Turismo de Mosqueiro elaborou um Plano de Desenvolvimento Integrado para a atividade no Distrito. Infelizmente nunca foi assumido pelo governo local que permanece perdido em ações pontuais, desarticuladas e sem o impacto positivo que todos esperam, é lamentável o despreparo dos gestores.
Muitos são os logradouros onde aqueles que possuem propriedade precisam aterrar, capinar e abrir valas para que os veículos possam transitar, pois os responsáveis pela administração municipal, mais uma vez, fingem que o problema não é com eles. A maioria das ruas que foram asfaltadas não teve o seu sistema de micro drenagem regularizado, o resultado são os alagamentos e deterioração rápida do serviço realizado.

Recentemente, Mosqueiro foi palco para muitas famílias festejarem a chegada do Ano Novo na beira da praia. A enseada do Farol e Chapéu Virado foi a mais concorrida e a festa muito bonita. O aspecto negativo ficou por conta da Agência Distrital e da Secretaria de Urbanismo que não deram manutenção no sistema de iluminação pública deixando a praia as escuras e as famílias vulneráveis às ações de assaltantes.

Tenho a convicção de que as situações relatadas são apenas algumas que ilustram o despreparo e a falta de interesse dos gestores que no momento são responsáveis pela Prefeitura de Belém. Enquanto nosso prefeito não cria vergonha, pede desculpa ao eleitor que nele confiou e pede para sair, resta-me torcer para que os anos de 2011 e 2012 passem logo e um novo grupo assuma a Prefeitura. Do contrário o estrago provocado poderá ser irreversível. 


Prof. Eduardo Brandão.

Belém, Pará, Brasil.

FONTE: http://casaraodememorias.blogspot.com.br/2011/02/mosqueiro-pede-socorro.html

Um comentário:

  1. alguém sabe me informar o motivo que mosqueiro ainda não se tornou cidades e se livrando dos sangue suga de belém?

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