Autor: Augusto Meira Filho
Praia do Ariramba (FOTO: JCOliveira – 2012)
“Quando o bairro do Chapéu-Virado era o mais preferido do veranista ou do visitante, outros locais admiráveis da Ilha do Mosqueiro começavam a ser descobertos, não só pelo seu clima, mas, sobretudo, pela beleza de suas praias. Assim chegou o belenense às bordas do Murubira, do Ariramba, de São Francisco, Carananduba e demais logradouros e já hoje famosos da vida mosqueirense, principalmente após a construção da nossa estrada de rodagem e da discutida ponte no “Tauarié”.
Há muitos anos, as possibilidades de se chegar ao Ariramba eram remotas. O bonde a tração animal (...) depois movido a vapor, da Vila ao “Porto Arthur” – concessão de Pindobussu de Lemos, só permitiria o acesso até aquele ponto. Com esforço se alcançaria a pé as terras do Murubira.
Com o advento da rodovia beira-mar, incrementada na administração do Prefeito Abelardo Conduru, os caminhos foram se alongando pouco a pouco, até aquela penetração alvissareira ao tempo da gestão Stélio Maroja, quando os veículos da Agência Municipal poderiam chegar à Baía do Sol, via Sucurijuquara. Ainda conhecemos o “Ariramba” como lugar distante e de difícil penetração. Contudo, já se celebrizava no bairro o “Ponto-Certo” misto de mercearia e casa de hóspedes. Uma série de quartos contíguos, de madeira, seguindo a casa comercial da esquina. Seu proprietário o Oliveira – Euclides Soares de Oliveira – antigo auxiliar do Russo no Hotel, era o responsável pelo movimento da freguesia no Ariramba, pois mesmo aquele negócio pertencia ao dono do Hotel do Chapéu-Virado.
Mais tarde, Russo venderia tudo aquilo ao próprio Oliveira, outra figura histórica do Mosqueiro, com seus domínios do Ariramba, como o Russo no Chapéu-Virado e o Zacharias Mártyres, no Farol.
Com outros de nossa geração, muitas vezes visitamos o Ariramba, ao tempo em que a residência última do bairro era a do Desembargador Arnaldo Lobo, por nós construída a seu pedido. A própria linha do ônibus municipal tinha o seu término cerca de 100 metros antes da casa praiana daquele ilustre magistrado. Mas o Oliveira já ali pontificava e era ele quem abrigava a moçada que, corajosamente, se atirava para o Ariramba, então, considerada “terra-sem-fim” na Ilha do Mosqueiro. Mal se conheciam as praias de São Francisco, do Caruara, do Paraíso e, muito menos, as da Baía do Sol.
Assinalamos o Ponto-Certo por ser, realmente, um ponto notável dos velhos tempos mosqueirenses que procuramos fixar nesta contribuição.
E falar nesse antigo abrigo da estudantada sem recursos que fugia bravamente da “Porta-Larga” da Vila atrás de algum “rabo-de-saia” merecedor de tamanho sacrifício, seria injustificável deixar de exaltar o seu chefe soberano negociante do lugar, o Oliveira, cuja vida seria uma verdadeira novela se pudesse ele contar ou revelar sua permanência naquele canto do Ariramba, crescendo e vivendo com ele e por ele.”
FONTE: MEIRA FILHO, Augusto. “Mosqueiro Ilhas e Vilas”- ED. GRAFISA, 1978- pp. 352 e 355.
MOSQUEIRANDO: Euclides Soares de Oliveira, o conhecido Oliveira do Ariramba, faleceu há bastante tempo. Entretanto, o seu Ponto Certo ainda existe no mesmo lugar e continua atraindo seus frequentadores com o sabor inigualável dos famosos Pasteizinhos do Oliveira, marca registrada dos velhos tempos da Ilha.
PESQUISE NESTE BLOG:
JANELAS DO TEMPO: O PORTA-LARGA
Na qualidade de cidadão, mosqueirense, posso afirmar que a história de mosqueiro está presente no passado daqueles que contribuiram para que isso fizesse parte da realidade da ilha. Tantos foram os que deram sua vida e amor por este pedacinho de chão. Para alguns, apenas relatos, para outros apenas lembranças, de tempos que ficarão marcados em suas mentes, mas que continuarão fazendo parte da vida de todos nós. A verdadeira história da Ilha está escrita na mente daqueles que viveram de modo diferente, felizmente, diferente do tempo que estamos vivendo.
ResponderExcluirJCSOliveira