Neste mês de setembro, foi aberta a temporada de assaltos a ônibus que vêm para a ilha do Mosqueiro. Já houve registro de cinco com as mesmas características, o que leva a crer terem sido efetuados pela mesma quadrilha. O último de que se tem notícia aconteceu dia 21, com o ônibus das 19h, no município de Santa Bárbara. Sabe-se que a polícia local pôs as mãos em quatro criminosos: dois de menor idade foram soltos sem DATA para retorno e os outros aguardam reconhecimento das vítimas. Só assim passarão um tempinho atrás das grades, até que algum advogado-de-porta-de-cadeia encontre uma brecha no antiquado Código Civil Brasileiro – o que não vai ser difícil.
Para tornar poética a falta de segurança para muitos (sensação de insegurança para alguns), já que a arte imita a vida e vice-versa, apresentamos um poema de um grande escritor paraense:
ANTIPOEMA 9
Autor: João de Jesus Paes Loureiro
Uma aluna me diz:
Eu seguia de ônibus à ilha do Mosqueiro
o assaltante entra
encosta em minha fronte
o cano do revólver.
- “Passem o celular e dinheiro”.
Outro assaltante aos berros
intimida.
E recolhe o baixo preço
da liquidação de tantas vidas.
Uma freada brusca bastaria
bastaria o pânico de um grito
o forte ruflar bastaria das asas do destino
e o dedo do medo no gatilho
detonaria a bala.
Mais uma flor de juventude tombaria
numa poça de sangue e impunidade.
E o mundo continuaria a lamber
e a virar as páginas dos dias.
Os ônibus continuariam a levar
passageiros sentados a olhar o pânico
disfarçado na paisagem das ruas.
E o delinquente continuaria no crack da sarjeta
a jogar o vídeo game da espera de outro ônibus
de outro ônibus e mais outro e de mais outro…
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