Autor: Augusto Meira Filho
“Sob o ponto de vista industrial, o Mosqueiro mantém serviços de serrarias, olarias, de marcenaria e mecânica. São pequenas instalações que servem aos interesses locais e aos dos veranistas que ali se estabelecem, fixando residência, sobretudo, agora, após o advento da ponte na rodovia Belém-Mosqueiro, sobre o canal da Marinhas, como estudamos.
Entretanto, existe há muitos anos na praia do “Areião”, local denominado de Pedreira uma usina de beneficiamento de borracha e extração de óleos, pertencente à firma Bitar Irmãos que, com o correr dos anos, fixou uma nova denominação ao lugar. Hoje, aquela ponta ocidental da ilha do Mosqueiro é conhecida como a “Ponta-do-Bitar” e ali vimos instalado um farolete ou farol de aviso marítimo ou fluvial, sob a designação de “Ponta-do-Mosqueiro”. Assim assinalam as plantas da entrada de Belém...”
“Em 23 de junho de 1924, a firma Bitar Irmãos, que desde 1897 já se dedicava ao comércio, fundada em Belém por Simão e José Miguel Bitar, resolveu adquirir uma extensa área de terra em Mosqueiro, onde existia uma velha construção de madeira, situada na praia do “Areião”, em uma ponta avançada para a baía de Santo Antônio, denominada de Pedreira.
Foi nessa antiga edificação, totalmente reconstruída, que a firma instalou uma nova indústria, certamente, a primeira iniciativa particular desse gênero fixada no Mosqueiro.”
“Notícias antigas informam que essa denominação de “Pedreira” àquele lugar da Ilha do Mosqueiro é originária de ter sido utilizado no século XVIII, para a exploração de pedras especiais para as construções na sede da Colônia. Muitas (edificações) obras oficiais daquele tempo se abasteciam na Pedreira Real em busca de material apropriado para as alvenarias-de-pedra, processo construtivo da época, largamente utilizado pelos construtores e engenheiros em suas obras erguidas em Belém. Também à margem do rio Guamá, na face oriental da cidade, distante um quarto de légua do centro urbano, outra pedreira fornecia material para as obras públicas e as particulares edificadas na Colônia e, depois, na Província, no período do império. Hoje, chamamos a esse ponto da cidade de “pedreirinha do Guamá”, próximo às novas instalações do Campus da Universidade Federal do Pará. As plantas de Belém do fim do século XVIII (ver nosso trabalho Evolução Histórica de Belém do Grão-Pará) fazem pequenas referências a esse lugar, no extremo oriental da cidade. Esse material até agora é o mais usado nas fundações de construções residenciais e de outras congêneres, sem maiores responsabilidades. Trata-se de laterita, comum no subsolo próximo a Belém, popularmente chamada de “pedra-preta”, “matacão” ou “pedra-Pará”. Não se trata, absolutamente, de nenhuma rocha granítica enterrada ou superficial.”
(Meira Filho, Augusto. “Mosqueiro Ilhas e Vilas”- ED. GRAFISA, 1978, pp 88 e 91)
PONTA DA MUSQUEIRA > PONTA DA PEDREIRA > PONTA DO BITAR (FONTE:
Google Earth)
FÁBRICA BITAR NA PONTA DA PEDREIRA (FOTO: Cássio Nascimento).
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