quarta-feira, 21 de setembro de 2011

A PESCA NA ILHA: PARTICIPAÇÃO DAS MULHERES NA PESCA.

Autor: Pedro Leão

 

“Muita pesquisa vem ampliando e superando o olhar estreito de considerar apenas atividades pesqueiras realizadas por mulheres aquelas onde se reproduz sua relação por meios e técnicas de pescas dominadas pelos homens e não reconhecer como tal os processos também inerentes à pesca como o da comercialização do produto, da salga, da secagem, da evisceração dos pescados, etc., onde é relevante a participação das mulheres.

O que demonstraram alguns estudos sobre essa questão, realizados em várias comunidades do estado do Pará, é que a própria estrutura moldada e reproduzida na atividade pesqueira e na sociedade torna invisíveis os trabalhos desenvolvidos pelas mulheres e suas diversas dimensões, sejam na pescaria direta, na mariscagem ou em atividades familiares, onde se releva o papel feminino dentro da divisão sexual do trabalho (LIMA, 1999; ÁLVARES, 2001).

O estudo de Maneschy (2001), realizado em Vigia e o de Luzia Álvares (2001) e Lima (1998), na comunidade da Baia do Sol em Mosqueiro, são representações dessas mudanças de enfoque sobre a pesca artesanal e a diversidade dos papéis das mulheres na mesma, superando aquele que reafirma a pesca como uma atividade exclusiva dos homens.

A pesquisa do SETEPS (2003) revelou a participação de homens e mulheres na atividade pesqueira no estado, onde os homens representam 89,4% e as mulheres 10,6% do total entrevistado.

Ao focar sua pesquisa quanto à participação por sexo na pesca de Mosqueiro, Teshima (2006) observou que quase 10% dos pescadores em atividades eram mulheres. Os dados apresentado pela pesquisadora assemelha-se aos verificados na pesquisa das oitos áreas da ilha, onde 81% são homens e 11%, mulheres, sendo que essas se apresentam com maior participação no Carananduba, Cajueiro, Furo das Marinhas e Baía do Sol. Além do trabalho voltado a pescarias e mariscagem, as mulheres também participam da comercialização do pescado e da feitura e conserto de apetrechos de pesca como redes e matapis.

Do ponto de vista sócio-político, considera-se positivo essas atividades para a atividade sustentável em Mosqueiro, pois além da pesca, mariscagem e outras atividades, a participação feminina amplia-se no horizonte de apoderamento militante e dirigente da mulher em algumas comunidades tradicionais.”

IMAGENS DOS AMBIENTES E TIPOS DE EMBARCAÇÕES DA PESCA EM MOSQUEIRO

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Rio Cajueiro, Praia do Carananduba, Praia do Areião e Ponta do Ariramba (Fotos: Pedro Leão)

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Montaria no Cajueiro, canoa à vela na Baía do Sol, barco de pequeno porte no Areião e barco de médio porte no Cajueiro (Fotos: Pedro Leão)

IMAGENS DOS TIPOS DE ARTES DE PESCA (APETRECHOS) E ÁREAS DE DESEMBARQUE DO PESCADO EM MOSQUEIRO

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Rede malhadeira, espinhel, matapi e tarrafa (Fotos: Pedro Leão)

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Entreposto do Cajueiro, Porto do Pelé, Camboinha (Baía do Sol) e Trapiche do Mosqueiro (Praia do Areião) (Fotos: Pedro Leão)

DESEMBARQUE DA PRODUÇÃO DO PESCADO E TRABALHADORES DA PESCA

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Entreposto do Cajueiro, Furo da Marinhas, Praia Grande (Baía do Sol) e Vila de pescadores (Carananduba) (Fotos: Pedro Leão)

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Pescadores do Carananduba, marisqueiras do Ariramba, pescadores da Baía do Sol e vendedor de mariscos do Furo das Marinhas (Fotos: Pedro Leão)

FONTE: LEÃO, Pedro da Silva. ILHA DE MOSQUEIRO: Práticas de Pesca Sustentável numa Comunidade Tradicional da Amazônia – Estudo de Caso. 2011.92 p. Trabalho de Conclusão de Curso, Graduação em Tecnologia em Gestão Ambiental – Sistema de Ensino Presencial Conectado, Universidade Norte do Paraná, Belém-Pará, 2011.

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