(Estória contada pelo comunitário e prof. Mauro Braga transcrita pela aluna Alessandra Cardoso – Turma 441 – EJA)
“Dizem que na rua Pratiquara, no bairro do Maracajá, há uns dez anos, morou um casal com dois filhos; o garoto mais velho tinha seis anos, ele vivia brincando nas margens do igarapé que existe nessa rua, o igarapé dos alunes. Um dia ele caiu no igarapé e morreu afogado; alguns dias após o enterro a família foi embora do lugar. Meses depois, ouvia-se o choro de criança na rua quase todas as noites, até que descobriram que era o garoto que havia morrido afogado no igarapé. Uma senhora, cujo nome não foi descrito, diz que quando ela trabalhava na creche que fica próximo ao cemitério onde ele fora enterrado, às vezes via o garoto escorado no seu túmulo, olhando para ela com os olhos cheios de lágrimas. Ela diz que o olhar dele foi o olhar mais triste que ela já viu na vida.
Até hoje dizem que ele aparece nesta rua, procurando por sua família que se mudou após sua morte.”
(Lima Gama, Rosangela C. e Santos Andrade, Simei. “Mosqueiro Conta em Prosa e Verso o Imaginário Amazônico”. PMB, 2004, p. 116)
MOSQUEIRANDO: É interessante como certas denominações surgem e mudam com o passar do tempo. Geralmente, nascem com fatos marcantes em determinados momentos e, se transmitidas por via oral para o futuro, podem mudar radicalmente, quando os fatos que lhes deram origem acabam caindo no esquecimento popular. Assim, aconteceu com o nome dado ao igarapé da estória acima: igarapé dos Alunes, que às vezes é nomeado igarapé dos Alunos. É evidente que se trata de um trecho do igarapé Tamanduaquara (lugar de tamanduá), no ponto final da Travessa Pratiquara. Sabemos que, num passado distante, aquele local foi o ponto de concentração das Santas Missões promovida pela Igreja Católica. Como lembrança ficou o Cruzeiro – que hoje não mais existe – e a denominação igarapé do Zalone, nome do padre italiano que foi o líder espiritual do evento.
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