Autor: Adnan Pereira
ESCOLA DE SAMBA “PELES VERMELHA”
HISTÓRIA
No carnaval de 1956, dois jovens, Expedito e Zezé Braga (vivos), resolveram participar mais efetivamente do carnaval na Vila de Mosqueiro.
Um dos fundadores – Sr. Expedito
A idéia era criar uma fantasia que chamasse atenção, já que nessa época, o carnaval era bem divertido e original.
Passaram a pesquisar em revistas, com a esperança que algum personagem ou algo sugerisse uma idéia para a criação da fantasia. Várias idéias surgiram inclusive a de se caracterizarem como cupidos, idéia que foi rapidamente descartada.
Em uma dessas revistas, nas últimas páginas, encontraram a foto de um tradicional índio Pele Vermelha (índio americano), com o dizer abaixo “Imbatível”. Foi unanimidade em admitir que aquela era a vestimenta ideal para o carnaval. Passaram então a buscar materiais que a tornassem real. Foram experimentados vários, embora não houvesse na época toda essa diversidade, tanto que foram usadas sacas de carvão para a confecção das calças e urucum para completar a caracterização indígena.
No carnaval de 1956, os dois se fantasiaram e foram bastante elogiados. Com o sucesso em 1956, no ano seguinte mais brincantes juntaram-se a eles, querendo participar daquela divertida e promissora brincadeira. Em 1958, além da quantidade de brincantes ter aumentado, vários elementos alegóricos foram introduzidos. Em 1959, a primeira reunião organizada culminou numa organização ainda mais forte, característica forte até hoje, no PELES VERMELHA.
Lindas fantasias, cavalos, cobras, engolidores de fogo, círculo de fogo, índios simulando lutas, e outras atrações, transformavam a avenida num verdadeiro teatro ao ar livre.
Na década de 60, originou-se uma das maiores rivalidades do carnaval de Mosqueiro, Peles e Vermelha e Expedição Africana travaram belíssimas disputas pelo título maior.
Nessa mesma década, nos anos de 1963, 1965 e 1967, o então Bloco Carnavalesco Peles Vermelha, a bordo do saudoso e imponente Getúlio Vargas, invadiu a capital. Foram momentos mágicos e inesquecíveis, narrados pelo próprio fundador Expedito. Numa dessas ocasiões foi programada uma viagem especial, para conduzir a agremiação com todos os brincantes e os motivos alegóricos, além dos animais que faziam parte do espetáculo, como cavalos e cobras.
Embarque p/Belém ao fundo saudoso navio
Presidente Vargas ano de 1964
Os belenenses se renderam à força e à garra dos brincantes da ilha de Mosqueiro. Fora premiado em algumas das batalhas de confete mais importantes da época. Em uma dessas apresentações, o Peles Vermelha arrebatou aplausos e só não foi considerado o maior vitorioso, por não existir, na época, regulamento e nem mesmo a separação em grupos de escolas e blocos. Foi agraciado com a segunda colocação.
Chegada de Belém - Carnaval de 1964
No final da década de 70, novamente Belém viu os índios peles vermelha invadirem a passarela do Samba. Por existir neste ano uma agremiação denominada Xavantes, que, embora composto por índios brasileiros, tinha uma semelhança com o Peles Vermelha, a comparação foi inevitável. Criou-se uma pequena rivalidade.
Desfile Carnaval 1964 – Av. Presidente Vargas
Na década de 70, com o crescimento do carnaval mosqueirense, surgiram novas agremiações: a Universidade de Samba Piratas da Ilha e o Avançados do Morro. Nascia então uma grande rivalidade entre Peles Vermelha e Piratas da Ilha. Tão grande era, que chegavam a trocar agressões físicas, logo contornadas pelo clima de amizade e confraternização que vivia a ilha no período do carnaval. Várias foram as disputas, as torcidas defendiam suas cores até o último momento. O carnaval era assunto para o ano inteiro. Ambas dividem, até hoje, a preferência dos moradores da Vila, no carnaval de Mosqueiro.
Na década de 80, Aliados da Ilha, Unidos do Chapéu Virado e a Estação Primeira do Maracajá também travaram grandes batalhas carnavalescas com o Peles Vermelha.
Em 1987, a diretoria resolveu elevar o Peles Vermelha à categoria de Escola de Samba. Em 1988, tornou-se campeã do carnaval, com o enredo que comemorava seus 30 anos. Em 1989 novamente com um belo desfile, conseguiu o vice-campeonato. Em 1990 não desfilou fantasiado, mas arrastou o povo em suas saídas aos domingos. Em 1991, em função de problemas internos, o Peles Vermelha não saiu às ruas.
Surge então, em 1992, a nova geração do Peles Vermelha, que reconduziu a agremiação à condição de grande força do carnaval.
Desfile Carnaval 2005 – Mosqueiro
Desfilando o Ver-o-Peso, 1993 foi o auge, com um desfile maravilhoso. O Peles Vermelha, infelizmente, só não foi coroado com o primeiro lugar, coisa que o povo que assistiu ao desfile tratou de lhe condecorar.
Em 1997 o Peles Vermelha, vítima da condição econômica do país e a desorganização do carnaval de Mosqueiro, se ausentou por um período de quatro anos.
Mas a partir de meados do ano 2000, o grupo voltou a se reunir e montou um grande projeto de reconstrução da agremiação, baseado na tradição e manutenção da cultura local, e com o objetivo maior de reerguer o carnaval da ilha. Desde 2001, vem aumentado o número de simpatizantes que desfilam e torcem pela agremiação. O Peles Vermelha alcança os seus cinqüenta anos, tentando montar uma estrutura invejável.
Vários foram os baluartes dessa bela história, além dos fundadores, Expedito e Zezé Braga, tantos outros deram suas contribuições para que o Peles Vermelha ainda hoje, seja considerado um patrimônio cultural da ilha.
Desfile Carnaval 2005 – Ala Guerreiros
Com temas sempre alegres, a agremiação conduzida por seu símbolo maior – a ÁGUIA, e trazendo em suas cores oficiais o preto, vermelho amarelo e branco, tem na garra do seu brincante somado à paixão do Mosqueirense pelo carnaval a sua maior força. A tradicional explosão de fogos no Domingo de carnaval anuncia que a festa vai começar: são os caciques abrindo alas para o PELES VERMELHA passar.
Desfile Carnaval 2005 – Brincantes/Simpatizantes
Manter a tradição dos seus mais de 50 anos de existência com saúde suficiente para viver mais décadas à frente e lutar para reerguer o Carnaval de Mosqueiro são os objetivos do Peles Vermelha.
Adnan Pereira
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