Admirador e frequentador assíduo da Ilha do Mosqueiro, onde mantinha uma casa de praia, o Intendente Municipal Cypriano José dos Santos, que foi nomeado pelo governador Antonio Emiliano de Sousa Castro em 1921, merece ser lembrado pelos mosqueirenses. Seu nome passou a designar a Praça Matriz, pois, ali, o administrador de Belém decidiu comemorar o Primeiro Centenário da Adesão do Pará à Independência, no dia 15 de agosto de 1923.
Casa de Veraneio de Cypriano Santos, na praia do Chapéu Virado, Ilha do Mosqueiro.
Conheçamos alguns dados da vida pública de Cypriano Santos:
“No que se refere à imprensa, o jornal Folha do Norte ganha destaque na pesquisa. De acordo com o catálogo Jornais Paraoaras caracterizou-se como um jornal “noticioso político e literário” fundado por Cipriano Santos e Enéas Martins. A história política dos principais fundadores desse jornal Cipriano Santos (1859-1923) e Enéas Martins (1872-1919) sem dúvida refletirá nas páginas do periódico. Cipriano José dos Santos era médico e vinha de uma tradição de imprensa na família. Seu pai havia sido “proprietário e redator de jornais” como o Treze de Maio e o Jornal do Pará, que circularam em Belém entre 1862 e 1878. Em 1896, juntamente com Enéas Martins e outros, funda a Folha do Norte, que nesse momento defendia Lauro Sodré. Em 1898, Lauro Sodré instala no Pará o Partido Republicano Federal “com a solidariedade de Cipriano, Folha do Norte, e quanto os apoiavam”.
Com o rompimento político entre os Partido Republicano Federal e o Partido Republicano por volta de 1900 e a consequente polarização política entre lauristas e lemistas, ou seja, aqueles que apoiavam Lauro Sodré ou Antonio Lemos, a Folha do Norte passa a se posicionar em favor de Lauro Sodré. Até então Folha do Norte mantivera boa relação com o grupo ligado ao jornal Província do Pará. Nesse contexto, Ricardo Borges afirma que aqueles que apoiavam e admiravam Lauro Sodré ajudavam Cipriano Santos na manutenção da Folha do Norte e na sua circulação “alem das fronteiras paraenses”, através da rede fluvial e marítima.
Em 1912, com a crise política que culmina com a saída do poder de Antonio Lemos, nos novos arranjos políticos chega ao poder em 1914, Enéas Martins, “candidato e eleito por acordo unânime de três partidos, Republicano, Conservador e Federal”. Na época, ligado ao Partido Republicano Federal, Cipriano Santos acaba se desentendendo com o então governador Enéas Martins com quem rompe politicamente, de acordo com Ricardo Borges. Nesse contexto, ironicamente, a mesma Folha do Norte que Martins ajudara a fundar, agora se volta contra este, uma vez governador.”
FONTE: Lacerda, Franciane Gama, Migrantes cearenses no Pará: faces da sobrevivência (1889-1916) – Tese de Pós-Graduação em História Social. USP. 2006.
“Ele fundou o jornal, em 1896, principalmente para combater o principal líder político local em ascensão, Antonio Lemos, e sua A Província do Pará, um dos melhores jornais do Brasil nessa época, além de defender o Partido Republicano Federal, chefiado por Lauro Sodré. A Folha ficou sob o controle de outro dos seus sócios nessa empreitada, Cipriano Santos. Em 1917 foi a vez de Cipriano pular o muro, se elegendo senador estadual (o equivalente atual do deputado estadual) e intendente (prefeito) de Belém. Seu lugar foi ocupado pelo então revisor de provas do jornal, Paulo Maranhão, que comandaria a Folha do Norte durante meio século, até morrer, em 1966.”
FONTE: http://www.observatoriodaimprensa.com.br/news/imprimir/56188
FONTES DAS IMAGENS:
Feitosa, Dantas de. Fundamentos Históricos do Poder Legislativo do Grão-Pará. Editora CEJUP-Belém-Pa, 1999.
MEIRA FILHO, Augusto. “Mosqueiro Ilhas e Vilas”- ED. GRAFISA, 1978
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