domingo, 16 de março de 2014

A ILHA CONTA SEUS CAUSOS: A LENDA DA MATINTA PERERA




A LENDA DA MATINTA PERERA

Narrativa do aluno Ruan Dias Rodrigues transcrita pela Prof.ª Gilma Raiol.

Há mais ou menos quarenta anos, havia poucas casas e muito mato. A maioria das casas era de madeira e ficavam distantes umas das outras. Havia pouca iluminação e hora certa para ser desligada à noite.
Na época a Vó Raimunda e minha tia Celina foram convidadas para ver televisão na casa de uma amiga. E elas foram. Só que passaram do horário de voltar. Já estava tudo escuro e todo mundo sossegado em suas casas. Elas foram caminhando pela rua de piçarra quando, de repente, ouviram um assobio. Era a Matinta Perera.
Elas sentiram muito medo. E, quando passaram pelo cemitério, lá de dentro jogaram pedra nelas. Além disso, a Matinta continuava acompanhando as duas. Assobiava muito.
Dizem que, quando ela assobia longe, é porque está perto e, quando assobia perto, é porque está longe. Chegaram em casa cansadas e assustadas. Do lado de fora continuaram os assobios. Só foram embora, quando a vovó gritou:
-- Passa amanhã por aqui, para pegar um punhado de tabaco!
Quando amanheceu, uma velhinha bateu na porta da vovó. Foi uma surpresa: era uma conhecida dela, que falou:
-- Dona Raimunda, eu vim buscar o meu tabaco que a senhora me prometeu.
Ela deu e a velha foi embora feliz.
Dizem que a Matinta Perera pode se transformar em qualquer bicho: porco, cachorro, etc. Hoje em dia não existe mais, por causa da grande população.
A pessoa só pode virar quando lê o livro de São Cipriano. É uma oração que faz virar em qualquer bicho, até em Matinta.

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