sexta-feira, 19 de outubro de 2012

NA ROTA DA HISTÓRIA: NOTICIANDO A CONSTRUÇÃO DA PONTE.

“A Província do Pará” de 27-10-1968

DER DIZ QUE PONTE DO MOSQUEIRO SERÁ INICIADA EM PRINCÍPIO DE 1969.

A ponte que ligará Belém ao Mosqueiro, no “Furo das Marinhas”, vai ser construída por uma sociedade de economia mista que será organizada com recursos do Governo do Estado, DER-Pa, Prefeitura Municipal de Belém, DMER e da META, empresa que será transformada e servirá de base à referida sociedade. Esta informação foi prestada ontem pelo Diretor Geral do Departamento Estadual de Estradas de Rodagem, o engenheiro Alírio César de Oliveira, por ocasião da entrevista que concedeu à reportagem de “A Província do Pará”.

Informou ainda o Diretor Geral do DER-Pa que esta decisão foi tomada durante uma reunião realizada em dias da semana que findou, convocada pelo próprio Tenente-Coronel Alacid Nunes e realizada no Gabinete do Governador e que contou com a presença do Prefeito Stélio Maroja, Diretor Geral do DER-Pa, dos senhores Rodolpho Chermont e Otávio Pires, respectivamente presidente e diretor da META, e ainda do engenheiro Noronha Filho, do Escritório Noronha, do Estado da Guanabara, que efetuou os estudos preliminares da ponte.

Disse o engenheiro Alírio César de Oliveira que o resultado da reunião foi auspicioso, houve identidade de pontos de vista e na oportunidade ficou decidido que a diretoria da META será mantida à frente da sociedade de economia mista, com integral apoio e confiança do Governador do Estado e Prefeito Municipal de Belém, que fizeram questão de afirmar que não faziam nenhuma objeção e reconheciam a capacidade de seus elementos.

VELHA ASPIRAÇÃO

Prosseguindo, disse o Diretor do DER-Pa: “esta decisão veio ao encontro de velha aspiração do Governo do Estado e minha pessoalmente, que víamos na sociedade de economia mista o instrumento hábil para a construção da ponte do Mosqueiro. O Governo do Estado e o DER-Pa sempre estivemos interessados na construção da ponte tanto que várias tentativas foram feitas nesse sentido, sem entretanto lograrem o resultado esperado. Relembrou que grupos do Sul estiveram interessados no empreendimento, inclusive o eng. Sérgio Marques, que construiu a ponte de Estreito, e até um estrangeiro, que após procederem estudos, desistiram, por considerarem o projeto inviável por não oferecer rentabilidade porque empregariam grande capital que retornaria a longo prazo com a cobrança do pedágio durante 30 anos.

Por outro lado, fracassada a ideia da construção através de capitais privados, o Governo nada mais pôde fazer, porque não seria possível colaborar financeiramente com esses grupos, nem mesmo através do DER-Pa e não havia garantia de êxito para entregar o empreendimento a uma sociedade formada por subscrições populares. Finalmente, veio a Lei nº. 4.092, oriunda de um projeto aprovado na Assembleia Legislativa, que “autoriza fazer concessão de serviços para construção e exploração da ponte no Furo das Marinhas”.

Por essas razões – explicou o engenheiro Alírio César de Oliveira – o Edital tão esperado não foi publicado, mas agora com o resultado dessa proveitosa reunião, podem estar certos que a ponte do Furo das Marinhas será realidade dentro de três anos no máximo, e com os recursos disponíveis poderá ser aberta uma concorrência pública que poderá inclusive atrair grandes firmas do Sul e motivar as regionais.

RECURSOS E VANTAGENS

Revelou o Diretor Geral do DER-Pa que conforme ficou acertado na citada reunião, os recursos para a organização da sociedade de economia mista ser]ao conseguidos por subscrição pelo Governo do Estado, DER-Pa, Prefeitura Municipal de Belém e DMER, de verbas de 500 mil cruzeiros novos anualmente, além da cota da META e mencionou 1que a ENASA poderá também participar da entidade, e ressaltou a imprescindível participação do povo no empreendimento, sobretudo pela vantagem que terão os acionistas ou subscritores de não pagar o pedágio para atravessar a ponte e usufruindo dos dividendos nos lucros.

A construção da ponte será progressiva, isto é – primeiramente uma metade e depois a outra. Enquanto isso – afirmou o engenheiro Alírio César de Oliveira – o DER-Pa melhorará o serviço de balsas para a travessia e espera que até julho de 1969 esteja em funcionamento a segunda balsa motorizada, que terá capacidade para 24 veículos, que já foi projetada, devendo até o fim do ano corrente ser feita a necessária concorrência para sua construção. Entrando em funcionamento mais esta unidade, ficarão três balsas em uso, até a conclusão da construção da ponte.

Falou ainda o Diretor Geral do DER-Pa que está satisfeito com o resultado a que se chegou, com a participação do DER, que apenas tendo a seu encargo obras de prioridade e importância para o desenvolvimento socioeconômico do Estado, não poderia arcar sozinho com esse empreendimento, bastando citar a construção da rodovia “Augusto Meira Filho”, a PA-70 que ligará Marabá à rodovia Belém-Brasília e terá 220 quilômetros, sendo maior que a Belém-Bragança e custará 12 bilhões de cruzeiros, além da rodovia Santarém-Curuá-Uma, com 72 quilômetros, atualmente em fase de pavimentação e a ligação do Araguaia a São Félix do Xingu, numa zona de riquezas minerais e florescente pecuária, e ainda a PA-28, que ligará bacias de três rios ao norte do Estado.

Concluindo, disse o Dr. Alírio César de Oliveira: “com a criação da sociedade de economia mista, se fará a soma de esforços, que não prejudicará a ninguém e assim julgamos equacionado o problema da construção da ponte do Furo das Marinhas, que poderá ser iniciada no princípio do ano vindouro”.”.

FONTE: MEIRA FILHO, Augusto. “Mosqueiro Ilhas e Vilas”- ED. GRAFISA, 1978- pp. 487, 488 e 489.

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