“A Província do Pará” de 27-10-1968
DER DIZ QUE PONTE DO MOSQUEIRO SERÁ INICIADA EM PRINCÍPIO DE 1969.
“A ponte que ligará Belém ao Mosqueiro, no “Furo das Marinhas”, vai ser construída por uma sociedade de economia mista que será organizada com recursos do Governo do Estado, DER-Pa, Prefeitura Municipal de Belém, DMER e da META, empresa que será transformada e servirá de base à referida sociedade. Esta informação foi prestada ontem pelo Diretor Geral do Departamento Estadual de Estradas de Rodagem, o engenheiro Alírio César de Oliveira, por ocasião da entrevista que concedeu à reportagem de “A Província do Pará”.
Informou ainda o Diretor Geral do DER-Pa que esta decisão foi tomada durante uma reunião realizada em dias da semana que findou, convocada pelo próprio Tenente-Coronel Alacid Nunes e realizada no Gabinete do Governador e que contou com a presença do Prefeito Stélio Maroja, Diretor Geral do DER-Pa, dos senhores Rodolpho Chermont e Otávio Pires, respectivamente presidente e diretor da META, e ainda do engenheiro Noronha Filho, do Escritório Noronha, do Estado da Guanabara, que efetuou os estudos preliminares da ponte.
Disse o engenheiro Alírio César de Oliveira que o resultado da reunião foi auspicioso, houve identidade de pontos de vista e na oportunidade ficou decidido que a diretoria da META será mantida à frente da sociedade de economia mista, com integral apoio e confiança do Governador do Estado e Prefeito Municipal de Belém, que fizeram questão de afirmar que não faziam nenhuma objeção e reconheciam a capacidade de seus elementos.
VELHA ASPIRAÇÃO
Prosseguindo, disse o Diretor do DER-Pa: “esta decisão veio ao encontro de velha aspiração do Governo do Estado e minha pessoalmente, que víamos na sociedade de economia mista o instrumento hábil para a construção da ponte do Mosqueiro. O Governo do Estado e o DER-Pa sempre estivemos interessados na construção da ponte tanto que várias tentativas foram feitas nesse sentido, sem entretanto lograrem o resultado esperado. Relembrou que grupos do Sul estiveram interessados no empreendimento, inclusive o eng. Sérgio Marques, que construiu a ponte de Estreito, e até um estrangeiro, que após procederem estudos, desistiram, por considerarem o projeto inviável por não oferecer rentabilidade porque empregariam grande capital que retornaria a longo prazo com a cobrança do pedágio durante 30 anos.
Por outro lado, fracassada a ideia da construção através de capitais privados, o Governo nada mais pôde fazer, porque não seria possível colaborar financeiramente com esses grupos, nem mesmo através do DER-Pa e não havia garantia de êxito para entregar o empreendimento a uma sociedade formada por subscrições populares. Finalmente, veio a Lei nº. 4.092, oriunda de um projeto aprovado na Assembleia Legislativa, que “autoriza fazer concessão de serviços para construção e exploração da ponte no Furo das Marinhas”.
Por essas razões – explicou o engenheiro Alírio César de Oliveira – o Edital tão esperado não foi publicado, mas agora com o resultado dessa proveitosa reunião, podem estar certos que a ponte do Furo das Marinhas será realidade dentro de três anos no máximo, e com os recursos disponíveis poderá ser aberta uma concorrência pública que poderá inclusive atrair grandes firmas do Sul e motivar as regionais.
RECURSOS E VANTAGENS
Revelou o Diretor Geral do DER-Pa que conforme ficou acertado na citada reunião, os recursos para a organização da sociedade de economia mista ser]ao conseguidos por subscrição pelo Governo do Estado, DER-Pa, Prefeitura Municipal de Belém e DMER, de verbas de 500 mil cruzeiros novos anualmente, além da cota da META e mencionou 1que a ENASA poderá também participar da entidade, e ressaltou a imprescindível participação do povo no empreendimento, sobretudo pela vantagem que terão os acionistas ou subscritores de não pagar o pedágio para atravessar a ponte e usufruindo dos dividendos nos lucros.
A construção da ponte será progressiva, isto é – primeiramente uma metade e depois a outra. Enquanto isso – afirmou o engenheiro Alírio César de Oliveira – o DER-Pa melhorará o serviço de balsas para a travessia e espera que até julho de 1969 esteja em funcionamento a segunda balsa motorizada, que terá capacidade para 24 veículos, que já foi projetada, devendo até o fim do ano corrente ser feita a necessária concorrência para sua construção. Entrando em funcionamento mais esta unidade, ficarão três balsas em uso, até a conclusão da construção da ponte.
Falou ainda o Diretor Geral do DER-Pa que está satisfeito com o resultado a que se chegou, com a participação do DER, que apenas tendo a seu encargo obras de prioridade e importância para o desenvolvimento socioeconômico do Estado, não poderia arcar sozinho com esse empreendimento, bastando citar a construção da rodovia “Augusto Meira Filho”, a PA-70 que ligará Marabá à rodovia Belém-Brasília e terá 220 quilômetros, sendo maior que a Belém-Bragança e custará 12 bilhões de cruzeiros, além da rodovia Santarém-Curuá-Uma, com 72 quilômetros, atualmente em fase de pavimentação e a ligação do Araguaia a São Félix do Xingu, numa zona de riquezas minerais e florescente pecuária, e ainda a PA-28, que ligará bacias de três rios ao norte do Estado.
Concluindo, disse o Dr. Alírio César de Oliveira: “com a criação da sociedade de economia mista, se fará a soma de esforços, que não prejudicará a ninguém e assim julgamos equacionado o problema da construção da ponte do Furo das Marinhas, que poderá ser iniciada no princípio do ano vindouro”.”.
FONTE: MEIRA FILHO, Augusto. “Mosqueiro Ilhas e Vilas”- ED. GRAFISA, 1978- pp. 487, 488 e 489.
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