quarta-feira, 24 de agosto de 2011

CURIOSIDADES: A ILHA E O PARAGUAI

 

 

É curioso como o nome Paraguai tem uma íntima relação com a ilha do Mosqueiro, desde os tempos do Império. É óbvio que seu uso parece revelar uma espécie de homenagem à bravura dos soldados paraenses que, no século XIX, participaram da Guerra do Paraguai.

Sabe-se que o Sítio Conceição denomina uma região ao norte, antes chamada de Paraguai. Lembro também que, na década de 1960, havia uma escola batizada com o nome de Escola Reunida do Paraguai.

Na tropa do Pará que participou daquela guerra há registro de dois heróis importantíssimos para a história da ilha: o italiano Jacintho Botinelli, voluntário que chegou a general, e o paraense Francisco Xavier da Veiga Cabral, o Cabralzinho, conhecido como o Bravo do Amapá. Para homenagear seus feitos, o Governo Provincial dividiu a ilha do Mosqueiro em duas partes, cujas terras foram doadas a esses heróis. Doação provisória, porque, anos depois, as terras seriam devolvidas à Província e distribuídas legalmente por meio do sistema de léguas de sesmarias. Como lembrança desse fato só ficou a denominação da Sétima Rua da Vila: Francisco Xavier da Veiga Cabral.

Entretanto, a história se repete: gente humilde, lutando pela sobrevivência e por um lugar na ilha, segue pela Veiga Cabral e oitava rua, atravessa o igarapé Tamanduaquara e instala-se à margem desse curso d’água, dentro do Parque Municipal da Ilha do Mosqueiro, área de preservação ambiental de 190 ha, criado pela Lei 1.401/88, englobada pelo Plano Diretor do Município de Belém, Lei 1.601/93 e ratificada pelo Decreto 26.138/93 da Prefeitura Municipal de Belém, de 11 de novembro de 1993, segundo dados obtidos por Kelly Garcia. Tal ocupação é o Novo Paraguai! Essas pessoas, com certeza, não são herdeiras do Cabralzinho – que já tem seu lugar reservado no Cemitério de Santa Izabel – mas são mosqueirenses que precisam de moradia e auxílio do Governo.

É como sempre digo: a ocupação da ilha é irreversível, mas causa apreensão quando desordenada e sem a presença do poder público, pois, assim sendo, gera graves danos ao meio ambiente e uma série de problemas sociais.

Quanto ao Parque Municipal da Ilha do Mosqueiro, a Prefeitura de Belém deve fazer-se mais presente, com seu Serviço Social e seus Técnicos Ambientais.

A assistência social aos moradores do Paraguai e aos ribeirinhos da área é de suma importância, já que pode ajudá-los na solução de vários problemas e – quem sabe? – até transformá-los em fiscais da Natureza. Por outro lado, os especialistas em meio ambiente podem demarcar e isolar a área do parque para evitar novas invasões, cadastrar seus moradores atuais, coordenar projetos de saneamento básico nas áreas habitadas e, sobretudo, exercer uma fiscalização séria e responsável.

É preciso ter cuidado para que os nossos recursos hídricos, que abastecerão a ilha no futuro, não fiquem irremediavelmente comprometidos pela contaminação, levando à morte os nossos rios.

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Ocupação do Paraguai (IMAGEM DE SATÉLITE: GOOGLE EARTH).

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