Foi na tarde chuvosa do dia 5 de abril de 1876 que o elegante navio “Hevelius” adentrou as águas do rio Pará em busca do porto de Santa Maria de Belém. A bordo, D. Pedro II, o Imperador do Brasil, acompanhado de sua esposa Dona Thereza Christina, estava em viagem aos Estados Unidos da América. Ao entardecer, o Presidente da Província do Grão-Pará, Dr. Francisco Maria Corrêa de Sá e Benevides, encaminhou ao monarca mensagem de felicitação por meio de representantes da Assembleia Legislativa. A Comissão de Deputados que foi cumprimentar o Imperador no navio estava assim constituída: Manoel Rocque Jorge Ribeiro, Dr. Ambrosio Philo-Creão, Dr. José Ferreira Cantão, Dr. Guilherme Francisco Cruz, Dr. Miguel Lucio de Albuquerque Mello, Ten-cel. Custodio Pedro de Mello Freire Barata, Coronel José do Ó de Almeida, Dr. Manoel Odorico Nina Ribeiro, Dr. Augusto Thiago Gonçalves Pinto, Dr. Antonio Joaquim Gonçalves Tocantins e Capitão João Victor Gonçalves Campos.
FONTE: Dados colhidos em Fundamentos Históricos do Poder Legislativo do Grão-Pará- ED. CEJUP, 1999- pp. 86 e 87.
Na carta que D. Pedro II escreveu à Condessa de Barral falando de sua passagem por Belém, o Imperador faz referência à Ilha do Mosqueiro.
“O professor Donato Mello Júnior, sabendo de nosso interesse pelos fatos históricos da Ilha do Mosqueiro em estudo neste volume, informou-nos de uma passagem encontrada no livro de R. Magalhães Júnior (D. Pedro II e a Condessa de Barral 1956) à página 169 – referência de D. Pedro II ao Mosqueiro, quando de sua vinda ao norte do país em demanda dos Estados Unidos. Contudo essa citação assinalava: “Mosqueira” (com a). Diante de nosso desejo sobre esse assunto, Donato foi a Petrópolis, conferindo a Carta (no original) no Museu Imperial. Ali – ele próprio – constatou na letra (não muito caligráfica) do Imperador a expressão “Mosqueiro” (com o); além disso, procurou ler a mesma carta no exemplar do Museu Imperial do Livro de Magalhães Jr., vendo diversas correções do autor, “por imperfeição de transcrição”, sem que a palavra “Mosqueira” tivesse sido corrigida. Observou, igualmente, no livro de Alcindo Sodré – que transcreveu também a carta-diário de referência – e lá estava certo o nome: “Mosqueiro”! Conclusão: o engano foi de Magalhães Júnior.”
FONTE: MEIRA FILHO, Augusto. “Mosqueiro Ilhas e Vilas”- ED. GRAFISA, 1978- p. 435.
Quem foi a Condessa de Barral?
“A grande paixão de dom Pedro II
Era comum que os monarcas tivessem uma amante – ou várias – mas Luísa Margarida Portugal e Barros viveu uma história especial. Luísa, a condessa de Barral, ficou 34 anos ininterruptos com o imperador dom Pedro II e conseguiu despertar a paixão que ele não sentia nem mesmo pela própria esposa, Teresa Cristina de Bourbon.
Educada e elegante, Luísa tinha uma beleza rara: era magra, sabia se vestir e seguir a moda da França. A imperatriz, por sua vez, era uma mulher sem nenhuma cultura e com um visual pouco atraente. “Costumo dizer que Luísa não foi amante do imperador, mas sim sua grande paixão”, diz a historiadora Mary Del Priore, que acaba de lançar o livro Condessa de Barral: a paixão do imperador – uma biografia da vida de Luísa.
O casamento mal-sucedido de dom Pedro II contribuiu para que ele se apaixonasse por outra mulher: no século 19, os casamentos eram arranjados, regra a que o imperador não fugiu. Enviaram a dom Pedro II a pintura de uma morena belíssima em frente a uma paisagem na cidade de Nápoles, na Itália. Ele se apaixonou pelo retrato da pretendente e aceitou se casar com a moça. Contudo, quando ela chegou, o imperador teve um ataque de choro ao ver uma mulher bem diferente da do retrato. Era o pontapé inicial para que ele buscasse entretenimento fora do matrimônio.
Ao contrário do que se pensa, dom Pedro II não era como o avô, dom João, que corria atrás de qualquer mulher e chegou a ter 50 filhos bastardos. O príncipe, que precocemente virou rei, era tímido. “Quando conheceu Luísa, foi como se as portas do palácio se abrissem para ele. Ele passa a ter informações sobre arte, livros, teatro e cultura, porque ela foi uma mulher criada na França, que estava antenada com o mundo”, afirma a historiadora.
Por meio do diário de Luísa, escrito quando ela era jovem, Mary reconstruiu a biografia da mulher que encantou o imperador. O documento está no arquivo do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro. A historiadora também usou no livro os relatos do diário da maturidade da condessa, em exposição no Museu Imperial de Petrópolis. “Pela mala diplomática, os dois trocavam os diários para escrever observações sobre os próprios escritos de cada um. Era a maneira de um ficar sabendo da vida do outro e também de interferir quando necessário. Como Luísa tinha uma vida social ativa, ele deixa escrito no diário que não gostava de a ver sair. Mostra realmente o amor e os ciúmes que sentia pela condessa.” Em entrevista à Gazeta do Povo, Mary Del Priore conta como foi a vida do imperador e de sua amante.
Luísa também era casada. Esse “escândalo”, principalmente para a época, nunca se tornou público?
No círculo familiar e no palácio a relação de ambos era conhecida. O romance veio a público no final do século 19, durante a campanha republicana. Os jornais, que sempre tiveram liberdade de imprensa no período de dom Pedro II, começaram a falar do assunto quando a condessa de Barral (que estava na França) veio para o casamento do filho, no Brasil. Começaram a aparecer notícias picantes, charges. Vários republicanos, que eram autores de peças teatrais, começaram a fazer peças sobre o triângulo amoroso.
Como Luísa virou preceptora da família de dom Pedro II (o que tornou possível os dois se conhecerem e serem amantes)?
Ela se casou com o visconde de Barral na França, onde ela vivia desde muito jovem, porque foi enviada pelos pais para estudar. Ambos se mudaram para o Brasil, porque Barral não era de uma família muito rica. Porém, os pais dela eram donos de muitos engenhos na Bahia. O problema é que veio a crise do açúcar e Barral fica sem emprego. Luísa começou, então, a trabalhar como preceptora da irmã de dom Pedro, Francisca de Bragança, a qual indicou, futuramente, Luísa para cuidar das duas princesas, filhas do monarca, Leopoldina e Isabel.
Como foi o romance deles?
Eles se encontravam às escondidas. Principalmente em Petrópolis, onde Luísa havia alugado um chalé. Certamente também se viam no Palácio de São Cristóvão, no Rio de Janeiro, que na época parecia uma grande fazenda. Nos diários também encontrei uma passagem que fala de uma viagem que ambos fizeram juntos para a Grécia. Como eles liam os textos de autores gregos, sempre na companhia um do outro, dom Pedro dizia que seria um fato marcante poder estar junto com ela nessa viagem inesquecível.
A senhora cita no livro que a condessa de Barral se valeu da proximidade com o imperador para mandar e desmandar. Ela chegou a influenciar nas decisões que dom Pedro II tomou como governante?
Lamentavelmente, não. Digo isso porque a condessa era a favor do fim da escravidão e lutou muito para que isso acontecesse. Mas acredito que, pela mentalidade abolicionista dela e por ter cuidado de Isabel, ela pode ter contribuído para que a princesa levantasse essa bandeira. Por outro lado, Luísa ajudou dom Pedro em muitas outras coisas. Ele era um homem caipira, que não sabia se portar à mesa. Ele aprendeu com ela que os homens da Europa não costumavam bater nos ombros de outras pessoas, que era preciso se vestir bem e limpar as unhas. Ele tinha um inglês atrapalhado e ela dizia para ele falar apenas francês, para não cometer gafes.
O marido de Luísa nunca se posicionou sobre o romance dela com o imperador?
Não. Como ela era preceptora de uma família importante, recebia vários convites para ir a bailes, mas sem o marido. No diário, ela conta que saía e chegava tarde e o visconde a ajudava a tirar a roupa, enquanto escutava as novidades da noite. Quando ele morreu, porém, há vários relatos dela indo limpar o túmulo do marido e levar flores. Acho que o sentimento de culpa existiu.
Como foi o relacionamento deles quando Luísa voltou para a França?
Ela vai morar novamente na Europa quando as princesas se casam. É o início das correspondências entre os dois. Também é o período em que o imperador se mostra mais apaixonado e saudoso. A distância, ao invés de afastá-los, vai virar um combustível para esse amor. Ele escreve que sonha chegar de balão até a janela do quarto dela. Dom Pedro começa a viajar muito para poder vê-la.
Como termina o romance entre os dois?
Acaba com a morte de ambos, depois de 34 anos de paixão. Ela morre de pneumonia e ele de complicações com diabete. Importante lembrar que, enquanto ele esteve exilado, foi o momento em que os dois voltaram a ficar mais próximos. Nessa época, ele escreve uma linda poesia a ela, dizendo que nada mais iria separá-los. Ele costumava colher flores e deixar na porta do quarto dela.
Por que antes nenhum outro historiador teve interesse em estudar, a fundo, a vida de Luísa?
Só agora a História vem descobrindo o prazer das biografias. É algo recente. Ao me deparar com a biografia da condessa de Barral fiquei fascinada. Tenho certeza que os outros pesquisadores também ficariam. Não é só a história de um indivíduo, mas estudamos a própria História do Brasil. São vários momentos presentes na vida de Luísa, como a Guerra do Paraguai, o momento da Abolição, o fim do Império e o início da República.
Livro Condessa de Barral, a paixão do imperador.
Editora Objetiva
Número de páginas: 264”
FONTE: http://www.gazetadopovo.com.br/vidaecidadania/conteudo.phtml?id=847936
D. Pedro II não era um "caipirão ". Como um homem que falava fluentemente mais de 10 línguas, entre elas hebraico e tupi guarani. Era sim muito culto e um autodidata, mas um homem simples que não explorava as vaidades pessoais e nem se aproveitava de sua posição de imperador. Até o escritor Hugo reconhecia o preparo de nosso imperador. Foi sem dúvida alguma o maior estadista que o Brasil já teve.
ResponderExcluirD. Pedro II não era um "caipirão ". Como um homem que falava fluentemente mais de 10 línguas, entre elas hebraico e tupi guarani. Era sim muito culto e um autodidata, mas um homem simples que não explorava as vaidades pessoais e nem se aproveitava de sua posição de imperador. Até o escritor Hugo reconhecia o preparo de nosso imperador. Foi sem dúvida alguma o maior estadista que o Brasil já teve.
ResponderExcluirD. Pedro II não era um "caipirão ". Como um homem que falava fluentemente mais de 10 línguas, entre elas hebraico e tupi guarani. Era sim muito culto e um autodidata, mas um homem simples que não explorava as vaidades pessoais e nem se aproveitava de sua posição de imperador. Até o escritor Hugo reconhecia o preparo de nosso imperador. Foi sem dúvida alguma o maior estadista que o Brasil já teve.
ResponderExcluirQuem corria atrás de qualquer mulher atraente, inclusive escravas e transeuntes, era D. Pedro I, gerou aproximadamente mais de 40 filhos. Já D. João VI corria de medo da mulher perigosa com quem era casado e atrás de frangos assados e mangas saborosas.
ResponderExcluiro narrador nao transcreve sequer um trecho do escrito do Imperador sobre a ilha de mosqueiro. Q pena, foi a Petropólis e nao leu o documento.
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