Quando o Governador Lauro Sodré sancionou o Decreto-Lei n.º 324 elevando a antiga Freguesia do Mosqueiro à categoria de Vila, no dia 06 de julho de 1895, abriu as portas da Ilha para o turismo de sol e mar. Alguns anos antes, os estrangeiros que trabalhavam em Belém, nos áureos tempos da borracha, haviam descoberto as praias da Ilha como recantos paradisíacos para o seu lazer de fim de semana, em seus bucólicos piqueniques. Esse costume europeu foi seguido depois pelos belenenses mais abastados. A maioria chegava em pequenas embarcações, aportando no antigo trapiche, o qual, em 1891, se encontrava em precárias condições exatamente como o atual.
Localizada a sudoeste e, atualmente, um bairro da Ilha, a Vila, antigo povoado de pescadores desde os primeiros tempos de ocupação do Grão-Pará, guarda, em sua memória centenária, histórias e estórias fascinantes. São tantas como a chegada do pirata espanhol Ruy Garcia de Moschera no tempo dos morobiras, a resistência cabana na guerra de 1836, a comemoração do Centenário da Adesão do Pará à Independência em 1923; a presença constante de seus maiores benfeitores como Padre Manuel Raiol, Tenente Coronel José do Ó, Alcindo Cacela, Cipriano Santos e Arthur Pires Teixeira, entre inúmeras figuras ilustres que visitaram a Ilha; as memoráveis chegadas dos navios Almirante Alexandrino e Presidente Vargas ou como as inesperadas visitas de assombrações, da Cobra Grande da Fábrica Bitar e do Navio-Fantasma.
Mas a Vila tem um símbolo: a Praça da Matriz. Ali, tudo começou: o primeiro portal da Ilha (o Trapiche), a religião (a Igreja de Nossa Senhora do Ó), o comércio (mercado municipal, mercado informal, bares, bazares), o lazer (Cine Guajarino, Praia Bar, bilhar, futebol na praça), a cura (posto médico, farmácia), o descanso eterno (cemitério). Muita coisa também mudou, porém a Praça tem algo de irresistível que, através do tempo, vem atraindo um público especial. São pessoas de todas as idades e de todas as classes, que desfrutam aquele espaço democrático. Andando ou sentados à vontade em suas cadeiras de praia, jogando conversa fora ou saboreando variadas iguarias como a tapioquinha mosqueirense ou o saboroso tacacá, sempre estão presentes.
Hoje, comemora-se o 118º. Aniversário da Vila do Mosqueiro, momento de relembrar os bons e velhos tempos da Ilha. Entretanto, essa lembrança deve ser o ponto de partida para uma reflexão sobre o que precisamos fazer de imediato visando à construção de um futuro melhor para o povo mosqueirense.
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A Praça é do Povo
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