Autora:
Celeste Proença
Mosqueiro - a ilha refúgio, encantada e ingênua em suas cores e flores,
é broto a sorrir em moldura dourada de ouro e luz, exibindo aos passantes
toda a beleza inata de suas curvas, de seu fascínio, de seu esplendor.
Mosqueiro é sorriso sem par de criança deslumbrada, gargalhando feliz
sob um céu de ninguém, na vertigem da brisa que vem e que vai, trazendo
notícias, transando amizades, levando saudades.
Mosqueiro - é rede dançando em câmara lenta, pedindo luar para um sonho
de mistério e de paz. Na dança das horas, num céu de plenilúnio, num afogar
de risos e flores, Mosqueiro é sem par, não tem similar. É um bem de todos -
que a todos faz bem, pois há tanto mistério na ilha-refúgio, banhada de sol
e de vento, banhada de mar, que chega a fazer um estado de espírito
a quem se instalar em suas cercanias. Como a própria felicidade, passageira
e fugaz, que todos pedem, que todos desejam e ninguém retém...
Pelo mar, pelo ar e por terra brotam veranistas, que surgem cansados e felizes
porque chegaram ao seu próprio Éden. Tudo é um só gesto, tudo é fraterno,
tudo é amor; porque a gente sente que a ilha morena a todos abraça
e a todos convida ao mais puro fazer.
Assim é Mosqueiro - das madames de luxo, de brotos estonteantes de corpos
perfeitos, que se desnudam em roupas coloridas à mercê da natureza que
as dotou de beleza admirável!
Crianças a esmo esbanjam um encanto maroto ao sol e à brisa que passa
cantando, rendilhando cabelos, fazendo carícias em orelhinhas rosadas
queimadas de sol.
Babás coloridas, de biquínis ousados, entontecem a moçada que passa e admira;
e fala e comenta numa conversinha de férias, num balaô de graça e espanto.
Mas Mosqueiro é muito mais que isso. É caminho rasgando selva, descobrindo
beleza, falando progresso. Surgem praias sem fim, olhando assustadas
de dentro das moitas, num guarani de sons e atabaques, saídos de entranhas
de terra cabocla, virgem de guerras.
··.
E
até um igarapé, de tão satisfeito, de tão apaixonado, resolveu aparecer
deslumbrado e feliz, na praia São Francisco, numa união de pura adoração,
para um enlace à luz do luar...
Mosqueiro - é multiplicação de praias, cada vez mais bonitas,
de areias mais alvas, de dorso mais fino, com o cheiro de mato...
Mosqueiro - é o próprio uirapuru das selvas que a todos atrai
com seu canto misterioso e eterno.
Pudesse eu te levar, Mosqueiro, em minha bagagem
e, cansada do burburinho da cidade,
te armasse como a uma rede, num canto qualquer,
num arroubo de saudade, que bem me faria!
Eu te amo, Mosqueiro, ilha da minha ternura, refúgio do meu lazer,
das minhas grandes recordações...
Nas tuas praias, nas tuas estradas, nos bumbás que se exibiam em quadras juninas,
nas fogueiras crepitantes e douradas, nos banhos de cheiro
e nas sortes ingênuas vislumbradas, num misto de curiosidade e fé,
há um manancial imenso das mais puras e enternecedoras recordações
da minha adolescência.
No meu abraço carinhoso e amigo, vai todo o bem que existe em mim
para a grandeza maior da ilha morena, encantada de sombras e luares,
de serestas e amores, balançando saudade, num sabor diferente,
trescalando a banho cheiroso de São João...
Celeste Proença
Louvação ao Mosqueiro
... e outros escritos
Editora Grafisa, 1983
Belém – Pará
deslumbrado e feliz, na praia São Francisco, numa união de pura adoração,
para um enlace à luz do luar...
Mosqueiro - é multiplicação de praias, cada vez mais bonitas,
de areias mais alvas, de dorso mais fino, com o cheiro de mato...
Mosqueiro - é o próprio uirapuru das selvas que a todos atrai
com seu canto misterioso e eterno.
Pudesse eu te levar, Mosqueiro, em minha bagagem
e, cansada do burburinho da cidade,
te armasse como a uma rede, num canto qualquer,
num arroubo de saudade, que bem me faria!
Eu te amo, Mosqueiro, ilha da minha ternura, refúgio do meu lazer,
das minhas grandes recordações...
Nas tuas praias, nas tuas estradas, nos bumbás que se exibiam em quadras juninas,
nas fogueiras crepitantes e douradas, nos banhos de cheiro
e nas sortes ingênuas vislumbradas, num misto de curiosidade e fé,
há um manancial imenso das mais puras e enternecedoras recordações
da minha adolescência.
No meu abraço carinhoso e amigo, vai todo o bem que existe em mim
para a grandeza maior da ilha morena, encantada de sombras e luares,
de serestas e amores, balançando saudade, num sabor diferente,
trescalando a banho cheiroso de São João...
Celeste Proença
Louvação ao Mosqueiro
... e outros escritos
Editora Grafisa, 1983
Belém – Pará
FONTE:
PESQUISE
NESTE BLOG:
http://mosqueirando.blogspot.com/2013/05/cantando-ilha-escorregando-no-tempo.html
Achei maravilhoso você ter relembrado do trabalho de Celeste Proença. Antes de divulgar suas poesias, através do blog citado, tive a oportunidade de visitá-la. Foi um momento bastante significativo ouvi-la falar de mosqueiro e de seu amor pela Ilha. Suas poesias expressam esse amor. Há outros trabalhos, com o mesmo valor.
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