Belém do meu coração!
Autora: Celeste Proença
Eu te amo, Belém, pela tua ternura
pelo teu rostinho atrevido
lavado de chuva da terra, risonho, feliz!
Eu te amo, terra cabocla
onde todo mundo é mano, sem maldade, sem rancor.
Eu te amo, Belém do Pará,
pela brisa que recolhe azougada
as mais lindas canções
e as atira, sorrindo, na baía do Guajará
para ninar o sono da noite
que dorme encantada nas mãos das estrelas.
Eu te amo, cidade garota
mulata dengosa, de olhar bem matreiro
recendendo à baunilha e a patchuli
tinindo de pavulagem na ilharga do companheiro...
Como te gosto, cidade morena
de tantos amores.
Das redes dançando em câmara lenta
ao vento gostoso da preamar...
Daquele minuto sagrado, à hora da Ave Maria
quando terra e mar se abraçam
e o Ver-o-Peso ajoelha para o Grande Sinal da Cruz!
Eu te amo, Belém, do Círio da Virgem
das grandes promessas, da “corda” sagrada
onde um simples toque de mãos nos santifica...
Minha Belém de todas as mangueiras
que conversam baixinho ao cair da tarde
num farfalhar de sons, embrulhando saudades.
Que jamais te arrebatem esse ar de garota
de beleza tão simples, de fala pausada
sem pressa, sem medo no seu caminhar.
Eu te quero sorrindo, tapuia, mulata
caboclo valente do meu Marajó
que escreve teu nome num céu cor de anil
e abraça ditoso a fatal pororoca
que toda se enrola em seu corpo viril.
Saudando esta terra, eu rezo o meu canto
que é feito de luz, de saudade, de paz
jogando beleza no meu coração.
Saudando o meu berço eu me torno criança
e criança é ternura de um tempo feliz
que embala de amor na saudade que traz.
FONTE: ESPAÇO DO LEITOR. Diário do Pará. Belém-PA, 12/01/2015- p. A2
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