sexta-feira, 12 de abril de 2013

NA ROTA DA HISTÓRIA: FORMAÇÃO GEOLÓGICA E COLONIZAÇÃO DA ILHA DO MOSQUEIRO

Autor: Augusto Meira Filho

Curiosa a observação da Ilha do Mosqueiro, em relação ao seu eixo longitudinal. Da “Ponta do Bitar” na Vila à “Ponta da Fazenda” na Baía do Sol, todo o litoral é constituído de uma costa de praias que se sucedem iguais, com a mesma natureza, diferentes apenas em sua extensão. Essa é a face que fronteia a baía do Marajó, noroeste. Simetricamente, o contorno da Ilha pelo sudoeste, frente ao continente, todo ele é formado de argila (tijuco mole, esverdeado ou cinza-queimado), sem um só grão de areia. O Furo das Marinhas ou Mariinhas que corta os dois pedaços, separando-os, sofre influência dupla do fluxo e refluxo das marés, com a invasão das águas na entrada (enchente) e na saída (vazante) por dois canais: Santo Antônio e Baía do Sol. Tanta foi a luta dessas correntes em milênios que a Ilha desligou-se do continente e de tal maneira o furo invadiu as terras laterais, certamente com ímpeto e velocidade que, no interior do rio que se formou, novas ilhotas surgiram de permeio, a se reproduzir, aqui mesmo, o fenômeno amazônico da “terra caída”. Trabalhos geológicos recentes, como veremos no correr deste trabalho, mostraram o leito do canal de areia em elevações situadas no eixo do furo. Montando e descendo, a correnteza, permanente ao sabor das marés, forçaria a condução desse material para o centro, para o próprio talweg, onde se acumula e permanece. Em contrapartida, obedecendo a princípio físico, esse mesmo volume líquido se incumbiria de invadir e arrasar as encostas de ambos os lados, afastando os dois “pedaços” cada vez mais.

O problema colonizador da Ilha do Mosqueiro, em sua forma pioneira, obedeceu naturalmente ao mesmo modus faciende do que aconteceu ao resto da Província e do País. Fez a nação, do mar para o sertão, a sua norma de crescimento. O Brasil, todo ele, excluindo-se tão somente essa pequena faixa dominada pelo rio-mar, desenvolveu-se em “função do mar”. De fora para dentro a sua verdadeira formação. E isso não seria desmentido nessa pequenina porção insular do Mosqueiro. Das margens da baía para o interior, evidentemente, seria marcado seu progresso.

No princípio, sua gente era toda formada de pescadores. Índios ou seus naturais descendentes, misturados com os novos elementos da colonização, a verdade é que a ela se devem seus primitivos habitadores. Ao que julgamos, até a origem de seu nome se prenderia à presença dessa modesta comunidade. Acreditamos, sem temer contestação, que, nos dois primeiros séculos da formação paraense: séculos XVII e XVIII – as terras mosqueirenses não chegaram a fugir à regra geral de um total desconhecimento por parte da administração reinol. Presa à condição de Ilha e subordinada a Benfica. Esta, por sua vez, fora elevada à categoria de Vila, também em 1895 e assim instalada a 8 de dezembro de 1896, ex-vi do Decreto nº. 156 de 28 de novembro de 1895. Foi Freguesia em 1758, estabelecida pelos Jesuítas, com igreja sob devoção de N. Srª. Da Conceição. Vê-se que Mosqueiro vivendo em função daquele lugar, paralelos e similares em sua pobreza e esquecimento, não possuiria meios de desenvolver, na dependência de indígenas, a sua posição privilegiada à entrada da Barra de Belém e próxima à capital da Província.

Na pesquisa desses fatos, encontramos remotas referências àquela região e, ainda assim, sempre com o caráter de defesa náutica às embarcações que demandavam Belém ou deixavam seu porto. E não há melhor convencimento dessa verdade, do que a própria informação que citamos de 1885 – quando ficamos sabendo que, na Freguesia do Mosqueiro, existiam apenas 40 casas e possuía 500 moradores. E já estávamos no último quartel do século passado (século XIX).

FONTE: MEIRA FILHO, Augusto. “Mosqueiro Ilhas e Vilas”- ED. GRAFISA, 1978- pp. 50, 51 e 52.

PESQUISE NESTE BLOG:

http://mosqueirando.blogspot.com.br/2010/11/na-rota-da-historia-o-destino-dos.html

http://mosqueirando.blogspot.com.br/2011/02/curiosidades-mosqueiro-o-nome-da-ilha.html

http://mosqueirando.blogspot.com.br/2010/03/na-rota-da-historia-ocupacao-e.html

http://mosqueirando.blogspot.com.br/2011/02/na-rota-da-historia.html

Nenhum comentário:

Postar um comentário