Autora: Eliane Cezar
A Ilha de Mosqueiro é um distrito de Belém e, em tempo de carnaval, muitos paraenses atravessam a ponte Sebastião de Oliveira para curtir a folia por lá. A escolha do local se justifica pela proximidade da capital, pelo baixo custo da viagem e pelo colorido que toma conta da Ilha no carnaval.
Tratar do carnaval de Mosqueiro obriga-me a tratar de assuntos familiares, tendo em vista que vivi, durante bons anos da minha infância, a rivalidade entre as principais escolas de samba do local, a Estação Primeira do Maracajá (composta majoritariamente pela Família Cezar – paterna) e os Piratas da Ilha (composta por parte da Família Souza – materna). E lá estávamos nós, da nova geração, em meio à guerra de confetes que se instalava no período. A vantagem foi o passe livre em ambas, sem torcida, sem obrigatoriedades de gostar de A ou B: a única obrigatoriedade para aquela molecada era ser feliz.
Os carnavais de que tenho lembrança são os tradicionais, com o desfile das escolas de samba com tudo o que se tem direito: comissão de frente, alegorias, bateria, mestre-sala e porta-bandeira, velha guarda e rivalidade (muita rivalidade!). Naquela época, investia-se na manutenção das escolas de samba, mas hoje a folia da Ilha tomou outros rumos, que transformou as escolas locais (incluindo aí os Peles-Vermelha) em blocos de rua.
Respeito a alegria, a organização e a praticidade dos blocos, mas vamos combinar que, para quem gosta do carnaval tradicional, dá uma certa nostalgia lembrar dos carnavais do passado. Mosqueiro conta com bons artistas que são perfeitamente capazes de fazer belos desfiles como no passado, mas é preciso investir.
E a pacata Ilha fica assim!
A autora:
Eliane Cezar: Colunista do site Donas da Bola, repórter da Beta Agência, professora, modelo e atriz.
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