sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

JANELAS DO TEMPO: O TRAMPOLIM E O ALEMÃO NADADOR

Autor: Augusto Meira Filho

“As novas gerações o desconhecem. Sim! Há muito desapareceu da paisagem no Chapéu-Virado. Construído em ferro, fincado na areia e alto sobre as marés plenas, esse famoso trampolim testemunhou, pelo menos, trinta anos de história daquela enseada coberta da sombra carinhosa de grandes mangueiras, em frente à série de casas, vivendas e chalets do Chapéu-Virado das décadas de trinta e quarenta.

Demorava o saudoso trampolim bem fronteiro à Vivenda “Rudajá” de propriedade do Sr. Leonidas de Castro. Nesse tempo ainda existia a bela residência em “Chalet”, mandada construir pelo destacado político do Mosqueiro, Lourenço Lucidoro Ferreira da Motta, mais conhecido como “Loló Motta”. Ele era filho de Lourenço Lucidoro da Motta, irmão do grande pintor paraense Constantino Pedro Chaves da Motta, monarquista ferrenho e que foi um dos nossos maiores artistas plásticos no período do Império.

O antigo “chalet” avarandado, que ainda conhecemos, foi demolido pelos herdeiros de Cypriano Santos e, em seu lugar, ergue-se, hoje, o Edifício Lilian-Lúcia. Seu primeiro proprietário, nessa época, exercia as funções de Tesoureiro da Intendência Municipal, quando governava a cidade de Belém o eminente Senador Antônio José de Lemos.

O trampolim exerceu grande influência na mocidade dos idos de trinta e quarenta. Não encontramos fonte que nos informasse a data de sua colocação naquele ponto estratégico da praia. Nem conseguimos apurar de quem partira a ideia de sua construção, para animar os nadadores. Aliás, houve um tempo, em que experts de natação faziam demonstrações nadando do trampolim até a ponta do Farol ou à escadinha do trapiche da Vila. Guardamos a lembrança do Dr. Raul Borborema que fazia de sua habilidade uma verdadeira aula sobre as ondas empolgando assistentes que permaneciam estáticos na praia para apreciar tão notável nadador.

Já mais tarde, antes da última guerra, celebrizou-se, no mesmo esporte, o alemão Eduardo Kratzonstein que ficou conhecido ali, como o “alemão nadador do Mosqueiro”. Vivia em Belém como fotógrafo oficial do Museu Paraense “Emílio Goeldi”. Costumava nadar desde a ponta onde ficava a Vivenda do Dr. Hygino Amanajás, entre Murubira e Ariramba, alcançando tranquilamente a ponte, na Vila.

O trampolim teve, também, sua função social.

Na sua estrutura de ferro, namoros surgiram, “flirts” daquele tempo começaram naquele vaivém da praia até seu encalço. Havia desafios. Moças nadadoiras esnobavam no seu topo, enquanto a rapaziada temia, muitas vezes, nadar até ali, pois em seu local ninguém tomava pé. O canal era profundo. Eis por que muitos treinavam na “garage do Remo”, ou na piscina da “São Jerônimo” para não fazer fiasco no Chapéu-Virado.

Recordamos bem seu perfil e seu prestígio!”

MEIRA FILHO, Augusto. “Mosqueiro Ilhas e Vilas”- ED. GRAFISA, 1978- pp 427 e 428. clip_image001

MOSQUEIRANDO: Queremos alertar, além dos banhistas, os nadadores e pescadores não-profissionais sobre os perigos das praias da ilha. São praias de rio, entretanto sofrem influência direta do oceano Atlântico, com fluxo e refluxo das marés. Nadar e pescar em pequenos barcos, sem coletes salva-vidas e além do limite permitido, quando ocorre a vazante, é extremamente perigoso. Em todas as pontas da ilha e bocas de rios na costa oriental, a correnteza é muito forte nesse momento – principalmente nas marés de sizígia (marés de lance) – sempre arrastando tudo para o meio do conjunto de baias que banham o Mosqueiro. E nada de jogar-se de cabeça na água nessas pontas de praia, porque existem enormes e cortantes pedras submersas. Por outro lado, nas marés de enchente à tarde, com o vento forte, o mar se encapela e as ondas crescem bastante, notadamente na costa voltada para as baías do Marajó e do Sol. É no início da enchente que a praia de São Francisco torna-se perigosa, pois os incautos podem ficar presos em algum banco de areia, cercados pelas águas que ali sobem rapidamente. Seguindo o bom-senso e as normas de segurança, todos sem exceção – crianças, jovens, adultos, idosos – podem extasiar-se com a beleza paradisíaca de nossas praias e gozar a delícia de um mergulho nas águas salutares do mar dulce de Pinzón.

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FOTO: PRAIA DO FAROL (Gerlei 2010).

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FOTO: PRAIA GRANDE DA BAÍA-DO-SOL (Wanzeller 2010).

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FOTO: PRAIA DO BISPO (Janayna 2010).

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