Em 1.965, foi instituido no Brasil o Dia do Folclore – 22 de agosto. O termo folclore, de origem inglesa e que, etimologicamente, significa “saber do povo”, foi proposto pelo arqueólogo William John Toms e lançado em agosto de 1.846, através do jornal “The Athenauem”. Na verdade, o folclore é a ciência das tradições populares, um ramo da antropologia que estuda o conjunto das manifestações e conhecimentos do povo, passados de geração a geração por meio da oralidade ou da mímica.
Entre tantas e tão diversas manifestações, podemos citar algumas que, comumente, fazem parte do nosso dia-a-dia como as lendas e os mitos, os provérbios, as fábulas, anedotas e pregões, as crenças e crendices, a medicina popular, as vestes, bebidas e comidas típicas, canções, músicas e danças, os brinquedos infantis e os folguedos, instrumentos musicais e artesanato, a literatura de cordel tão bem representada em nossa ilha pelo Sr. Manuel Gomes.
Se fizermos uma leitura atenta da realidade mosqueirense, veremos o quão rico é o nosso folclore, cuja variedade abrange todas as manifestações populares da Amazônia, incluindo-se a dança de pássaros, originária da região e tenazmente defendida, durante anos, pela Profª. Gilda Amador, de Carananduba.
Em nossa ilha paradisíaca, não é raro nos depararmos com o imaginário popular expresso através de lendas e histórias de assombração e tantas outras manifestações ameríndias, brancas e negras, já que o passado registra, nestas paragens, a presença de todos os elementos étnicos formadores do povo brasileiro.
Fatos marcantes na cultura mosqueirense através dos tempos são as festividades, que conquistam adeptos tanto pelo aspecto religioso quanto pelo profano. Algumas já não mais existem como a Festividade de São João (1.915) da Srª. Rosa Oliveira, a de Santa Maria (1.931) promovida por Dona Bárbara na 4ª Rua ou a de Santo Antônio (1.939) organizada por Maroca Soares. Outras continuam bem vivas, resistindo ao tempo e à interpenetração de culturas como a Festividade de São Sebastião (1.789) da inesquecível Dona Guiomar, na praia Grande; a de São Pedro (1.918) da Profª. Maria Diva Palheta, na praia do Areião; a de Santa Rosa de Lima (1.945) da família Fróes, no Caruaru. Podemos citar também como tradicionais a Festividade de São Pedro na Baía-do-Sol (1.949); a do Divino Espírito Santo; a de Nossa Senhora da Conceição, no Carananduba e no Sítio Conceição; a de Santo Antônio, do Ramalho no Aeroporto e do Antônio Bastos na Vila; a de São João promovida pelo Chibirica e a de Santa Maria, no Castanhal do Mari-Mari; além, evidentemente, da Festividade de Nossa Senhora do Ó, padroeira do Mosqueiro, cujo Círio teve início em 1.920.
Tivemos a oportunidade histórica de participar, juntamente com o Sr. Alarino (dono do boi-bumbá Tira-Teima), a Srª Vírcia Alberto Pedrosa (Betiza), o poeta João de Jesus Paes Loureiro, a Profª. Caridade Cruz e as Doutoras Francina de Macedo e Lígia Nogueira, do ato solene de fundação da AGRUFEM – Associação dos Grupos de Folclore do Mosqueiro – fato ocorrido no dia 06 de outubro de 1.985, na antiga sede da Boutique. A partir desse momento, a AGRUFEM desenvolveu uma extensa programação anual alusiva às quadras junina e natalina, Semana do Folclore, Círio do Mosqueiro, Festividades de Santa Rosa de Lima, do Divino Espírito Santo e de São Pedro na Baía-do-Sol, tendo também promovido, por um longo tempo, o Concurso Rainha das Rainhas do Carnaval Mosqueirense.
Atualmente, a associação congrega mais de quarenta grupos folclóricos, com expressiva participação da juventude nas quadrilhas juninas, bois-bumbás e grupos de danças, todos imbuídos do desejo de preservar nossas tradições.
É óbvio que a AGRUFEM e os grupos necessitam do apoio das instituições culturais do governo, como a FUMBEL e a Fundação Tancredo Neves, no árduo trabalho de manter o patrimônio folclórico da ilha, pois, conforme as palavras do escritor Coelho Neto, “Povo sem tradição é uma árvore sem raiz”.
FESTIVIDADE DE SANTO ANTÔNIO NA VILA
(Uma lembrança de seu promotor falecido recentemente: Antônio Bastos)
Trechos da famosa literatura de cordel do Sr. MANUEL GOMES:
“Mosqueiro em diversas épocas
Conto-lhe sem ter vaidade
Seu movimento é comparado
Com o das grandes cidades
É um lugar preferido
Por gente de toda idade.”
“Mosqueiro é uma ilha
Que sempre foi o que é
Com lindas praias de um lado
E do outro igarapé
Há banhos em todas as praias
Isso conforme a maré.”
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