CANTANDO A ILHA
MINHA ILHA ENCANTADA!
(AUTOR: AUGUSTO MEIRA FILHO – Mosqueiro – Diamante, 3/11/1.966)
Depois que ela morrer
talvez não morra!
Sob sol ardente
uma flor despertará para a vida!
De madrugadas frias
novas manhãs tristes surgirão
e de alegrias incandescentes
tardes narcotizadas
nascerão com as maresias!
Ondas de rio
deixarão queixumes brancos sobre a areia
de espumas embebida. Pássaros antigos
velhos cânticos entoarão
descendo no remanso!
A mata será rude
rudes os homens como barrancos de argila!
Longe, a aldeia
lembrará paisagem agreste quase sem sentidos!
Sei quando as sombras de árvores amigas
e este curvo céu azul
refletirão
o enlevo de meu sonho findo!
Nascerá talvez um mundo morto!
Certo virá saudade nessa doce aragem
fixar na terra selvagem
seu único alimento
o firmamento:
lágrimas?
lamento?
talvez pranto
que o coração do artista vai partindo!
JANELAS DO TEMPO
DONA MAROCA E O SANTO
Era uma esplêndida manhã de maio. Sol forte, nuvens branquinhas ao sabor do vento, céu azulado, maré vazante e um barco grande todo enfeitado de bandeirinhas multicoloridas e apinhado de alegres romeiros, cruzando a baía em busca do Marajó.
Comandando os peregrinos fluviais, sorridente e feliz, ali estava Maria Benedita Soares – Maroca Soares para os conhecidos – e, sobre o toldo negro, em um andor ornamentado com flores de papel crepom, a imagem de Santo Antônio, trazida de Lisboa pelos bisavós da devota.
Para Dona Maroca tornara-se uma tradição festejar o Padroeiro dos Namorados e, já no mês de maio, atravessava do Mosqueiro, sempre acompanhada de muitos fiéis, com o fim de angariar donativos para a grande festa junina.
No outro lado da baía, a imagem era aguardada com ansiedade pelos marajoaras, principalmente na fazenda de Dona Benedita, devota do Santo e sempre escolhida como Juíza da Festa.
Na chegada, o Juiz da Banda autorizava o folguedo e todos tocavam e cantavam animando a folia marcada pelo foguetório, que anunciava ao longe a presença de Santo Antônio.
Dona Benedita, uma das maiores proprietárias da região, preparava sua fazenda todos os anos, para receber o Santo de sua devoção e hospedar os romeiros, os quais eram homenageados com um lauto churrasco, pois a fazendeira em pessoa escolhia um boi bem gordo no rebanho de muitas cabeças.
Por vários dias, aconteciam festas e ladainhas e os romeiros percorriam diversos pontos da ilha, tirando donativos e recolhendo muitos animais para a festividade.
Já no Mosqueiro, na véspera e no dia do Santo, com o apoio do Juiz dos Namorados, todos bebiam e comiam de graça e rezavam e cantavam e dançavam e participavam das brincadeiras da época. Enfim, divertiam-se com fé, fazendo inúmeras promessas ao Santo Casamenteiro, na procura do par ideal.
No terreiro, o barracão, após a invariável ladainha, era só alegrias e o pau-e-corda, substituindo vez ou outra os acordes da banda e da sanfona sertaneja, animava velhos e moços no ritmo do carimbó. Enquanto os homens saboreavam o aluá de milho fermentado em potes de barro ou a aguardente azulada vinda de Abaeté, a criançada e as comadres fartavam-se de mingau de milho ou chocolate quente com ovo, acompanhamento indispensável aos duros mas deliciosos biscoitos da padaria do Mundiquinho Bastos, participante assíduo da festa.
À meia-noite, moças esfaqueavam bananeiras procurando, nas lâminas virgens, a inscrição dos nomes de seus príncipes caboclos ou rezavam aos pés do Santo a “prece das treze moedas”, fórmula infalível para arranjar marido. Outros “passavam a fogueira” assumindo compromissos eternos.
Também marcante era o Dia da Varrição após a festa. Para esse momento especial, Dona Maroca preparava sua tradicional camisola branca e três anáguas em crochê, tecidas por ela mesma. Enquanto os devotos tocavam e cantavam, os “mordomos” varriam o barracão e colocavam sobre a saia de Dona Maroca todo o lixo recolhido, o qual seria queimado na fogueira. Logo após, Dona Maroca pegava a imagem, dava três voltas sobre a fogueira e, então, a reconduzia para o altar. Todos beijavam as fitas em sinal de despedida, rogando ao glorioso Santo Antônio que lhes desse vida e saúde por mais um ano.
Dona Maroca faleceu em 1.939 – e lá se vão tantos anos – mas aquela imagem ainda existe. E a tradição de festejar o Santo continua bem viva na ilha do Mosqueiro.
É sempre emocionante a viagem de barco entre as ilhas do Mosqueiro e do Marajó.
ATRAVESSANDO A BAÍA EM BUSCA DO MARAJÓ:
PASSANDO PELA C’ROA GRANDE:
NO RIO URUBUQUARA:
NO ARANAÍ:
NO PORTO DE CAMARÁ:
NA CIDADE DE SOURE:
NA PRAIA DO PESQUEIRO (SOURE-MARAJÓ):
ola professor o seu blog sobre o nosso mosqueiro esta nota 1000.
ResponderExcluiressas fotos de atravessando a baia em busca do marajo estão legais, um abraço do christopher
ResponderExcluirHei titio, depois de ver essas fotos do Marajó eu já quero ir lá adorei.
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