quinta-feira, 11 de março de 2010

JANELAS DO TEMPO: ANTIGOS CARNAVAIS

JANELAS DO TEMPO

ANTIGOS CARNAVAIS

Você, amigo mosqueirense nato ou de coração, amante apaixonado de nossa ilha e de nossas tradições; você, que vive intensamente cada momento e ama o Carnaval, essa manifestação folclórica tão expressiva que nos remete às nossas raízes; você, caro leitor, precisa saber que preservar tradições está além de interesses pessoais, financeiros ou político-partidários: preservar tradições é trabalho, é dedicação, é sangue, é coração e, sobretudo, é amor, sentimento que faz o homem exaltar as coisas de sua terra e identificar criador e criatura.

No início, o Carnaval era diferente: jogava-se água e farinha nas pessoas - o entrudo. Proibido o entrudo, apareceram as máscaras, os blocos e os tradicionais trotes. Surgiram os cordões, as batalhas de confete, o corso com serpentina, os ranchos, as sociedades com carros alegóricos, as escolas de samba, os desfiles de fantasias e os bailes. Dizem que o primeiro cordão foi o “Flor de São Lourenço” (Rio, 1885). Na história do Carnaval do Rio, ficaram famosos os blocos “Dois de Ouro”, “Flor de Abacate” e “Ameno Rosada”. Contam que a primeira escola de samba (“Deixa Falar”) nasceu no Estácio, um bairro carioca, com seus músicos tocando pandeiro, cuíca, agogô, tamborim, frigideira e com suas passistas requebrando em suas roupas de vidrilhos, plumas e rendas.

Nossa ilha, caro amigo, também viveu as fases dessa evolução carnavalesca, chegando a ser, em 1992, a terceira maior representante do Reino de Momo em nosso país, ficando atrás apenas do Rio e de São Paulo. E, nessa evolução, há muito que se registrar.

Nos remotos anos da primeira metade do século passado, encontraríamos, nas ruas arenosas de nossa ilha, cordões como o “Cordão do Siri” (1919),“Cordão da Arraia”(1920),“Cordão do Espadarte”(1921), “Cordão da Mucura”(1922), “Cordão da Pescada”, “Cordão do Jacaré”, organizados pelos tripulantes do famoso navio Almirante Alexandrino;“Pelintras da Estrada” e “Cordão dos Roceiros” do Professor Rufino Magalhães; o “Alvi-Azul” do Pedreira Esporte Clube ( com sua famosa marchinha do mesmo nome) e o “Enfeza” do Botafogo Futebol Clube, além da Marujada.

Figuras mascaradas despontam nas recordações do passado como os dominós, os marcianos, o homem de lama, o bicho folharal, o gorila (Diógenes Godinho) e seu domador (Tote) e tantas outras personagens grotescas buscando premiação nas batalhas de confete. Como exemplo, citamos o falecido França, que não teve dúvidas em se cobrir com vísceras de animais, para conquistar o título de o mascarado mais sujo do carnaval mosqueirense.

A partir dos anos 50, destacam-se os blocos como “Foliões da Vila” da turma botafoguense, “Marujos do Amor” da torcida pedreirense; o “Bloco da Vitória” de Mundiquinho Bastos, saindo da antiga Padaria Vitória com suas alegorias-de-mão luminosas; os “Peles Vermelha” (1956) de Expedito Moraes e Zezé Braga, com seus valentes guerreiros fazendo a festa na ilha dos morobiras; a “Expedição Africana” de Davi Teixeira, com seu desfile de animais selvagens e “Piratas da Titia”, oriundo do time de futebol Mato Grosso e mudando de nome a cada ano: “Os Tesourados”(1969), “Conosco Ninguém Podemos”(1970) e, finalmente, “Piratas da Ilha”(1971), bloco que congregou Agostinho Pereira (Macarrão), Diógenes Godinho, Joaquim Bentes(Quincas), Carlinhos Mathias, Chico Tripa, Cabeça, Tote, Didi do Tiduca, Lito e Emanuel Braga entre outros. Apareceram também “A Patada” da turma piratense, o “Arrastão da Ilha” do saudoso Carequinha, “Puxe o Saco, mas não me quebre o Pau” de Santino Dias, “Há Jacu no Pau” do Cintra, “Gaviões da Ilha” do Carananduba, “Unidos do Chapéu Virado” de Toninho Russo, “Tá Feio” do Empata’s Phoda Bar, “Arrastão da Baía-do-Sol”, “Periquitão”, “A Grande Família” da família Cruz e “Pirarucu nas Cinzas” de Carlos Maresia.

As escolas de samba começam a surgir na década de 70. Assim apareceram a “U. S. Piratas da Ilha”, “E. S. Avançados do Morro”, “E. S. Aliados da Vila”, “E. S. Peles Vermelha” e “Estação Primeira de Maracajá”, agremiações que já realizaram desfiles de raro esplendor, conquistando a admiração, o aplauso e a simpatia do público.

As batalhas de confete eram atrações na Praça da Matriz, na Churrascaria da Vila do Nacib e nas sedes do Pedreira e do Parazinho. Aconteciam desfiles de fantasia, tornando-se tradicional o concurso “Rainha das Rainhas do Carnaval Mosqueirense”. Os blocos de salão multiplicavam-se nos bailes realizados no Pedreira, no Botafogo, no Parazinho, no Rodagem, no Santa Cruz, no Praia-Bar e as fantasias seguiam os temas propostos: Baile do Azul e Branco, Baile do Vermelho e Preto, Baile do Havaí e assim por diante. Esses bailes atraíam a criançada, a velha e a jovem guarda com marchinhas e frevos executados pelas aparelhagens de som e bandinhas de música, destacando-se instrumentistas como Coré, Sandoval, Preguiça e Maurício. No último dia de Carnaval, os bailes atravessavam a noite e iam até o Sol raiar.

Já quarta-feira de cinzas, às seis da manhã, acontecia o “bloco da saudade”, ao som da bandinha musical, saindo da sede do Parazinho para encontrar os foliões do Pedreira. Após contornar a Praça da Matriz, o bloco dirigia-se ao coreto e lá, com muita música instrumental e animação, encerrava a quadra momesca.

Amigo leitor, o avanço tecnológico, a filosofia e estilo de vida, a interpenetração de culturas, os modismos e a globalização dos costumes mudam nossas atitudes comportamentais e até nossos gostos. Embora “os dias melhores sejam feitos de amanhãs”, não devemos esquecer o passado, pois é o alicerce dos dias que vivemos. Um povo sem memória não possui tradição nem identidade.

***************

Recentemente, outras agremiações carnavalescas, reunindo veranistas e mosqueirenses, surgiram com o objetivo de alegrar ainda mais o Carnaval da ilha. Apareceram, então, as escolas de samba “Mocidade Unida da Ilha”, “União da Ilha” e “Universidade de Samba do Mosqueiro” e os blocos “Banco dos Cornos”, “Calopsita”, “Bafo de Bode”, “Os Avacalhados”, “As Peruas”, “Bacu de Sunga”, “Bruxos na Folia”, “Baiacu da Ilha”, “Urso na Folia”, “Tira o Dedo Daí”, “Camarões na Folia”, “As Sapas Tão na Folia”, “Blocozinho”, “Pato na Folia”, “Chifre na Folia”, “Paparazzi”, “Jambu”,“Não Esquenta a Cabeça” e “Grande Família” da Baía-do-Sol, além de variadas manifestações coletivas e individuais em busca do bom e saudoso Carnaval popular, em que despontam os velhos mascarados, irônicos e exagerados travestis e todo tipo de fantasia, revelando a criatividade e a irreverência do povo brasileiro.

Carnaval Mosqueirense 2010

image image
image image
image image
image image
image image
image image
image image
image image
image image
image image
image image
image image
image image
image image
image image
image image
image image
image  

Nenhum comentário:

Postar um comentário