Autor:
Luiz Henrique Almeida Gusmão
* Geógrafo e
Licenciado pela Universidade Federal do Pará (UFPA)
* Editor chefe e
proprietário do Blog Geografia e Cartografia Digital de Belém
* Bolsista no
Laboratório de Sensoriamento Remoto na Empresa Brasileira de Pesquisa
Agropecuária (EMBRAPA AMAZÔNIA ORIENTAL)
* Instrutor dos
softwares de Cartografia: Philcarto, Phildigit, Google Earth e Adobe
Illustrator aplicado a Cartografia Temática
* Contatos:
henrique.ufpa@hotmail.com ou luizhenrique.ufpa@yahoo.com
Cursos, Mapas, Cartogramas, Consultoria em Geotecnologias - (091) 98306-5306 (WhatsApp)
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1. INTRODUÇÃO
O crescimento
urbano acelerado e desordenado das cidades causa sérios prejuízos à qualidade
ambiental, devido a pressão antropogênica sobre os recursos naturais,
contribuindo para o desflorestamento, contaminação hídrica, queimadas,
assoreamento, extinção de espécies nativas, entre outros. Nessa postagem,
iremos enfatizar alguns impactos ambientais que vem afetando diretamente o
Distrito de Mosqueiro, no município de Belém, com o auxílio de imagens de
satélite da área de estudo, sendo recursos tecnológicos importantes na
visualização de problemas ambientais, podendo ser usado no direcionamento de
políticas ambientais.
Palavras-chave: Ilha de Mosqueiro. Belém.
2. MATERIAIS E MÉTODOS
Nesta postagem, utilizamos como fontes trabalhos de dissertação e de conclusão de curso sobre alguns dos impactos ambientais que Mosqueiro vem enfrentando na atualidade. Foi usado o software Google Earth como ferramenta para visualizar algumas problemáticas em questão através de imagens de satélite disponíveis do local.
3. DESENVOLVIMENTO
3.1. ILHA DE MOSQUEIRO EM BELÉM/PA
As primeiras habitações de Mosqueiro surgiram por volta do século XVIII, com a vinda de colonizadores portugueses para a ilha, deparando-se com os residentes locais da época, os índios tupinambás. Nesse período, a prática dos indígenas conhecida como moqueio (Processo de conservação de animais putrescíveis) deu origem ao nome da ilha, que após variações linguísticas, passou a ser chamado de moquear e posteriormente, tornou-se Mosqueiro (TAVARES, et. al, 2007).
A partir do século
XIX, com o ciclo da borracha na Amazônia, o espaço começou a se valorizar
devido a proximidade com Belém, que naquele período passava por um intenso
desenvolvimento econômico, contribuindo para a chegada da eletricidade, meios
de transporte interno e edificação de residências luxuosas na ilha no início do
século XX (NASCIMENTO, E, 2009). Nos anos 60, era o principal destino de
férias da classe média e alta da capital, sendo responsáveis pelas construções
de casas na orla das praias (FURTADO, 2008)
Antes da
inauguração da ponte em 1976 que liga a Região Metropolitana de Belém à ilha de
Mosqueiro, o acesso se dava somente por navios pela Baía de Guajará e do
Marajó, por isso era quase restrita a elite e aos estrangeiros moradores da
capital. Com a abertura da via terrestre, o número de veranistas aumentou
significativamente, sendo refúgio durante os finais de semanas, feriados e
férias, com linhas de ônibus regulares partindo do bairro de São Brás.
Hoje, a ilha de Mosqueiro e outras menores fazem parte do Distrito de Mosqueiro que está incorporado ao município de Belém/PA (MAPA 01). O local está a 70 km do centro da capital e tem uma população de aproximadamente 30.000 habitantes (IBGE, 2010). É o balneário mais frequentado do Pará, com estimativa de quase 300.000 veranistas em cada fim de semana de Julho, que vão atrás principalmente dos 17 km das várias praias existentes (PREFEITURA MUNICIPAL DE BELÉM, 2014).
Hoje, a ilha de Mosqueiro e outras menores fazem parte do Distrito de Mosqueiro que está incorporado ao município de Belém/PA (MAPA 01). O local está a 70 km do centro da capital e tem uma população de aproximadamente 30.000 habitantes (IBGE, 2010). É o balneário mais frequentado do Pará, com estimativa de quase 300.000 veranistas em cada fim de semana de Julho, que vão atrás principalmente dos 17 km das várias praias existentes (PREFEITURA MUNICIPAL DE BELÉM, 2014).
Mapa
01. Ilha de Mosqueiro em Belém e no Estado do Pará (Brasil)
Fonte: Luiz Henrique Almeida Gusmão (Geógrafo)
3.2
IMPACTOS AMBIENTAIS COMUNS
3.2.1 Desmatamento
A ocupação desordenada por meio da expansão de moradias precárias, a especulação imobiliária, extração de madeira e de areia irregular, e mais a abertura de vias marginais têm sido os principais motivos para o aceleramento do desmatamento na ilha de Mosqueiro em Belém. Esse quadro tem sido agravado pela intensa migração de famílias com baixa renda, devido a abundância e os preços mais atrativos dos terrenos em Mosqueiro do que na sede municipal de Belém.
A profusão de praias e uma orla
turística com uma infraestrutura razoável tornam-se atrativos da ilha como
ponto de lazer. Mais recentemente (Meados dos anos 90),
o boom imobiliário da cidade de Belém tem contribuído para alta
demanda por areia e provocado a sua extração em lugares cada vez mais distantes
como em Mosqueiro. Com base nas imagens disponíveis pelo Google Earth, foi
mapeado alguns dos problemas relatados acima:
Figura
01. Áreas de extração de areia, expansão urbana e vias recém-abertas em Mosqueiro visto no Google
Earth (Belém/PA) Fonte:
Autoria própria (2014)
Com base na figura acima, é possível ver que
há grandes áreas de extração de areia, principalmente próximo as vias que dão
acesso as praias de Carananduba, Chapéu Virado, Murubira e São Francisco, e que
muitas delas, estão atreladas as vias recém abertas na ilha. Grande parte
dessas atividades ainda estão em processo de regularização, em que este
procedimento deva ser concluído o mais rápido possível, para que não haja
impactos ambientais mais significativos, tais como erosão, desflorestamento,
queimadas, entre outros.
A área urbana consolidada está em um raio de 3 km
em direção ao continente, contemplando os bairros ao oeste de Mosqueiro. A
expansão urbana de Mosqueiro segue a área de ocupação mais antiga, sendo com
maior força nos bairros a oeste: (Vila, Farol, Chapéu Virado, Ariramba,
Natal do Murubira e Murubira), enquanto na porção norte-nordeste (Baía
do Sol, Paraíso, Marahu e Sucurijuquara), mostra-se mais vagarosa, ainda
com extensas aglomerações florestais, porém com sinais de pressão demográfica,
visto no aumento da construção de casas, bares e hotéis.
Nesse sentido,
diversas ações vêm sendo realizadas pelos órgãos competentes para coibir um
acelerado desmatamento, como o sobrevoo em áreas consideradas críticas, a
intensificação da fiscalização ambiental, o mapeamento e o monitoramento das
atividades existentes. Uma das medidas que pode ser realizada é o aumento de
áreas de proteção permanente (APP) na ilha, a elaboração de um zoneamento
ecológico e principalmente o seu cumprimento pelo governo municipal, a fim de
preservar a biodiversidade existente, garantir melhor qualidade de vida aos
seus moradores, utilizar de maneira sustentável seus recursos naturais e
implantar um turismo ecologicamente sustentável, sem grandes impactos
ambientais.
Segundo (FRÉSCA, 2007, apud. NASCIMENTO E, 2009), o lixo é a forma de disposição final de resíduos sólidos, que é caracterizado pela descarga sobre o solo sem medida de proteção ao meio ambiente ou a saúde pública. Nesse caso, infelizmente é bastante comum o acúmulo de lixo doméstico como cocos, garrafas, copos, plásticos em geral e materiais orgânicos na areia (Figura 02) e nas suas margens em várias praias do mundo.
.
Figura 02. Lixo doméstico em uma praia de Mosqueiro
Fonte: praiasdemosqueiro.blogspot.com
Em Mosqueiro, isso é agravado principalmente
nos meses de férias (julho e dezembro), porque não há uma intensificação das
ações dos órgãos competentes em saber a destinação desse lixo, assim como é
quase inexistente uma política de reeducação ambiental direcionada aos
banhistas durante o mês de julho, aliado ainda a insuficiência de lixeiras na
orla. Na verdade, todos deveriam ter consciência de sua obrigação de dá uma
destinação correta ao lixo que produziu. Por outro lado, é necessário que a
Prefeitura Municipal de Belém amplie seus programas direcionados à educação ambiental, principalmente nas praias com maior movimentação, conforme a
imagem abaixo:
Mapa 2. Praias com maior movimentação e prioritárias na execução de projetos voltadas à educação ambiental em Mosqueiro (Belém/PA)
Fonte:
Autoria própria (2014)
Com base no
mapa, as medidas de Educação Ambiental devem contemplar as praias do Farol,
Chapéu Virado, Ariramba e Murubira, pelo fato dessa área ter a maior e melhor
infraestrutura, com inúmeros bares, restaurantes, farmácias, mercados, praças e
consequentemente, ter a maior circulação de pessoas. Esta deve ser a área
prioritária dos projetos, inclusive aqueles relacionados ao tratamento de
esgoto doméstico despejado por bares e restaurantes na orla, afim de não pôr a
saúde dos banhistas em risco.
Caso a situação atual permaneça, os banhistas
serão os principais prejudicados, pois estarão em um lugar impróprio para se
refrescar do calor. Nesse caso, fica aqui um apelo para que sejam tomadas as
devidas providências, como projetos de reeducação e sensibilização ambiental,
tratamento do esgoto doméstico de bares e restaurantes da orla, e limpeza
urbana mais eficiente em prol da população que frequenta. Alguns dos problemas
que os banhistas podem ter são: alergias em geral, verminoses, entre outros.
Dessa forma, o blog é a favor da limpeza regular das praias por parte da
Prefeitura e dos veranistas também!
Entre os problemas frequentes, destacamos a ação das marés sobre o relevo, intensificando a erosão nas encostas de algumas praias da ilha, em que o poder público tem sido omisso na maioria dos casos, causando indignação por parte dos moradores, por causa da frequência de perdas materiais das barracas de alimentação e de calçadas.
Em relação à poluição sonora, esse é um tipo
de problema ambiental mais frequente no mês de julho e de dezembro,
principalmente nas áreas com grande quantidade de bares e restaurantes (Mapa
3), porém a Prefeitura tem tomado medidas de contenção para este tipo de caso,
proibindo o excesso de volume principalmente de carros, a partir das 3h da
manhã.
Mapa 3. Áreas com Poluição Sonora frequente em Mosqueiro
(Belém/PA)
Fonte: Autoria própria (2014)
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Concluímos que a ilha de Mosqueiro vem sofrendo com inúmeras formas de agressão
ao meio ambiente, tais como desmatamento, deposição de lixo doméstico em áreas
inadequadas, lançamento de esgotos domésticos em algumas praias, erosão e
outros, em que a Prefeitura de Belém tem o dever de solucionar tais problemas
ou ao menos, amenizar significativamente, para que não surjam adversidades em
uma escala maior. Nesse sentido, o referido artigo tem o propósito de chamar
atenção das autoridades públicas para tais problemáticas nesta maravilhosa ilha
conhecida como bucólica que ao longo dos anos não está sendo cuidada conforme a
sua grandiosidade.
5. REFERÊNCIAS
FURTADO, A; JUNIOR, O. Impactos Ambientais do Desmatamento e Expansão Urbana na ilha de Mosqueiro(Belém- PA). Universidade Federal do Pará (UFPA), 2009.
NASCIMENTO, E. Avaliação dos impactos
ambientais na região costeira da ilha de Mosqueiro-PA devido a ação antrópica.
UNAMA. (Trabalho de conclusão de curso TCC). Belém, 2009.
Praiasdemosqueiro.blogspot.com. 2014.
VENTURIERI, A. et. al. Avaliação da dinâmica
da paisagem da ilha de Mosqueiro, Município de Belém, Pará. Anais do XI
Simpósio de Sensoriamento Remoto, Santos. Brasil. 11-18 setembro 1998,
INPE.
FONTE:
http://geocartografiadigital.blogspot.com.br/2014/08/impactos-ambientais-na-ilha-de.html
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