Entrando pela baía do Sol e subindo o Furo das Marinhas, vamos encontrar, antes da Ponta do Queimado, na costa sudeste da Ilha do Mosqueiro, uma pequena faixa arenosa denominada Praia de Janequara. O acesso a esse lugar pouco conhecido também pode ser feito através de uma longa trilha com o mesmo nome, aberta na mata a partir da Rodovia Augusto Meira Filho.
A praia de Janequara é frequentada, principalmente, pelos adeptos do turismo de aventura, praticantes de canoagem, ciclismo e trilha ecológica.
O nome que designa a praia significa “lugar de Jane”, sendo um termo híbrido formado pelo nome próprio Jane (vindo do hebraico e do francês antigo Jeahne: agraciada por Deus) e do radical indígena coara: lugar). Quem o criou ainda não sabemos, assim como desconhecemos quem é a pessoa homenageada com o nome dessa pequena e selvagem praia de rio. O certo é que o radical coara encontrado em denominações de outros lugares da Ilha (Sucurijuquara, Pratiquara) lembra a antiga presença dos tupinambás nas terras mosqueirenses.
No Google Earth, encontramos alguns registros da praia de Janequara captados nas fotos de Pedro Paulo:
Sobre a Praia de Janequara, o Professor-poeta Alcir Rodrigues escreveu:
Janequara: olhares para aquém e além
Já pudeste vislumbrar
a faixa arenosa
da praia de Janequara?
Ela age como uma bígama,
pois ousa trocar
com seus consortes
dois longos e
simultâneos beijos –
O beijo bege-verde
e o beijo bege-barrento
(ou cobreado...).
A praia se nutre
da essência da clorofila
da mata
e dos zoofictoplanctuns
do líquido fluxo
indo e vindo da Baía-do-Sol
ou do Furo das Marinhas,
paragem esta
de cima e de longe
espionada
por olhos algodoados e azulados...
Imagine ali naquelas plagas
uma alma
s o l i t á r i a
que desliza no piso
frio e macio do rio,
o remo deslocando
a montaria:
músculos, braços e mãos,
em automatismo,
enquanto os olhos
já filmam
a verdura
das Ilhas Maruins,
absorto o pensamento
na piema
do pouco peixe,
e siri e camarão vasqueiros,
que ele está levando
para casa,
... para a casa e
(mais ainda)
para as barrigas
roncando,
enquanto ao longe
um caminhão da Ricosa
na pista da ponte
Sebastião Rabelo de Oliveira,
carregando produtos
alimentícios
para o outro lado da Ilha
onde eu,
saboreando
uma bolacha Cream Cracker
e sorvendo café com leite,
deslizo a esferográfica Bic
para,
no leito destas páginas,
imprimir estas imagens
puramente ficcionais
e,
paradoxalmente,
nascidas da mais
pura realidade...
FONTE: http://moskowilha.blogspot.com.br/2014/06/janequara-olhares-para-aquem-e-alem.html
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