quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

TROCA DE OPINIÕES: O APELO DA JUVENTUDE

MOSQUEIRANDO: Publicamos este texto no Jornal do Mosqueiro, na década de 1980, procurando retratar a juventude mosqueirense da época. O mesmo texto foi reproduzido, em 1993, no Informativo do Mosqueiro, do Prof. Marco Antônio O. Chagas e, agora, nós o submetemos à reflexão dos internautas que visitam este blog. Eis a questão: O que mudou em nossa Ilha e em nosso país sobre a juventude e seus problemas, as instituições e suas propostas? Comente, opine, proponha!

O APELO DA JUVENTUDE

 

“Assemelhando-se ao carioca, o jovem mosqueirense vive num clima de euforia e liberdade condizente com a própria paisagem física e social da Ilha. É alegre, brincalhão e, naturalmente, simpático. Adora festas, procura trajar-se de acordo com a moda e falar bem, numa linguagem de comunicação muitas vezes pontilhada de gírias e expressões coloquiais que, em geral, são criadas nos grupinhos de rua. Sua característica fundamental é o espírito gozador, com o qual transforma os fatos mais chocantes em piadas cômicas ou maliciosas. Como bom brasileiro, empolga-se com o carnaval e é fanático por futebol. Qualquer espaço lhe serve para rolar a redonda, principalmente nas praias, onde a pelada, quase sempre arbitrada no grito, é mais emocionante e, algumas vezes, termina com a advertência da polícia, quando um chutador sem pontaria acerta uma bolada em alguém que nada tem a ver com a disputa. E por falar em praia, esta é a grande diversão da juventude mosqueirense que, nos fins-de-semana, feriados ou nas badaladas férias de julho, desfila em roupas sumárias, nas belas e aprazíveis praias da Ilha. O jovem mosqueirense sabe remar, pescar e nadar, mas não facilita, pois tem um grande respeito pelo mar. Casos de afogamentos são raríssimos. A cerveja, a cachaça, a caipirinha, a batida e o vinho são suas bebidas prediletas, consumidas quando surge algum pretexto de comemoração ou como acompanhamento indispensável de qualquer “avoado”, que não é nada mais, nada menos do que o ato de assar o peixe geralmente na beira das praias ou dos igarapés, talvez uma lembrança dos antigos habitantes da Ilha, aqueles índios que andavam moqueando o pescado e, com certeza, bebendo cauim. Bicicleta e moto são os transportes preferidos e a paquera jocosa, seu ofício constante. Um toque de malandragem, algumas vezes, completa o retrato dessa juventude, que ainda conserva a capacidade de sorrir.

Porém nem tudo são flores e alegrias na ilha-paraíso. Aliás, todo paraíso que se preza tem suas “maçãs” e suas “serpentes”. E aqui não poderia ser diferente. A marginalidade, o tóxico, a promiscuidade sexual, as doenças venéreas, a gravidez indesejada, o aborto, o desemprego, o desrespeito e a violência são problemas que afligem muitos desses jovens. Não são problemas típicos da Ilha ou somente da juventude atual. São problemas universais que atravessam os tempos e mudam os destinos. Já na época dos filósofos gregos, diziam que a juventude estava perdida. No entanto, a turma sempre deu a volta por cima e o mundo não acabou e, se depender da juventude, jamais acabará.

Exigir, comandar, reprimir foram verbos bastante conjugados, principalmente nesses vinte anos de opressão. Ora, a opressão gera revolta e o proibido é mais desejado. A juventude tem grande potencialidade e precisa apenas de uma orientação segura. Essa orientação deve partir da família, da escola, da Igreja e daqueles que se dizem ou pretendem ser os responsáveis por este povo e por este país.

Acontece que os pais, que em sua maioria fazem parte da classe operária, com seus salários devorados pela inflação, trabalhando como burros-de-carga para sustentar o capitalismo selvagem que assola este país, não dispõem de tempo para os filhos. A Igreja, por sua vez, nem sempre vem ao encontro dos anseios da juventude, principalmente porque vivemos uma era dominada pelo materialismo e as palavras fé, amor e caridade perdem-se no ar, não sendo transformadas em ações. Por outro lado, a escola, cujo objetivo precípuo é desenvolver no indivíduo as suas capacidades físicas, espirituais e intelectuais, parece-me falida e distante da realidade, com professores mal preparados e mal remunerados, sem metodologia convincente, currículo adequado, material didático e sem democracia.

E os nossos governantes, os representantes do povo, os líderes das comunidades, os paladinos das instituições devem, por um momento, esquecer os interesses pessoais e partidários e pensar no povo, pensar na juventude, pois existem problemas e encontrar soluções é apenas uma questão de boa vontade”.

Um comentário:

  1. Mosqueiro e um seto dsguiado, dps que se faz amizade cm os kmaradas MOKA vira paraisso!!!! Adoro essa ilha DRX!!!

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