(Roteiro para a prática de ECOTURISMO criado com base na atividade interdisciplinar de EDUCAÇÃO AMBIENTAL desenvolvida pelos professores Antônio Fiel, Carlos Mathias, Claudionor Wanzeller e Mauro Braga da Escola Estadual Honorato Filgueiras – ilha do Mosqueiro, na década de 90).
Iniciando a excursão ecológica (Foto: Gerlei Agrassar)
ROTEIRO: Porto do Pelé, igarapé Tamanduaquara, trecho do rio Murubira, trecho do rio Pratiquara (descendo até a foz), trecho do rio Pará (subindo pela baía de Santo Antônio), trecho do rio Mari-Mari (subindo a partir da foz), igarapé Canavial, povoação do Castanhal do Mari-Mari, trilha ecológica Olhos d’Água, povoação do Caruaru, retorno descendo o rio Caruaru e o rio Pratiquara.
Porto do Pelé: nome que se refere ao primeiro morador do local, à margem do igarapé Tamanduaquara, no fim da Trav. Siqueira Mendes (bairro do Maracajá).
Porto do Pelé (Foto: Marcos Silveira)
Igarapé: termo de origem indígena (igara: canoa; pé: caminho – caminho de canoa); braço de rio que se perde na floresta. Segundo a lenda, sulco na mata aberto pela Cobra Grande ao sair do rio.
O transporte do ribeirinho (Foto: Gerlei Agrassar)
Tamanduaquara: de origem indígena (coara: lugar; lugar de tamanduá) designa um braço do rio Murubira.
Igarapé Tamanduaquara (Fonte: Google Earth)
Seguindo pelo Tamanduaquara (Foto: Gerlei Agrassar)
Sítio do Pau-Amarelo: local do igarapé Tamanduaquara onde, segundo a lenda, surge, em noite de lua cheia, uma Cobra Grande Encantada, às vezes na forma de uma linda jovem caminhando sobre as águas.
Sítio do Pau-Amarelo (Fonte: Google Earth)
Murubira: termo de origem indígena (morobira: homem cabeludo); designa a tribo de tupinambás que habitava a ilha do Mosqueiro; rio que nasce no interior da ilha e é afluente do rio Pratiquara.
No plano inferior, rio Murubira (Fonte: Google Earth).
Foz ou embocadura: ponto terminal do rio popularmente conhecido como “boca do rio”, lugar onde o rio deságua (em outro rio, lago, baía ou oceano). Pode ser estuário (sem obstáculo, uma única “boca”) ou delta (várias “bocas”).
De baixo para cima, foz do Murubira (Fonte: Google Earth)
Ribeirinhos: pessoas que vivem às margens dos rios e igarapés, tirando exclusivamente deles o seu sustento. A atividade desenvolvida é a pesca artesanal de subsistência.
População ribeirinha (Foto: Gerlei Agrassar).
Pratiquara: termo de origem indígena (prati: peixe miúdo; coara: lugar – lugar de peixe pequeno); rio que nasce no interior da ilha e deságua a sudoeste, no rio Pará (baía de Santo Antônio).
Foz do Pratiquara no rio Pará (Fonte: Google Earth)
Furo: curso d’água que liga um rio a outro rio ou a um lago.
Furo do Figueiredo no Pratiquara (Fonte: Google Earth)
Furo do Engenho: liga o rio Pratiquara ao rio Mari-Mari. No início do século passado, um engenho de cana-de-açúcar deu-lhe o nome; posteriormente, ficou conhecido como Furo do Figueiredo (dono de pequeno comércio ribeirinho que existia à entrada do Furo, no rio Pratiquara).
Atravessando o Furo (Foto: Gerlei Agrassar)
Igapó: área de várzea, à beira dos cursos d’água, alagada todos os dias pela ação da maré de enchente (conceito conforme a situação geográfica da ilha do Mosqueiro).
Foto: Gerlei Agrassar
Várzea: área, à beira dos cursos d’água, alagada somente com as marés de sizígia (marés de lance ou de lua: as mais altas).
Foto: Gerlei Agrassar
Teso: ponto alto de terra firme em área de várzea.
Foto: Gerlei Agrassar
Palafita: habitação característica do ribeirinho, construída sobre “estacas”, bem acima do nível dos rios para evitar as grandes enchentes. Originalmente, construção rústica da Amazônia, cujas paredes e assoalho eram feitos com troncos de palmáceas, e coberta com palha.
Habitação do ribeirinho (Foto: Gerlei Agrassar).
Mata ciliar: vegetação que protege as margens de rios, igarapés, lagos e diversos cursos d’água. Evita o desmoronamento dos barrancos, o assoreamento dos rios e, consequentemente, as inundações.
Foto: Gerlei Agrassar
Manguezal: popularmente conhecido como “mangal” ou mangue, é o conjunto de mangueiros, vegetais muito importantes para o equilíbrio ecológico, pois filtram a poluição, produzem grande quantidade de oxigênio, purificando o ar, e facilitam a reprodução de peixes e crustáceos, inclusive dos saborosos camarões mosqueirenses. Os índios utilizavam esses vegetais na produção de tinturas e de remédio contra a diarréia.
Manguezal na foz do Pratiquara (Fonte: Google Earth)
Mangueiros: vegetais superiores característicos de igapós e várzeas: mangueiro vermelho (Rhizophora mangle), siriubeira (Avicennia germinans) e tinteiro (Laguncularia racemosa), as espécies mais comuns na ilha. Entram na composição da mata ciliar, pois suas raízes aéreas são poderosos sustentáculos dos barrancos, servindo para o equilíbrio e alimentação desses vegetais. Apresentam forma de reprodução ímpar, porque são os únicos cuja germinação se dá ainda com o fruto na árvore. Com o amadurecimento, a semente já germinada se desprende do fruto e cai, prendendo-se no tijuco mole ou sendo levada pelas águas para outros pontos, às vezes muito distantes, garantindo a disseminação da espécie.
Espécie de mangueiro (Foto: Gerlei Agrassar).
Pará: termo de origem indígena (abundância d’água) primitivamente empregado para designar os lagos e as inundações do Amazonas. Nome que recebe o rio Tocantins (sig.: bico de tucano) ao passar por Belém em busca do Atlântico. Em frente à cidade de Belém, forma a baía de Guajará. Banha a ilha do Mosqueiro, formando a baía de Santo Antônio, do Marajó e do Sol.
Rio Pará banhando o sudoeste da ilha (Foto: W. J. Lameira)
Baía de Santo Antônio: banha a costa sudoeste da ilha do Mosqueiro, que teve o seu nome num passado remoto (ilha de Santo Antônio). Saindo pela foz do Pratiquara, observamos, à direita, a Ponta da Pedreira e, em frente, a ilha de Tatuoca, dois lugares de grande importância histórica.
Baía de Santo Antônio (Fonte: Google Earth)
Baía de Santo Antônio (Foto: C. S. Wanzeller).
Ponta da Pedreira: consta nos mapas desde o século XVII (1680) com o nome de Ponta da Musqueira. Lugar da ilha, às margens da baía de Santo Antônio, utilizado no século XVIII para exploração de pedras (com alto teor de ferro) destinadas às construções em Belém. Era uma das pedreiras do Reino.
Ponta da Pedreira ou do Bitar (Fonte: Google Earth)
Fábrica Bitar: localiza-se na Ponta da Pedreira. Foi fundada em 1924 pela firma Bitar e Irmãos, com o nome de Usina Santo Antônio da Pedreira. Suas máquinas alemãs destinavam-se ao beneficiamento da borracha e ao refinamento de óleos vegetais extraídos das sementes de ucuuba, murumuru, andiroba, pracaxi, babaçu, patauá e algodão. Em 1932, o óleo “Fortaleza”, produzido pela Fábrica, foi premiado na exposição Farroupilha. Fabricava-se, também, o famoso sabão “Santa Helena”, que era exportado para o Nordeste. O trabalho na Fábrica passou a concorrer com a pesca artesanal, primeira atividade econômica da Vila do Mosqueiro, empregando homens, mulheres e até crianças. Em 1925, os funcionários que jogavam futebol na praia do Areião fundaram o Pedreira Esporte Clube. Em 1938, na Fábrica Bitar, ocorreu o primeiro movimento grevista do Estado do Pará. A Fábrica tem grande importância para o folclore mosqueirense, pois, segundo a lenda, sob a Ponta da Pedreira existe imensa caverna habitada por uma Cobra Grande.
Usina Santo Antônio da Pedreira (Foto: Cássio Nascimento)
Tatuoca: termo de origem indígena (oca: casa – casa de tatu). Ilha localizada em frente à Vila do Mosqueiro, às proximidades da ilha de Cotijuba. “Quando os cabanos, no século XIX, tomaram Belém, o Marechal Manuel Jorge Rodrigues, Presidente da Província, instalou o governo em Tatuoca. Tendo recebido reforços de Pernambuco, organizou várias expedições para eliminar os participantes da revolta nativista que se haviam fixado em dois pontos do Mosqueiro: Vila e Chapéu Virado. A invasão do Mosqueiro pelas tropas legalistas ocorreu no dia 21 de janeiro de 1836. Cem homens do 2º. Batalhão de Caçadores, sob o comando do Major Manuel Muniz Tavares e com a proteção de dois navios de guerra, “Independência” e “Brasília”, além de lanchões e canoas de pequeno calado, desembarcaram na ilha. Apesar da resistência tenaz, depois de algumas horas de combate, as tropas legalistas conseguiram a vitória. Os cabanos foram perseguidos no interior da ilha, durante a fuga, e lanchões artilhados cruzaram os furos das baías do Sol e de Santo Antônio. Os heróis paraenses que lutavam contra o despotismo implantado na Província não se rendiam. Aparentemente derrotados nas praias e nas matas mosqueirenses, avançaram sertão adentro, alcançando a Vigia, Curuçá e outros centros, quase atingindo os limites do Maranhão” (A.M. Filho).
Tatuoca, tendo ao fundo a Ilha de Cotijuba (Foto: Wanzeller)
Mari-Mari: termo de origem indígena para um fruto comestível (cássia leiandra) da Amazônia; designação do rio que nasce no interior da ilha, às proximidades do Furo das Marinhas, e, como afluente do rio Pará, tem sua foz na baía de Santo Antônio.
Rio Mari-Mari (Fonte: Google Earth)
Castanhal: braço do rio Mari-Mari, esse igarapé recebe o nome da povoação às suas proximidades.
Igarapé do Castanhal (Fonte: Google Earth)
Canavial: igarapé onde se localiza o primeiro porto da povoação do Castanhal do Mari-Mari; era o acesso a uma área onde, no passado, havia uma extensa plantação de cana-de-açúcar.
Igarapé do Canavial (Fonte: Google Earth)
Castanhal do Mari-Mari: singela povoação no interior da ilha, cujo centro sócio-cultural é constituído de um campo de futebol, uma escola de ensino fundamental, um salão de danças (que serve para diversos eventos) e uma capela dedicada à Santa Maria, padroeira local festejada durante o mês de maio.
Castanhal do Mari-Mari (Fonte: Google Earth)
Conheça Castanhal do Mari-Mari! (Veja em futuras postagens.)
Trilha Olhos d’Água: com aproximadamente 3,5 km de extensão, liga o Castanhal do Mari-Mari a Caruaru, povoação situada à margem esquerda do rio de mesmo nome, afluente do Pratiquara. São aproximadamente quarenta minutos de caminhada em trechos de floresta tropical e matas de capoeira.
Trilha Olhos d’Água (Fonte: Google Earth).
Trilha ecológica (Foto: Marcos Silveira)
Curupira: ser mitológico também conhecido como Caipora, que é o protetor da floresta. A palavra Curupira originou-se do tupi antigo (curu: abreviação de curumim: menino + pira: corpo), assim como o termo Caipora (caá: mato + pora: habitante do). Para não perder o rumo é bom pedir licença a ele e não poluir o local com o nosso lixo.
Curupira (Autor: Antônio Elielson S. da Rocha)
Floresta tropical: floresta com árvores de copas fechadas, presença de cipós, alto grau de umidade relativa do ar e ausência de gramíneas.
Foto: Marcos Silveira
Capoeira: mata secundária, ou seja, não mais virgem, onde foram retiradas ou acrescidas espécies vegetais.
Foto: Gerlei Agrassar
Sitiantes: pessoas que, mesmo vivendo às proximidades de rios ou igarapés, têm como principal atividade econômica a agricultura de subsistência (plantio de roças).
Entrevista com representante da comunidade (Foto: Gerlei).
Caruaru: termo de origem indígena com significado incerto: teria vindo de iakuruarú (jacuraru: variedade de lagarto) ou do dialeto dos índios cariris: caru (coisa boa) + aru aru (abundância), que pode ser entendido como terra da fartura ou terra fértil; designa importante povoação no interior da ilha, tendo como centro um campo de futebol, em cujas cercanias existem uma escola de ensino fundamental (E. M. Profª Maria Clemildes), um salão de festas e uma capela dedicada à Santa Rosa de Lima, padroeira do lugar, festejada em agosto, inclusive com procissão fluvial, um evento que já se tornou uma tradição.
Caruaru (Fonte: Google Earth)
Porto de Caruaru (Foto: Marcos Silveira)
Conheça Caruaru e a Festividade de Santa Rosa de Lima! (Veja em futuras postagens.)
Retorno, descendo o rio Caruaru:
Rio Caruaru: afluente do rio Pratiquara, banha a povoação de mesmo nome
Rio Caruaru (Fonte: Google Earth)
Retorno descendo o rio Pratiquara:
Sítio Pratiquara: localizado na margem direita do rio de mesmo nome, um pouco mais abaixo da confluência com o rio Caruaru, é um local aprazível, cuja área possibilita a prática do ecoturismo e do turismo de aventura.
Sítio Pratiquara (Fonte: Google Earth).
Conheça o Sítio Pratiquara! (Veja em futuras postagens.)
Retorno pelo Pratiquara, descendo o rio. (Fonte Google Earth)
SÓ PRESERVA QUEM CONHECE. Ainda há tempo para conservarmos nossas riquezas ambientais, usando-as de forma racional. Ou queremos a ilha, no futuro, desordenadamente ocupada, com nossos rios e igarapés transformados em canais, verdadeiros esgotos a céu aberto poluindo as praias, as baías e o nosso maior patrimônio: a água?
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