terça-feira, 12 de janeiro de 2010

A ILHA: UM VOTO PELO PARAÍSO

Mosqueirando

Por: Claudionor Wanzeller

 

A ilha de Mosqueiro – ilha do Moqueio, processo de conservação do peixe usado pelos tupinambás – tem 220 km² de área e está localizada a 60 km em linha reta de Belém, na costa oriental do rio Pará (mar, abundancia d’água), braço sul do rio Amazonas, em frente a ilha do Marajó (oeste), tendo ao norte a ilha do sol (Colares) e ao sul a ilha de Caratateua (Outeiro).

Banhada de sul a norte pelas baías de Santo Antonio, do Marajó e do Sol, a ilha possui 18 km de praias de água doce com ondas, floresta tropical densa, mata de capoeira e manguezais, rios e igarapés piscosos, um saudável clima quente e úmido e uma beleza paisagística surpreendente que revelam grande potencial turístico a ser preservado e, economicamente, melhor explorado.

Na hidrografia mosqueirense, que, pela proximidade do Atlântico, segue o regime das marés, destacam-se os rios Pratiquara, Murubira, Mari-Mari, os quais deságuam na baía de Santo Antonio. São águas ainda impolutas, que servirão ao abastecimento da ilha no futuro bem próximo, quando a água do sub-solo acabar.

Entretanto, esse recurso hídrico se encontra ameaçado. Com a explosão demográfica das ultimas décadas – a população fixa já é estimada em 40 mil habitantes- a ocupação desordenada das terras da ilha tornou-se inevitável, ameaçando a mata ciliar e as nascentes. Por outro lado, o projeto da alça viária municipal ligando Mosqueiro à ilha de Caratateua- idéia concebida no século passado pelo arquiteto Sebastião R. de Oliveira – poderá causar um impacto ambiental desastroso com a favelização dos manguezais na foz dos principais rios e no Furo das Marinhas e, consequentemente, com poluição das águas ampliada pelo fluxo e refluxo das marés.

Se os representantes do povo na Câmara – infelizmente Mosqueiro continua sem nenhum – deixassem de lado, por um breve momento, os interesses partidários ou pessoais e legislassem em prol do bem comum, poderiam aprovar projetos de conservação ambiental para a ilha, criando áreas de preservação permanente com o necessário mecanismo para tal e delimitando os espaços a serem ocupados ou explorados de forma racional. Errare humanum est, mas permanecer no erro é burrice.

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