quinta-feira, 10 de abril de 2014

MEIO AMBIENTE: ILHA DE MOSQUEIRO NA MODERNIZAÇÃO DA AGRICULTURA E DESENVOLVIMENTO DO PARÁ.

 

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A “MODERNIZAÇÃO DA AGRICULTURA E DESENVOLVIMENTO DO PARÁ” é um excelente texto sobre o processo de desenvolvimento da agricultura no estado do Pará.

O estudo em tela registra de forma contributiva a  participação da Ilha de Mosqueiro, distrito do município de Belém, para o setor e as perspectivas no horizonte de política econômica para o mesmo e para as experiências em curso em várias áreas da agricultura paraense.

Para os autores, diante do processo de desenvolvimento econômico do estado:

“a contribuição da agropecuária continua pequena, visto que suas exportações são lideradas, com folga pelo segmento extrativo mineral e madeireiro. Assim a agricultura deixa de dar importante contribuição na geração da riqueza e na distribuição da renda para uma população em crescimento, e também na preservação ambiental”.

O texto aqui publicado é parte integral de “MODERNIZAÇÃO DA AGRICULTURA E DESENVOLVIMENTO DO PARÁ” no que tange a uma experiência empreendedora na criação de patos *raça Paysandu” na Ilha de Mosqueiro, Belém/PA.

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Ilha de Mosqueiro na

MODERNIZAÇÃO DA AGRICULTURA E DESENVOLVIMENTO DO PARÁ

A necessidade de adubo orgânico para uso na cultura da pimenteira-do-reino fez surgir uma incipiente avicultura para atender essa demanda. Sua racionalização deveu-se  ao Projeto Avicultura, da SAGRI, que instalou uma central de incubação para  fornecimento de pintos-de-um-dia, e uma fábrica de ração em convênio com a  United  States Agency for International Development (USAID),  organismo norte-americano de  promoção ao desenvolvimento (SAGRI, 1974).

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Esse projeto venceu inicialmente a grande dúvida que pairava na implantação da  avicultura na segunda metade dos anos 1960. Esta dizia respeito ao aspecto sanitário, ou  seja, a  possibilidade da produção de frango de corte num clima quente e  úmido,  condições propícias a proliferação da doença crônica respiratória (DRC), sigla em inglês, quando  não havia vacina para preveni-la,  e da coccidiose quando o arsenal  medicamentoso para controlá-la era bem aquém do atual. 

Sem que os problemas sanitários  –  DCR e coccidiose  –  inviabilizassem a  implantação da avicultura industrial no clima tropical úmido, o crescimento da nascente  avicultura ocorreu em função da demanda da região Metropolitana  de Belém e do  Nordeste paraense até então atendidas por importações. Saturados estes mercados faziam-se necessárias políticas e ações que possibilitassem a produção de componentes da ração no Estado, a verticalização do setor e a conquista de novos mercados.

Uma  ação  nesse sentido foi induzida pela SAGRI em 1994, ocasião em que coordenou o Projeto Elo lançado em Altamira, no mês de outubro, numa parceria entre o Governo do Estado, a Associação de Avicultura do Pará (APA) Banco do Brasil e Banco da Amazônia,  com o objetivo de produzir milho nos solos eutróficos dos municípios da rodovia Transamazônica, que seria comprado sob contrato pelos avicultores paraenses, coordenado pela APA. Este programa além de beneficiar a avicultura, seria um incentivo à produção de milho e soja, no Estado.

Com a mudança do Governo do Estado corrida em janeiro de 1995, o Projeto Elo  não foi executado. Hoje, a avicultura paraense se mantém estacionada e o município de Santa Isabel, seu polo irradiador, contabiliza as perdas no seu crescimento econômico,  enquanto o Estado perdeu a oportunidade de se tornar um exportador de produtos  avícolas pautado em agroindústrias e uma forte cadeia produtiva. Corroborando com essa  situação, a baixa produção de milho no Estado contribui para inibir a expansão da avicultura.

Outro evento importante para a avicultura paraense é a formação da raça de pato  Paysandu. Trata-se de trabalho de pesquisa desenvolvido por 15 anos, desde 1990, pelo  engenheiro agrônomo Rubens Rodrigues Lima e seu neto, o médico veterinário Rubens  Rodrigues Lima Neto, em sua propriedade, fazenda Paysandu, na  ilha  de Mosqueiro,  município de Belém-PA.

O trabalho consistiu no cruzamento de linhagens de pato regional com  procedências  da Faculdade de Ciências Agrárias do Pará, hoje Universidade Rural da  Amazônia, da Baixada Maranhense e da ilha do Marajó. O  resultado foi a raça de pato  regional  Paysandu, com composição genética (graus de sangue) de 5/8 e 3/8  respectivamente dos ancestrais trabalhados.  São disponibilizadas três linhagens caracterizadas pelas cores branca, cinza e preta que aos três meses de idade pesam  4,1Kg, 4,4kg, 4,6kg, respectivamente. Também integra a pesquisa o melhoramento dessas  linhagens para a produção de ovos com o objetivo de disponibilizá-los para a reprodução  dessas linhagens (Lima & Lima Neto, 2006).

Após todo esse nobre esforço para a obtenção desta raça de pato regional surge  uma indagação. Porque o pato Paysandu não se consolida no mercado local, enquanto o consumo crescente de pato, ave apreciada pela culinária local, depende cada vez mais da importação, sobretudo de Santa Catarina. Duas hipóteses são levantadas. A primeira diz respeito à falta de apoio do  Estado no fomento dessa iniciativa, embora tenha  sido procurado para tal  pelos responsáveis pela criação dessa raça de pato.  A segunda é quanto à própria especificidade do mercado local ao concentrar o consumo do pato na festa do Círio de N. Srª. de Nazaré, o que dificulta a produção em escala, levando-se em consideração as condições econômicas e financeiras do produtor regional, e a falta de uma cadeia de produção capaz de buscar mercados externos.

Na propriedade, que fica em Mosqueiro, um distrito de Belém, são criados patos da raça Paysandu, fruto de vários cruzamentos, inclusive com patos selvagens.

“Ele tem a característica de ter a carne bem escura e mais dura que o normal de marreco de pequim. O paraense aceita só esse tipo carne”, disse o criador Rubens Rodrigues Lima Neto.

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http://www.zoonews.com.br/noticias2/noticia.php?idnoticia=158786

Globo Rural

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Fonte:

Francisco Benedito da Costa Barbosa & Ítalo Claudio Falesi. MODERNIZAÇÃO DA AGRICULTURA E DESENVOLVIMENTO DO PARÁ. INSTITUTO DE PESQUISA APLICADA EM DESENVOLVIMENECONÔMICO SUSTENTÁVEL – IPADES. BELÉM/PA, 2011 

Disponível em :http://www.ipades.com.br/publicacoes/MODERNIZACAO-DA-AGRICULTURA-DESENVOLVIMENTO-DO-PARA.pdf. Acesso em: 27 fev.2014

FONTE:http://mosqueiroambiental.blogspot.com.br/2014/03/ilha-de-mosqueiro-na-modernizacao-da.html

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