terça-feira, 12 de janeiro de 2010

Janelas do Tempo: A Ilha dos Morobiras





                                                                      


JANELAS DO TEMPO: A ILHA DOA MOROBIRAS   

Nossa ilha apresenta resquícios do passado, da época em que pertencia aos morobiras, nossos ancestrais e berço de nossa cultura. Basta deixar fluir a imaginação, para sentir o espírito latente de nossos nativos em cada pedaço de chão e na beleza paisagística que nos envolve.
Esse espírito, entretanto, não está somente na terra e na paisagem. Está, sobretudo, em cada um de nós, adormecido muitas vezes pela insensibilidade e inconsciência, acabrunhado outras tantas por influências externas, que pretendem mudar a nossa identidade.
Por que esquecer as nossas origens? Por que não ouvir o clamor do espírito altivo e guerreiro que vem do passado?
Falamos tupi quando pronunciamos nomes de rios, igarapés, localidades, frutas, vegetais, animais, objetos, instrumentos. Reproduzimos a marca registrada de nossa ilha – o moqueio- com o “avoado” nosso de todos os tempos, aquele assado simples, de forma rústica, do peixe gostoso, à beira do rio e do igarapé, acompanhado quase sempre da folclórica cachaça.
Nas águas doces da ilha do moqueio, navegamos em montarias, embarcações primitivas, escavadas a fogo em troncos de árvores, ou viajamos na imaginação, conhecendo o reino encantado e misterioso da Iara, do Boto, da Cobra Grande, do Curupira, da Matinta Perera e de tantos outros seres sobrenaturais .
Se o açaí e a farinha de mandioca alimentam o nosso corpo, os chás de ervas e as pajelanças curam as doenças.
A dança de pássaros, na quadra junina, e o artesanato usando argila, tala de guarumã, miriti e outros materiais oriundos da mata revelam a singeleza de nossa alegria, a criatividade e a força de nossos costumes.
Tantas evidências da presença do espírito morobira em nosso meio mostram a necessidade de preservação da herança cultural que recebemos de nossos avós. Devemos conhecer e valorizar o que temos, resguardando os aspectos mais significativos de nossa ilha-paraíso, da vida e do espírito do povo mosqueirense.
Se formos frutos, seremos também árvore e como árvore, a exemplo do mangueiro vermelho, necessitamos do fortalecimento de nossas raízes, para garantir a sustentação de nossa existência.

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