terça-feira, 29 de novembro de 2011

NA ROTA DA HISTÓRIA: A RELÍQUIA PERDIDA

 

Autor: Claudionor Wanzeller

 

 

clip_image002

FONTE: http://www.eujafui.com.br/3405870-belem/21215-ilha-de-mosqueiro/fotos/

Sábado, 26. Pesadas nuvens cobrem a ilha, escurecendo a tarde. Chove forte sobre a Vila centenária. O clarão dos relâmpagos parece fotografar a cena. O ribombar dos trovões estremece as casas e as pessoas.

De repente, um raio corta o cinzento do céu e atinge, em cheio, o antigo relógio no topo do Mercado Municipal, fazendo em pedaços mais de meio século de História.

Sim, o mesmo e tenaz relógio que Pires Teixeira doou em sinal do seu amor pela Ilha. O relógio que, nos velhos e silentes tempos, marcava a rotina do povo das redondezas: as horas mortas do meio da noite, o momento de entrar na fila da carne na época da guerra, a partida saudosa do navio, a pausa no trabalho para o almoço e a hora solene do Angelus.

O mesmo relógio cujas badaladas precisas cresci ouvindo e minha mãe e minha avó tantas vezes escutaram. Sons tão familiares como os apitos da velha Usina e do navio da linha.

É como se aquele raio quisesse parar o tempo: o presente com o cheiro do passado. Pessoas já se foram, o relógio já se foi, mas o tempo não para!

Nenhum comentário:

Postar um comentário