terça-feira, 18 de dezembro de 2018

EVENTO RELIGIOSO: DIA DE NOSSA SENHORA DO Ó



Hoje, 18 de dezembro, comemora-se Nossa Senhora do Ó, a Padroeira dos Mosqueirenses.
No dia 10 de outubro, os católicos da Ilha festejaram 150 anos da fundação da Freguesia do Mosqueiro e da Paróquia de Nossa Senhora do Ó, cuja devoção é única no Norte do Brasil.
A denominação de Freguesia de Nossa Senhora do Ó para as terras da Ilha parece revelar a imensa relação entre o Mosqueiro e a sua Santa Protetora, uma relação mais antiga – acreditamos -- que a devoção da Irmandade local ou o trabalho catequético dos jesuítas da Missão Myribira. Talvez seja oriunda dos primeiros tempos de ocupação. Sabe-se que a devoção a Nossa Senhora do Ó teve início na Espanha e, segundo o historiador João Lúcio D’Azevedo, há fortes indícios de que aventureiros espanhóis sob o comando de Francisco de Orellana estiveram na Baía do Sol, em 1545, exatamente no dia consagrado à Santa, conforme relato do Frei Gaspar de Carvajal, escrivão da viagem.
A imagem original de Nossa Senhora do Ó veio da ilha das Onças, em 1869, doada pelo Ten. Cel. José do Ó de Almeida, deputado provincial do Partido Conservador e autor do projeto de lei da fundação da Freguesia e da indenização, pela Província do Grão-Pará, da igreja e cemitério em funcionamento, ao fundo da atual Praça da Matriz.

“No começo do século XIX, mudanças no culto mariano começavam a estimular o dogma da Imaculada Conceição, o que não combinava com aquela santa em estado de adiantada gravidez, como a retratava a iconografia, estimada pelas mulheres à espera da hora do parto.
Muitas imagens foram trocadas pela da Nossa Senhora do Bom Parto, vestida de freira, com o ventre disfarçado pela roupa, ou mesmo pela imagem de Nossa Senhora da Imaculada Conceição, mais condizente com os ventos moralistas de então.
Somente no fim do século XX se voltou a falar e pesquisar o assunto, tendo-se encontrado imagens antigas enterradas sob o altar das igrejas.”

No dia 05 de outubro de 2008, às 19h30, na Igreja Matriz, abrindo a Semana Comemorativa aos 140 anos de fundação da Paróquia, foi apresentada pelo então pároco Pe. José Maria da Silva Ribeiro e abençoada pelo Arcebispo Metropolitano de Belém, Dom Orani João Tempesta, a nova imagem de Nossa Senhora do Ó (exclusiva da Ilha), a qual representa uma visão da Mãe de Jesus diferente da tradicional, porém sob a luz das Sagradas Escrituras. Sem dúvida, é uma inovação no culto mariano surgida na Ilha do Mosqueiro, uma imagem que aproxima a Virgem Maria de todas as mães, para as quais é exemplo de amor e disponibilidade, elementos essenciais à base familiar.

Com 60 centímetros de altura e peso de 4,194 Kg, a imagem foi esculpida em cedro pelo artista plástico Afonso Falcão de Oliveira e apresenta aspecto físico de uma jovem mulher gestante (Maria aos 15 anos), nos seus últimos dias de gravidez (18 de dezembro: uma semana antes do Natal). O objetivo é retratar a alegria da proximidade do parto. O ventre dilatado assume a forma da letra “O”, o símbolo do infinito (Ela é a Mãe do Infinito.) e dentro do ventre da Virgem Maria estava a Palavra (“E a Palavra se fez carne e habitou no meio de nós.” (Jo, 1,14). Os cabelos longos e caídos sobre os ombros são um gesto de reverência para com o Senhor, ao qual se colocou inteiramente disponível: “Eis aqui a Serva do Senhor, faça-se em mim segundo a Vossa Vontade. ” (Lc 1, 38).
As vestes reproduzem de forma estilizada o traje típico das jovens da Galileia. Na túnica, predomina o dourado, com detalhes em branco e pedras preciosas (a pureza e a realeza do Filho de Deus). O Sol impresso à altura do ventre simboliza o próprio Messias, de quem falavam os profetas e os evangelistas: “Levanta-te, resplandece, pois chegou a tua luz, e a glória do Senhor brilha sobre ti! Sim, as trevas envolvem a Terra e a escuridão, os povos, mas sobre ti brilha a luz do Senhor, sua glória sobre ti se manifesta. ” (Is 60, 1 – 2); “Festeja, filha de Sião! Grita de alegria, filha de Jerusalém! Aí vem o teu rei: ele é justo e vitorioso, humilde, ...” (Zc 9, 9); “Graças ao coração misericordioso de nosso Deus, o sol do alto nos visitará, para iluminar os que estão sentados nas trevas e nas sombras da morte, e dirigir nossos passos para o caminho da paz. ” (Lc 1, 78 – 79). No manto que a envolve, o azul-marinho (a grandiosidade do amor de Deus como o mar) e o vermelho (o sacrifício de Jesus na cruz, sinal de nossa redenção). Em seu antebraço, o azul-celeste simboliza a nossa meta: o Céu, destino do cristão batizado que segue Jesus (“Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida! ”). A imagem não traz a coroa, pois representa Maria ainda em estado de gravidez, portanto na condição humana e terrena. Vale ressaltar que a Coroação da Virgem Maria como Rainha foi realizada pela Igreja Católica somente após a sua Assunção ao Céu.

É inegável que a nova imagem da Padroeira dos Mosqueirenses é um exemplo de modernidade, de ação pastoral inovadora da Igreja na Ilha. Humanizando a Santa, aproxima-a de todas as mães e de todos nós, porque a humanidade também tem o seu lado divino e Santos são os homens que sobrepujam as forças do mal, ultrapassando as barreiras do egoísmo, da ganância, do vício, da omissão, do materialismo, do ódio, do preconceito, da falta de amor e do falso moralismo.

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