quinta-feira, 28 de junho de 2018

EVENTO JUNINO TRADICIONAL: CENTENÁRIO DE SÃO PEDRO DO AREIÃO


POR QUE SÃO PEDRO É PATRIMÔNIO IMATERIAL DA ILHA? 

Autor: Claudionor Wanzeller 

Amanhã, dia 29 de junho de 2018, a Festividade de São Pedro do Areião tornar-se-á um evento tradicional centenário, na Ilha do Mosqueiro. São cem anos ininterruptos de uma festa de características religiosas e profanas em homenagem ao Santo Padroeiro dos Pescadores, um patrimônio cultural de natureza imaterial do município de Belém e de nossa Ilha, conforme a lei n.º 9.093, de 23 de abril de 2015, assinada pelo prefeito Zenaldo Coutinho.
Na baía de Santo Antônio cujas águas banham aquela praia, os índios morobiras desenvolviam a pesca, atividade milenar que, mais tarde, originaria a Vila e seu primeiro suporte econômico. Nas fartas areias, os indígenas praticavam o moqueio e, segundo alguns historiadores, ali aportara, em 1520, o navio avariado do pirata espanhol Ruy Garcia de Moschera. Na verdade, o próprio nome da Ilha surgiu naquele lugar, pois o registro cartográfico de 1680 (o mais antigo que se conhece) batiza aquela ponta de praia de Ponta da Musqueira. O local ficou depois conhecido como Ponta da Pedreira, uma vez que era uma das pedreiras do Reino, de onde muitas pedras foram retiradas para os alicerces da antiga Belém. 

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Praia do Areião – antiga Ponta da Musqueira (FOTO: Wanzeller)

A praia do Areião também foi palco de um fato muito interessante ocorrido no dia 20 de janeiro de 1836: a primeira tentativa de invasão das tropas legalistas vindas da ilha de Tatuoca, frustrada pela coragem e tenacidade dos cabanos sediados na Vila.
Outros fatos não menos marcantes tornam a praia um atrativo turístico: a instalação, em 1924, da Usina Santo Antônio da Pedreira, para beneficiamento da borracha, diversificando a atividade econômica da Vila; a fundação pelos seus funcionários, em 1925, do Pedreira, o primeiro clube de futebol da Ilha; a primeira greve de trabalhadores do Estado do Pará, ocorrida em 1939 e a presença folclórica da Cobra Grande no subsolo da Fábrica. 

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Ilustração (PROF. ALCIR RODRIGUES, 1999)

Por outro lado, os pescadores artesanais da Vila do Mosqueiro e da ilha do Marajó utilizavam a enseada como ancoradouro e, dessa convivência pacífica, resultou a ideia de festejarem juntos, ali, em 1918, São Pedro, o seu Santo Padroeiro, sendo apoiados, incondicionalmente, pela senhora Isabel Magalhães. Dois anos após, a Festividade passaria a ser promovida pela Colônia de Pescadores Z-9, fundada na praia, em 1920. Com a transferência da Z-9 para a Baía do Sol, a festividade passou a ser organizada pela Prof.ª Maria Diva Palheta, falecida em 2016. Atualmente, a organização de evento está sob o comando de sua neta Luciana Bittencourt. 

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Prof.ª Diva Palheta, organizadora da festa (FOTO: Wanzeller)

A Festividade de São Pedro do Areião tornou-se, ao longo dos anos, uma tradicional manifestação popular agora centenária, de caráter religioso ao mesmo tempo profano e folclórico, por congregar, na atualidade, milhares de moradores e visitantes, como pode ser observado durante as ladainhas, as missas, a romaria, a procissão fluvial e o cortejo do mastro, que compõem a programação do evento. 

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Procissão Fluvial de São Pedro (FOTO Wanzeller – 2013)

Obviamente, há muito esta festa deixou de ser exclusiva dos pescadores, como forma de agradecimento ao Santo pela proteção e fartura da pesca. Transformou-se numa grande manifestação cultural do povo mosqueirense, o que justifica a sua classificação como Patrimônio Imaterial da Ilha e do Município de Belém.

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