terça-feira, 31 de maio de 2016

EVENTO ECOLÓGICO: PASSEIO CICLÍSTICO




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FONTE:http://barraqueirosautonomosdavila.blogspot.com.br/2016/03/4-passeio-ciclistico-ecologico-de.html

sábado, 28 de maio de 2016

NA ROTA DO TURISMO: AS PRAIAS DA ILHA DO MOSQUEIRO

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Autor: Prof. Eduardo Brandão

Um dos maiores tesouros e certamente seu maior atrativo turístico até os dias de hoje trata-se do colar de vinte e duas (22) praias. Algumas são velhas conhecidas, outras foram descobertas nas últimas décadas e ainda temos algumas cujos encantos são de conhecimento de poucos privilegiados.
Embora não seja uma tarefa fácil estabelecer os limites entre as baías da região, três (3) delas são responsáveis por banhar as suas areias: ao norte a baia do Sol; ao sul a baía de Santo Antônio; e a oeste a suntuosa baia do Marajó. O regime de marés, típico do estuário amazônico, alterna “preamar” e “baixamar” de 6 em 6 horas. A localização de algumas delas e as condições de vento costumam oferecer um belo espetáculo de ondas de água doce que permitem a prática do Surf.
(Foto: arquivo Eduardo Brandão)

Abaixo o leitor do blog Mosqueiro Pará Brasil terá oportunidade de conhecer algumas características dessas praias, bem como curiosidades decorrentes da cultura local. A listagem segue o sentido sul para norte, percorrendo toda a sua costa ocidental. Não existem praias na costa oriental.
Praia do Areão: No local havia um grande areal que com o passar do tempo foi dando lugar a uma colônia de pescadores. Antigos moradores afirmam ter visto por aquelas paragens a Cobra Grande (Boiúna) e a ela atribuem o movimento das areias. Seus frequentadores podem apreciar parte da estrutura da Fábrica Bitar, primeira a produzir pneus no Brasil, bem como as ilhas de Tatuoca, Cotijuba, Caratateua, entre outras. Ela está voltada para a baía de Santo Antônio.

(Foto: João Araújo)

Praia da Ponte: Com acesso direto através da praça da Matriz, nela foi construído o trapiche da Vila de Mosqueiro em 6 de setembro de 1908. Pela sua localização proporciona uma visão do “pôr do sol” inigualável aos seus visitantes. Ela está voltada para a baía de Santo Antônio.

(Foto: João Araújo)

(Foto: João Araújo)


Praia do Bispo: Em sua orla o Arcebispado de Belém possuía uma casa de repouso que costumava ser utilizada para retiros religiosos. Na sequência os Maristas adquiriram a propriedade. Segundo alguns moradores da ilha, no passado, um bispo se apaixonou por uma bela mulher e por ela perdeu a cabeça. Hoje, em dias de lua cheia, quem passa por lá está sujeito a encontrar vagando um bispo sem cabeça. Ela está voltada para a baía do Marajó.

(Foto: João Araújo)

Praia Grande: Embora o trecho que permite acesso direto seja relativamente curto, ela apresenta grande extensão. Isso decorre do fato de várias casas terem sido construídas em sua orla, obstruindo o acesso direto. Os adeptos do Candomblé costumam deixar nas suas areias as oferendas aos Orixás. Ela está voltada para a baía do Marajó.

(Foto: arquivo Eduardo Brandão)

Prainha do Farol: O próprio nome sugere, ela é pequena, porém seu charme é enorme. Ainda hoje abriga os barcos de uma colônia de pescadores que todos os dias partem em busca do alimento de muitos. Antigos moradores afirmam que esta praia costuma ser o refúgio predileto do Boto, depois de visitar as festas da Ilha e seduzir as moças, é por lá que ele escapa. Ela está voltada para a baía do Marajó.

(Foto: João Araújo)

(Foto: João Araújo)


Praia do Farol: Na ponta da praia, próxima à uma formação de pedra denominada “Ilha dos Amores” foi instalado o farol que orienta os navegadores. Nesta privilegiada região da ilha, é possível assistir, em todo o seu esplendor, tanto o nascer como o pôr do Sol. Esta é uma das praias frequentadas pelos surfistas e em sua extremidade encontramos o Hotel Farol, um dos mais tradicionais de Mosqueiro. Ela está voltada para a baía do Marajó.

(Foto: João Araújo)

(Foto: João Araújo)

Praia do Chapéu Virado: Colonos portugueses fabricavam no local, chapéus com abas denominadas beiras. Para alguns historiadores a expressão “chapéu beirado” teria se convertido, com a pronúncia portuguesa, em “chapéu birado” e depois “chapéu virado”. Outra possibilidade é a da possível corruptela cabocla que identificava a beira como a parte virada do chapéu. Nesta praia, no século XIX, membros do movimento Cabano, entrincheirados, resistiram contra as forças do opressor e em defesa da liberdade dos paraenses derramaram seu sangue. Ela está voltada para a baía do Marajó.

(Foto: arquivo Eduardo Brandão)

(Foto: João Araújo)

Praia do Porto Arthur: Homenagem ao comendador Arthur Pires Teixeira, um dos primeiros a construir casa de veraneio naquele trecho da orla e grande incentivador do desenvolvimento de Mosqueiro tendo liderado o movimento pela construção do Ferril-Carril (Bonde), Mercado, Cinema e outros empreendimentos. Ela está voltada para a baía do Marajó.

(Foto: arquivo Eduardo Brandão)

(Foto: arquivo Eduardo Brandão)


Praia do Murubira: No início da colonização, as ordens religiosas, particularmente os jesuítas, tiveram grande importância quando o assunto era a catequização dos indígenas. Assim sendo instalaram diversas aldeias com índios submissos, uma dessas aldeias estava localizada em Mosqueiro e se chamava “Aldeia Morobira”. No tupi, significa “homem forte” ou “homem vigoroso”. A praia do Murubira é uma referência à “Aldeia Morobira”, da mesma forma que o rio Murubira, cuja nascente esta localizada por trás da enseada. Ela está voltada para a baía do Marajó.

(Foto: João Araújo)

(Foto: arquivo Eduardo Brandão)

Praia do Ariramba: Nesta região o pássaro de costas cinza e peito roxo e branco, conhecido como “pica- peixe” buscava o seu alimento, por este motivo, a praia recebe o nome de Ariramba que no Tupi significa “pássaro livre”. Ela está voltada para a baía do Marajó.

(Foto: arquivo Eduardo Brandão)

(Foto: arquivo Eduardo Brandão)
Praia do São Francisco: Seu nome homenageia o santo padroeiro da ecologia, aquele que sempre defendeu os animais como criaturas de Deus. Em uma das extremidades da praia verificamos a instalação de antenas da EMBRATEL, na outra temos um loteamento em uma península que no passado foi um cemitério, conforme foi constatado por pesquisadores da UFPA. Ela está voltada para a baía do Marajó.

(Foto: arquivo Eduardo Brandão)

(Foto: arquivo Eduardo Brandão)

Praia do Carananduba: Está localizada em bairro de mesmo nome, onde existem muitas casas de moradores permanentes e menos casas de veraneio. O vocábulo Carananduba significa lugar com muito caranã. Caranã designa uma palmeira elegante (Copernica cerifera) que se assemelha ao açaizeiro pelo tamanho e com o buritizeiro pela forma de suas folhas. Ela está voltada para a baía do Marajó.

(Foto: João Araújo)

(Foto: João Araújo)


Praia do Bosque ou praia do Filósofo: região bastante arborizada apresenta ocupação recente. Nela o filósofo paraense Benedito Nunes construiu seu refúgio e hospedou o casal amigo, Simone de Beauvoir e Jean Paul Sartre. De seus barrancos podemos ter uma bela vista da ilha das Guaribas. Ela está voltada para a baía do Marajó. 

(Foto: arquivo Eduardo Brandão)

(Foto: arquivo Eduardo Brandão)


Praia do Maraú: Na língua Tupi, “mará” significa vara para amarrar embarcações, segundo hipótese levantada por alguns estudiosos, o nome da praia decorreria do fato de ser o local tradicional como abrigo de barcos de pescadores, portanto uma enseada de muitos “marás”. Esta praia é uma das favoritas dos surfistas. Ela está voltada para a baía do Marajó.

(Foto: arquivo Eduardo Brandão)

(Foto: arquivo Eduardo Brandão)

Praia do Caruara: O significado do termo “Caruara” tem diversas interpretações. Para alguns o nome seria “Carauara” – de Carauá, planta conhecida na região. Para outros é uma referência a uma espécie de corrimento que afeta as articulações e provoca dores reumáticas, também está relacionado com mau-olhado e quebranto. Nesta segunda hipótese, o fato de ser uma enseada escondida e por esse motivo conhecida por poucos, pode ter sido um local, no passado, de isolamento de alguns índios doentes. Atualmente foi descoberta por surfistas que resolveram denominá-la de praia do Cachimbo. Ela está voltada para a baía do Marajó.

(Foto: arquivo Eduardo Brandão)

(Foto: arquivo Eduardo Brandão)


Praia do Paraíso: No século XIX, os herdeiros do Padre Antônio Nunes da Silva construíram nesta enseada um sítio agrícola cuja padroeira era Nossa Senhora de Sant'Ana. As suas águas são consideradas encantadas pelos pescadores do local. Eles dizem que toda noite uma mulher sai das ruínas da Casa Grande do Sítio para tomar banho na praia e é ela que encantou a praia. Logo após a praia do Paraíso encontramos a embocadura do rio Sucurijuquara (serpente – sucuriju), em Mosqueiro as ideias da Serpente e do Paraíso se associam facilmente. Ela está voltada para a baía do Marajó. 

(Foto: arquivo Eduardo Brandão)

(Foto: João Araújo)


Praia da Conceição: Localizada na frente da Casa Grande do Sítio Conceição, recebe esta denominação devido à padroeira do local. Ela está voltada para a baía do Sol. 

(Foto: arquivo Eduardo Brandão)

(Foto: arquivo Eduardo Brandão)


Praia do Padre: Extensão da praia da Conceição, cuja existência de um grande número de pedras proporcionava privacidade aos sacerdotes que iam celebrar missas no orago do Sítio. Ela está voltada para a baía do Sol.

(Foto: arquivo Eduardo Brandão)

(Foto: arquivo Eduardo Brandão)


Praia Grande da Baia do Sol: Banhada pela Baía de mesmo nome, foi habitada por índios que cultuavam o “Deus Sol”. No dia 21 de junho os raios solares costumam formar um ângulo de 90º com a superfície, este fenômeno é denominado equinócio. Ela está voltada para a baía do Sol.

(Foto: João Araújo)

(Foto: João Araújo)


Praia do Bacuri: Sua orla possuía um grande número de bacurizeiros, o avanço do nível do mar associado às correntes, que são muito fortes nessa região, provocou a erosão do barranco e a derrubada dessas árvores. No passado essa praia recebia o nome de praia do Anselmo, referência a um escravo que após fuga da ilha de Colares foi encontrado morto em suas areias. Ela está voltada para a baía do Sol.

(Foto: arquivo Eduardo Brandão)

(Foto: arquivo Eduardo Brandão)

Praia da Camboinha: A denominação Camboinha é o diminutivo de Camboa, isto é, um pequeno lago artificial nas areias cercado por uma estacada de paus ou pedras que retém peixes e mariscos na maré baixa. Ela está voltada para a baía do Sol. 

(Foto: arquivo Eduardo Brandão)
                                          (Foto: arquivo Eduardo Brandão)

Praia da Fazendinha: Pequena enseada localizada na região onde os herdeiros do Padre Antônio Nunes da Silva construíram uma Fazendinha. Ela está voltada para a baia do Sol.

(Foto: arquivo Eduardo Brandão)

(Foto: arquivo Eduardo Brandão)


FONTE: http://mosqueirosustentavel.blogspot.com.br/2014/12/as-praias-de-mosqueiro.html

segunda-feira, 16 de maio de 2016

JANELAS DO TEMPO: ESTRADA DA BATERIA

Autor: Prof. Eduardo Brandão

Muitos que frequentam Mosqueiro, até mesmo aqueles que possuem residência na Rua da Bateria ou estudam nos colégios que lá existem, desconhecem porque ela recebe este nome. Vários prédios públicos e o que abriga o Colégio Nossa Senhora do Ó fazem parte dessa história. Chegou para mim o texto de Ivens Coimbra Brandão que, na minha opinião, elucida bastante essa questão, traz luz para um passado que encontra-se na penumbra da história. Considerando que ele foi escrito em 2005 o leitor deverá fazer a atualização e considerar que os fatos descritos aconteceram a 61 anos atrás. Segue abaixo para os leitores do Blog Mosqueiro Pará Brasil o texto na íntegra.

"Aconteceu durante muitos anos, isto nas décadas de 70 e 80, o articulista, esposa e filhos se deslocarem para Mosqueiro quase todos os finais de semana. Também nos feriados da Semana Santa lá estavam, acompanhando as celebrações que eram realizadas na Capela anexa ao Colégio Nossa Senhora do O’, na Estrada da Bateria no Chapéu-Virado. Geralmente, quem presidia as celebrações era o bispo auxiliar de Belém, D. Tadeu Prost, tendo como concelebrante o diácono José Rassy.
Mas não era só no período da Semana Santa que aquela família frequentava a referida Capela, isto porque mantinham certo relacionamento com as religiosas que ali prestavam, e prestam serviço. Assim é que, em um final de semana da época natalina, estiveram visitando aquela comunidade, tendo sido recebidos no hall do prédio onde funciona o Colégio. No decorrer da conversa, o articulista foi como que sugado pelo túnel do tempo, pois havia estado naquele mesmo lugar, acantonado por cerca de três dias, muitos anos antes, quando prestava o serviço militar, na condição de aluno do então CPOR (Centro de Preparação de Oficiais da Reserva).
As lembranças vieram aos borbotões, mas ora sendo devidamente arrumadas de tal maneira a melhor informar. Decorria o ano de 1953, quando aquele contingente de alunos foi levado no navio Almirante Alexandrino, para um acantonamento em Mosqueiro, tendo como local o prédio onde hoje funciona o Colégio N.S. do O’, mas que durante a 2ª Guerra Mundial havia abrigado uma Bateria de Artilharia de Costa, daí o nome pelo qual é conhecida a “Estrada da Bateria”. O local era estratégico, propiciando serem os canhões dispostos na orla do Chapéu-Virado, protegendo Belém de incursões navais, como confirma o veterano militar reformado Aladim Raiol da Conceição. Os canhões eram de grande porte, disparando granadas com 105 mm de diâmetro, sendo deslocados em carretas com enormes pneus. 
Voltemos então, a acompanhar aquele grupo de jovens que estava para concluir o CPOR. Todos cursavam ou tinham concluído o que hoje é chamado de Convênio, alguns já tendo iniciado um curso superior, daí porque no período de aulas a instrução militar era aos domingos, e em tempo integral nas férias escolares. Chegando a Mosqueiro, sob o peso da farda e do equipamento, ficou na lembrança o ambiente e as condições da dormida, tudo sob uma iluminação das mais deficientes, e instalações sanitárias precárias. O alojamento era amplo, sendo fornecido a cada aluno um colchonete, a ser estendido no chão. Dado o “toque de silêncio”, o jeito era se deixar vencer pelo cansaço e dormir, assim superando o desconforto.
O dia começava às 5h30, com o “toque de alvorada”. Depois de um dia cansativo, seguido por uma noite mal dormida, o toque daquela corneta como que penetrava fundo, atingindo a “alma”. Depois do asseio matinal seguia-se a primeira refeição do dia, e depois trabalho. A principal instrução era de tiro real, sendo o armamento posicionado na parte mais alta da orla do Chapéu-Virado, pouco antes da curva para o Porto Arthur. O alvo era uma ilhota de pedras encimada por um pedaço de trilho fincado verticalmente, situado a alguns quilômetros da praia, daí porque só ser distinguido com auxílio de binóculos. 
A munição era toda transportada “no braço”, desde o quartel da “Bateria”, até o local de tiro. Ficou indelével na memória, o esforço de carregar as granadas de morteiro, que vinham acondicionadas em caixas de madeira, com alças de corda. Os petardos eram pintados de amarelo, sinalizando que tinham o mesmo poder explosivo das utilizadas na guerra. Nem mesmo o entusiasmo daqueles jovens com 19 anos em média, neutralizava a consciência do risco, pelo contacto direto com explosivos. O armamento utilizado para instrução era constituído de morteiros para granadas de 81 mm; canhões de fabricação alemã da marca Krupp, com 75 mm, que tinham sido utilizados na 1ª Guerra Mundial; e bazucas, um armamento com dispositivo elétrico de disparo, que aciona um foguete para impulsionar a granada.
A cada disparo de canhão o barulho era ensurdecedor, gerando um deslocamento de ar com aumento de pressão tal, que era recomendado abrir a boca na hora do tiro, para não se ter o tímpano danificado. Tanto nos tiros de canhão como de morteiro, os alvos estão distantes, daí porque os atiradores não sentirem “de perto” os efeitos das granadas lançadas. Mas no tiro com bazuca, o alvo deve estar próximo, a cerca de 40 metros, daí porque o atirador sentir, de perto, os efeitos da explosão. Ao ouvir o forte ruído de um tiro de canhão, ou ver de perto os estragos causados por um disparo de bazuca, tudo passado em um treinamento, fica-se imaginando as barbaridades que ocorrem nas guerras, o que contraria não só o natural instinto de conservação da vida, mas, sobretudo, a dignidade que o homem e a mulher encerram.
Aqueles que hoje estudam no Colégio Nossa Senhora do O’ saibam, que há 52 anos lá esteve acantonado um grupo de jovens a receber treinamento para a guerra, mas ficando neles implantada a semente de uma árvore a lançar os frutos da paz."



(Foto de Ivens Brandão em um acantonamento em Mosqueiro quando era aluno do CPOR)

FONTE: http://mosqueirosustentavel.blogspot.com.br/2014/12/estrada-da-bateria.html