segunda-feira, 26 de maio de 2014

A ILHA CONTA SEUS CAUSOS: A VERDADEIRA HISTÓRIA DA COBRA GRANDE DA BITTAR!!!

 

Autoria: Mosqueiro Vírgula

Belle Époque (Bela época)

Na Era da Borracha ou Ciclo da Borracha, Belém vivenciou a Belle Époque, momentos de luxo e glamour. Belém era, na época, considerada uma das cidades brasileiras mais desenvolvidas e uma das mais prósperas do mundo, não só pela sua posição estratégica - quase no litoral -, mas também porque sediava um maior número de residências de seringalistas, casas bancárias e outras importantes instituições.

No final do século XIX e início do séc. XX, entre os anos de 1880 e 1912, no apogeu da borracha, a Ilha tornou-se um refúgio para descanso dos estrangeiros que trabalhavam em Belém, nas empresas como a Pará Eletric, Amazon River, Port of Pará e outras empresas. Ingleses, franceses, alemães, americanos, portugueses, libaneses e hebraicos estiveram na costa oeste da Ilha e muitos construíram, inclusive no Chapéu Virado, vários casarões, cuja arquitetura é um misto de estilos europeus com a realidade climática local, em traços que vão desde o barroco ao neoclássico.

Os CASARÕES, assim como A FÁBRICA BITTAR em Mosqueiro, foi um marco na história da Ilha, representante até hoje da (esquecida) Belle Époque. Neste contexto surge o aspecto mítico...

Em primeira pessoa do caso reto conto-lhes...

Lembrei-me do velho Felipe, que falava dos mistérios de um pássaro cor-de- ouro, entre outros “CAUSOS”. O velho Felipe um dia contou-me uma historia diferente.
Ele trabalhava na FABRICA BITTAR (fabrica de borracha), localizada no final da Praia do Areião, à margem da Baía de Santo Antônio. Ali era feita a coleta do látex, matéria-prima da borracha; depois era transportada em navios para diversas partes do país. Esta fabrica, hoje, se encontra em ruínas. Na época, a fábrica tinha expediente durante 24h e o velho Felipe era o vigia no período da noite; seu serviço constava em fazer ronda ao redor da fabrica, durante a noite. Ele fazia um percurso que levava cerca de meia hora para rodear a fábrica. Em seguida ficava sentado descansando cerca de 20 minutos em um banquinho de madeira embaixo de uma árvore próximo do rio. Depois fazia tudo de novo, até amanhecer o dia. Em um desses repousos, percebeu que uma jovem muito linda de olhos brilhantes e sorriso encantador aproximou-se dele e, muito delicadamente, lhe deu boa noite. O velho Felipe estranhou a presença daquela jovem naquele horário, que passava um pouco da meia-noite; logo de início pensou que se tratava de uma das filhas do sócio da fábrica. Porém, em seguida, a moça aproximou-se do velho Felipe que, naquela época ainda era jovem, e começou a dar informações sobre quem era ela.

–- Me chamo Iatã, sou filha de Sarão, o Rei que mora aqui embaixo dessa fábrica.
E prosseguiu: -- Preciso informar que meu pai está muito velho e precisa de repouso e você terá a missão de informar aos seus superiores que eles precisam parar de trabalhar à noite. Se isso não acontecer, derrubaremos todo esse prédio em poucos minutos. Para que você saiba que estou falando a verdade, levarei você até o jardim do meu pai.

Nisso, a moça ordenou que o velho Felipe fechasse os olhos e o pegando pelas mãos levou-o a um lugar misterioso.

-- Abra os olhos! ordenou a moça.

Então, o velho Felipe pôde perceber que havia um túnel muito grande com decorações de madeira fina; mais adiante um grande salão de um arranjo de luxo impecável, lustres em cristal fino.

Replicou-lhe a moça: -- Tudo que peço é que faça silêncio; pois, se meu pai acordar, você ficará aqui para sempre.

No salão, em uma poltrona em ouro maciço, repousava um senhor muito bem vestido, barbudo e bastante robusto, que “bufava” em sono profundo.
A moça segurando o Felipe pelo braço levou-o até um enorme jardim em que havia flores de todas as espécies que você possa imaginar entre outras...
Bem no centro do jardim, havia a flor mais linda (UMA ROSA AZUL), que ele jamais havia visto e a única que viu em toda a sua vida...

Iatã falou que ia ensinar uma canção para o Felipe... E, com uma voz melodiosa de anjo, cantou: -- No jardim de meu pai tem flores, ♫
tem flores de todas as cores, ♪ tem até a ROSA DE TODOS OS AMORES. ♫♪♪
Neste momento, Felipe ficou alucinado para pegar a flor. Iatã segurou pelos braços de Felipe com bastante força e o levou de volta até o banquinho que ficava embaixo da árvore, no quintal da fábrica, próximo à margem do rio...
-- O recado foi dado, contava o velho Felipe! Porém, os gerentes não levaram em consideração. Alguns dias depois da aparição da moça e o não cumprimento do pedido, em uma noite escura e chuvosa, houve tremores fortes e, do fundo do mar, surgiu uma enorme SERPENTE que causou o desmoronamento de um dos galpões e muitos trabalhadores ficaram feridos; mais tremores ameaçaram a estrutura de todo prédio. Desse dia em diante, a fábrica não funcionou mais durante a noite.

Se hoje você for visitar o local, ainda é possível ver as rachaduras no prédio.

Ah! O velho Felipe já partiu dessa pra melhor!

Mosqueiro Vírgula. (Isso é cultura para turismo)

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FONTE:

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sexta-feira, 23 de maio de 2014

NA ROTA DA HISTÓRIA: FATOS HISTÓRICOS DA ILHA

 

Entre os diversos fatos que marcaram a história de nossa Ilha, podemos destacar:

a) a sangrenta batalha entre as tropas imperiais e os cabanos na praia do Chapéu Virado (21.01.1836);

b) a criação da Freguesia do Mosqueiro sob a égide de Nossa Senhora do Ó (10.10.1868);

c) Dom Macedo Costa, Bispo da Província do Grão-Pará designa o Pe. Manuel Antônio Raiol para a Paróquia da Ilha (02.04.1869);

d) a instalação do farol na Ponta do Chapéu Virado (22.02.1872) e sua transferência para a restinga de pedras a ½ milha da praia (16.02.1883);

e) o falecimento do Pe. Manuel Antônio Raiol, o primeiro pároco da Ilha (12.07.1878);

f) a abolição da escravidão na Ilha (06.05.1888);

g) a elevação do Mosqueiro à categoria de Vila pelo Governador Lauro Sodré (06.07.1895);

h) a anexação da Ilha a Belém pelo Governador Augusto Montenegro, na condição de Distrito (26.02.1901);

i) a inauguração do primeiro transporte oficial da Ilha, um bondinho puxado a burro (ferro-carril), por iniciativa de Antônio Pindobussu de Lemos (10.01.1904);

j) a fundação do primeiro Grupo Escolar do Mosqueiro (criado em 04.07.1904 e instalado em 13.05.1905);

k) a inauguração do Trapiche da Vila em estrutura de ferro, construído pelos ingleses (06.09.1908);

l) a inauguração da igreja de Nossa Senhora do Ó, a primeira da Ilha (10.01.1914);

m) a instalação da Uzina Santo Antônio da Pedreira pela firma Bitar Irmãos (23.06.1924);

n) a fundação do Pedreira E.C., o primeiro clube de futebol da Ilha (07.09.1925);

o) a inauguração de um auto-omnibus da Proença & Teixeira, para a linha Vila-Ariramba (17.10.1926);

p) a inauguração da Rodovia Beira-Mar (Júlio Cezar), ligando a Vila ao Chapéu Virado (18.08.1927);

q) a aterrissagem na praia do Chapéu Virado, às 10h25, do avião Breguet 118 proveniente do Rio de Janeiro e pilotado por Paul Vachet (13.10.1927);

r) o pouso, na praia do Chapéu Virado, do avião Peru, pilotado por Carlos Martinez de Pinnilos (16.01.1929);

s) a chegada de uma locomotiva para tração dos bondes da Ilha, encomendada pelo Dr. Rodrigues dos Santos (04.02.1929);

t) a inauguração da Estrada Belém-Mosqueiro, denominada Rodovia Augusto Meira Filho (01.12.1965);

u) a primeira visita da Imagem Peregrina de Nossa Senhora de Nazaré à Ilha 12.12.1965);

v) a inauguração da Ponte Sebastião Rabelo de Oliveira, que liga a Ilha ao continente, pelo Presidente da República Ernesto Geisel (12.01.1976).

A história da Ilha do Mosqueiro – que carece de pesquisa e registro – está repleta de fatos de relevante importância, talvez fadados ao esquecimento.

quarta-feira, 21 de maio de 2014

CANTANDO A ILHA: CHAPÉU VIRADO, 21 DE JANEIRO DE 1836.

 

Autor: Prof. Alcir Rodrigues

Piso este solo sagrado,
onde sou apenas remanescente
dos que tombaram, heróis sidos,
mortos que caminham hoje
nas sendas da memória
de quem os reverencia.


É dia 21 de janeiro de 1836:
balas chispando o espaço
do que seria o futuro Chapéu-Virado,   
alvejando as tropas em conflito
e chacoalhando meus neurônios,
excitando-os em sinapses imaginárias...


... e legalistas tombando,
cabanos tombando
e se levantando agora,
no momento em que reescrevo
suas trágicas histórias,
libertando-as do apagamento
a que o ostracismo condenou.


Os canhões trovoam, mesclados
ao som do arrebentar dos vagalhões
ali na beira da praia...


Uma praça, uma igreja, um caramanchão...
Um prédio de um antigo hotel...
O edifício Lílian Lúcia...
O chalé Porto Franco...
A orla, as farmácias, as barracas...
Banhistas, passantes, carros,
motos e bicicletas habitam este solo
em fronteira com a praia do Farol.
Os heróis tombam no combate,
clamam, num ganido candente:


― Quem se lembra de nós, que lutamos      desigualmente por um punhado de menos desigualdades?!...


Um grito inaudível ecoa em minha mente...


(Pouquíssimas pessoas têm conhecimento desse evento histórico de tão alta relevância, relatado em primeiro lugar no livro "Motins políticos", de Domingos Antônio Raiol, no terceiro volume, publicado pela UFPA, 1970, p. 894)

FONTE: http://moskowilha.blogspot.com.br/2010/03/chapeu-virado-21-de-janeiro-de-1836.html

sábado, 17 de maio de 2014

CANTANDO A ILHA: DOIS DUENDES BORDANDO PALAVRAS

 

Autoria: MOSQUEIRO VÍRGULA (com Daniel Silva)



Faltavam 43 minutos para as 18 horas, a maré já vazava. Saí de “bobeira” para passear na praia do São Francisco, próximo à ‘”Passagem das Cobras”. Na verdade eu queria sentir o vento, que sopra como se fosse nos beijar... Essa Praia é encantadora; se você fixar um olhar perdido no horizonte, vai ver sua alma debruçada aos seus pés fazendo você lembrar a sua mais doce paixão... Você vai lembrar!

Olhem só o que o aconteceu!

Muito engraçado mesmo. Ontem, fiz um flagra. Dois duendes conversando, parecia que eles bordavam as palavras. Não deixei que eles me percebessem, peguei o celular e gravei a conversa deles... Até que eu tentei filmar mas não deu!
-- O tempo!

-- O tempo?

-- Queria era ser gente!

-- Deve ser mágico.

-- Queria ver a vida de perto... viver intensamente!

-- Mágica?

-- A vida é mágica!

-- O amor é mágico!

-- Já pensou se as pessoas se amassem? O mundo seria mais mágico!

-- Você já pensou em um mundo diferente?

-- Num mundo em que as pessoas gostassem de gente?

-- Isso!

-- Gente sem raça, gente sem gênero, gente sem pressa, gente com tempo de

sorrir, com tempo de sentir como é bom viver.

-- É... Imagino!

-- Você já pensou nisso mesmo?

-- Já, num mundo assim virtual, sem fronteiras?

-- Sim!

-- Por que... né? Parece tão distante!

-- Duas coisas!

-- Quê?

-- Acredito que as pessoas deveriam buscar e levar coisas boas.

-- Exemplos?

-- Uma palavra amiga!

-- Um gesto amigo!

-- Uma flor!

-- Um sorriso autêntico!

-- Um poema!

-- Um simples ‘bom dia’!

-- Um “importo-me com você”!

-- Um “vou cuidar de você”!

-- As pessoas sempre estão precisando de alguém. Isso parece mentira!

-- Palavras fazem bem, mais um abraço ‘ah! Um abraço’ é muito bom!

-- Verdade!

-- Sabe uma coisa? É muito fácil dizer para alguém ‘você precisa ser forte!’. Na

verdade as pessoas querem apenas um abraço. Estou mentindo?

-- Não! Não! Você tá certo!

-- Escute!

O celular tocou. Era Maria, meu grande amor; falou ‘’apenas” que me ama e desligou.... Os duendes sumiram. Foi bom. Ficou a mensagem. Incrível como banalizamos o amor!

Duendes existem em nossos corações.

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FONTE: https://www.facebook.com/profile.php?id=100007302125955&hc_location=timeline

quarta-feira, 14 de maio de 2014

NA ROTA DA HISTÓRIA: TROPAS IMPERIAIS PREPARAM-SE PARA INVADIR A ILHA.

 

Sem dúvida, uma das mais sangrentas batalhas da revolta popular denominada Cabanagem foi travada na praia do Chapéu Virado, no dia 21 de janeiro de 1836, quando as tropas imperiais invadiram a Ilha do Mosqueiro.

Apesar da resistência heroica dos cabanos, as tropas legalistas, apoiadas por dois navios de guerra, efetuaram o desembarque e, após violentos combates na praia e no interior da Ilha, conquistaram a vitória.

Sabe-se que, depois da tomada de Belém pelos cabanos no dia 23 de agosto de 1835, o Marechal Rodrigues transferiu o comando do governo legalista para a ilha de Tatuoca (casa de tatu), onde aguardaria reforços do Maranhão e de Pernambuco que lhe possibilitassem retomar a capital da província. A partir daí, ocorreriam várias escaramuças entre os soldados imperiais e os cabanos mosqueirenses, uma vez que Tatuoca fica em frente à Vila do Mosqueiro.

Antes da invasão da Ilha, segundo o historiador Orlando Moraes Rego em seu Calendário Histórico de Belém (1616-1916), no dia 15 de dezembro de 1835, chegam à baía de Santo Antônio o Brigue Pirajá, o transporte Constança e três barcos mercantes conduzindo 505 soldados para reforçar as tropas no combate aos cabanos.

Esse poderio bélico das tropas legalistas tornaria dificílima a resistência em defesa dos princípios de liberdade e os cabanos da Ilha sucumbiriam em terras mosqueirenses ou fugiriam para a cidade de Vigia de Nazaré. Posteriormente, o Marechal Rodrigues transferiria o comando para a ilha de Arapiranga, em frente à cidade de Belém.

PARA CONHECER MAIS DETALHES PESQUISE NESTE BLOG:

http://mosqueirando.blogspot.com.br/2010/02/ilha-dos-cabanos.html

domingo, 11 de maio de 2014

EVENTO FESTIVO: DIA DAS MÃES

 

Este dia dedicado a todas as MÃES, não o vejamos apenas como um tradicional momento de confraternização em que, sendo filhos, temos a “obrigação” de presentear com algo material àquela que nos deu a vida; mas, sobretudo, como uma oportunidade de reconhecimento e de gratidão (que devem ser eternos) por tudo o que dela recebemos. Que o nosso melhor presente seja o amor incondicional manifestado em todos os dias de nossa vida!

Para HOMENAGEARMOS AS MÃES, escolhemos, em nossa Ilha, uma flor que desabrocha no mês de maio e somente uma vez ao ano: a COROA DE NOSSA SENHORA. FELIZ DIA DAS MÃES!

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A COROA DE NOSSA SENHORA (Foto: C. S. WANZELLER, 2014).

 

“Dia das Mães é o dia da bondade,

Maior que todo o mal da Humanidade,

Significado num amor profundo.

Por mais que o homem seja um ser mesquinho,

Enquanto a mãe cantar junto a um bercinho,

Cantará a esperança para o mundo!”

                                                       (Trecho do poema O Filho Pródigo)

sábado, 10 de maio de 2014

CANTANDO A ILHA: UMA CERTA DIALÉTICA DAS COISAS MÍNIMAS

 

Autor: Prof. Alcir Rodrigues

Muitos dizem
Ah, no meu tempo...
O meu tempo sempre é hoje!
Mas, no decorrer de 24 horas,
torna-se ontem,
e o amanhã se torna hoje,
que vira ontem...
Nada mais dialetizante
porque mutante,
tempo nunca-sempre-quase
a esgotar-se, inesgotavelmente...
Tempo-vento: o tudo-nada
a bater,
a esbofetear suavemente a face do ilhéu
e desalinhar as madeixas
da cabocla banhista,
a lembrar que outrora
acariciou a cara
do autóctone-índio no moqueio,
o corpo suadensanguentado
do cabano na Batalha,
a defender-se no Chapéu-Virado...
Do veranista no convés
do Presidente Vargas...
Nas janelas do Beiradão,
nas Vans.
Esse tempo-vento, tempo-ventre,
a que porto-futuro
guiará esse barco-ilha
de desencanto-acalanto,
sempre ao mesmo tempo-vento?...


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FONTE: http://moskowilha.blogspot.com.br/2010/09/uma-certa-dialetica-das-coisas-minimas.html

quarta-feira, 7 de maio de 2014

A ILHA CONTA SEUS CAUSOS: O PRETINHO DO PORTO

 

Autoria: Mosqueiro Vírgula

Entre as praias do Porto Arthur e o Murubira, existe uma praiazinha que, algumas décadas atrás, pescadores ancoravam canoas e faziam cabanas para passar a noite esperando a hora da maré. Neste local, havia muitas árvores de mangue e um enorme lago que as pessoas faziam tapagem, tarrafeavam e colocavam ¹matapi para prender o camarão, que servia de alimento para muitas famílias. A comunidade e os pescadores na época chamavam “CORVÃO” para aquela paragem...

Hoje, a ideia é crescer sem destruir o meio ambiente e sem esgotar os recursos naturais para as futuras gerações... Na história vermos que isso foi diferente.

PRETINHO, foi esse o apelido que recebeu o filho da Dona Benedita, natural do estado do Maranhão, que trabalhava de lavadeira da tradicional família do Sr. Arthur Pires Teixeira, nome que deu origem ao Bairro Porto Arthur, Terminal Rodoviário de Mosqueiro, Prédio Porto Arthur e a Rua Pires Teixeira, onde fica a capela Savina Petrilli, em terreno doado pela família Pires Teixeira.

O Bairro do Porto Arthur faz fronteira com os bairros do Chapéu Virado, Murubira e Natal do Murubira.

Num acervo resumido da nossa história, os primeiros transportes de Mosqueiro, como carros puxados a boi, ônibus, e até uma locomotiva apelidada de “Pata Choca”, faziam linha Vila/Porto Arthur/Vila. Infelizmente, os registros históricos são insuetos e fazem a nossa bibliografia empobrecida.

Era o Negrinho mais lindo que você possa imaginar, tinha de sete para oito anos, pele limpa e sedosa, nariz afilado, olhos tão negros que eram quase azulados e os dentes tão alvos que, ao sorrir, seus caninos brilhavam como ouro. Não havia quem não gostasse daquele menino, estava sempre pronto para qualquer mandado... Sapeca assim; como qualquer criança que goza de saúde é feliz... Toda tardezinha quando as sabiás começavam a cantar nas palmeiras dos açaizeiros e o sol ia se pôr por trás da ILHA do AMOR, o PRETINHO pegava a varinha bordada feita de bambu e dizia: “-- Bence mãe!” Dona Benedita sempre dizia: “-- Menino, menino, cuidado meu filho, isso não é hora de brincar na praia, qualquer dia o tralhoto te encanta. Lembra do Miguer?”, “-- Deus bençoe!”. E o negrinho sai correndo na direção da praia do Corvão. Como se bailasse em êxtase, sempre sorrindo, corria atrás dos tralhotos que ficavam descansando na areia à espera dos marouços... Todo dia, corria atrás daqueles peixinhos, todo dia, e isso virou costume...
Naquela manhã, o menino estava mais feliz. Fez os mandados com um sorriso que só um inocente pode ter. Chegou a tardezinha.

Nessa tarde, por coincidência as sabiás não fizeram sinfonia, dona Benedita, abençoou, abraçou e beijou o menino como NÃO fazia de costume e virou-se para tempo... e não viu o Pretinho sair... Foi triste! O menino não voltou nunca mais... Coração de Mãe não se engana! Dona Benedita sabia que o havia perdido. Mesmo assim, sensibilizou a todos e por dias e meses passou procurando o seu único filho e nada. Ninguém viu! Passando-se nove meses, dona Benedita, com o coração apertado, desistiu das buscas; pediu as contas e voltou para o Maranhão sem seu filhinho Raimundo.

Passaram-se três décadas...

“Confesso-lhes que já senti vontade de perguntá-lo... Talvez já o tenha esquecido.” Até hoje, não sabemos o motivo pelo qual o Agente Distrital de Mosqueiro, na ocasião o Sr. J. I., resolveu destruir parte da natureza e introduziu um trator na praia revirando árvores e devastou com o lago do Corvão. Sem dúvidas, um grande choque para a comunidade da época, pois muitas famílias tiravam seus sustentos daquele lago que ficava ali, deitado em berço esplêndido...

Depois que o lago foi destruído, o Negrinho com o sorriso luminoso começou a aparecer para várias pessoas, principalmente para os pescadores e visitou muitas casas que ficam ali na orla... Sempre que alguém chamava por ele, ele desaparecia... Certo dia, o pescador Anselmo, estava distraído, amarrando a canoa, e o Negrinho, com aquele sorriso encantador... Chamou o escolhido “-- Venha, tenho um presente para você, vou lhe dar esse pequeno tesouro”. O pescador, sem entender o que estava acontecendo, seguiu o menino. O Negrinho apontando para uma urna de madeira semi-enterrada próximo a um barranco, disse: “-- É sua!” E prosseguiu: “-- Estou indo embora daqui, perdi meu doce lar, vou morar lá na C’ROA e agora só vou ter a permissão de aparecer uma vez em cada mês, continuo fazendo tolices. Quando quiser me ver é só ir lá na C’ROA DE PEDRAS em noite de lua cheia”. Deu uma pequena pausa, baixou a cabeça e algumas lágrimas caíram... seguiu falando: “-- Sei que minha mãe ainda vive; se puder, diga que a amo” Falou o que queria e desapareceu... O pescador ficou todo arrepiado e mesmo assim tratou de desenterrar e carregou a caixa... Dizem até hoje que Anselmo se tornou dono de uma grande fortuna e desapareceu da Ilha alguns dias depois...
Pescadores juram que é “vero”, que o Negrinho realmente aparece na C’roa de Pedras em noite de lua cheia.

Apenas uma lagoa rasa marca os vestígios que outra hora foi chamado; poucos pescadores ainda aportam canoas naquela parte da praia...
Se você é curioso, visite a C’roa de Pedras de preferência em noite de lua cheia. Quem sabe você reconhece através do “CAUSO” o famoso sorriso do “PRETINHO DO PORTO”.

A C’roa de Pedras fica cerca de 150 metros da orla em frente das praias do Porto Arthur e Murubira.

¹matapi: Armadilha feita de tala e cipó em forma de cubo.

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FONTE:https://www.facebook.com/permalink.php?story_fbid=1428734267379964&id=100007302125955

sexta-feira, 2 de maio de 2014

NA ROTA DA HISTÓRIA: A ABOLIÇÃO DA ESCRAVIDÃO NA ILHA DO MOSQUEIRO

 

Quem adentra a Praça da Matriz após desembarcar no Trapiche da Vila -- primeiro portal da Ilha por onde já passaram milhares de veranistas -- pode observar, à esquerda, um bonito monumento que traz destacada a estátua da Princesa Izabel, em cujo pedestal existe a sugestiva inscrição “Somos Todos Irmãos!”.

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A estátua esculpida em bronze, que está de frente para o rio Pará, possui um valor histórico inestimável, por ser um elemento comemorativo do dia em que terminou a escravidão negra na Ilha: 06 de maio de 1888.

Segundo o museólogo e historiador Prof. Orlando L. M. de Moraes Rego, em sua obra Calendário Histórico de Belém (1616-1946), nesse dia, foram declarados livres todos os escravos da Vila do Mosqueiro, nos arredores de Belém.

Na mesma data – conforme a obra citada – assumia em Belém o Governo do Pará, o Dr. Miguel Joaquim de Almeida Pernambuco, que chegara à cidade no dia anterior. Também assumia, pela terceira vez, o último Comandante das Armas do regime monárquico do Pará, Brigadeiro José Angelo de Moraes Rego.

O movimento decisivo para a libertação dos escravos em nosso Estado fora iniciado um mês antes, conforme pesquisa realizada por Augusto Meira Filho, registrada na página 441 de seu livro Mosqueiro Ilhas e Vilas:

Também o mestre Manuel Barata revela, em seu trabalho “O Clube Republicano do Pará” (In- Formação Histórica do Pará – ed. 1973 pg. 348) que: “A fim de promover a libertação total dos escravos da província, foi naquele ano criada a Liga Redemptora, constituída pelos chefes dos partidos políticos militantes, inclusive o presidente do Diretório Republicano. Dela foi secretário o Dr. José Henrique Cordeiro de Castro, em cujo escritório, no Largo do Palácio nº. 32, foi a Liga instalada a 6 de abril e funcionou diariamente, até que a lei de 13 de maio veio encontrá-la no seu profícuo labor patriótico. Por seus esforços tinham já sido declaradas solenemente emancipadas as povoações do Pinheiro e do Mosqueiro.”

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