quinta-feira, 27 de março de 2014

CANTANDO A ILHA: MOSQUEIRO, MINHA FLOR DIVINA

 

Autora: Erica Jaqueline

 

      Não sei o que dizer

      Sei que és meu viver

      Não sei o que pensar

Se o que mais quero é te amar.

 

        Espero o amanhecer

      Para ver o ouro nascer

         Espero muito mais

       Para ver a cor da paz.

 

      Tuas ruas, tuas marés,

           Tuas criaturas

           Que linda és!!!

 

              Teu brilho,

        A ventania menina.

 

               Mosqueiro,

          Minha flor divina...

terça-feira, 25 de março de 2014

A ILHA CONTA SEUS CAUSOS: A MULA-SEM-CABEÇA

Autor: DANIEL DE SOUZA LOPES

A MULA-SEM-CABEÇA


Narrativa da aluna Karla da Silva Baena transcrita pela Profª. Ângela
                       
Certa vez, no sítio do meu avô, meu pai estava deitado com a sua amiga em uma rede e logo adormeceu. Sentiu a amiga sair do seu lado, pois ela se levantou e foi ao encontro da irmã. Logo as duas começaram a fazer uma reza e a irmã começou a se despir e tirou toda a roupa do corpo.
Quando ele viu, a mulher saiu correndo, já virada em mula-sem-cabeça, enquanto a outra ficou à espera de sua volta. Não demorou muito e ela chegou. Sua irmã rezou a oração novamente pra que ela se desvirasse e voltasse à forma de mulher. E meu pai, observando tudo, com muito medo.

domingo, 23 de março de 2014

A IMAGEM E O TEMPO: FOTOS ANTIGAS DA ILHA DO MOSQUEIRO

 

Publicado em 06/02/2014 por fauitec

As fotografias que seguem abaixo pertencem à coleção fotoetnográfica de Carlos Estevão de Oliveira e muitas delas não estão identificadas na página de origem.
Igor Pacheco, editor do site
Fragmentos de Belém e colaborador do BF, encontrou referências sobre o conteúdo dessas imagens em um blog intitulado PT de Mosqueiro; como tais legendas parecem coerentes  ─ mesmo que o blog não cite a origem das fotografias nem do embasamento aos textos sobre elas  ─, as reproduziremos abaixo de cada fotografia, entre aspas:

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“Enseada do Chapéu Virado e Farol: foto registrada no começo do século XX, provavelmente entre 1900 e 1910.”

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“Enseada do Chapéu Virado e Farol: foto registrada no começo do século XX, provavelmente entre 1900 e 1910.” (por suposição, a partir do desenho, repetimos a legenda anterior, sem nenhuma certeza).

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“Orla do Farol e Chapéu Virado: foto registrada no começo do século XX, provavelmente entre 1905 e 1910.”

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“Praça do Chapéu Virado sem a capela do Sagrado Coração de Jesus. Ao fundo o famoso hotel Chapéu Virado. Obs.: Se a capela do Sagrado Coração de Jesus foi construída em 1909, a foto acima é de uma data anterior, provavelmente entre 1900 e 1905.”

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“Ilha do Amor (praia do Farol): observe que a vegetação da ilha se estendia até próximo do cordão de areia (que aparece quando a maré está seca). Foto do começo do século XX.”

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“Barranco da praia do Ariramba na curva da Embratel: foto do começo do século XX.”

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“Praia do Ariramba: foto do começo do século XX.”

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“Caramanchão da praia do Bispo: obra construída pelo Intendente de Belém Alcindo Cacela, em 1936.”

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“Caramanchão da praia do Bispo: Obra construída pelo Intendente de Belém Alcindo Cacela, em 1936.”

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“Escadarias da praia do Bispo: Obra construída pelo Intendente de Belém Alcindo Cacela, em 1936. Foto obtida no ano da inauguração das escadarias, do caramanchão e do muro de arrimo da praia do Bispo (1936).”

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“Orla do Chapéu Virado e Farol: foto registrada no começo do século XX, provavelmente entre 1905 e 1910.”

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“Foto registrada do interior de uma barraca de praia, tendo ao fundo a Ilha do Amor (praia do Farol). Foto registrada no começo do século XX, provavelmente entre 1905 e 1910.”

Qualquer contestação sobre a identificação das imagens, favor deixar comentários para apreciação.

FONTE: http://fauufpa.org/2014/02/06/fotos-antigas-da-ilha-do-mosqueiro

quarta-feira, 19 de março de 2014

JANELAS DO TEMPO: LUCINHA E A ILHA

 

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Maria Lúcia Fernandes Medeiros ou mais popularmente chamada de Lucinha Medeiros foi uma escritora, poeta e professora paraense.

Apaixonada por sua terra natal, morou em Bragança até os 12 anos, quando se mudou com parte da família para Belém, onde graduou-se em Licenciatura Plena em Letras, pela Universidade Federal do Pará (UFPA), onde atuou como pesquisadora e docente. Sempre que podia, visitava seus conterrâneos e distribuía carinho e conversas à tarde com seus amigos.

Foi a primeira professora de Redação e de Literatura Infanto-juvenil, disciplina que ajudou a inserir no desenho curricular do Curso de Letras da Universidade Federal do Pará, à época. Era também uma grande colaboradora da Universidade da Amazônia (UNAMA) em Belém, envolvida em projetos e palestras, chegando a publicar textos de sua autoria na revista da UNAMA intitulada "Asas da Palavra", desde 1995.

Estreou na ficção com o livro de contos "Zeus Ou A Menina E Os Óculos" (1988). Depois publicou "Velas, Por Quem?" (1990), "Quarto De Hora" (1994), "Horizonte Silencioso" (2000) e "Céu Caótico" (2005).

Sobre Bragança, Maria Lúcia deixa uma pista em seu depoimento no documentário intitulado "A Escritura Veloz", de Mariano Klautau Filho (produção independente, em VHS, de 1994):

"Eu nasci em Bragança, uma cidade simples do interior, com um trem de ferro e um rio na frente. Tive, portanto, uma infância bem brasileira: quintal, primos, frutas, tios, igreja, cinema Olympia. Em Belém já cheguei quase adolescente e meus fantasmas viviam sob as mangueiras, nas ruas largas, na arquitetura imponente de uma cidade de 250 mil habitantes que era Belém dos anos 50.

Quando descobri os livros, descobri um outro jeito de viver. Personagens, situações, lugares ajudavam meu aprendizado do mundo. Ler para mim sempre foi uma salvação. Agora, escrever, acho que sempre escrevi. Lembro que muito menina eu me recolhia e escrevia, escrevia para mim."

Com sua seriedade foi uma escritora de excelente produção literária, além da função de professora e poeta. Reconhecida como uma das maiores contistas paraenses, tornou-se um dos mais importantes ícones literários do Pará.

Seus livros falam de sentimentos, entre eles a angústia e a solidão, com destaque para o viés emocional e da personalidade da escritora bragantina e são ambientados numa época chamada por ela de "modernidade". Um exemplo disso é o livro "Horizonte Silencioso", em que se destaca uma linguagem de enorme nostalgia, quando Lucinha Medeiros abordava a mudança do tempo, aspectos de sua infância e adolescência.

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Seus textos eram fortes e quase autobiográficos. Sua escrita marcante era facilmente descoberta por seus leitores e admiradores da sua obra. Entre seus livros mais lidos estão os contos em "Velas Por Quem?" e "Zeus Ou A Menina E Os Óculos".

Em sua atuação como professora, ajudou a realizar o processo de registro e de tombamento em nível de Estado da Residência da família Medeiros, situada em Bragança, local onde ela costumava se hospedar nas suas visitas à terra natal.

Alguns de seus livros já foram listados entre as leituras obrigatórias de processos seletivos da Universidade Federal do Pará (UFPA), assim como em salas de aulas do ensino médio por todo o Estado. Lucinha Medeiros também ajudou a fundar a Casa da Linguagem, sendo uma de suas consultoras.

Foi homenageada na Feira Pan-Amazônica do Livro no ano de 2004, com um sarau intitulado "O Elemento Fabuloso Da Narrativa De Maria Lúcia Medeiros". No mesmo evento, o curta-metragem "Chuvas e Trovoadas", filme baseado na obra homônima de Lucinha Medeiros foi apresentado, sob a direção de Flávia Alfinito. No filme ambientando em Belém, quatro moças são estudantes de corte e costura em algumas tardes do período da Belle-Époque amazônica.

A película de Flávia Alfinito, produzida de forma independente, conta com a narração do ator José Mayer e a participação das atrizes Patrícia França, Suzana Faine, Andréia Rezende, Andreia Paiva e Francis, recebendo o prêmio de Melhor Fotografia no Festival de Gramado, principal premiação do cinema brasileiro, em 1995.

O último texto escrito por Maria Lúcia Medeiros, na Ilha de Mosqueiro, em abril de 2005, tinha como título "Don Quixote Veio De Trem", momento em que ela já estava bastante doente e com boa parte de seus movimentos comprometidos.

Em suas passagens por Bragança, sempre visitava amigos e conversava com seus contemporâneos, além de participar de eventos.

Morte

Maria Lúcia Medeiros foi acometida por uma doença degenerativa conhecida como Esclerose Lateral Amiotrófica, por alguns anos antes de seu falecimento, que paralisou gradativamente seus movimentos, impedindo-a de falar e se expressar, mesmo mantendo a lucidez, o que lhe causou uma situação de séria debilidade. Internada por mais de 30 dias, faleceu às 15:00h do dia 08/09/2005, uma quinta-feira, em Belém, PA, aos 63 anos. Ela deixou 3 filhos.

Seu velório aconteceu no Núcleo de Artes da Universidade Federal do Pará (UFPA), na Praça da República. Seu corpo foi cremado no Cemitério Max Domini, no dia 08/09/2005, e no dia 11/09/2005, seus familiares depositaram suas cinzas pela Ilha de Mosqueiro, região metropolitana de Belém, um dos lugares prediletos da escritora.

Foi uma das escritoras paraenses homenageadas pelo Instituto de Artes do Pará na edição do Prêmio IAP de Artes Literárias de 2011, na categoria Contos.

Fonte: Wikipédia e Dário Benedito Rodrigues

FONTE: http://www.famososquepartiram.com/2013/09/lucinha-medeiros.html

Maria de Fátima Corrêa Amador, em sua Dissertação de Mestrado em Letras pela UFPPA, intitulada Maria Lúcia Medeiros, entreatos, o fato e a ficção, assim focaliza o derradeiro sonho e os derradeiros momentos da escritora bragantina que amava a Ilha do Mosqueiro:

“Nas muitas conversas que tivemos, lembrou-se de um sonho que tivera um dia. Caminhava por uma rua estranha, desconhecida para ela. De repente, deparava-se com um homem negro que a abraçava e, naquele abraço, os corpos se atravessavam. Contou que alguém lhe dissera que só teria outro sonho assim quando estivesse para morrer. Não sei se teve outros sonhos, mas a personagem do conto “Casa que já foste minha”, do livro Céu Caótico, narra: “Sonhei que Deus Nosso Senhor me arrancava de ti e ia curar minhas feridas à beira de um rio” (2005, p. 19).

Buscou alternativas, uma delas foi submeter-se a tratamento na cidade do Rio de Janeiro, onde escreveu boa parte dos contos do livro Céu caótico. Quando voltou, preferiu ficar no Mosqueiro, onde tinha uma casa. Adorava a casa, o quintal, o lugar. Mesmo já quase sem falar, recebia os amigos com alegria, sentava com eles na varanda, apreciava o entardecer, a noite e escrevia, completando e discutindo com seu filho Mariano a edição de Céu caótico. O livro, publicado postumamente, foi organizado, ainda, por ela. Até o fim, manteve estreitos laços com o ato de escrever e com a vida.

No período que ficou em Belém, reveza-se entre a casa do Mosqueiro e o apartamento na Avenida Generalíssimo, onde ficava para resolver as coisas do quotidiano e do tratamento. Aceitou o acompanhamento de uma psicóloga. No decorrer da terapia, trocou correspondência com essa profissional. Isso lhe deu novo alento, não só por conta das sessões em si, como também por vislumbrar ali um cenário e um personagem a ser criado. Essa capacidade de transfigurar a realidade pela criação literária, que vem desde Zeus, quando a menina tira os óculos para penetrar outro cenário, acentuava-se o brilho do olhar e o sorriso e a entusiasmava, como ela mesma se refere acerca da ficção.

Confesso que estou profundamente decepcionada com este texto que não quer acompanhar a velocidade de meu empenho para entusiasmar vocês em torno desse lugar sagrado da ficção MEDEIROS, 2004, p. 14).

Nessa época, organizou uma gincana para as crianças defenderem a Ilha, quando a Prefeitura de Belém quis construir uma ponte no Farol, contou com o apoio dos amigos em um abaixo-assinado. Na casa, cercou-se das coisas que amava, móveis, estantes com seus CDs e seus livros, a escrivaninha onde escrevia, com seu computador.

Essa casa, também, era como a realização de um sonho. Tinha desejado muito uma casa no Largo da Sé, em Belém, como registra em seu Diário, nos dias 25 de agosto e 9 de setembro de 2001. “Depois de um jantar na casa de Dulcília e na certa a comemoração do fechamento do negócio do Largo da Sé”. E, “a casa do Largo da Sé está mais próxima”.

Considerava como certa a compra desse casarão antigo, com dois pavimentos, janelas altas e com a frente para um dos lados da Catedral da Sé. Infelizmente, uma sucessão de eventos concorreu para que o negócio não se realizasse, recursos não liberados pelo Banco para o qual solicitara financiamento e o interesse de outra pessoa para quem ela mesma sugerira que adquirisse a casa. Como conta em seu Diário, deu a preferência a essa pessoa. Nesse meio tempo, comentou com outra amiga a situação e esta lhe propôs comprarem juntas o imóvel, com a ideia de criarem um espaço, meio pousada meio lugar para eventos culturais. Renovou-se e ligou para a primeira pessoa a quem dera a preferência, mas esta se recusou a desistir, alegando já ter mobilizado recursos para a compra e a reforma do espaço. Para ela, foi uma enorme decepção todo esse processo. Sofreu tanto que ligava para os amigos contando o fato.

A casa, que ela tanto desejou e com a qual tanto sonhou, envolvia muito mais do que uma simples morada. Significava estar no bairro da Cidade Velha com seus casarões antigos, suas igrejas, as primeiras ruas da cidade que surgia – lugar que mais apreciava na cidade de Belém. Em “I’m in the mood for Love”, conto que integra o livro Céu caótico, vem à tona essa paixão. O espaço do conto gira no entorno da cidade velha – a catedral, o largo, o rio, os barcos e a descrição dos espaços do casarão rememoram a casa pela qual ansiou um dia. Mistura-se a realidade de seu desejo ao desejo do menino, realizada na ficção.

“O menino voltou-se para as janelas da frente e olhou os barcos que passavam. “Lá vai um São Miguel, um Fé em Deus, um Estrela-Guia...”, pensou ele livrando-se da camisa para receber no peito a brisa da baía. Depois se voltou dando as costas para a janela para ter, pela última vez, a visão do casarão, dos amplos espaços, dos arcos das portas, do assoalho, da clarabóia, do corredor sumindo lá para os fundos da casa, do correr da janela batendo na hora da chuva” (MEDEIROS, 2005, p.42).

Esse espaço – que ela sonhou que teria um dia – veio a realizar-se com a casa do Mosqueiro, na qual escolheu viver até o fim. Às vezes, dizia que a ideia de adquirir essa casa tinha sido a sua salvação. O próprio lugar era muito querido por ela. O nome Praia do Farol lembrava-lhe o romance da Virgínia Woolf, Passeio ao Farol, pois era um passeio, e há mesmo um pequeno farol abandonado, e ali passara muitas férias com os filhos. A casa que ficou tem tudo o que povoou sua infância, quintal, biblioteca, varanda, onde passou muitas tardes com os amigos ora em silêncio ora escrevendo em sua lousa mágica que ganhara quando aos poucos foi perdendo a voz e a possibilidade de falar. Sobre esse espaço simbólico de vida e convivência, diz Bachelard (2008), reside nosso canto no mundo, nosso primeiro universo, e último para Maria Lúcia.

“Portanto, é preciso dizer como habitamos nosso espaço vital de acordo com todas as dialéticas da vida, como nos enraizamos dia a dia num “canto do mundo”.  

 Porque a casa é o nosso canto no mundo. Ela é, como se diz amiúde, o nosso primeiro universo. É um verdadeiro cosmos. Um cosmos em toda a acepção do termo” (BACHELARD (1884-1962), 2008, p.24).

O espaço “casa” possui um significado muito especial para Maria Lúcia. O casarão de sua infância em Bragança, as primeiras moradias em Belém acabaram por sintetizar-se nesse canto último, que foi a casa do Mosqueiro, o “canto do mundo” de Maria Lúcia, como ela murmura no conto “Crônicas de minha passagem”, do livro Céu caótico: “Mais palpável vem a casa de frente para o rio e a dona dela, Senhora daquelas salas azuis, como se voasse baixinho, espaços enormes...” (MEDEIROS, 2005, p. 26).”

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Foto da Casa do Mosqueiro- 2010– Arq. Pessoal

FONTE: https://www.google.com.br/#q=maria+lucia+de+medeiros%2C+entreatos%2C+o+fato+e+a+fic%C3%A7%C3%A3o

terça-feira, 18 de março de 2014

NA ROTA DO TURISMO: IMPRESSÕES SOBRE A ILHA DE MOSQUEIRO

 

Autor: Vitor Quintela

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Vou começar explicando o motivo que me levou a escrever este artigo sobre a ilha de Mosqueiro, sempre ouvi comentários a respeito da ilha, na maioria das vezes comentários negativos, de que era tudo muito sujo e desorganizado, mas ainda não tinha tido a oportunidade de conhecê-la. Minha primeira impressão sobre a localidade foi mais positiva do que eu imaginaria e de um modo geral me agradou bastante os dois dias em que lá estive, toda localidade tem seus pontos positivos e negativos e acho que é injusto destacar uns mais do que outros, e Mosqueiro parece sempre estar sendo injustiçada pelo povo do Pará, principalmente por ter as praias mais populares do estado.

Com seus 212 km² de extensão e cerca de 17 praias banhadas pelo mar de água doce da baía do Guajará, Mosqueiro já possui 118 anos desde que iniciaram a colonização da ilha e curiosamente ao contrário do que muitos pensam, Mosqueiro não é um município, mas sim um distrito da cidade de Belém. Confesso que me espantei com o tamanho do núcleo urbano, pois pensei que fosse apenas um povoado, todavia o núcleo urbano já possui mais de 50 mil habitantes e sem dúvidas já tem ares de cidade de médio porte. O acesso à ilha é feito através da estrada Engenheiro Augusto Meira Filho, que possui uma ponte de 1.400m interligando a ilha ao continente.

Quando cheguei à Mosqueiro me avisaram logo que as ruas eram muito sujas e fétidas, realmente há locais muito descuidados, contudo assim que vi suas praias e o “rio-mar” me encantei com a beleza do local, quando pela primeira vez fui à praia do Farol confesso que fiquei surpreso com a areia da praia, que pensei ser mais grossa do que era, na verdade imaginei que nem praia tivesse, e a água é também diferente do que julguei, me alertaram que a água aparentava um “caldo de feijão” e realmente a água não é cristalina, mas estamos falando de uma ilha fluvial e não marítima, mas há seus prós, pois como a água não é salgada não há qualquer tipo de irritação na pele ou nos olhos, destaco que o sol é incessante mas o vento dá um clima mais ameno à ilha, aconselho-os a sempre usarem o filtro solar. No quesito culinária, Mosqueiro está de parabéns, a culinária local tem em seus pratos muitas comidas típicas como camarões, caranguejos, e peixes, que é a base de diversos pratos como tacacá, vatapá e outros, a praça Cipriano Santos no centro da vila é durante a noite o local mais frequentado, achei muito interessante ver as pessoas sentadas com suas cadeiras de praia no gramado da praça, simplesmente conversando e saboreando a culinária local, o café da manhã também é uma iguaria à parte, na mesma praça há uma tapiocaria, que serve uma infinidade de sabores, mas os aconselho a prepararem o bolso, pois na orla nem tudo é barato!

Como disse anteriormente, sempre ouvi muitos comentários sobre Mosqueiro, quase sempre negativos, sim, Mosqueiro ainda necessita de muitos investimentos, principalmente investimentos que potencializem o turismo, mas também investimentos em saneamento e infraestrutura urbana para os nativos, afinal já não se trata mais de apenas um povoado de pescadores, mas sim de um núcleo urbano que cresce rapidamente e que se não for devidamente planejado acabará prejudicando todo o potencial da ilha. Talvez fosse o momento de se pensar na emancipação política de Mosqueiro, o que poderia direcionar atenção maior às demandas da localidade, mas isso é assunto para o povo da comunidade.

A alta temporada em Mosqueiro é no mês de julho durante as férias escolares, é nesta época que a vila fica fervilhando de pessoas de todos os cantos do estado, mas principalmente da capital, as casas que ficam desocupadas durante a maior parte do ano, logo estão todas cheias de gente, uma curiosidade em Mosqueiro é que as casas recebem nomes, achei isto muito legal, Mosqueiro também recebe muitos visitantes durante o réveillon, assim como no carnaval. Mas não sei se é bom ir à Mosqueiro durante as temporadas, pois os transtornos podem aumentar. Em relação a estadia e hotelaria não estou a par dos preços e das condições dos hotéis ou chalés, mas de acordo com o que me informaram o preço sai em conta. Bem, agora que já conhecem um pouco de minha impressão sobre Mosqueiro, arrumem as malas e peguem a estrada, divirtam-se!

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Mãos & Pensamentos

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FONTE: http://quintelavitor.blogspot.com.br/2013/11/impressoes-sobre-ilha-de-mosqueiro.html

domingo, 16 de março de 2014

A ILHA CONTA SEUS CAUSOS: A LENDA DA MATINTA PERERA




A LENDA DA MATINTA PERERA

Narrativa do aluno Ruan Dias Rodrigues transcrita pela Prof.ª Gilma Raiol.

Há mais ou menos quarenta anos, havia poucas casas e muito mato. A maioria das casas era de madeira e ficavam distantes umas das outras. Havia pouca iluminação e hora certa para ser desligada à noite.
Na época a Vó Raimunda e minha tia Celina foram convidadas para ver televisão na casa de uma amiga. E elas foram. Só que passaram do horário de voltar. Já estava tudo escuro e todo mundo sossegado em suas casas. Elas foram caminhando pela rua de piçarra quando, de repente, ouviram um assobio. Era a Matinta Perera.
Elas sentiram muito medo. E, quando passaram pelo cemitério, lá de dentro jogaram pedra nelas. Além disso, a Matinta continuava acompanhando as duas. Assobiava muito.
Dizem que, quando ela assobia longe, é porque está perto e, quando assobia perto, é porque está longe. Chegaram em casa cansadas e assustadas. Do lado de fora continuaram os assobios. Só foram embora, quando a vovó gritou:
-- Passa amanhã por aqui, para pegar um punhado de tabaco!
Quando amanheceu, uma velhinha bateu na porta da vovó. Foi uma surpresa: era uma conhecida dela, que falou:
-- Dona Raimunda, eu vim buscar o meu tabaco que a senhora me prometeu.
Ela deu e a velha foi embora feliz.
Dizem que a Matinta Perera pode se transformar em qualquer bicho: porco, cachorro, etc. Hoje em dia não existe mais, por causa da grande população.
A pessoa só pode virar quando lê o livro de São Cipriano. É uma oração que faz virar em qualquer bicho, até em Matinta.

sexta-feira, 14 de março de 2014

quarta-feira, 12 de março de 2014

NA ROTA DA HISTÓRIA: CYPRIANO SANTOS

 

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Admirador e frequentador assíduo da Ilha do Mosqueiro, onde mantinha uma casa de praia, o Intendente Municipal Cypriano José dos Santos, que foi nomeado pelo governador Antonio Emiliano de Sousa Castro em 1921, merece ser lembrado pelos mosqueirenses. Seu nome passou a designar a Praça Matriz, pois, ali, o administrador de Belém decidiu comemorar o Primeiro Centenário da Adesão do Pará à Independência, no dia 15 de agosto de 1923.

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Casa de Veraneio de Cypriano Santos, na praia do Chapéu Virado, Ilha do Mosqueiro.

Conheçamos alguns dados da vida pública de Cypriano Santos:

“No que se refere à imprensa, o jornal Folha do Norte ganha destaque na pesquisa. De acordo com o catálogo Jornais Paraoaras caracterizou-se como um jornal “noticioso político e literário” fundado por Cipriano Santos e Enéas Martins. A história política dos principais fundadores desse jornal Cipriano Santos (1859-1923) e Enéas Martins (1872-1919) sem dúvida refletirá nas páginas do periódico. Cipriano José dos Santos era médico e vinha de uma tradição de imprensa na família. Seu pai havia sido “proprietário e redator de jornais” como o Treze de Maio e o Jornal do Pará, que circularam em Belém entre 1862 e 1878. Em 1896, juntamente com Enéas Martins e outros, funda a Folha do Norte, que nesse momento defendia Lauro Sodré. Em 1898, Lauro Sodré instala no Pará o Partido Republicano Federal “com a solidariedade de Cipriano, Folha do Norte, e quanto os apoiavam”.

Com o rompimento político entre os Partido Republicano Federal e o Partido Republicano por volta de 1900 e a consequente polarização política entre lauristas e lemistas, ou seja, aqueles que apoiavam Lauro Sodré ou Antonio Lemos, a Folha do Norte passa a se posicionar em favor de Lauro Sodré. Até então Folha do Norte mantivera boa relação com o grupo ligado ao jornal Província do Pará. Nesse contexto, Ricardo Borges afirma que aqueles que apoiavam e admiravam Lauro Sodré ajudavam Cipriano Santos na manutenção da Folha do Norte e na sua circulação “alem das fronteiras paraenses”, através da rede fluvial e marítima.

Em 1912, com a crise política que culmina com a saída do poder de Antonio Lemos, nos novos arranjos políticos chega ao poder em 1914, Enéas Martins, “candidato e eleito por acordo unânime de três partidos, Republicano, Conservador e Federal”. Na época, ligado ao Partido Republicano Federal, Cipriano Santos acaba se desentendendo com o então governador Enéas Martins com quem rompe politicamente, de acordo com Ricardo Borges. Nesse contexto, ironicamente, a mesma Folha do Norte que Martins ajudara a fundar, agora se volta contra este, uma vez governador.”

FONTE: Lacerda, Franciane Gama, Migrantes cearenses no Pará: faces da sobrevivência (1889-1916) – Tese de Pós-Graduação em História Social. USP. 2006.

“Ele fundou o jornal, em 1896, principalmente para combater o principal líder político local em ascensão, Antonio Lemos, e sua A Província do Pará, um dos melhores jornais do Brasil nessa época, além de defender o Partido Republicano Federal, chefiado por Lauro Sodré. A Folha ficou sob o controle de outro dos seus sócios nessa empreitada, Cipriano Santos. Em 1917 foi a vez de Cipriano pular o muro, se elegendo senador estadual (o equivalente atual do deputado estadual) e intendente (prefeito) de Belém. Seu lugar foi ocupado pelo então revisor de provas do jornal, Paulo Maranhão, que comandaria a Folha do Norte durante meio século, até morrer, em 1966.”

FONTE: http://www.observatoriodaimprensa.com.br/news/imprimir/56188

FONTES DAS IMAGENS:

Feitosa, Dantas de. Fundamentos Históricos do Poder Legislativo do Grão-Pará. Editora CEJUP-Belém-Pa, 1999.

MEIRA FILHO, Augusto. “Mosqueiro Ilhas e Vilas”- ED. GRAFISA, 1978

segunda-feira, 10 de março de 2014

JANELAS DO TEMPO: NO TEMPO DO NAVIO DA LINHA



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Embarque em Mosqueiro para Belém | 2. Praça da Igreja Matriz | 3. Trapiche de desembarque em Mosqueiro / Belém, estudo da geografia urbana - Antonio Rocha Penteado (1965)

"Os que se destinam ao Chapéu Virado, ao Murubira, ao Ariramba, ao Carananduba, disputam os melhores lugares [no ônibus]. Os carros não são maus e as estradas estão bem conservadas. O percursos é feito mais ou menos com rapidez. O tempo que se perde é nos desembarques. Os veranistas vão ficando e com eles o motivo da demora: malas, sacos, ranchos de mercadorias. Paga-se ao próprio motorista, no momento de apear. Todos os choferes e ônibus são chamados ‘Mascarenhas’.
Os carros descem para a Vila às 5 [da manhã]. O primeiro é das compras. Foi nele que tomamos passagem. Antes de chegar ao hotel do Farol, já estava quase lotado. Mas aí se deteve. O chofer buzinava várias vezes. Temos de assistir a uma cena curiosa e comum no interior. O carro continuava parado e a buzinar. Um serviçal vem do hotel e deposita um pequeno volume ao ônibus. O cinesíforo fala:
- Diga ao dr. que não demore, tenho um frete a fazer. Todos os dias é isto. Ainda se fosse algumas vezes…
O sr. nada. A buzina funciona. Os passageiros pacientemente aguardam que o carro prossiga a viagem. O chofer resolve ir em busca do dr. e deixa o veículo. Daí a pouco volta.
- Acordou agora.
Finalmente o dr. chegou. Ninguém reclama. Perdêramos 10 ou 15 minutos. O auto parte velozmente. Quase 6 horas. Uma brisa fresca eriça de leve a superfície das águas tranquilas. Seis e trinta. O Almirante Alexandrino desatraca. Lenços se agitam”.
Crônica da Folha do Norte em 1947. In: Jornal Pessoal, 1ª Quinzena de Junho/2013
FONTE: http://fragmentosdebelem.tumblr.com/page/8








sexta-feira, 7 de março de 2014

CARNAVAL NA ILHA: CONCURSO DE ESCOLAS DE SAMBA

Escola de Samba Peles Vermelha, Campeã do Carnaval da Ilha do Mosqueiro em 2014.


Universidade de Samba Piratas da Ilha, Vice-Campeã do Carnaval da Ilha do Mosqueiro em 2014.


No Concurso realizado no dia 02 de março, o primeiro promovido pela LIMES (Liga Mosqueirense das Escolas de Samba), a grande Campeã foi a Escola de Samba Peles Vermelha, que desenvolveu, na avenida, o enredo Mastro de São Pedro – a tradição nos ombros do povo mosqueirense. No cômputo geral, a agremiação carnavalesca mais antiga da Ilha do Mosqueiro agradou ao público e aos jurados e conquistou 106 pontos em seu desfile, que lhe garantiram a vitória bastante comemorada por seus apaixonados integrantes.


Escola
Penal.
Bateria
Enredo
Samba
Alegoria
Baianas
Fantasia
E.S.P.V.
   -2
    10       
    10
   10
    10
    10
     10
U.S.P.I.
    -
     10
      9
   10       
  10       
    10     
       9
E.S.E.M.
   -2
      8
      9
    9      
    10
      9
       9

Escola
Evolução
Harmonia
Com. de Frente
M-Sala e P-Band.
Porta-Estandarte
Total Geral
E.S.P.V.
      9
     10
    10
       9
      10
   106
U.S.P.I.
      9        
     10  
    10
       9
        8   
   104
E.S.E.M.
      8
       8
    10
     10
        9
     97



terça-feira, 4 de março de 2014

CARNAVAL NA ILHA: DESFILE DA E. S. ESTAÇÃO PRIMEIRA DE MARACAJÁ 2014

Após quatorze anos sem concurso de escolas de samba na Ilha do Mosqueiro, as agremiações do gênero voltaram a disputar o título de Campeã do Carnaval Mosqueirense, desfilando para um público entusiasta. Com a promoção da PMB, FUMBEL, LIMES e ADMOS, o evento aconteceu na noite do dia 02/03/04, domingo passado. A Escola de Samba Estação Primeira de Maracajá, vice-campeã do último concurso em 1999, realizou a apresentação inicial.