sexta-feira, 31 de janeiro de 2014

JANELAS DO TEMPO: PASTELZINHO DO OLIVEIRA: DE MOSQUEIRO A BELÉM


 
Autora: Patrícia Ventura


Olá leitores,

Hoje vou falar um pouco deste pastel. Pastelzinho do Oliveira. Eu tinha por volta de meus 8 anos e frequentava a bucólica Ilha do Mosqueiro com meus pais. Tenho tantas histórias para contar desta época. No Ariramba, onde ficávamos havia algumas moradoras bem idosas. Lembro do nome de uma. A dona Janoca. Parece que tem até uma ruela com esse nome. Lembro das histórias que minha avó, D. Moça, contava acerca da lenda da Matinta Pereira e a gente criança, aqui em Belém, não tínha medo. Mas ao irmos para o Mosqueiro parecia que a gente adentrava a floresta Amazônica. Parecia que lá a lenda era real. Ficávamos com muito medo, ouvíamos o xeque-xeque dos calangos verdes e azuis no telhado das casas e por cima das folhas secas que caiam ao chão. O silêncio da noite era grande. O barulho das ondas do mar quebrando aquele silêncio fazia presença marcante no entorno das vivendas da beira da pista. Sempre ficávamos na Vivenda Nossa Senhora de Fátima, chalé antigo no Ariramba. Nossa criancice não nos permitia saber por que e como estávamos ali, entretanto, estávamos, então era hora de aproveitar. Circundando a nossa vizinhança, tínhamos um vizinho muito simples, bom, alegre, carismático, que viria a se tornar famoso pelo delicioso pastel que comercializava e até hoje comercializa na bela ilha: o Sr. Oliveira.

Minha família muito amiga deste ilustre senhor. A gente criança só tem interesse para ir ao local quanto se tem um motivo tão atrativo e gostoso como esse. Nos meus cálculos estes fatos têm 42 anos. Idade que conheço e saboreio o Pastel do Oliveira.

O Sr. Oliveira foi convidado para o meu casamento; lembro-me até do presente que ganhei dele, há 32 anos, direto do túnel do tempo: uma bandeja grande de inox, que uso até hoje em minhas festas. Confesso que ia a Mosqueiro para aproveitar de tudo um pouco, mas a ideia de comer o pastel era sempre a primeirona; tudo bem eu gosto de comer mesmo rsrs!!

Também lembro do Xavico, o filho do Sr Oliveira; éramos (somos) praticamente da mesma idade, com a diferença de um ano mais ou menos... Ainda lembro quando recebemos a noticia do falecimento do Seu Oliveira...
O pastel continuou na bela Ilha do Mosqueiro, tornou-se conhecidíssimo. Tenho 4 filhos, todos conhecem o pastel, a mais nova de 17 anos, a mais traquina, (diga-se de passagem) EXIGE todas as vezes que vai e já está a ensinar para a minha neta... Gosto de ver coisas superar décadas e gerações... Pode-se dizer que já faz parte da gastronomia turística de Mosqueiro.

O Xavico expandiu, inaugurou outras pastelarias na ilha e até mesmo aqui em Belém temos dois points onde podemos saborear a gostosura que se apresenta com recheio de carne e camarão, ao preço de $ 0,35 centavos a unidade...


FONTE:
http://simplesmentepatrecantista.blogspot.com.br/2013/10/pastelzinho-do-oliveira-de-mosqueiro.html

MOSQUEIRANDO: Para recordar Seu Oliveira, que iniciou a produção dos famosos pasteizinhos, reconhecidamente uma tradição na história da Ilha, publicamos a foto abaixo cedida por Graciliano Ramos:

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PESQUISE NESTE BLOG:
http://mosqueirando.blogspot.com.br/2012/08/janelas-do-tempo-o-ponto-certo-do.html














quarta-feira, 29 de janeiro de 2014

A IMAGEM E O TEMPO: ILHA DO MOSQUEIRO NA DÉCADA DE 1960




O filme é mudo, mas apresenta letreiros explicativos, a exemplo: “Chega o iate São Cristóvão de propriedade do Sr. Rodolfo Chermont, conduzindo convidados especiais.”.
Ver postagem original, com três anos, no Vimeo, sob o título Ilha do Mosqueiro (Belém Para); sem menção à época ou à autoria, possivelmente postado nos EUA.

Observações:


Logo no início da película há uma placa pendurada ao pórtico anunciando CHÁCARA e dois outros nomes sem leitura, possivelmente: SANTA XXXXXXX.

No ponto 9:57 se vê o edifício Lilian Lúcia ao fundo, dando referência à localização da residência Chermont ─ apesar do documento se referir à Vila do Chapéu Virado, hoje se entende aquela praia como do Farol.

*O título original desta postagem era Ilha do Mosqueiro (Belém-Pará) na década de 1950, contudo, por plena concordância à observação do professor Fabiano Homobono de que o automóvel Willys, primeiro Aero a ser fabricado no Brasil, à semelhança do que aparece na Chácara ainda incógnita, só surgiria no ano de 1960, com a montadora Willys Overland do Brasil.


terça-feira, 28 de janeiro de 2014

NA ROTA DA HISTÓRIA: DOM MACEDO COSTA

 

Foi o Bispo do Grão-Pará Dom Macedo Costa quem nomeou o Padre Manuel Antônio Raiol para assumir a Paróquia de Nossa Senhora do Ó, na Freguesia do Mosqueiro. A designação aconteceu no dia 02 de abril de 1869 e o primeiro pároco da Ilha assumiu no dia 23 desse mesmo mês.

Conheçamos um pouco da vida desse Bispo, cuja história está ligada à história de nossa Ilha:

“DOM ANTÔNIO MACEDO COSTA
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Dom Antônio de Macedo Costa nasceu no engenho Nossa Senhora do Rosário de Copioba, Maragogipe, em 7 de agosto de 1830.
Seus pais foram José Joaquim de Macedo Costa e Joaquina de Queirós Macedo.
Ingressou no seminário da Bahia no dia 31 de dezembro de 1848. Fez os seus estudos eclesiásticos na França, no período de 1852 a 1854, no Seminário de Saint Celestin, em Bouges; e de 1854 a 1857, no Seminário de São Sulpício, em Paris. Ordenou-se presbítero no dia 19 de dezembro de 1857, aos 27 anos, em Paris, pelas mãos do Cardeal Arcebispo de Paris, François Nicholas Madeleine Morlot (1795-1862).
Doutorou-se em Direito Canônico pela Pontifícia Universidade Gregoriana, em Roma, no dia 28 de junho de 1859.

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Indicado para o episcopado pelo paraense Dom Romualdo de Seixas, Arcebispo de Salvador, o seu nome é apresentado pelo Imperador do Brasil Dom Pedro II à Santa Sé, no dia 23 de março de 1860.
No dia 20 de dezembro de 1860, o Papa Pio IX confirma a nomeação do Padre Dr. Antônio de Macedo Costa como o 10º. Bispo do Pará.
Dom Macedo Costa foi ordenado bispo no dia 21 de abril de 1861, pelas mãos do Internúncio Apostólico no Brasil, Dom Mariano Falcinelli Antoniacci, OSB (1806-1874).
Dom Antônio toma posse no bispado por procuração no dia 23 de maio de 1861; chega a Belém no dia 24 de julho. Sua entrada solene na Catedral deu-se a 10 de agosto. Faz publicar no mesmo dia de sua entrada sua primeira Carta Pastoral, com data de 1º. de agosto.
Durante seu governo episcopal ocorre a chamada “Questão Religiosa”. No dia 28 de abril de 1874, Dom Macedo Costa foi preso e condenado a quatro anos de prisão com trabalhos forçados por crime de sedição; com ele estava Dom Vital Maria Gonçalves de Oliveira, bispo de Olinda e Recife.
No dia 26 de junho de 1890, Dom Antônio é transferido para a Arquidiocese de São Salvador da Bahia.
Faleceu em Barbacena, Minas Gerais, no dia 20 de março de 1891, antes de ocupar o sólio primacial.”

FONTE DOS DADOS E DAS IMAGENS:
Sobre a nomeação do Padre Manuel Antônio Raiol como Primeiro Pároco do Mosqueiro, feita pelo Bispo D. Macedo Costa, o professor da UFRJ Donato Mello Junior, assim declarou em 1978:

“Manuel Antônio Raiol foi o nome desse padre que, por dez anos, pastoreou suas ovelhas mosqueirenses até seu falecimento em princípios de julho de 1878, portanto há cem anos.
Anotáramos, de passagem, seu nome entre múltiplos outros, há alguns anos, ao pesquisarmos no Arquivo Nacional fatos ligados ao bispo D. Antônio de Macedo Costa, no fundo pouco conhecido, mas riquíssimo para a história do clero no Brasil, que é a coleção Eclesiástica, formada no século XIX. Como se sabe, na nossa organização imperial, a Igreja era diretamente ligada ao Estado, no regime do padroado, sistema que, às vezes, ocasionou sérios problemas administrativos e religiosos culminados na famosa “Questão Religiosa”.
No Império, o Bispo indicava ao Imperador nomes para a escolha de párocos e membros do Cabido, cabendo a este escolher, por decreto, um dos candidatos constantes da lista episcopal.
Na rotina de D. Macedo Costa, ele não só indicava como opinava sobre os opositores e apontava quem deveria merecer o decreto de apresentação..., o que chegou a ser objeto de restrição na Secretaria do Ministério do Império, que defendia o direito de livre escolha por parte do Imperador. Compreende-se, no entanto, o interesse episcopal no indicar ao Soberano seu candidato pelo fato de ele depois ficar sob suas ordens.”

FONTE: MEIRA FILHO, Augusto. “Mosqueiro Ilhas e Vilas”- ED. GRAFISA, 1978- pp. 549 e 550.

PESQUISE NESTE BLOG:
http://mosqueirando.blogspot.com.br/2010/10/janelas-do-tempo-freguesia-do-mosqueiro.html



























segunda-feira, 27 de janeiro de 2014

CANTANDO A ILHA: MOSQUEIRO É MEU LUGAR

 

Autor: Renato Vieira

 

Mosqueiro é uma Ilha bonita

bonita de se encantar

Quem vem pra cá logo sente

vontade de aqui ficar.

 

Ariramba, Farol, Murubira,

Chapéu Virado, quem não quer nadar

São Francisco, Baía do Sol e do Bispo

Mosqueiro é o meu lugar.

 

Vem mosqueirar, amor

Vem mosqueirar, meu bem

Viver de tudo que a nossa Ilha pode oferecer

 

Essa Mosqueiro que encanta a todos que vêm conhecer.

FONTE: http://blogandonoabel.blogspot.com.br/p/801.html

sexta-feira, 24 de janeiro de 2014

NA ROTA DA HISTÓRIA: D. PEDRO II, A CONDESSA E A ILHA

 

Foi na tarde chuvosa do dia 5 de abril de 1876 que o elegante navio “Hevelius” adentrou as águas do rio Pará em busca do porto de Santa Maria de Belém. A bordo, D. Pedro II, o Imperador do Brasil, acompanhado de sua esposa Dona Thereza Christina, estava em viagem aos Estados Unidos da América. Ao entardecer, o Presidente da Província do Grão-Pará, Dr. Francisco Maria Corrêa de Sá e Benevides, encaminhou ao monarca mensagem de felicitação por meio de representantes da Assembleia Legislativa. A Comissão de Deputados que foi cumprimentar o Imperador no navio estava assim constituída: Manoel Rocque Jorge Ribeiro, Dr. Ambrosio Philo-Creão, Dr. José Ferreira Cantão, Dr. Guilherme Francisco Cruz, Dr. Miguel Lucio de Albuquerque Mello, Ten-cel. Custodio Pedro de Mello Freire Barata, Coronel José do Ó de Almeida, Dr. Manoel Odorico Nina Ribeiro, Dr. Augusto Thiago Gonçalves Pinto, Dr. Antonio Joaquim Gonçalves Tocantins e Capitão João Victor Gonçalves Campos.

FONTE: Dados colhidos em Fundamentos Históricos do Poder Legislativo do Grão-Pará- ED. CEJUP, 1999- pp. 86 e 87.

Na carta que D. Pedro II escreveu à Condessa de Barral falando de sua passagem por Belém, o Imperador faz referência à Ilha do Mosqueiro.

“O professor Donato Mello Júnior, sabendo de nosso interesse pelos fatos históricos da Ilha do Mosqueiro em estudo neste volume, informou-nos de uma passagem encontrada no livro de R. Magalhães Júnior (D. Pedro II e a Condessa de Barral 1956) à página 169 – referência de D. Pedro II ao Mosqueiro, quando de sua vinda ao norte do país em demanda dos Estados Unidos. Contudo essa citação assinalava: “Mosqueira” (com a). Diante de nosso desejo sobre esse assunto, Donato foi a Petrópolis, conferindo a Carta (no original) no Museu Imperial. Ali – ele próprio – constatou na letra (não muito caligráfica) do Imperador a expressão “Mosqueiro” (com o); além disso, procurou ler a mesma carta no exemplar do Museu Imperial do Livro de Magalhães Jr., vendo diversas correções do autor, “por imperfeição de transcrição”, sem que a palavra “Mosqueira” tivesse sido corrigida. Observou, igualmente, no livro de Alcindo Sodré – que transcreveu também a carta-diário de referência – e lá estava certo o nome: “Mosqueiro”! Conclusão: o engano foi de Magalhães Júnior.”

FONTE: MEIRA FILHO, Augusto. “Mosqueiro Ilhas e Vilas”- ED. GRAFISA, 1978- p. 435.

Quem foi a Condessa de Barral?

“A grande paixão de dom Pedro II

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Era comum que os monarcas tivessem uma amante – ou várias – mas Luísa Margarida Portugal e Barros viveu uma história especial. Luísa, a condessa de Barral, ficou 34 anos ininterruptos com o imperador dom Pedro II e conseguiu despertar a paixão que ele não sentia nem mesmo pela própria esposa, Teresa Cristina de Bourbon.

Educada e elegante, Luísa tinha uma beleza rara: era magra, sabia se vestir e seguir a moda da França. A imperatriz, por sua vez, era uma mulher sem nenhuma cultura e com um visual pouco atraente. “Costumo dizer que Luísa não foi amante do imperador, mas sim sua grande paixão”, diz a historiadora Mary Del Priore, que acaba de lançar o livro Condessa de Barral: a paixão do imperador – uma biografia da vida de Luísa.

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Nobreza e impunidade

O casamento mal-sucedido de dom Pedro II contribuiu para que ele se apaixonasse por outra mulher: no século 19, os casamentos eram arranjados, regra a que o imperador não fugiu. Enviaram a dom Pedro II a pintura de uma morena belíssima em frente a uma paisagem na cidade de Nápoles, na Itália. Ele se apaixonou pelo retrato da pretendente e aceitou se casar com a moça. Contudo, quando ela chegou, o imperador teve um ataque de choro ao ver uma mulher bem diferente da do retrato. Era o pontapé inicial para que ele buscasse entretenimento fora do matrimônio.

Ao contrário do que se pensa, dom Pedro II não era como o avô, dom João, que corria atrás de qualquer mulher e chegou a ter 50 filhos bastardos. O príncipe, que precocemente virou rei, era tímido. “Quando conheceu Luísa, foi como se as portas do palácio se abrissem para ele. Ele passa a ter informações sobre arte, livros, teatro e cultura, porque ela foi uma mulher criada na França, que estava antenada com o mundo”, afirma a historiadora.

Por meio do diário de Luísa, escrito quando ela era jovem, Mary reconstruiu a biografia da mulher que encantou o imperador. O documento está no arquivo do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro. A historiadora também usou no livro os relatos do diário da maturidade da condessa, em exposição no Museu Imperial de Petrópolis. “Pela mala diplomática, os dois trocavam os diários para escrever observações sobre os próprios escritos de cada um. Era a maneira de um ficar sabendo da vida do outro e também de interferir quando necessário. Como Luísa tinha uma vida social ativa, ele deixa escrito no diário que não gostava de a ver sair. Mostra realmente o amor e os ciúmes que sentia pela condessa.” Em entrevista à Gazeta do Povo, Mary Del Priore conta como foi a vida do imperador e de sua amante.

Luísa também era casada. Esse “escândalo”, principalmente para a época, nunca se tornou público?

No círculo familiar e no palácio a relação de ambos era conhecida. O romance veio a público no final do século 19, durante a campanha republicana. Os jornais, que sempre tiveram liberdade de imprensa no período de dom Pedro II, começaram a falar do assunto quando a condessa de Barral (que estava na França) veio para o casamento do filho, no Brasil. Começaram a aparecer notícias picantes, charges. Vários republicanos, que eram autores de peças teatrais, começaram a fazer peças sobre o triângulo amoroso.

Como Luísa virou preceptora da família de dom Pedro II (o que tornou possível os dois se conhecerem e serem amantes)?

Ela se casou com o visconde de Barral na França, onde ela vivia desde muito jovem, porque foi enviada pelos pais para estudar. Ambos se mudaram para o Brasil, porque Barral não era de uma família muito rica. Porém, os pais dela eram donos de muitos engenhos na Bahia. O problema é que veio a crise do açúcar e Barral fica sem emprego. Luísa começou, então, a trabalhar como preceptora da irmã de dom Pedro, Francisca de Bragança, a qual indicou, futuramente, Luísa para cuidar das duas princesas, filhas do monarca, Leopoldina e Isabel.

Como foi o romance deles?

Eles se encontravam às escondidas. Principalmente em Petrópolis, onde Luísa havia alugado um chalé. Certamente também se viam no Palácio de São Cristóvão, no Rio de Janeiro, que na época parecia uma grande fazenda. Nos diários também encontrei uma passagem que fala de uma viagem que ambos fizeram juntos para a Grécia. Como eles liam os textos de autores gregos, sempre na companhia um do outro, dom Pedro dizia que seria um fato marcante poder estar junto com ela nessa viagem inesquecível.

A senhora cita no livro que a condessa de Barral se valeu da proximidade com o imperador para mandar e desmandar. Ela chegou a influenciar nas decisões que dom Pedro II tomou como governante?

Lamentavelmente, não. Digo isso porque a condessa era a favor do fim da escravidão e lutou muito para que isso acontecesse. Mas acredito que, pela mentalidade abolicionista dela e por ter cuidado de Isabel, ela pode ter contribuído para que a princesa levantasse essa bandeira. Por outro lado, Luísa ajudou dom Pedro em muitas outras coisas. Ele era um homem caipira, que não sabia se portar à mesa. Ele aprendeu com ela que os homens da Europa não costumavam bater nos ombros de outras pessoas, que era preciso se vestir bem e limpar as unhas. Ele tinha um inglês atrapalhado e ela dizia para ele falar apenas francês, para não cometer gafes.

O marido de Luísa nunca se posicionou sobre o romance dela com o imperador?

Não. Como ela era preceptora de uma família importante, recebia vários convites para ir a bailes, mas sem o marido. No diário, ela conta que saía e chegava tarde e o visconde a ajudava a tirar a roupa, enquanto escutava as novidades da noite. Quando ele morreu, porém, há vários relatos dela indo limpar o túmulo do marido e levar flores. Acho que o sentimento de culpa existiu.

Como foi o relacionamento deles quando Luísa voltou para a França?

Ela vai morar novamente na Europa quando as princesas se casam. É o início das correspondências entre os dois. Também é o período em que o imperador se mostra mais apaixonado e saudoso. A distância, ao invés de afastá-los, vai virar um combustível para esse amor. Ele escreve que sonha chegar de balão até a janela do quarto dela. Dom Pedro começa a viajar muito para poder vê-la.

Como termina o romance entre os dois?

Acaba com a morte de ambos, depois de 34 anos de paixão. Ela morre de pneumonia e ele de complicações com diabete. Importante lembrar que, enquanto ele esteve exilado, foi o momento em que os dois voltaram a ficar mais próximos. Nessa época, ele escreve uma linda poesia a ela, dizendo que nada mais iria separá-los. Ele costumava colher flores e deixar na porta do quarto dela.

Por que antes nenhum outro historiador teve interesse em estudar, a fundo, a vida de Luísa?

Só agora a História vem descobrindo o prazer das biografias. É algo recente. Ao me deparar com a biografia da condessa de Barral fiquei fascinada. Tenho certeza que os outros pesquisadores também ficariam. Não é só a história de um indivíduo, mas estudamos a própria História do Brasil. São vários momentos presentes na vida de Luísa, como a Guerra do Paraguai, o momento da Abolição, o fim do Império e o início da República.

Livro Condessa de Barral, a paixão do imperador.
Editora Objetiva
Número de páginas: 264”

FONTE: http://www.gazetadopovo.com.br/vidaecidadania/conteudo.phtml?id=847936

quinta-feira, 23 de janeiro de 2014

A ILHA CONTA SEUS CAUSOS: UMA HISTÓRIA DA IARA

 

Narrativa do aluno Karlos Vinicius da Consolação (E. M. Remígio Fernandez)

Era uma vez um pescador que se chamava Tibúrcio. Era um senhor moreno, barba branca, unhas pretas de sujo, mas um pescador muito bom mesmo. Certo dia, ele saiu pra pescar no rio. Sentou-se numa pedra, pegou a isca e colocou no anzol e a linha na água. Quando sentiu mexer na isca, puxou a linha muito feliz, pensando que era um peixe. Olhou pro rio e era um sapo. Tentou, tentou, tentou três vezes e nada de peixe. Nem um só. Foi ver o relógio e já era oito da noite.

Foi aí que ele ouviu aquele canto de uma sereia. Ele pega e sai correndo e se esconde atrás de uma rocha bem grande. Fica lá esperando ela ir embora. Foi então que ele ouviu a voz:

-- Tibúrcio, sai daí. Não fica com medo de mim. Eu sou apenas uma sereia do bem!

Ele falou:

-- O que é que você quer comigo, heim! sua sereia?

-- Se você quer peixe, venha cá!

Ele pegou e foi lá:

-- Eu quero sim. Por quê? Tu vai me dar peixe?

-- Não. Mas eu posso com os meus poderes fazer dar peixe no rio.

Ele foi e começou a pescar e pegou muitos, muitos peixes. Pegou e foi embora vender os peixes dele.

No outro dia, ele foi pescar de novo. Era meia-noite quando ouviu a Iara cantar. Depois, ela falou assim:

-- Vem cá! Você me quer?

Ele disse:

-- Quero sim!

-- Então vem me buscar, mas primeiro você tem que arranjar um vestido branco.

Ele correu, foi a casa dele pegar o vestido pra ela e voltou. Ela vestiu aquele vestido todo branco e foi embora com ele, Felizes para sempre!

segunda-feira, 20 de janeiro de 2014

JANELAS DO TEMPO: DIA 20 DE JANEIRO

 

Exatamente há 178 anos, na data de hoje, acontecia, às proximidades do atual Trapiche da Vila, a primeira tentativa de invasão do Mosqueiro pelas tropas legalistas sediadas na ilha de Tatuoca. Foi uma tentativa frustrada, pois os cabanos entrincheirados nas areias da praia conseguiram impedir o desembarque dos soldados imperiais. Só no dia seguinte, as tropas comandadas pelo Major Manuel Muniz Tavares, apoiadas pelos navios de guerra “Independência” e “Brasília”, conseguiriam pisar as areias do Chapéu Virado, palco de uma das mais sangrentas batalhas da Cabanagem.

E foi em 1879, neste dia, que começou uma das mais antigas manifestações populares da Ilha do Mosqueiro: a Festividade de São Sebastião da Praia Grande, promovida pela Família Oliveira.

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DONA WANDA DE OLIVEIRA E A IMAGEM DE SÃO SEBASTIÃO

Para conhecer melhor a história da Festividade na Ilha, pesquise neste blog:

http://mosqueirando.blogspot.com.br/2011/01/janelas-do-tempo-sao-sebastiao-da-praia.html

CANTANDO A ILHA: Gosto de ti de qualquer jeito

 

Autora: Erica Jaqueline

 

       Sorrindo ou chorando

            Linda ou feia

         Verde ou amarela

            Rica ou pobre

           Doce ou amarga

            Limpa ou suja

Com mares de cabelos ondulosos

    Ou com o mar descabelado

      Branca ou cor de canela...

 

   Gosto de ti de qualquer jeito

 

        Com rimas ou remos

De qualquer jeito remando as ondas

    De nossa menina Mosqueiro

 

FONTE: Erica Jaqueline. Meus poemas e meus Versos”- ED. Delta, 2007- p. 27.

sexta-feira, 17 de janeiro de 2014

A IMAGEM E O TEMPO: “PRAIA GRANDE DE OUTRORA*

 

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Nosso Blog é incansável no que diz respeito a pesquisas que ajudem a desvendar um pouco mais sobre aspectos de nossa terra, de nossa gente, de nossa história. Alimentar o sentimento de pertença a nosso torrão natal, frequentemente também preocupados com a criticidade, é propósito ao qual damos importância fundamental.

Esta foto foi ‘baixada’ do sítio virtual www.delcampe.net , onde outros postais da Ilha, raríssimos, antigos, belos e saudosos podem ser encontrados, para nossa alegria. Até o momento, estimamos que se trate de imagem clicada pelos fins da década de 1960 e meados da década de 1970. A Praia Grande é um nicho de melancólicas lembranças. Sonhamos que a Natureza possa se refazer e nos trazer de volta esta beleza de faixa arenosa tão frequentada e adorada por seus banhistas. Nossas pesquisas continuarão. Um abraço aos leitores deste Blog.”

*FONTE: http://ptdemosqueiro.blogspot.com.br/2013/12/praia-grande-de-outrora.html

sábado, 11 de janeiro de 2014

CANTANDO A ILHA: CHEGADA

 

Autor: Prof. Alcir Rodrigues

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De mãos dadas com o sonho,

e acompanhada pelo vento

e o som das ondas,

ela volta para casa,

utopia

de refúgio e descanso.

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Sim, a cabana Yndaí

ainda esta ali,

situada em um Farol

sem tempoespaço,

--mítico--

com todos seus habitantes:

Georgina e André,

Maria e Raimundo,

e Wolney, que está

de chegada de Belém.

 

A menina entra,

a porta se fecha,

um novo sonho

começa a ser

sonhado...

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A Joana chegou:

uma suave voz se ouve.

Sorrisos largos se abrem.

Seus olhos se enchem de luz.

 

MOSQUEIRANDO: O poema é uma homenagem póstuma que o professor-poeta dedica a sua mãe Joana Vasconcelos, recentemente falecida. O sentido metafísico do texto repousa na antítese triste partida/alegre chegada e revela que a morte é uma simples passagem nas dobras do tempo/espaço entre dois mundos de sonhos, que coexistem paralelos, cíclicos e infinitos.

quinta-feira, 9 de janeiro de 2014

MEIO AMBIENTE: VIDA SUSTENTÁVEL

 

Esta pergunta foi vencedora em um congresso sobre vida sustentável:

 

Todo mundo está “pensando”

em deixar um planeta melhor

        para nossos filhos...

  Quando é que se “pensará”

em deixar filhos melhores para

         o nosso planeta?

 

                       Passe adiante!

Precisamos começar JÁ! Ou corremos o sério risco de largarmos o mundo para um bando de analfabetos, egocêntricos, alienados e sem a menor noção de vida em sociedade e respeito a qualquer regra que seja!

segunda-feira, 6 de janeiro de 2014

NA ROTA DA HISTÓRIA: ALCINDO CACELA E A ILHA


 
“Com a Constituição de 1934 e a marcação das eleições gerais estabeleceu-se uma dissidência entre Barata que chefiava toda a parte administrativa do Estado e Abel Chermont, que se encarregava da parte política do Partido Liberal. Em conseqüência dessa dissidência, Getúlio Vargas que estava na presidência da República nomeou o major Carneiro de Mendonça como interventor, com a missão de encontrar uma solução para a crise política. Dessa disputa acirrada pelo poder, acabou sendo eleito José Carneiro da Gama Malcher que, depois de governador, passou a ser interventor do Pará, indicado por Getúlio Vargas já na época do Estado Novo. E Malcher ficava assim no governo do Estado até 1943, governando com uma coligação provisória articulada para derrubar a influência política de Barata.”
FONTE: Monteiro, Benedicto. “História do Pará”- ED. AMAZÔNIA, Belém-PA, 2005 - p. 180.
E foi o interventor militar Major Roberto Carneiro de Mendonça que nomeou Alcindo Comba do Amaral Cacela Prefeito Municipal de Belém para administrar a cidade nos anos de 1935 e 1936.



“As escadarias e o muro de arrimo da praia do Bispo – uma obra valiosa do Intendente Alcindo Cacela.
MEIRA FILHO, em seu livro: “Mosqueiro Ilhas e Vilas”- ED. GRAFISA, 1978, relata que foi o intendente de Belém Alcindo Cacela quem mandou construir, no ano de 1936, o Muro de Arrimo que se estende da praia do Bispo até o trapiche, protegendo os barrancos da Vila da força das marés, além da construção das belíssimas escadarias do Bispo.
Nunca é demais lembrar que Alcindo Cacela era frequentador assíduo de Mosqueiro e, em especial, da praia do Bispo, já que a residência (Chalé) oficial da Prefeitura estava localizado nesta praia – Chalé que funcionou como escola conveniada: “Educandário Nazareno”, administrada por uma falsa freira na década de 1980 e que, hoje, é patrimônio abandonado e em ruínas da Prefeitura Municipal de Belém.
O senhor Wolney Vasconcelos Dias (antigo morador de Mosqueiro entre as décadas de 1930 a 1950) relatou, em entrevista particular em 2008, que o Intendente de Belém, Alcindo Cacela, vinha inspecionar pessoalmente, aos finais de semana, as obras de construção do muro de arrimo e das escadarias da praia do Bispo. Segundo Wolney Dias, o muro foi construído usando como estrutura metálica os trilhos do Ferrocarril do português Arthur Pires Teixeira. Foi Cacela quem mandou aterrar a rua que surgiu na beira-mar (área da praia entre o muro de arrimo e as testadas dos terrenos), o rampeamento do final da 2ª Rua e da Travessa Comandante Ernesto Dias para a nova rua Beira-Mar.
Tais relatos de Meira Filho e do senhor Wolney Dias foram confirmados recentemente, graças ao trabalho árduo e incessante de pesquisa na web do Cássio Silva (Bacharel em Turismo e empresário/proprietário da loja Carinha de Anjo) e do professor Alcir Rodrigues (professor de Língua Portuguesa da E.E. Honorato Filgueiras), que localizaram fotos antigas (verdadeiras relíquias da História de Mosqueiro) que datam de momentos próximos da inauguração das obras de Alcindo Cacela na orla do Bispo. Seguem abaixo as fotos das escadarias e do Caramanchão do Bispo:
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Escadarias do Bispo: perceba que, na lateral direita da foto, aparecem várias carradas (monturos) de aterro usadas para aterrar a área da atual quadra de esportes e da nova rua Beira-Mar. A foto confirma as informações descritas no texto acima do senhor Wolney Dias. Pequeno detalhe a observar, na lateral “esquerda” abaixo da foto (não podia ser “direita”, é claro!): na atualidade está localizada a famosíssima barraca “Emphata’s Phodas”.
Comentário bobo do blog: parece que o Intendente Alcindo Cacela deixou esse espaço reservado para importante espaço político-cultural no futuro! Vai  ver que o Cacela tinha inspirações de esquerda e revolucionárias.”
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Caramanchão do Bispo: vista da parte de cima com a praia ao fundo. Veja o capricho das colunas com vasos e calçada revestida com pedras da praia. Outro aspecto interessante: há três luminárias no ripamento do Caramanchão.
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Caramanchão  do Bispo: foto mais aberta que a de cima. Veja que ainda não havia o canhão! E parece que nem o traçado da atual 2ª rua, com a rua dos Escoteiros.
Os relatos do Meira Filho e do Wolney Dias, associados às fotos acima, permitem a compreensão de que, com as obras do Alcindo Cacela (em 1936), a orla do Bispo foi literalmente a primeira praia a ser urbanizada em Mosqueiro. Parabéns! Cássio e Alcir, o achado de vocês contribuiu valorosamente  para a compreensão de um trecho da História da “Bucólica”.”

FONTE: trechos de
http://ptdemosqueiro.blogspot.com.br/2013/01/as-escadarias-e-o-muro-de-arrimo-da_23.html
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Ruínas do antigo casarão da Prefeitura Municipal de Belém, que foi habitado por Alcindo Cacela, onde funcionou a Agência Distrital (provisoriamente) e o Educandário Nazareno (Foto: Christopher Bahia).



















sexta-feira, 3 de janeiro de 2014

NA ROTA DO TURISMO: DESENVOLVIMENTO E SUSTENTABILIDADE DA ILHA DO MOSQUEIRO

 

Com o apoio da Fundação Júnior Dicasa, do SEBRAE, da Secretaria de Estado da Pesca e Aquicultura (SEPAQ) e da Faculdade Maurício de Nassau, a FUNDAÇÃO CAMBOA realizará, nos dias 16 e 17 de janeiro, Workshop sobre o Desenvolvimento e Sustentabilidade da Ilha do Mosqueiro.

O local do evento será o Auditório do Hotel Pousada das Arirambas, na Estrada São Francisco, nº. 8247, em Mosqueiro. Nos dias previstos, a partir das 8h, acontecerão diversas palestras e debates inerentes ao tema, visando ao desenvolvimento sócio-econômico da Ilha, além de uma programação cultural com grupos de dança, bandas de música e artistas locais. Contatos pelos fones (91) 3772-2020, (91) 8185-3010, (91) 9608-2664, (91) 9966-8302.

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A FUNDAÇÃO CAMBOA foi criada na Ilha para:

“Elaborar, desenvolver e conduzir programas de atendimento integral, que incluem a profissionalização, economia, educação e valores éticos sociais de todos do distrito de Mosqueiro.

Selecionar e preparar pessoal técnico necessário à execução dos programas sócio-econômicos e aprimorar a sua capacidade em elaborar novos projetos que venham trazer um bem-estar para toda a sociedade.

Participar de programas comunitários e estimular a comunidade no sentido de obter a sua indispensável colaboração para o desenvolvimento de programas social e/ou cultural, educacional e profissional da sociedade do distrito.

Manter intercâmbio com entidades que se dediquem às atividades que desenvolve no âmbito social, celebrando convênios e contratos com as mesmas sempre que conveniente e/ou necessário à humanização de sua política ou ao cumprimento de seus objetivos, principalmente para atuar como co-gestora nos novos projetos sócio-econômico e sócio-cultural da Ilha, que serão administrados pela FUNDAÇÃO CAMBOA.

OBJETIVO: Com esta argumentação é que a Fundação Camboa tem como objetivo atender as comunidades locais, proporcionando melhoria na qualidade de vida das pessoas por meios de ações sociais, conscientizar o indivíduo diante do papel que ele desenvolve na sociedade e mudar a realidade em que vive. Tudo em busca do bem comum.” (Fundação Camboa)