sexta-feira, 4 de abril de 2014

CURIOSIDADES: SERIA BELÉM TRANSPLANTADA PARA A ILHA DO MOSQUEIRO?

 

Você já se perguntou alguma vez por que a cidade de Belém do Pará não foi fundada na Ilha do Mosqueiro?

Adentrando a foz do grande rio, os navios de Francisco Caldeira Castelo Branco depararam-se com a costa norte da Ilha do Mosqueiro, banhada pela baía do Sol, região que impressionou os navegadores portugueses, conforme relata o Prof. Eduardo Brandão na revista Ilhas amazônicas (p. 9):

“Dando prosseguimento a sua viagem, os navegadores atravessaram a baía do Sol e a ilha de mesmo nome, hoje conhecida como ilha de Colares. Em relato feito para o rei D. João V pelo funcionário da Coroa Bernardo Pereira Berredo, neste momento, deparam-se com uma região considerada o lugar mais apropriado para a conquista e povoação e “um dos mais agradáveis lugares desta Costa para fundar uma cidade” segundo o padre José de Morais, que acrescenta em seguida “a não serem seus mares tão inquietos que faziam dificultoso o desembarque das naus do reino e embarcações da terra, por ser açoutada toda aquela Costa das grandes maresias da tarde, algumas vezes com trovoadas”.”

As palavras do padre José de Morais esclarecem por que o local não foi escolhido para a fundação da cidade. Entretanto, vinte e um anos depois, cogitaram em transplantar o núcleo urbano de Belém para a Baía do Sol, segundo pesquisa de Antonio Rocha Penteado, em seu livro BELÉM – Estudo de Geografia Urbana (pp. 108 e 109):

O comércio de Belém, nas suas relações com a Europa, era bastante precário; em 1694, faltava quase tudo, “até vinho para as missas” e a cidade era “mal provida de peixe por não haverem pescadores brancos e (serem) os índios geralmente preguiçosos...

Não é de admirar, portanto, que neste século XVII, tivesse havido duas tentativas para mudar a localização da cidade. A primeira ocorreu em 1633, quando o chefe das Forças da Capitania do Pará, Feliciano Coelho de Carvalho, recebeu a missão de transplantá-la para um novo sítio na baía do Sol, o que não fez “diante do embaraço clamoroso de seus habitantes, os quais não considerando receptíveis as razões de ser a cidade uma infante povoação e composta de domicílios pouco estimáveis e mal situada, refugam, positivamente, dar prasme ao projeto”.

A segunda tentativa foi levá-la para Marajó, onde se acha a aldeia de Joanes; data de 1655 e foi proposta por Vidal de Negreiros ao Rei de Portugal, encontrando “forte oposição do povo e do comércio”.

A resistência denodada dos “belemitas” a essas investidas asseguraram o enraizamento da cidade ao sítio que escolhera; a concessão feita aos seus habitantes de “privilégios iguais aos cidadãos do Porto, em paga pela campanha desenvolvida contra o holandês no Maranhão”, surtia seus efeitos e Belém iniciou o século seguinte dando as costas ao berço em que nascera, lançando-se, decididamente, pela “Campina”.”

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