quinta-feira, 28 de novembro de 2013

EVENTO RELIGIOSO: FESTIVIDADE DE NOSSA SENHORA DA CONCEIÇÃO

 

“A Paróquia de Nossa Senhora da Conceição, criada no dia 25 de agosto de 2008, pelo então Arcebispo Metropolitano de Belém, Dom Orani João Tempesta, está situada no Município de Belém, Distrito de Mosqueiro, com sede em Carananduba.

A Paróquia comprometida com a evangelização desenvolve suas atividades pastorais contemplando milhares de famílias, especialmente mulheres, crianças, jovens e idosos e pretende expandir com maior intensidade suas atividades neste período forte de maior evangelização que é a Festividade de Nossa Senhora da Conceição.

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A Festividade é um momento de cunho festivo e evangelizador aberto a toda a população mosqueirense e demais visitantes presentes na Ilha.

No período que acontece a Festividade, a animação é feita por bandas católicas. Aproveitando o momento, realizam-se vendas de comidas típicas e bingos, com o objetivo de captar recursos financeiros para ajudar nas obras sociais e missionárias da Paróquia.

Queremos como Paróquia de Carananduba viver este tempo de festa para toda a Igreja e comunidade paroquial.” (Pe. Francisco Nunes e Pe. Isan Vieira)

A Festividade de Nossa Senhora da Conceição teve início no dia 22 de novembro com a Caminhada da Alvorada e prolongar-se-á até o dia 01 de dezembro, com a Caminhada das Crianças e um Bingão no campo do Conceição E.C., além da Santa Missa dominical, que será celebrada às 7 e 19h.

A Procissão de Nossa Senhora da Conceição pelas ruas do bairro (centenária povoação da Ilha) aconteceu domingo, dia 24, com a participação de um grande número de devotos e várias autoridades.

Durante a semana, vem acontecendo extensa programação religiosa e também festiva destinada às famílias da comunidade e aos visitantes.

quarta-feira, 27 de novembro de 2013

A FICÇÃO E A ILHA: O BOTO E O CHAPÉU VIRADO

 

Autor: Salomão Larêdo

“Muitas vezes Chica fica olhando pro teto. Como pode ter sido vítima (?) de uma história que, desde pequena, sabe? Essa coisa passa de geração a geração, o boto continua fazendo das suas e com gente esclarecida, dentes firmes e fortes, brancos sem podridão na boca, ela está de dentes alvos e caiu nessa. Ela ri e chora. Ri, porque parece coisa de outro mundo e chora, porque está emocionada! Chica continua apaixonada, louca de amor, sempre foi assim, sempre será assim...

Ficou matutando e quis saber que título dar ao livro. Imaginou muitos e ficou contente, quando botou de “Chapéu Virado”! Por que será Chica botou esse nome?

Os pescadores disseram a ela que é nessa praia que o boto gosta de aparecer e fazer das suas. É nessa praia que ele vira o chapéu que sempre usa para esconder o buraquinho que ele tem no meio da cabeça. Chica não lembra de seu homem de sunga lilás usar qualquer coisa na cabeça. Usava ou não usava? Não lembra, mesmo.”

FONTE: LARÊDO, Salomão. “Chapéu Virado”- EDITORA SUPERCORES. Belém-Pa, 1997- pp. 160 e 161)

MOSQUEIRANDO: Para conhecer a história de Chica e o encantamento do boto no mágico cenário da ilha-paraíso, leio o livro de Salomão Larêdo. Note que, no texto acima, existe mais uma explicação para o nome Chapéu Virado atribuído àquela praia da Ilha.

O autor:

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Salomão Laredo (Cametá, 23 de abril de 1949) é um jornalista, advogado, poeta, contista e romancista brasileiro. Estudou no interior do Pará (Vila do Carmo, Mocajuba, Tucuruí, Baião e Cametá), depois em Belém e Garanhuns, cidade de Pernambuco. Formou-se em Direito, pela Universidade Federal do Pará e fez parte de movimentos político-estudantis e da publicação de jornais. Foi repórter, redator, editor e trabalhou nos jornais Folha do Norte, onde iniciou a publicação de textos, A Província do Pará e O Liberal e em agências de publicidade. Recebeu, por sua atividade literária, prêmios e menções honrosas do município São Bernardo do Campo (São Paulo), da Academia Carioca de Letras, no Rio de Janeiro e, em Belém, da Academia Paraense de Letras.

Salomão Laredo tem especialização em língua portuguesa, pela Universidade Federal do Pará, e mestrado em estudos literários, pela Universidade Federal do Pará; pela UNICAMP tem curso de extensão em direção geral de programas.

É atualmente advogado e trabalha na prefeitura municipal de Belém, onde já exerceu inúmeras funções, como de consultor jurídico da Secretaria Municipal de Saúde e Meio-Ambiente – Sesma e diretor-geral da Secretaria Municipal de Administração entre outras. É professor titular da Escola Superior da Amazônia, lecionando a disciplina Literatura Brasileira de Expressão Amazônica, com ênfase na literatura paraense.

Recebeu menção honrosa da Academia Paraense de Letras pelo seu livro de contos. Foi homenageado, em 2004, pela Secretaria Executiva de Educação (Seduc), por sua contribuição literária ao Estado do Pará. Recebeu medalhas e diplomas de diversas instituições paraenses por sua participação na cultura, entre as quais, Academia de Jornalismo, Conselho Estadual de Cultura do Pará.

Há quase trinta anos dedica-se à promoção da leitura, empenhado em formar leitores com consciência social crítica e política. É do conselho do comitê de leitura da Associação Nacional dos Jornais, coordenador do programa O Liberal na escola, que visa formar leitor crítico. Trabalha em prol do livro, leitor e leitura, de instalação de bibliotecas e da democratização do acesso ao livro, tendo inúmeros artigos publicados nessa área. Vem trabalhando na instalação de espaço de leituras nos barcos, canoas, cascos, motores, rabetas e lanchas no baixo-Tocantins, região de Cametá, na Amazônia e nos ônibus na região metropolitana de Belém.

Obras do autor:

· Senhora das Águas

· Sibele Mendes de amor e luta

· Guamares

· Remos de faia:

· As mil e uma noites amazônicas

· Águas tocantinas

· A Vingança da Amada nas Ardências da Amante

· Chapéu Virado – a lenda do boto

· O Prazer de Ler e Escrever - Ouvindo Histórias do Imaginário Amazônico

· Marcas D’água - aerotextos

· Timbuí - a lenda da anta – Conto

· Eu lhe direi sem embaraço – em parceria

· Vera – o romance - 2000

· Moiraba – a lenda do sapo – Conto

· Capitariquara e nas Conceição dos Araguaias

· Trapiche - aerotextos

· Lâmina Mea – mulher não chora ou Suzama matriz

· Matinta Perera

· Embaixo do Casco

· Amor Engarrafado

· Os papagaios do paruru

· Moju Moju meu amor

· Boiúna-me

· Matintresh

· Jibóia Branca via Tapanã/ Tenoné

· Palácio dos Bares

· Antonia Cudefacho - romance - encíclica cametaense -

· A garota que tentou bater na mãe com a vassoura e ficou seca, na hora

· Sarrabulho - a lenda da cobra Norato

· Cametá-Camutás - cadernos populares

· Os Fofós de Cametá

· Marabaenses

· Ilha das Flores

· A Família Larêdo - memória afetiva

· Lygia da Cunha Nassar - livro de memória

· Vila do Carmo - Paisagem de Afetos

FONTE: http://pt.wikipedia.org/wiki/Salom%C3%A3o_Laredo#Biografia

IMAGEM: www.portalcultura.com.br

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FONTE: http://slaredo.blogspot.com.br/

sábado, 23 de novembro de 2013

CARNAVAL NA ILHA: ESCOLAS DE SAMBA UNIDAS EM PROL DO CARNAVAL

 

Ontem à noite, dia 22 de novembro, na sede social do Parazinho E. C., reuniu-se a primeira Diretoria da LIGA MOSQUEIRENSE DAS ESCOLAS DE SAMBA (LIMES) para apresentar, ao público em geral e às autoridades, todos os seus membros eleitos e empossados.

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A nova associação, fundada no dia 26 de maio de 2013, é dirigida pelos senhores Luiz Carlos Lima Borges e Carlos Augusto Souza Santos, respectivamente nos cargos de Presidente e Vice-Presidente, tendo como objetivo prioritário desenvolver ações capazes de resgatar o carnaval-espetáculo, que era desenvolvido pelas escolas, anos atrás.

Participando desse momento histórico, usaram da palavra o Sr. Orlando Brito, representante do Sr. Agente Distrital do Mosqueiro Gilberto Nascimento, os vereadores Prof. José Elias e Eduarda Louchard, o Presidente da Liga Sr. Luiz Carlos Borges e os Presidentes de escolas de samba, Marcelo Okita, Miguel Júnior e Iracema Cezar.

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A LIGA é a concretização do sonho de antigos carnavalescos. A presença de muitos foliões garantiu o sucesso do coquetel de lançamento da nova entidade, uma festa muito bonita, da qual tivemos a honra de ser mestre de cerimônia.

Ficamos honrados também com a concessão do Primeiro Título de Sócio Benemérito da LIMES à nossa pessoa, outorgado pela Diretoria.

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Marcante também foi a participação da BATERIA SHOW, constituída por ritmistas das agremiações filiadas, a qual encerrou o encontro festivo, executando sambas-enredo que se destacaram no carnaval da Ilha nos últimos tempos.

quarta-feira, 20 de novembro de 2013

JANELAS DO TEMPO: LUÍS DA SOPA versus BAIANO

 

A eterna e cômica "briga" entre Luís da Sopa e Baiano, duas figuras folclóricas da Ilha do Mosqueiro/PA, cuja irreverência animava o Mercado Municipal nos velhos tempos, surpreendendo os fregueses desavisados. Ambos, já falecidos, eram movidos pelo espírito da gozação.

segunda-feira, 18 de novembro de 2013

CARNAVAL NA ILHA: EM BUSCA DOS ANTIGOS E MEMORÁVEIS DESFILES

 

As quatro grandes escolas de samba da Ilha do Mosqueiro deram um grande e decisivo passo para o retorno ao desfile-espetáculo que realizavam no passado e interrompido em 1999, o que representou um retrocesso nessa modalidade do carnaval mosqueirense, pois essas agremiações passaram a ter estrutura de bloco de abadá.

Assim, Peles-Vermelha, Piratas da Ilha, Estação Primeira de Maracajá e Universidade de Samba do Mosqueiro criaram e já regularizaram a LIGA MOSQUEIRENSE DAS ESCOLAS DE SAMBA (LIMES), fundada em 26 de maio de 2013, após anos de frustradas tentativas.

Além de representar as associadas junto ao Poder Público e às entidades privadas, a LIMES tem por objetivo orientar, coordenar e promover, junto às suas afiliadas – escolas do 2º. Grupo – seminários, palestras, cursos e outros eventos, visando a um carnaval organizado como espetáculo, critério essencial para a realização de concursos, o que deverá acontecer em 2015.

Na próxima sexta-feira, dia 22 de novembro, às 20h30, na sede social do Parazinho E.C., a nova associação e sua primeira diretoria serão apresentadas às autoridades em um coquetel de lançamento. A Diretoria eleita está assim constituída: Luís Carlos Lima Borges (Presidente), Carlos Augusto Souza Santos (Vice-Presidente), Raimundo Nonato Bentes da Silva (1º. Secretário), Edgar Silva do Amaral (2º. Secretário), Paulo Gilberto Cruz Furtado (1º. Tesoureiro), José Orlando Rocha de Lima (2º. Tesoureiro), Miguel Ferreira da Silva Júnior (Presidente do Conselho Fiscal), Iracema Cezar Jardim e Marcelo Álvares Okita (membros do Conselho Fiscal), Alcino Sebastião Santana da Silva, João Guilherme Gomes Brasil e Gerry Adriane Cabral Bitencourt (suplentes do C. Fiscal).

Indubitavelmente, a LIGA une as ESCOLAS em busca de seu principal objetivo: realizar um espetáculo, verdadeiro teatro ao ar livre, contando, representando e cantando temas culturais, históricos e político-sociais, através de sambas-enredo contagiantes, coreografias expressivas, alegorias criativas e fantasias representativas.

sábado, 16 de novembro de 2013

EVENTO POLÍTICO: DILMA FRUSTRA MOVIMENTO EMANCIPACIONISTA DA ILHA.


 
Após consultar o Ministério da Fazenda sobre o Projeto de Lei nº. 98 de 2002 – Complementar, a Presidente Dilma Roussef decidiu vetá-lo integralmente, embora a proposta de criação de novos municípios tenha sido aprovada pelo Senado.
Com certeza, a decisão presidencial frustrou diversas comunidades de Norte a Sul do país que veem, na municipalização, uma forma político-administrativa para melhorar a qualidade de vida nos lugares onde vivem.
Os argumentos apresentados para o veto são históricos: aumento expansivo do número de municípios; aumento de despesas com a manutenção da estrutura administrativa e representativa dos novos municípios; impactos negativos sobre a sustentabilidade e a estabilidade macroeconômica; maior pulverização na repartição dos recursos do Fundo de Participação dos Municípios (FPM).
O interessante é que o citado Projeto apresenta como medida obrigatória para a criação de um novo município a realização, por parte do Estado, de estudos técnicos de viabilidade. É evidente que novos municípios não devem ser criados de forma irresponsável para satisfazer a vontade de minorias. Entretanto, há muitos lugares neste país em que o povo necessita de maior proximidade do poder público, o que praticamente só acontece através do governo municipal.
Acreditamos que aumentar o número de municípios não signifique, necessariamente, a diminuição de recursos, mas a multiplicação de ações governamentais em favor da população carente pela maior distribuição de renda. Talvez, no futuro, o Pré-Sal possa dar um melhor tempero a essa receita!





quinta-feira, 14 de novembro de 2013

EVENTO POLÍTICO: SESSÃO ESPECIAL DA CÂMARA NA ILHA


 
Ontem, dia 13 de novembro de 2013, a Câmara Municipal de Belém reuniu-se, em sessão especial, às 16 h, no Centro de Eventos Vale da Esperança da Assembleia de Deus, na Rodovia BL-19, para discutir a emancipação da Ilha e a criação do município de Mosqueiro.
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A sessão reuniu centenas de moradores da Ilha, representantes das igrejas evangélica e católica, deputados e vereadores. Entre os políticos presentes, citamos Nicias Ribeiro, Arnaldo Jordy, Cilene Couto, Marize Colares, Eduarda Louchard, Professor Elias, Thiago Araújo, Rildo Pessoa, Milton Aguiar e Pio X.
Presidida pela vereadora Eduarda Louchard, autora da petição para que o evento se realizasse, e ladeada pelos demais vereadores do PPS, a sessão foi iniciada com a palavra do deputado Nicias Ribeiro sobre a viabilidade tanto econômica quanto estrutural para a criação do município de Mosqueiro. Aliás, foi Nicias Ribeiro o autor do primeiro projeto de emancipação da Ilha, cujo plebiscito, realizado há 22 anos, infelizmente não teve a aprovação da comunidade mosqueirense.
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Assim como o deputado Nicias, outros expositores se posicionaram favoravelmente à emancipação, porém todos foram enfáticos ao abordarem os imprescindíveis estudos de viabilidade para a criação do novo município, a serem realizados por órgãos competentes. Em verdade, esses estudos são obrigatórios por lei para que o plebiscito aconteça. Sendo assim, um abaixo-assinado de 10% dos eleitores aptos deverá ser encaminhado à Assembleia Legislativa do Estado, solicitando tal análise técnica.
No encerramento da sessão, foram agendados outros encontros entre lideranças dos movimentos pró-emancipação e a comunidade, inclusive funcionários municipais lotados no Distrito, para melhor debater o assunto.

Sobre o processo de emancipação, Eduarda Louchard esclarece, em publicação de seu Gabinete:
“Entender o processo da emancipação de um Município é uma questão que considero fundamental, pois é necessário ter claro qual o caminho que vamos percorrer.
A Câmara dos Deputados aprovou a Lei Complementar – PLC 416, que, por ter sido aprovada com uma Emenda, voltou para o Senado para uma nova rodada de votações. Esta Lei define o seguinte: “Transfere para as Assembleias Legislativas dos Estados a responsabilidade de criar novos Municípios”.
Como a Assembleia Legislativa do Pará já tem uma LEI ESTADUAL regulamentando esta questão, o passo seguinte será coletar as assinaturas para um Abaixo-Assinado pedindo o “Estudo de Viabilidade”, que agora é obrigatório. Precisamos coletar 10% de assinaturas da população que vota em Mosqueiro e encaminhar ao Presidente da Assembleia. Com base na quantidade de eleitores de 2012, precisamos coletar 2.163 assinaturas.
O estudo deverá ser feito em um prazo máximo de 180 dias por técnicos do Estado e depois será publicado no Diário Oficial do Estado para a realização de Audiências Públicas em Mosqueiro e em Belém. Só após 60 dias de debates é que será apreciado e votado pelos Deputados. São os deputados Estaduais que autorizam, ou não, a realização do Plebiscito.
Caberá ao TRE a tarefa de realizar a consulta através de um PLEBISCITO perguntando aos eleitores sobre o SIM ou NÃO à emancipação de Mosqueiro. Todos os eleitores de Belém vão ter direito a votar.
O resultado final da Eleição deverá ser comunicado à ALEPA. Caso o SIM seja o vencedor, o Plenário deverá então aprovar uma “LEI DE CRIAÇÃO DO MUNICÍPIO DE MOSQUEIRO”. Esta Lei vai regulamentar a transição entre a fase de distrito e a instalação do novo Município de Mosqueiro. Caso o NÃO seja o vencedor, Mosqueiro só poderá fazer outro plebiscito 10 anos depois”.

A vereadora também adverte:
“O debate sobre o SIM ou NÃO à Emancipação da Ilha de Mosqueiro tem que estar acima das ideologias partidárias, crenças religiosas e interesses individuais. O QUE ESTÁ EM JOGO É O FUTURO DE MOSQUEIRO. O QUE NOS UNE É MELHORAR A VIDA EM MOSQUEIRO.
Não podemos atropelar o debate com afirmações ingênuas, ou levianas, sobre quem vai ser Vereador, Prefeito, Secretário ou grupo político que vai determinar isto ou aquilo. O PRESENTE E O FUTURO DE MOSQUEIRO TEM QUE SER O ÚNICO TEMA DO DEBATE”.

















terça-feira, 12 de novembro de 2013

A FICÇÃO E A ILHA: O AMOR E A CHUVA

 

Autor: Cândido Marinho Rocha

“Inchado não era nome de gente. O peixeiro chamava-se Bragança – vestígio de nobreza – exercia o ofício de dia, à noite bebia. Boêmio, solteiro, péssimo cavaquista, tirador de desfeiteira nos bate-coxas da Ilha, companheiro ideal de Zozó, de quem jamais dissentiu, dele recebendo apaziguadores níqueis. Então Inchado cedeu-lhe a casa, vestiu a capa negra de guerreiro noturno e, já abonado, foi procurar botecos. Lá sufocaria a sede, abrandaria o frio, evitaria a chuva e fugiria àquele testemunho, que o arrepiava. Da praia vinha o ruído das ondas batendo e, pouco distanciadas, luzes baças de lanternas das vigilengas ancoradas pareciam estrelas brincalhonas sobre a baía. Vento vagaroso ventinho friinho vinha virar, sacudir a copa daquele coqueiro solitário.

Zozó “sentia” que não estava só. Presenças difusas, indeterminadas, aconteciam, pressentia, pressentimento presente. Rumores, sussurros sobre numeráveis, soflagrantes, ressuplicavam-lhe sossego. Ventos, águas, travessuras fanáticas. Paulito rondando, revisando, recurioso – seria mesmo? Abriu janelas para o tempo. Nada, nadinha. Era a chuva batendo amorosa na areia a canção predileta do vento.

Lá ao cabo da praia, pesada e triste, a fábrica Bitar, em cujo interior algumas lâmpadas luziam oscilantes, vivas almas. A praia assim deserta parecia ameaçadora no faz de conta de maus presságios. No interior da pequenina casa daquele Inchado, lamparininha de querosene via-que-não-via Mainha tremendo, sentada, entregue.

Tomado de súbito calor – medo seria? Zozó despiu-se, saiu para o tempo, sob chuva fria, ao vento voluptuoso, parecia escutar gemidos de gatos. Recuar, adiar, pensar? Entidades sutis sussurravam: não! Chuva aconselhando: não! Vozes gerais das alturas e do fundo do mundo: não! O sangue, chefão: não!

Trejeitava em caretas e sombra da luz-que-luz da lamparininha.

Roliço, molhado, pingando, voltou em seguida. Pele do corpo era branca, viu assim Mainha. Sorridente galhofeiro em perguntas vadias, descarado. Procurou a toalha não encontrou. Pediu anágua, que a moça lhe deu retirando-a de sob as saias. Soltou então Mainha o primeiro sorriso da noite. Diferente. Sorriso muito diferente de todos os sorrisos de antes. Enxugou-se, em piruetas, palhaçadas. A moça sorriu mais ainda. Interessada, curiosa, diferente. Luzinha era escassa, mas oferecia sombras reais do corpo luzidio, úmido, saudável, como que encouraçado de “Olho-de-Boto”. Com anágua entre as mãos, como esfregão, pensou ele: “É uma peça a menos no corpo dela”.

E o pensamento, de repente, excitou-o.

Falou afinal, meio sério, meio artista:

-- A chuva é bela. A mais bela coisa da natureza. Quando chove fico a pensar na ausência total dos problemas do mundo. Há felicidade absoluta na chuva. Limpa, purifica, salva. Convida, expões, explica, define, assalta, comove, resolve. Adoro a chuva, a grande música dos trovões, a invisível magia dos ruídos espaciais. Viro santo quando um relâmpago ilumina, rápido, a terra em prece, humilde, submissa, abúlica. Não é?

Sorrindo Mainha afirmou, gesto leve, lindo, liberto.

-- A chuva que cai em gotas prova a existência da natureza em ação, dividindo blocos pesados de água. Cortinas de Deus, querida, cortinas de Deus, líquidas e cristalinas, turmalinas claras e versáteis, diamantes sem dureza, tudo purificado pela destilação, renovando, emprenhando a terra. Gerando flores e frutos e pessoas e almas.

Mainha muda mundiada, caída em mundéu, expropriava-se.

Caçador carinhoso beijando a caça, em velhacas solenizações, grandes gestos mínimos de amor, prelúdios.

Zozó crescia-se, ouvindo canções da chuva sobre as palhas da cobertura da casinha do Inchado. Mainha reduzia-se, ouvindo as canções do amado no sonho da mulher.

Casaram-se, ali.

As testemunhas daquele ato de amor teriam sido Iaras, Botos, Caruanas e Bacuraus.

A chuva seria assim marcha nupcial, acalanto em Bach. O vento representaria o sussurro de vozes variadas, anjos propiciadores. Corais. A praia o vestíbulo, as arcadas do Templo, as palhas de ubuçu que cobriam o casebre; os respingos-goteiras eram levíssimas carícias, felicidade. Turíbulos, incensos estavam e brotavam da lâmpada de querosene. O Sacerdote, impreciso, vago, era de fato o Sonho e a Verdade, combinações vitais.

Os cumprimentos foram apresentados ao amanhecer.

O coro dos caraxués, cantores da manhã, saudou os amantes. As arirambas, que são, em verdade, os famosos Martins-Pescadores, personagens importantes entre umbandistas, voavam sobre a baía em volteios ornamentais.

A chuva passava, o sol vinha também apresentar cumprimentos, beijando o beiral da casa, renovando vidas de sanguinolentas papoulas, restituindo ao casal, em suma, o sentido real da realidade. A luz do dia reduzia o ânimo do amante, já sem ginete e sem asas.

Modorrento, Mosqueiro recebia a claridade lá por cima das copas das mangueiras, folhas verdes douradas, úmidas ainda, em gotas, cascatinhas miúdas. Domingo, a ponte estava sem o navio da linha, deserta, grande, toda molhada. O sino da igreja batia, fino, alegre, promoções. Mainha-Mulher dormia ainda, negligente, livre, na almiscarada rede velha do Inchado. Zozó saiu. Respirou, saudável, refarto. O ar balsâmico mosqueirense, que tanto amava, era-lhe especial naquele domingo diferente. Ergueu a cabeça e, como Príncipe da Renascença, foi levar a notícia aos pais. Marchava galhardo como Pelágio, vencedor de árabes. Glorioso como o Papa na Capela Sixtina. Magnífico como um verso de Bilac. Consciente como um sacerdote.

Inchado também estava na rua, ia à casa apanhar o facão para cortar o peixe da venda.

-- Não, lá não vais. Ela dorme.

-- E meu peixe?

-- Quanto custa o peixe que compraste?

-- Vinte e cinco mil réis.

-- Toma lá. Manda-o deixar lá em casa. Hoje não vais trabalhar. O troco é pra birita...

Inchado exultou. O trabalho na Vila é, sem dúvida, opressor aos domingos, quando as mulheres da cidade chegam e se soltam na praia Grande. Celebraria Inchado muito bem o dia.

E Mainha-Mulher acordava. Silêncio, sol, solidão. Quieta, pensou:

-- Quem irá vestir os meninos? Quem colocará café, chocolate e biscoitos à mesa? Quem defenderá a mãe querida das iras do pai pela fuga?

-- Quem poderia tudo explicar? Quem viesse até Areião ver seu destino.

-- Quem podia ser mais feliz do que ela? Quem seria mais livre e amada?

Mainha-Mulher chorava, ria, sofria, amava.”

FONTE: MARINHO ROCHA, Cândido. “Ilha Capital Vila”- GRÁFICA FALÂNGOLA EDITORA. Belém-Pa. 1973- pp. 160, 161, 162, 163 e 164).

segunda-feira, 11 de novembro de 2013

EVENTO CULTURAL: FESTIVAL DO AÇAÍ DE CARUARU

 

A Associação dos Moradores de Caruaru, povoação do interior da Ilha do Mosqueiro, realizará, nos dias 17 e 18 de novembro, um dos mais importantes eventos culturais da comunidade: o FESTIVAL DO AÇAÍ, no qual a fruta -- que é tão apreciada pelo povo paraense – emprestará o seu sabor às mais variadas receitas da nossa culinária.

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Durante a realização do evento, a comunidade estará mostrando aos convidados a realidade local, com o foco dirigido ao artesanato, ao esporte, à cultura e ao lazer.

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O Presidente da Associação, Marco Antônio Fróes Pinheiro, convida o povo mosqueirense e os visitantes da Ilha a prestigiarem o Festival, cujo sucesso já é garantido pela tradição.

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FOTOS: Wanzeller, 2011.

terça-feira, 5 de novembro de 2013

TROCA DE OPINIÕES: Mosqueiro já planeja sua emancipação.

 

FONTE: BELÉM – Criação de Município - A 6- Diário do Pará – Belém-PA, 04/11/2013.

Com aprovação no Senado, no dia16 de outubro, do projeto de lei que permite a criação de novos municípios em todos os Estados do território brasileiro, a discussão sobre a emancipação de distritos ligados às capitais voltou a ser pauta entre a população, líderes de comunidades e políticos.

No caso de Belém, os distritos de Mosqueiro e Icoaraci estão entre os 188 do Brasil que poderão se tornar municípios. Por isso, o Movimento Unificado Pró-Emancipação de Mosqueiro está fortalecendo a campanha do plebiscito – caso a presidente Dilma Roussef sancione a lei – com o objetivo de atrair os moradores para a conscientização dos benefícios que a possível cidade poderá agregar com a separação da capital paraense.

Segundo a pesquisa do último senso do IBGE em 2010, a ilha possui 33.232 habitantes, sendo aproximadamente 24 mil eleitores. Parte dessa população ainda não possui conhecimento a respeito da proposta que regulamenta parte da Constituição e estabelece regras de incorporação, fusão, criação e separação de municípios – e determina que distritos possam se emancipar. O projeto seguiu para sanção ou veto da presidente.

Enquanto isso não acontece, líderes comunitários e representantes de associações estão se unindo a favor da criação de município. As primeiras reuniões de amadurecimento de idéias do grupo já começaram e devem prosseguir com o intuito de atingir e conscientizar toda população, principalmente sobre os benefícios que Mosqueiro terá ao ser transformado em município.

Um dos principais argumentos daqueles que são a favor da emancipação é o abandono do poder municipal com a Bucólica. “Parece que estamos jogados às baratas. Só olham para a gente na época de julho e feriado. Nas outras fases do ano, não vemos nenhum tipo de avanço. A minha rua, por exemplo, é tomada por mato. Se eu não capinar a frente da minha casa, o mato e os bichos vão entrar. Isso é cuidar da gente?”, questiona a doméstica Carmem Lopes.

Carmem ainda desconhece os possíveis benefícios e problemas relacionados à criação do município. Porém, acredita que a separação da administração da capital possa trazer melhorias. “Pior acho que não vai ficar. Mas penso no lado positivo. Já estamos cansados de viver assim”, diz esperançosa.

Abandono

Em um breve passeio pelos bairros do distrito de Mosqueiro, as belas paisagens dividem espaço com as falhas deixadas pela gestão municipal. Ruas tomadas pelo mato, entulhos no meio das ruas, iluminação pública precária e falta cuidados com a natureza.

Fátima Alvez, presidente da comunidade dos moradores do Porção, localizada no bairro de Carananduba, afirma que os moradores têm se encarregado de realizar a própria limpeza.

“Fazemos coleta para angariar fundos para aterrar algumas ruas e tirar o mato e lixo que não são recolhidos em alguns lugares”, ressalta Fátima.

Saúde pública carente, saneamento básico ineficaz, turismo não valorizado, educação sem qualidade e infraestrutura precária são alguns dos principais problemas que os moradores da Ilha apontam.

LAMENTOS NO RÁDIO

Radialista e morador do Mosqueiro há 15 anos, Beto Messias diariamente ouve os anseios da população. Segundo ele, no programa de rádio que dirige, a possível emancipação do distrito tem sido cada vez mais comentada entre a população. As opiniões são diversas e muitos moradores ainda possuem dúvidas exatamente pela falta de informação.

Beto afirma que é a favor da emancipação de Mosqueiro. “Com a autonomia política e administrativa, as tomadas de decisões irão se concentrar aqui”.

O aposentado Toninho Russo nasceu e viveu boa parte dos seus anos na ilha. De uma família tradicional que hoje é muito conhecida na região, estudou e se formou em Portugal, mas não deixa de amar odistrito, embora exponha suas mazelas. “O grande buraco negro é o turismo cultural. Por não termos investimentos nessa área, os prédios estão totalmente abandonados. Precisamos recuperara identidade histórica e cultural que está se perdendo”, ressalta.

Russo explica: de janeiro a dezembro, aproximadamente três milhões de pessoas visitam a ilha. Cerca de 70% da renda que gira em Mosqueiro vem desse turismo: de pessoas que querem encontrar uma praia limpa e receptiva. “Não temos investimento na gestão pública, o que deixa muito a desejar”.

Liderança diz que ilha pode se sustentar

Orlando Brito, coordenador do movimento que hoje luta pela emancipação do Mosqueiro, diz que o grupo foi reinstalado no último dia 21. Para ele é importante a discussão ser fundamentada na realidade dos moradores e possibilitar visão de melhorias na condição de vida do povo mosqueirense. Segundo Brito, os problemas da Ilha não iniciaram recentemente. São situações que vêm se arrastando por anos, mas a falta de investimento no turismo – uma das principais fontes de renda do distrito – é o mais preocupante.

Do mesmo modo, Orlando Brito defende que a emancipação poderá trazer benefícios como mais investimentos no saneamento básico, na educação, nos transportes e também na segurança pública.

Orlando acredita que o distrito é dotado de boa infraestrutura, como prédio administrativo que poderá se tornar prefeitura, fórum distrital, companhias de Polícia Militar e Bombeiros, além de sete escolas municipais, seis estaduais e postos de saúde distribuídos nas comunidades, além do hospital geral.

“Temos uma infraestrutura que precisa ter administração local para buscar recursos que estão lá no governo federal”.

Ainda segundo Brito, a possível futura sede do município poderá ter como meios de sustentação investimentos basicamente na área terciária, a partir da fomentação da economia a partir do turismo e da abertura de espaços para indústrias não poluentes, além do incentivo do pagamento do IPTU. Além disso, Mosqueiro pode receber verbas estaduais e federais para se manter.

Movimento já tem apoio na Câmara Municipal

Integrantes do Movimento Unificado Pró-Emancipação de Mosqueiro protocolaram, no dia 22 passado, na Assembleia Legislativa do Estado, documento para reabertura da discussão do assunto, que estava arquivado.

A deputada Luzineide Farias (PSD) recebeu o encaminhamento e se colocou à disposição do grupo, que segue no mesmo rumo de ideias a respeito da possibilidade de plebiscito. “Acredito que Mosqueiro tenha capacidade de ser município, assim como Icoaraci. São duas localidades grandes que possuem possibilidades de crescer. Darei apoio no que for preciso e irei representar o grupo na Assembleia em busca do plebiscito junto aos outros parlamentares”.

CÂMARA

A emancipação também já chegou à Câmara de Vereadores de Belém. Para a vereadora Eduarda Louchard (PPS), que defende a bandeira da criação de Mosqueiro como município, rediscutir o projeto de lei só traz benefícios para todos.

Segundo Louchard, se sancionada pela presidência a possibilidade de aprovação, a população estaria mais próxima do poder de decisão. Segundo a vereadora, a independência atrairá desenvolvimento para toda a comunidade.

“O sentimento hoje é maior do que há 23 anos, época em que foi discutida pela primeira vez essa possibilidade. A discussão voltou e a nossa preocupação não é antecipar uma disputa política eleitoral antes de o processo da criação do município ser consolidado. Queremos lideranças de todas as forças políticas e agregamos essa força. Nosso candidato é Mosqueiro. Precisamos organizar as informações para chegar até a comunidade e dizer a ela como pode ser o nosso futuro com essa decisão. O processo agora é de esclarecimento”, explica Orlando Brito, coordenador do movimento, que deverá estender reuniões e palestras aos 20 bairros do distrito.

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