sexta-feira, 30 de agosto de 2013

A OUTRA FACE DA ILHA: MPE CONTRA LIXÃO

MPE ajuíza Ação Civil Pública contra Prefeitura de Belém, que “implantou” lixão na estrada de Mosqueiro. Promotor quer imediata interdição do depósito "clandestino" e diz que Mosqueiro está “entregue às baratas”, com poluição, lixo e mau-cheiro por toda parte.


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A praia do Murubira, em Mosqueiro: vila linda e histórica, mas entregue às baratas (Foto Carlos Barretto/site Panoramio).

O promotor estadual de Justiça Mauro José Mendes de Almeida ajuizou, ontem, Ação Civil Pública contra a Prefeitura de Belém, para acabar com um lixão a céu aberto na PA-391, a estrada de acesso a Mosqueiro. Por incrível que pareça, o lixão teria sido “criado” pela própria Agência Distrital.

Na ACP, Mendes de Almeida pede a imediata interdição do lixão e a apreensão de qualquer veículo que tente depositar resíduos sólidos ali, inclusive com a requisição de força policial, se necessária; a aplicação de multa diária à Prefeitura, em caso de descumprimento da decisão; e a recuperação da área degradada.

Tudo começou no ano passado, quando o MPE instaurou Procedimento Preparatório Preliminar (PAP), para investigar os danos ambientais causados por aquele depósito clandestino de lixo, situado na única estrada de acesso a Mosqueiro.

Durante as investigações, o MP obteve até fotos de um caminhão da Agência Distrital do Mosqueiro depositando lixo naquele local.

Segundo o promotor, documentos anexados ao processo comprovam que “a ação degradadora do município é consciente”: o próprio agente distrital da época, Ivan José dos Santos, admitiu que depositava lixo naquela área.

E o mais absurdo, observa o promotor, é que a Agência Distrital teria até contado com orientação da Secretaria Municipal de Meio Ambiente (SEMMA) nesse sentido.

“Que no local era um curvão, que formam piscinões gerando problemas de saúde como a dengue, eis que foi detectado foco de dengue, que houve orientação da SEMMA para fazer a colocada (sic) de lixo orgânico”, informou o agente distrital ao promotor, conforme transcrito na ACP.

Ainda segundo a ação, em maio deste ano a Secretaria de Saneamento de Belém (SESAN) se comprometeu a resolver o problema. Mas até agora, passados três meses, nada foi feito.

“A Vila de Mosqueiro está há muito tempo jogada às baratas. Não bastasse o lixo que é jogado pela própria Prefeitura de Belém na área urbana, o cidadão mosqueirense ainda convive com o lixo doméstico jogado na via pública, em alguns casos formando pequenos lixões a céu aberto. Saneamento básico inexiste na Vila. As valas no Centro e na periferia permanecem a céu aberto, também. Mas o que mais incomoda é o fedor que exala de suas entranhas, causando um misto de nojo, desapontamento e decepção, por ver um patrimônio centenário, pois a Vila de Mosqueiro acabou de completar 118 anos, ser vitima de tamanho descaso”, escreveu Mendes de Almeida na ACP.

E acrescentou: “Vê-se, outrossim, que nem a praia do Murubira escapa do descaso do poder executivo municipal, pois não há saneamento básico. Os rejeitos líquidos são jogados na mesma água em que o banhista ou turista desavisado toma banho. Há ruas que simplesmente desapareceram, pois foram tomadas pelo mato. Por isso, dada a inércia e descaso da prefeitura, é que a presente Ação foi ajuizada”.

Fontes:

https://docs.google.com/file/d/0B8xdLmqNOJ12cEVFNDRkakxfbnc/edit?usp=sharing

http://ptdemosqueiro.blogspot.com.br/2013/08/mpe-ajuiza-acao-civil-publica-contra.html

quarta-feira, 28 de agosto de 2013

A OUTRA FACE DA ILHA: AS ABELHAS ESTÃO DE VOLTA.

“Um ataque de abelhas matou um homem e deixou duas pessoas feridas nesta segunda-feira (26) na comunidade de Piracãera de cima, na região de Urucurituba, Rio Amazonas, em Santarém, oeste do Pará.”

Após lermos essa notícia no PORTAL ORM, ficamos realmente preocupados com um fato que está acontecendo na Praça Cipriano Santos (Praça da Matriz), na ilha do Mosqueiro. E isso está intimamente relacionado com o nosso patrimônio histórico.

Como se não bastasse a destruição de antigos casarões de propriedade da Prefeitura Municipal de Belém pela ação do abandono e do tempo ou a destruição do tradicional relógio do Mercado ao ser atingido por um raio, outro bem histórico se acha em situação de risco.

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Patrimônio histórico da Prefeitura (FOTO: JCSOliveira)

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FONTE: http://www.eujafui.com.br/3405870-belem/21215-ilha-de-mosqueiro/fotos/

Trata-se do Coreto da Praça, um marco centenário de nossa história, que foi tomado pelas abelhas, as quais instalaram sua colmeia entre o telhado e o forro de madeira. O problema é que alguns frequentadores da Tapiocaria, ao lado do coreto, já foram picados. Como a praça é bastante frequentada, principalmente aos fins de semana, teme-se que possa ocorrer um ataque em massa. É bom lembrar que isso já aconteceu há mais de uma década, quando as abelhas ocuparam o pedestal da Princesa Isabel, monumento também localizado na praça.

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Tradicional Coreto da Praça da Matriz (FOTO: Wanzeller)

Como retirar a colmeia sem destruir o patrimônio? Acredito que, para solucionar a questão, as autoridades devem consultar a FUMBEL ou o IPHAM. O certo é que medidas urgentes devem ser tomadas para que a população não fique sujeita a essa situação de risco. As abelhas estão de volta e podem tornar-se extremamente perigosas.

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A Relíquia Perdida

sexta-feira, 23 de agosto de 2013

EVENTO RELIGIOSO: OS PASSOS DA DEVOÇÃO EM SANTA ROSA DE LIMA

Autor: Claudionor Wanzeller

1945: A devoção à Santa Rosa de Lima, padroeira da capital do Peru chega ao Caruaru, no interior da Ilha do Mosqueiro, com a lancha “voadeira” do Padre alemão Eurico Frank e conquista a família Fróes.

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Santa Rosa de Lima (FOTO: Wanzeller, 2013)

1961: No dia 30 de agosto, o Padre Samuel Amorim Sá sugere à comunidade a construção de uma capela para a Santa e lança a pedra fundamental.

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Comunidade recebe a Santa na Capela (Wanzeller, 2013)

1963: A Festividade de Santa Rosa de Lima tem início com a chegada do Quadro da Santa, trazido de Roma pelo Padre Rui Guilherme Coutinho. A Srª. Osmarina Moraes de Araújo (Dona Zuzu) compõe o Hino de Exaltação à Santa.

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Quadro da Santa trazido de Roma.

1982: No dia 29 de agosto, acontece a Primeira Procissão Fluvial com a Imagem de Santa Rosa de Lima trazida do Peru e doada pelo Sr. Raimundo Maués, em pagamento de promessa.

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Raimundo Maués, doador da Imagem (Wanzeller, 2010)

1988: A Capela, finalmente concluída, após anos de construção, ganha as formas e dimensões atuais, graças à colaboração, à persistência e ao trabalho de Waldemar Almeida, José Morais da Silva, José Bentes Bahia, Antenor Fróes e Raimundo Bahia.

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Quadro e Imagem venerados na Capela (Wanzeller, 2013)

1991: No dia 30 de agosto, primeira equipe a realizar registro em vídeo (VHS) da Procissão Fluvial: Claudionor Wanzeller (repórter), Antônio Rodrigues (assistente técnico) e Fernando Augusto Peralta (cinegrafista).

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Conduzindo a Imagem para o Porto (Wanzeller, 2013)

2013: A Procissão Fluvial passa a ser realizada no dia 23 de agosto, uma vez que a Igreja Católica dedica às festas litúrgicas de Santa Rosa de Lima as datas de 20, 23 (Igreja Episcopal) e 30 de agosto (América Latina). A Capela, totalmente reformada, acolhe, em sua singela beleza, a Imagem da Padroeira e as orações dos devotos, no coração da Ilha.

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FOTOS: C. S. Wanzeller, 2013.

PESQUISE NESTE BLOG:

Para conhecer detalhes sobre o Caruaru e sua Festividade, pesquise:

http://mosqueirando.blogspot.com.br/2010/09/na-rota-do-turismo-caruaru-e.html

quinta-feira, 22 de agosto de 2013

CANTANDO A ILHA: O ADEUS AO POETA AUGUSTO MEIRA FILHO

Autora: Celeste Proença

Calou-se, de repente, o poeta faceiro.
Toda Belém chorou, num adeus derradeiro
num abraço de dor e de saudade imensa...
A verve, a oratória, a cultura invejável
o amor que dedicou à cidade adorável
tão cheio de ternura, uma ternura mansa
encantado e ditoso em marés de esperança
namorando, ao luar, a cidade morena.
Calou-se, de repente, o poeta faceiro
que cantava Belém em versos verdadeiros
exaltando-a, bem alto em desafios de amor.
A cidade chorou. Também todo o Mosqueiro
numa chuva manhosa, abraçando o Diamante,
o bambual quieto, a sua casa adorada
escondida e feliz abrigando a amada
a dona dos seus olhos, olhos que enfeitou sua vida
de beleza e de graça em todos os instantes.
Calou-se Meira Filho. Os poetas não morrem
emudecem o seu canto para ouvir estrelas
na imensidão do céu que pertence a ninguém!
Ilha morena - onde está o teu canto
o teu raio de sol, tua roupa de luar?
Procura a brisa amena, o marulhar das ondas
o farfalhar das frondes das mangueiras tontas
e leva e deposita aos pés do teu cantor
a fim que ele saiba que o lembramos muito
e que bem junto a nós, continua contemplando
a sua Belém ingênua, a sua eterna amante
que ele cantava a rir em ritmo constante
apaixonado e puro como adolescente...
O poeta calou. Seu sono é bem tranquilo
sob as frondes sem par das mangueiras amadas
espalhando o silêncio, a sombra benfazeja.
Que seja calmo e belo o seu sono de paz
a fim de não abalar a beleza das horas
no murmúrio da brisa que a saudade traz!

FONTE: http://poesiasparamosqueiro.blogspot.com.br/2010/06/o-adeus-ao-poeta-augusto-meira-filho.html

PESQUISE NESTE BLOG:

Para conhecer melhor Augusto Meira Filho, pesquise:

http://mosqueirando.blogspot.com.br/2011/12/janelas-do-tempo-uma-voz-que-vem-do.html

segunda-feira, 19 de agosto de 2013

CURIOSIDADES: O ARQUIPÉLAGO DO MOSQUEIRO

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A Ilha do Mosqueiro, sem dúvida, atrai e encanta moradores e visitantes por suas belezas tropicais, surpreendentes e paradisíacas. Apesar da crescente urbanização e do considerável aumento populacional dos últimos anos, a Ilha conserva latente ainda o antigo bucolismo, o qual se revela em alguns recantos ou em determinados momentos marcados pela solidão.

Já no prefácio de nosso livro Mosqueiro: Lendas e Mistérios, dizíamos:

“Povoação, freguesia, vila, distrito, a ilha do Mosqueiro continua, de geração em geração, recebendo de modo hospitaleiro a visita de milhares de pessoas. Muitos por ela nutrem grande paixão e cantam e recantam sua exótica beleza. Muitos hão de se apaixonar ainda, pois a ilha-paraíso, sempre envolta numa aura de sonho, mistério e poesia, representa os anseios daqueles que, no cotidiano, sofrem as pressões da conturbada vida moderna.

Poetas anônimos ou amantes da natureza, no contato direto com a ilha, fartam-se de verde e de sol e, nas noites amenas, embebidos de luar, vivem toda a magia de momentos inesquecíveis.”

Em sua Dissertação de Mestrado, Rede Turística e Organização Espacial: Uma Análise da Ilha de Mosqueiro, Belém/PA, Maria Augusta Freitas Costa ressalta:

“Na perspectiva de Tuan (1980) a ilha e a praia exercem atração à imaginação humana cuja avaliação da natureza no século XX originou um movimento crescente “[...] quer de um dia, de um fim de semana ou de uma temporada [...]” em direção às praias e às ilhas que diante da vida moderna no continente adquiriu significado de “[...] lugar para onde escapar das pressões do cotidiano [...]” (p. 137). Nesse viés, é possível pensar que os fluxos turísticos direcionados à “bucólica” e “bela” Mosqueiro são substratos da re-significação das ideias sobre ilhas e praias, pois sendo ilha com praias, essa localidade apresenta dois vetores de atração da imaginação humana, o que a fez ser lugar de escape do cotidiano como relata Meira Filho (1978): “[...] para o grande dermatologista, Mosqueiro era a liberdade, a fuga da luta citadina, do inferno dos hospitais [...]” (p.388).

A ideia de um balneário “encantado” reside, entre outros, no fato de Mosqueiro possuir praias estuarinas com ondas, algo não comum em praias de rios e estuários.”

Embora pertença a um arquipélago maior, a Ilha do Mosqueiro possui o seu próprio arquipélago: um conjunto de pequenas ilhas a ela ligadas geográfica e administrativamente. Vamos identificá-las:

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Ilha do Amor, na ponta do Farol (GOOGLE EARTH).

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Ilha das Guaribas, em frente ao Marahu (GOOGLE EARTH)

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Ilha do Maracujá, em frente ao Paraíso (GOOGLE EARTH)

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Ilha das Pombas, em frente ao Sítio Conceição (GOOGLE EARTH)

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Ilha do Papagaio, no Furo das Marinhas (GOOGLE EARTH)

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Ilha do Maruim I, no Furo das Marinhas (GOOGLE EARTH)

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Ilha do Maruim II, no Furo das Marinhas (GOOGLE EARTH)

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Ilha do Canuari, no Furo das Marinhas (GOOGLE EARTH)

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Ilha da Conceição, no Furo das Marinhas (GOOGLE EARTH)

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Ilha de São Pedro, no Furo das Marinhas (GOOGLE EARTH)

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Ilha do Navio, no rio Mari-Mari (GOOGLE EARTH)

Como podemos observar, essas ilhas são elementos paisagísticos de relevante importância, os quais só contribuem para o fascínio dos que se aventuram em uma viagem de circunavegação. Quase todas elas estão intimamente relacionadas a algum fato do imaginário local ou à própria história da região, como acontece com a ilha de São Pedro, reconhecidamente um sítio histórico preservado.

FONTES:

http://mosqueirando.blogspot.com.br/2011/06/na-rota-do-turismo-analise-do-turismo.html

http://www3.ufpa.br/ppgeo/Ma%20Augusta%20Freitas.pdf

IMAGENS:

Google Earth

sexta-feira, 16 de agosto de 2013

A ILHA CONTA SEUS CAUSOS: MATINTA PERERA

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André Penha Azevedo – Turma 222 – CB II 2º ano.

A transformação da Matinta Perera

Texto de Márcia de Jesus Neves da Cruz – Turma 213 – CB II 2º ano.

Como é que se transforma em uma Matinta Perera?  

Depois de três luas novas, numa quinta e sexta-feira ela sai por sete cidades, volta para a casa dela e se transforma de novo em gente. Ela tem asa e tem cabelo na cara, é que nem um pássaro, todo cabeludo. A minha tia Júlia vira Matinta Perera. Uma vez eu fui para a casa dela passar as minhas férias; depois de muito brincar de noite eu fui dormir com a minha tia. Quando eu olhei para o rosto dela ela estava com um bocado de cabelo no rosto e eu me assustei e corri para o quarto de minha prima e falei para ela e ela foi ver o que estava acontecendo. Quando ela foi olhar a mãe dela não estava mais na rede, ela já tinha ido se transformar em Matinta Perera.

Eu vi uma Matinta Perera.

Texto de Aliny Tayany da S. Nascimento e Milena Thaiane dos Santos – Turma 224 – CB II 2º ano

Um dia desses eu vi uma Matinta Perera; ela assobiou para mim e quando eu olhei para trás ela se transformou em pássaro.

O cabelo dela estava para a frente, a roupa toda rasgada, a unha muito grande, como uma mendiga.

Todo dia de lua cheia entra uma senhora dentro do mato e se transforma em Matinta Perera; ela sai de dentro do mato, vira pássaro e voa para cima das casas.

Um dia meu pai foi para o mato; quando ele menos esperava apareceu uma Matinta Perera e pediu tabaco para ela fumar e café.

Quando eu estava na minha casa ela assobiou assim: Fit, Matinta Perera!

FONTE: (Lima Gama, Rosangela C. e Santos Andrade, Simei. “Mosqueiro Conta em Prosa e Verso o Imaginário Amazônico”. PMB, 2004, pp. 105, 106 e 107)

SOBRE A MATINTA:

Trecho do PAINEL DE LENDAS & MITOS DA AMAZÔNIA, trabalho premiado (1º lugar) no Concurso "Folclore Amazônico 1993" da Academia Paraense de Letras, escrito por FRANZ KREÜTHER PEREIRA.

Maty-Taperê, Matinta Pereira, Maty, Çaci, Saci, Pererê, Saci Pererê, Cererê.

O mito do "Çaci" assume diversas denominações. podendo ser SACI PERERÊ no Sul do país, KAIPORA no Centro e MATINTAPEREIRA ou MATY-TAPERÉ ao Norte. No Pará e Amazonas sua imagem é a de um curumi que anda numa única perna e tem os cabelos cor de fogo. Parece que através do sincretismo luso-africano, ele ganhou o barrete vermelho -comum em Portugal - e os traços negroides, mais o cachimbo.

Dizem que o Saci tem por companheira uma velha índia - ou uma preta velha, maltrapilha, cujo assobio arremeda seu nome: Mati-Taperé. Creem alguns que ele é filho do Curupira; outros identificam-no como um pequeno pássaro que pula numa perna só; há também aqueles que dizem ser as mãos dele furadas no centro.

Existem os que estudam para "virar Matinta”, segundo uns; já outros afirmam que Matin(ta) é uma maldição que a pessoa carrega por toda vida, como a licantropia*.

Nos interiores paraenses muito se crê nessa versão. Em muitos lugarejos a existência dessa bruxa cabocla que se transforma em gato, cachorro, bota, morcego, porca, pássaro, é tida como inconteste e até encarada com normalidade; falam dela com a naturalidade do caboclo: "... é Matinta, sim senhor! ..." Dona Luísa, Dona Lia e outras pessoas da localidade de Getúlio Vargas, distrito de Curuçá, contaram-me histórias interessantes sobre vizinhas e conhecidas que viraram Matinta; Dona Luisa, inclusive, teve oportunidade de presenciar, quando pequena, a transformação de... em Matinta. Noutro relato, recolhido em Ponta de Ramos, pequena povoação pesqueira às margens do rio Curuçá, no distrito do mesmo nome, garantiram-me que um certo senhor vira(va) lobisomem e é portador de estranhos poderes, os quais são devidos ao fato dele possuir a Oração da “Cabra Preta” (sic) e o Livro de São Cipriano.

Uma história análoga me relataram em Igarapé Miri, onde o acusado de ser lobisomem tinha também o condão de tornar-se invisível encostando-se em um simples "pé-de-pau", agachando-se ao lado de uma touceira ou mesmo por detrás de uma única estaca de cerca. Este, também, possuía a oração e o grimório de São Cipriano.

Por todos os lugares por onde se passa nesses interiores, ouvem-se casos a respeito de Matinta ou Lobisomem. O de Ponta de Ramos eu conheci e até fui apresentado - infelizmente não me foi permitido, pela pessoa que nos apresentou, interrogá-lo sobre sua estranha fama e sequer dar a entender que a conhecia-, nos outros casos citados e não citados, seus narradores temem revelar os nomes, e os que eu omito aqui é por uma razão óbvia: São pessoas ainda vivas.

A pesquisadora e antropóloga do Museu Emílio Goeldi, Adélia Engrácia de Oliveira registra que uma pessoa é Mati quando "possui diversos calombos no pescoço, como um colar", uma espécie de caroço que cresce na costa da pessoa que está para transformar-se em Matinta. Esse caroço não é percebido por ninguém, mas a pessoa "sente", e quando ele "amadurece", abre-se e dele sai asas e a pessoa pode voar.

O assobio da Matinta, atestam todos que já o ouviram, "é coisa de outro mundo"; "arrepia até a alma"; "a gente sente como se estivesse levantando do chão", etc. Dizem ainda que ao ouvir o assobio a pessoa disser: - "Vem buscar tabaco amanhã ", pode contar como certo que na manhã seguinte encontrará, à porta de sua casa, uma velha ou uma pedinte, em busca do que lhe foi prometido. Também, pode ser a primeira pessoa que aparecer na casa pedindo um inocente cigarro...

Matintapereira é um dos mitos mais interessantes e menos estudados, até porque as pessoas sentem verdadeiro temor ante a possibilidade da checagem das informações: o pesquisador não pode simplesmente confirmar, colher o depoimento direto, sequer sondar o indivíduo supostamente tido como Lobisomem ou Matinta, sob o risco de revelar seus informantes ou que sabe da fama que corre entre os vizinhos e conhecidos.

FONTE: http://siabi.trt4.jus.br/biblioteca/acervo/Biblioteca/ebooks/pereira_painellendasamazonia.pdf

quarta-feira, 14 de agosto de 2013

NA ROTA DA HISTÓRIA: DA ESPANHA À BAÍA DO SOL

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Francisco de Orellana

No dia 11 de maio de 1545, começava a fatídica viagem de Francisco de Orellana ao Novo Mundo. Buscava ele, pela segunda vez, o rio das Amazonas, no Norte do Brasil, na tentativa ambiciosa de conquistar as terras e suas lendárias riquezas. Partindo de São Lucar, com cerca de trezentos homens e poucos cavalos, a armada constituída de quatro naus fez-se ao mar, desprovida de quase tudo.

Embora fosse um comandante enérgico diante do perigo, Orellana deixava-se iludir em sua boa fé pelas sugestões de encarregados e fornecedores e a organização da viagem ficava comprometida pela falta de recursos financeiros. Até as velas de um dos navios foram penhoradas para o pagamento de dívidas, sendo resgatadas com a venda de parte dos mantimentos. A fim de compensar tal perda, os tripulantes saíam a terra durante a noite, para roubar bois, carneiros e galinhas e, logo após a partida, tomaram de assalto uma caravela. O povo de Sevilha não acreditava no sucesso da expedição e as autoridades tentaram impedi-la, mas quando as ordens chegaram a São Lucar a frota já estava longe.

Embora faltassem coisas imprescindíveis à viagem, a mulher do capitão, Anna de Ayala, na popa do maior navio, seguia cheia de joias, sedas e bordados, acompanhada de muitas mulheres, das quais nenhum tripulante poderia aproximar-se. Tudo isto e a indisciplina reinante a bordo eram prenúncios funestos de desgraças.

Iniciava-se uma longa jornada repleta de infelizes acontecimentos. Antes de atravessarem o Atlântico, os aventureiros aportaram em Tenerife para abastecerem os navios com água potável. Lá ficaram três meses, aguardando recursos da Europa, que nunca chegaram. Seguiram depois até uma das ilhas de Cabo Verde para buscar cento e cinquenta vacas. Lá permaneceram por mais dois meses. Tal demora foi fatal: muitos homens contraíram doenças da terra, ocorrendo noventa e oito mortes. Açoitados por terríveis temporais, perderam onze âncoras e amarras e tiveram de abandonar uma embarcação, para que as outras não ficassem desprovidas de ferros. Na hora da partida, desertaram cinquenta tripulantes, entre eles oficiais superiores. Durante a travessia, desapareceu um navio -- do qual nunca mais houve notícias -- com setenta e sete pessoas, onze cavalos e um bergatim destinado a navegar os braços menores do Amazonas.

As duas embarcações restantes seguiram viagem, enfrentando tempos contrários e a falta de água. Se não fossem as copiosas chuvas que acompanharam as naus, todos os navegantes teriam perecido. Finalmente, os espanhóis avistaram terra e reconheceram o cabo de São Roque. Seguindo a costa, passaram perto e à vista do Maranhão. A doze léguas da terra, acompanhando o contorno do litoral para o norte, navegaram por mais umas cem léguas e encontraram água doce. Era o sinal que o capitão Orellana procurava, declarando ser ali o destino da viagem.

Orellana acreditava, a princípio, ter encontrado a entrada principal do rio Amazonas. Na verdade, depois de quase se perder nos baixos de Bragança, no dia anterior, adentrava o braço sul do Amazonas, o rio Pará dos tupinambás, navegando as águas da baía do Sol e aportando entre duas ilhas muito povoadas, abundantes de frutos e pescado: a de Colares (antiga ilha do Sol) e a do Mosqueiro. Era dezembro de 1545, no dia consagrado a Nossa Senhora do Ó.

Brevemente, terminaria a lamentável aventura. Orellana, que buscava o mar de água doce, não reconhecia o caminho por onde passara anos atrás. Subindo o rio Pará e, provavelmente, o Guamá, perdia-se no labirinto de ilhas e canais, totalmente desorientado. Mandou desmanchar uma das naus para fazer um bergatim e lançou-se neste em busca do braço principal. Fez duas tentativas: na segunda, em novembro de 1546, com a maioria de seus companheiros, encontrou a morte pelas flechas envenenadas dos índios em uma ilha do delta amazônico.

 

Texto baseado nas informações contidas no livro Os Jesuítas no Grão-Pará: suas missões e a colonização, do historiador João Lúcio d’Azevedo.

FONTE DA FOTO: http://pt.infobiografias.com/biografia/27944/Francisco-de-Orellana.html

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terça-feira, 13 de agosto de 2013

CANTANDO A ILHA: MOSQUEIRO

Autora: Maria de Lourdes Araújo Cardoso

Poema do livro “A Outra Face”, publicado em 1987.

Percorrendo a estrada ensolarada
o caminho da paz que dizem longa,


meus filhos, o marido companheiro,
completam a paz que encontro no Mosqueiro.


Carros passam por mim, enfileirados,
o verde matagal enfeita os lados.


Caramanchão sem flores na pracinha,
elas enfeitam o altar da capelinha.


Da semana o fim espero tanto,
e a calmaria da ilha como encanto.


Na verde grama pousam borboletas,
beija-flores sugando violetas.


O passado distante está presente,
nas Três Marias que abrigava a gente.


A casinha de porta com letreiro,
me faz lembrar a infância no Mosqueiro.


Vasos suspensos no alpendre tristonho,
alegram o avarandado de meus sonhos...


Felicidade inteira, não partida,
só na alameda da casa escondida.

FONTE:

http://poesiasparamosqueiro.blogspot.com.br/search?updated-max=2010-06-06T17:32:00-07:00&max-results=7&start=21&by-date=false

MOSQUEIRANDO: No passado da Ilha, muitas casas de moradores e veranistas eram designadas por nomes próprios em letreiros bem visíveis: “Canto do Sabiá”, “Porto Franco”, “Bom Jardim”, “Três Marias” e tantos outros. Lembro que a casa da minha infância chamava-se “Retiro Coração de Jesus”.

PESQUISE NESTE BLOG: Para conhecer outras poesias sobre o Mosqueiro, pesquise Cantando a Ilha.

segunda-feira, 12 de agosto de 2013

JANELAS DO TEMPO: JAMBEIRO? UMA FRONDOSA ÁRVORE NAS MINHAS LEMBRANÇAS

Autora: Profª. Doralice Araújo

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Na florada do Jambeiro? O chão fica assim bem roxinho. Foto: André Santana

Você certamente conhece a árvore denominada de Jambeiro. Pois olhe  a foto que o meu conterrâneo André Santana fez para o tapete roxinho, efeito da florada da espécie, lá na Amazônia paraense. O jambo é uma lembrança de fruta da minha infância e adolescência, pois lá na ilha de Mosqueiro, uma das ruas recebeu o curioso nome de Rua dos Jambeiros diante da obviedade da presença da imponente árvore, tal como relata o Claudionor Wanzeller, editor do blog Mosqueirando.

Por favor! - Aqui em Curitiba ainda não vi um Jambeiro; é provável que a espécie não seja adaptável ao clima do sul brasileiro, mas já pedi a uns amigos e familiares que fotografem os deliciosos jambos, assim como amostras das árvores, porém enquanto não recebo as fotos exclusivas, aproveitemos para saber mais sobre o Jambeiro e a sua variedade de frutos com o imperdível episódio de Um pé de quê? (Canal Futura).

Até a próxima!

FONTE:http://namiradoleitor.blogspot.com.br/2013/08/jambeiro-uma-frondosa-arvore-nas-minhas.html

sábado, 10 de agosto de 2013

NA ROTA DA HISTÓRIA: A CHEGADA DOS JESUÍTAS AO GRÃO-PARÁ.

Autora: Célia Cristina da Silva Tavares (FFP-UERJ)

“Já a presença sistemática de representantes da Companhia de Jesus na região do Maranhão e do Grão-Pará foi relativamente tardia. No início do século XVII, mais precisamente em 1607, dois inacianos, Francisco Pinto e Luís Figueira, partiram de Pernambuco para a serra de Ibiapaba com o intuito de evangelizar tribos indígenas ali localizadas. O primeiro foi sacrificado pelos índios Tapuias; Luís Figueira conseguiu escapar e voltou a Pernambuco.

O segundo registro da presença de jesuítas nas terras do Maranhão se faz com a chegada da armada que expulsou os franceses de São Luís em 1615. Os padres Manuel Gomes e Diogo Nunes passaram dois anos e meio realizando trabalhos de evangelização na região, sem formar missão.

Somente em 1622, Luís Figueira e Benedito Amodei chegam a São Luís para fixar residência dos jesuítas, encontrando resistência dos colonos na sua permanência, que só foi assegurada pelo firme apoio recebido pelo capitão-mor Antônio Moniz Barreiros. Os colonos temiam que os jesuítas dificultassem a escravização dos indígenas e por isso foram tão hostis.

Nesse mesmo ano, o colégio e a igreja da Companhia de Jesus em São Luís foram erguidos sobre ermida construída por capuchinhos franceses no tempo da França Equinocial.

Em 1636, Luís Figueira, acompanhando o governador Francisco Coelho de Carvalho, chegou ao Grão-Pará, também enfrentando hostilidade dos colonos. Ele estabeleceu contatos com indígenas, nascendo então a intenção de formar missão na região. Voltou à Europa para obter permissão e apoio para seus planos. Pelo alvará de 25 de julho de 1638, o jesuíta obteve a permissão para a "administração dos índios" do Estado do Maranhão; mas somente em 1643 conseguiu partir com mais 14 missionários. No entanto, sua viagem não chegou a bom termo, a embarcação naufragou na entrada da baía do Sol. Apenas três dos religiosos sobreviveram ao naufrágio e o projeto das missões jesuíticas no Estado do Maranhão e Grão-Pará foi adiado.”

FONTE: http://bndigital.bn.br/redememoria/ciajesus.html

 

MOSQUEIRANDO: O que realmente aconteceu com os primeiros jesuítas que vinham desenvolver a missão catequética no Grão-Pará e naufragaram na baía do Sol? Conta-nos o historiador João Lúcio d’Azevedo que:

A embarcação, em que ia com elles o governador Pedro de Albuquerque, primeiro nomeado depois da Restauração, sossobrou perdida nos baixos, que ficam á entrada da bahia do Sol. Da tripulação e passageiros, com estes o governador, salvou-se parte nos botes. Os restantes naufragos, em cujo numero Luiz Figueira e onze dos religiosos, passaram-se a uma jangada, feita com os destroços da nau. A correnteza e os ventos levaram-nos á margem opposta, na ilha de Joannes, onde pereceram victimas da ferocidane dos aruans.

Assim terminou, como em toda a parte, pelo sacrifício da mais adiantada vanguarda, este primeiro episodio da conquista.”

“Em sangue e nos destroços de craneos despedaçados se aniquillara a primeira tentativa. Os selvagens vingavam naquelles soldados de paz e doçura os assaltos dos conquistadores arrogantes e crueis, que por toda parte lhes davam caça, até finalmente os encerrarem nas espessuras da sua ilha. Sem temor por si próprio devia Luiz Figueira contemplar o ataque dos barbaros. O tropel pavoroso e os gritos de guerra eram os mesmos, que trinta annos antes ouvira, quando seu companheiro e mestre perecera em Ibiapaba. Mas pungia-o a angustia do martyrio, pelos outros, que com elle iam regar de sangue innocente aquellas praias. Alguns, apenas adolescentes, que como estudantes tinham partido, haviam de empallidecer, no terror do momento supremo.”

“Dos tres religiosos, escapos do naufragio, nenhum permaneceu no Pará. Um succumbiu á doença, outro foi chamado ao Maranhão; o ultimo, ainda estudante, agora sem mestres, voltou a Lisboa, para continuar nos preparatórios do apostolado.”

FONTE: d’Azevedo, João Lucio. 1901. Os Jesuitas no Grão-Pará: suas missões e a colonização. Lisboa: Livraria Editora Tavares Cardoso & Irmão. pp. 40 e 41

terça-feira, 6 de agosto de 2013

JANELAS DO TEMPO: E as águas que levam o sofrimento.

Autora: Kassia Fernandes

Tá bom, o título ficou meio deprê, mas um enorme sentimento de nostalgia toma conta de mim toda a vez que eu vou à Moca. E já que é julho e vocês todos vão lindos pegar a BR 316 em busca de praia, aí vai uma dica para quem quer esquecer um amor e encontrar um bom pega no "Verão" Amazônico.

Julho é tempo de Mosqueiro

Para os leigos, MOCA = Mosqueiro, a ilha mais perfeita da Terra. Ok, temos coliformes fecais na água. Ok, temos povão e algumas (muitas) gangues. Ok, temos praias lotadas e muito descaso público. Ainda assim, a Moca é a Moca. Nem vou parar para discutir com vocês porque Mosqueiro é melhor que qualquer destino turístico do mundo.

Para mim, Mosqueiro proporcionou e continua proporcionando muitos momentos felizes. Nem sei dizer para vocês há quanto tempo vou para lá. Conto sempre que fomos todos os meses de julho desde que me lembro por gente.

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Posso dizer que quase fui criada na Bucólica, que ainda tinha a Saudosa Maloca como melhor opção noturna, a Boutique como melhor diversão para os jovens (ainda existe), a pipoca do Pedreira para os recém saídos da adolescência e a Praça Matriz como o point da criançada.

Isso foi muito antes do Murubira se tornar “o” lugar, aonde todos iam charlar... Meu Deus! É nessas horas que reconheço minha idade... Nossa Senhora do Ó me guarde desse quase 30tão!

Enfim, até esmoreci agora. E lembrando os longínquos tempos de tchutchuca me vem recordações dos amores... Não preciso dizer que eu, Katya e Cynthia passamos por muita coisa em Mosqueiro, né?

Não vou me dedicar a lembrar do nosso passado amoroso aqui. Não, manos, jamé! O que quero compartilhar (sempre) são as mandingas para esquecer, que fizemos para essas imundícies que nos trouxeram carinho e raiva! Rá!

Nada melhor como uma beira de rio para levar embora tudo de ruim! Então, anotem a melhor receita para esquecer um amor sofrido.

Nome na areia que a água leva embora o desgraçado!

Fonte: João Bidu. Na verdade, não tenho certeza se a Katya descobriu essa mandinga nas ótimas revistinhas do Bidu. Só me lembro da primeira vez que a vi com um olhar penetrante em direção ao rio, no sentido da Ilha do Marajó. Aqueles olhos peneniiiiinos... hahaha!

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Depois de muito pensar, ela pegou uma varinha de madeira e escreveu um nome de homem na areia. “Pra quê isso, Ninis?”, eu perguntei atrapalhando a magia. “Para esquecer este escroto!”, respondeu ela ainda muito jovem (faz tempo) com lágrimas descendo pelo rosto. A alcunha do dito cujo foi milimetricamente desenhada próxima às ondas do rio, que lentamente foram apagando o nome.

Depois que as águas de julho limparam a palavra da areia liiiiimpa da Praia do Farol, ela vira e me diz: “Se tiveres certeza que não queres o homem mais, escreve o nome na areia. A água leva e o esqueces”.

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Assim, Ninis Katya me deu a dica. E na crença que o rio levaria o sofrimento, em todos estes anos, nós escrevemos praticamente uma Bíblia de tantos nomes na praia. E todos os trastes foram pro rio e lá devem estar boiando como boas bostas que são! Rá... rá...rá!

Postado há 12th July 2011.

A autora:

“Sou uma paraense meio louquinha e cheia de crendices inspiradas em meus antepassados indígenas, portugueses e caboclos. Ninis é como a minha irmã e protetora espiritual me chama.”

FONTE:

http://mandingadeninis.blogspot.com.br/2011/07/e-as-aguas-que-levam-o-sofrimento.html

sexta-feira, 2 de agosto de 2013

CANTANDO A ILHA: APOTEOSE

Autora: Celeste Proença

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Praia do Chapéu Virado (FOTO: JCSOliveira)

Oh! pôr-do-sol cor de ouro da minha ilha morena
quase espreguiça de amor, nos braços da tarde amena
numa explosão colorida, resplandecente de luz!
É tão belo de se olhar, na grande orgia de cores
que nos deixa estonteados, embevecidos, parados
mil preces balbuciando e sobre o peito trançado
num silêncio emocionante, o grande Sinal da Cruz!
MOSQUEIRO - é um presente de Deus que se espalha
por todas as raças, sem haver distinção
pois todos se irmanam na dança das horas
num amor verdadeiro, desnudo, inocente
amor que se entrega, que é parte da gente
afeto que une formando oração.

 

FAROL, meu FAROL, encharcado de amores
do mastro solene lembrando ternura
das tardes quietas cantando verões...
Terreal que nos leva a sonhar quietinhos
sem poder nem falar, lembrando carinhos
sob um céu colorido, onde nuvens se abraçam
e conversam baixinho contando segredos
de estrelas cadentes, falando mistérios
da brisa que leva e que traz emoções.


Tudo isso é Mosqueiro, é o Farol, é a Vila
é aquele pôr-do-sol, envolvente, perfeito
que abençoa a sorrir quem o ama a rezar.
Que agoniza entre nuvens sangrentas, manhosas
vestidas de ouro pra a noite agradar...
As férias terminam, mas resta a esperança
que a ilha não mude, simplória e faceira
tão cheia de graça e de malemolência
dormindo feliz entre espelhos e estrelas.
Cantando e amando o pedaço de chão
que a faz tão ditosa, irreal, deslumbrante
inquieta, ao luar, em forma de canção!

FONTE:http://poesiasparamosqueiro.blogspot.com.br/search?updated-max=2010-06-06T17:32:00-07:00&max-results=7&start=21&by-date=false

quinta-feira, 1 de agosto de 2013

A ILHA CONTA SEUS CAUSOS: O BOTO

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Helen Rafaela da Silva Araújo- CBI 2º. ano – E. M. Maria Clemildes

O rapaz encantado

Texto de Rafaela Vanessa Melo Santos – Turma 621 - CBIII 2º. ano

“Dizem que o Boto é um homem encantado que em noites de lua cheia sai das águas para encantar as moças nas festas na beira da praia”.

Ele usa roupas brancas e chapéu branco para ir nas festas e as moças se apaixonam por ele, que as convida para tomar banho. Ele entra na água e elas entram também em busca do seu amor, e nunca mais voltam para casa.”

O boto sedutor

Texto de Eweton Alan, José Nilton e Elói Fróes – Turma 522 – CBII 2º. ano

“Diz a lenda que o Boto costuma aparecer sempre nas noites de lua cheia; ele sempre costuma seduzir as mulheres e elas caem nas garras dele e engravidam. Depois o boto volta para o rio e depois de um tempo ele aparece de outra forma.”

O peixe homem

Texto de Victor Diogo da Silva Cardoso – Turma 124 – CBI – 2º. ano

“O Boto é um golfinho que tem um buraco na cabeça e se transforma em um homem que atrai as mulheres.”

FONTE: (Lima Gama, Rosangela C. e Santos Andrade, Simei. “Mosqueiro Conta em Prosa e Verso o Imaginário Amazônico”. PMB, 2004, pp. 63, 65, 66 e 67)

Sobre o Boto:

Trecho do PAINEL DE LENDAS & MITOS DA AMAZÔNIA, trabalho premiado (1º lugar) no Concurso "Folclore Amazônico 1993" da Academia Paraense de Letras, escrito por FRANZ KREÜTHER PEREIRA.

“Para se livrarem da "influência" do bicho, os caboclos vão buscar ajuda na magia, apelando para os curandeiros e pajés. O primeiro com suas rezas e benzeduras exorciza a vítima, e o segundo "chupa" o feto do ventre da infeliz. É esse Don Juan caboclo, o sedutor das matas, o pai de todos os filhos cuja paternidade é "desconhecida", que deu origem a deliciosa expressão regionalista: "Foi o boto, sinhá!"

A credibilidade no mito é tamanha que há casos de pescadores perseguindo e matando o pobre cetáceo, por achá-lo responsável pela gravidez indesejada de suas filhas ou mulheres.

Na magia nativa ou pajelança, os órgãos sexuais, tanto do macho quanto da fêmea, possuem propriedades afrodisíacas extraordinárias e podem ser facilmente encontrados no mercado de ervas do Ver-o-Peso, em Belém*. Também, nessas barracas especializadas se pode comprar os olhos do boto, que possuem qualidades talismânicas excepcionais quando preparados - ou como dizem os caboclos: "curados" - por um pajé. Segundo os expertos no assunto, é o olho direito o portador das propriedades mágicas. Este, depois de seco, produz um ruído quando é sacudido, mas alguns barraqueiros já introduzem um granulo no interior do olho esquerdo, antes que esse seque, para que passe pelo verdadeiro olho direito do boto.

Dizem, também, que os dentes do boto podem ser usados no combate às dores da primeira dentição, e os miolos podem ser empregados numa beberagem que coloca a pessoa que bebê-la, sob o domínio e poder de outra. A gordura extraída do peixe-boto dá um excelente azeite para candeeiros, mas dizem que pode causar cegueira.

Há muitas histórias sobre o boto. Um relato curioso foi colhido pelo Padre Alcionilio Brúzzi 4, por volta de 1952. Conta esse missionário que na tribo Taryana, do povoado Araripirá, no Rio Uaupés, uma antiga aluna da Missão de Iauareté, casou-se com um moço Tukano [...], outro rapaz queria tê-la como esposa, e por vingança, indo certa vez em passeio pelo mato com o marido dela, deu-lhe a pegar uma folha de pirá-yawáre-púri, planta do boto". O relato contínua informando que certo dia "o marido ficou como boto", isto é, resfolegando como faz o boto fora da água, até que por fim mergulhou no Rio Negro, lá em Tapurucuara - antiga Santa Izabel -. Patrícia Izabel, a narradora do fato que o Padre Brüzzi transcreveu, informa ainda que o marido enfeitiçado ficou durante o dia todo dentro da água.

Os botos o empurraram para a terra e ele "virou gente outra vez, e várias vezes" ele tem virado boto".”

FONTE: http://siabi.trt4.jus.br/biblioteca/acervo/Biblioteca/ebooks/pereira_painellendasamazonia.pdf