terça-feira, 6 de agosto de 2013

JANELAS DO TEMPO: E as águas que levam o sofrimento.

Autora: Kassia Fernandes

Tá bom, o título ficou meio deprê, mas um enorme sentimento de nostalgia toma conta de mim toda a vez que eu vou à Moca. E já que é julho e vocês todos vão lindos pegar a BR 316 em busca de praia, aí vai uma dica para quem quer esquecer um amor e encontrar um bom pega no "Verão" Amazônico.

Julho é tempo de Mosqueiro

Para os leigos, MOCA = Mosqueiro, a ilha mais perfeita da Terra. Ok, temos coliformes fecais na água. Ok, temos povão e algumas (muitas) gangues. Ok, temos praias lotadas e muito descaso público. Ainda assim, a Moca é a Moca. Nem vou parar para discutir com vocês porque Mosqueiro é melhor que qualquer destino turístico do mundo.

Para mim, Mosqueiro proporcionou e continua proporcionando muitos momentos felizes. Nem sei dizer para vocês há quanto tempo vou para lá. Conto sempre que fomos todos os meses de julho desde que me lembro por gente.

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Posso dizer que quase fui criada na Bucólica, que ainda tinha a Saudosa Maloca como melhor opção noturna, a Boutique como melhor diversão para os jovens (ainda existe), a pipoca do Pedreira para os recém saídos da adolescência e a Praça Matriz como o point da criançada.

Isso foi muito antes do Murubira se tornar “o” lugar, aonde todos iam charlar... Meu Deus! É nessas horas que reconheço minha idade... Nossa Senhora do Ó me guarde desse quase 30tão!

Enfim, até esmoreci agora. E lembrando os longínquos tempos de tchutchuca me vem recordações dos amores... Não preciso dizer que eu, Katya e Cynthia passamos por muita coisa em Mosqueiro, né?

Não vou me dedicar a lembrar do nosso passado amoroso aqui. Não, manos, jamé! O que quero compartilhar (sempre) são as mandingas para esquecer, que fizemos para essas imundícies que nos trouxeram carinho e raiva! Rá!

Nada melhor como uma beira de rio para levar embora tudo de ruim! Então, anotem a melhor receita para esquecer um amor sofrido.

Nome na areia que a água leva embora o desgraçado!

Fonte: João Bidu. Na verdade, não tenho certeza se a Katya descobriu essa mandinga nas ótimas revistinhas do Bidu. Só me lembro da primeira vez que a vi com um olhar penetrante em direção ao rio, no sentido da Ilha do Marajó. Aqueles olhos peneniiiiinos... hahaha!

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Depois de muito pensar, ela pegou uma varinha de madeira e escreveu um nome de homem na areia. “Pra quê isso, Ninis?”, eu perguntei atrapalhando a magia. “Para esquecer este escroto!”, respondeu ela ainda muito jovem (faz tempo) com lágrimas descendo pelo rosto. A alcunha do dito cujo foi milimetricamente desenhada próxima às ondas do rio, que lentamente foram apagando o nome.

Depois que as águas de julho limparam a palavra da areia liiiiimpa da Praia do Farol, ela vira e me diz: “Se tiveres certeza que não queres o homem mais, escreve o nome na areia. A água leva e o esqueces”.

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Assim, Ninis Katya me deu a dica. E na crença que o rio levaria o sofrimento, em todos estes anos, nós escrevemos praticamente uma Bíblia de tantos nomes na praia. E todos os trastes foram pro rio e lá devem estar boiando como boas bostas que são! Rá... rá...rá!

Postado há 12th July 2011.

A autora:

“Sou uma paraense meio louquinha e cheia de crendices inspiradas em meus antepassados indígenas, portugueses e caboclos. Ninis é como a minha irmã e protetora espiritual me chama.”

FONTE:

http://mandingadeninis.blogspot.com.br/2011/07/e-as-aguas-que-levam-o-sofrimento.html

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