sexta-feira, 22 de março de 2013

JANELAS DO TEMPO: MOLECAGENS DO PASSADO 9

O PRIMEIRO TURISTA DE SUNGA

Narrativa de Joseph e Alexandre Farah (entrevista concedida a Coely Silva)

Bill – E os turistas aqui, vocês conseguiram aprontar alguma com turista?

ALEXANDRE – Ah, rapaz, teve aquela do primeiro cara que vestiu biquíni aqui no Mosqueiro.

JOSEPH – Nessa época, as moçoilas usavam babados até as coxas, puritanismo total.

ALEXANDRE – Teve o turista que foi agredido e os Farahzinhos tomaram a defesa dele. Ele era nórdico, era da Noruega ou Suécia, então ele passou no hotel do Zacharias e trocou a roupa. Então, quando ele desceu do quarto e apareceu de sunga, os proprietários do hotel disseram que era um absurdo, uma imoralidade e o expulsaram a bofetão. Indignados contra aquela agressão à pessoa humana, os Farahzinhos...

JOSEPH – Ele vestiu novamente a roupa e pediu para mim que queria trocar de roupa e eu levei prum quarto de nossa casa e botou a sunga. Quando ele saiu do quarto, eu mesmo me assustei que a sunga do cara era mínima mesmo, era igual das garotas de Ipanema, muito minúscula mesmo: era um curativo band-daid, tanto é que ele muito branco, o traseiro ficava exposto. Quando eu vinha saindo com o gringo lá de dentro de casa, o velho se encontrava sentado defronte da casa do seu Athias, ele olhou e disse: “Mas que sacanagem é essa na minha casa, ô Joseph, você está maluco, homem nu dentro de casa?”. “Calma, papai”, e eu fui descendo com o gringo para a praia e joguei o pobre do gringo na praia. Ele foi cercado por toda aquela multidão assustada que nunca tinha visto o nudismo e avançaram pra cima do gringo, tacaram o dedo no... do gringo e botaram pra fora da praia: “Seu viado, você não é homem!”

 

FONTE: Silva Coely. Especial de Férias de O Estado do Pará, de julho de 1978.

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