sexta-feira, 1 de março de 2013

CANTANDO A ILHA: NO MOSQUEIRO

Autor: Otacílio Mota

No Mosqueiro,
Copulam as flores,
Vão-se as dores
E a palavra se faz alma.
No melhor fonema
O silêncio se faz poema.
No umbigo,
A ânsia profunda.
O amor cresce belo
E a tudo inunda.
A mão mergulha o fundo do rio
E cata a semente
Que vai florir meu chão.
Mesmo que o amor seja justo
O amanhã será sempre um susto.
No Mosqueiro,
Sinto o gosto
E imagino o amor
Como se fosse o vento
Tocando o meu rosto.
O amor é o sangue que brota
E corre nas minhas veias,
Que tece as teias
Que me enlaçam.
Na minha idade
A claridade me invade
E demarca o ritmo dos passos.
Os braços
Agarram o antigamente
E trazem a demasia
Que encharca o dia.
No Mosqueiro,
As lembranças boiam
Junto ao travesseiro,
Besuntam-se de essências,
Acalentam o sangue e o coração
E a vida expele pulsação.
Sinto saudades dos tempos idos,
Nada perdura além dos sentidos.
Na cabeceira,
Fica o retrato.
Não posso dar rosto ao abstrato.
Gostaria que ela fosse
O aqui e o agora,
Dentro de mim e fora
Porque
Ela não é a razão da poesia,
Ela é a própria poesia.


Assim...
Incrustada em mim.
No Mosqueiro,
Assopro o meu grito,
         Fico sozinho
                   E infinito.

FONTE: http://otaciliomotamanuscrito.blogspot.com.br/2013/02/no-mosqueiro.html

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