quarta-feira, 16 de maio de 2012


JANELAS DO TEMPO: MOLECAGENS DO PASSADO 4

O SINO DO OSCAR STEINER

Narrativa de Joseph e Alexandre Farah (entrevista concedida a Coely Silva):

“Agora vou contar rapidamente o caso do sino do Oscar Steiner. O Oscar Steiner era um homem muito fino, tradicional e descendente de família parece que polonesa. Numa dessas viagens do Almirante Alexandrino, nós demos inusitadamente com uma roda de irmãos maristas, senhores da sociedade todos reunidos diante de um grande sino, e o Sr. Steiner no meio, de vez em quando dava uma batidinha: bléim... bléim.
Era um sino muito bem decorado, com gravações, da família dele, que ele tinha recebido da Bélgica e ele ia colocar na casa dele, e vinha exibindo o brasão da família, e isso para alguns irmãos maristas que eram estrangeiros, como o Paulo Beckmann, um franco-belga, irmãos Oscar, Geraldo, Clóvis... como era aquele cabeçudo? Ah, irmão Hermann e vários senhores. Naquilo atraiu a nossa curiosidade e, quando o navio chegou, o Oscar Steiner mandou o carregador 7 – era tradicional, cada família tinha o seu carregador preferido – e na viagem já viemos botando a nossa fértil imaginação em funcionamento, para aproveitar aquele momento que se apresentava, o que nós iríamos fazer com aquele sino. A primeira coisa que ele fez foi instalar o sino na casa dele, com o auxílio do filho, o Rodolfo Steiner, colocou na porta da mansão dele, e badalou bléim, bléim, e chamava aquelas famílias e comunicava a chegada do sino.
Dizia que quem quisesse falar com o Dr. Oscar Steiner que tocasse o sino. Quando foi à noite o Sr. Steiner, em companhia da nora, Ruth Ribas de Faria e do filho, a família toda, sua esposa, dona Arquimina, que foi talvez a mulher mais bonita que passou pelo Pará, e mais elegante, hoje ela está no Rio. Então eles sentavam naquele serão familiar, deliciando o sino. Nós passávamos, olhávamos... Altas horas da noite, com a costumeira turma, nós fomos lá e o Joseph, com muito jeito, amarrou uma linha – no Hotel do Zacharias, era o Rui, o Hugo, eles arrumaram um novelo grande de linha – no badalo do sino e com muito jeito puxamos aquilo pra praia, e várias famílias vinham assistir, as minhas irmãs.
Nós convidamos várias famílias para assistir, tinha arquibancada, a galera.
Umas nove e meia pras dez horas começamos a bater no sino, bléim, bléim, aí o seu Steiner, de óculos, lendo o jornal, aí ele tirava o óculos, olhava na frente e não enxergava nada, ia até lá, olhava e voltava, tornava a se concentrar na leitura do jornal. Daqui a pouco, já estafado, indignado, mandou que toda a família entrasse, apagou as luzes, e nós percebemos ele olhando entre as frestas da janela. Tornamos a bater, e ele foi lá, atrás, chamou os empregados, o Anselmo, o Luís (ele tinha fazenda no Marajó e um número enorme de empregados) que se colocaram estrategicamente entre os arbustos, que era pra pegar aquele bandido, que estava desacatando sua família. Quando ele botou os empregados, nós ficamos com medo e então descemos a praia e ficamos próximos do hotel do Zacharias, observando a movimentação dos capangas do seu Steiner.
Inadvertidamente vem passando uma família, uma senhora que saía da casa do Sr. Oscar Santos e que morava na praça do Farol, e mais duas moças. Elas tropeçaram no fio do sino, aquilo amarrou no pé e começou a badalar o sino, e os empregados do seu Steiner saíram esbofeteando, pá, pá e elas gritando “ai, ai, mas o que é isso?” e o se Steiner já vinha gritando: “seus patifes, estão batendo o meu sino, não dão sossego pro meu sino”, com a mão estendida, gritando, e quando ele foi chegando perto, e reconhecendo a senhora, ele “ó minha senhora, queira me desculpar, foi um enorme equívoco, esses meus empregados, não tem cabimento”, e enxotava os empregados: “vão embora, vão embora!” E ele resolveu então tirar o sino e guardar na mesma noite e nunca mais se ouviu falar no sino do Sr. Steiner.


FONTE: Silva Coely. Especial de Férias de O Estado do Pará, de julho de 1978.


A ILHA CONTA SEUS CAUSOS: A MOCINHA QUE FOI MALINADA PELO BOTO.

Texto construído a partir de narrativas dos moradores da Comunidade de Caruaru e transcrito pela Profª. Leila do Socorro A. Cunha.

“Certo homem chegou no seu sítio doido para ver sua mulher e a mocinha sua filha. Elas estavam lidando com fogo, arranjando os peixes em cima do jirau. A mulher o viu chegando de longe e foi falando:

-- É, bem, chegando em boa hora, vai comer um peixe assado.

Nisso a mocinha foi saindo de mansinho, se escondendo, mas o homem percebeu sua ausência e quis saber:

-- O que a menina tem? Está doente?

-- É coisa de menina, porque você demorou demais a chegar.

A mulher ficou trabalhando e pensando num jeito de contar para o marido a enfermidade da menina, e não sabia como, mas tinha que contar. Nessa hora, o homem chamou a mulher para se deitar, a mulher foi e aí desembuchou de uma vez:

-- Sabe de uma coisa, meu bem? O boto pegou a nossa filha.

-- Que é isso que tu estás me dizendo, mulher?

-- Foi ela mesmo que me disse.

-- Você não botou reparo nela, já está com filho na barriga.

-- Não pode ser, a minha filha não, eu bem que avisei, mas ela não tem juízo, vivia na beira do igarapé. Taí, o Boto fez festa e não foi só ela; a filha do compadre também está prenha do boto.

O homem ficou com tanta raiva do Boto e não quis saber de mais nada.”

(Lima Gama, Rosangela C. e Santos Andrade, Simei. “Mosqueiro Conta em Prosa e Verso o Imaginário Amazônico”. PMB, 2004, p. 68)

terça-feira, 15 de maio de 2012

JANELAS DO TEMPO: O CABRALZINHO

 

O paraense Francisco Xavier da Veiga Cabral, o Cabralzinho, também conhecido como o Bravo do Amapá, é um dos heróis brasileiros na Guerra do Paraguai. Para homenagear seus feitos, o Governo Provincial dividiu a ilha do Mosqueiro em duas partes e uma delas foi doada a esse herói. Doação provisória, porque, anos depois, as terras seriam devolvidas à Província e distribuídas legalmente por meio do sistema de léguas de sesmarias.

Assim o escritor Cândido Marinho Rocha se refere ao insigne paraense:

Outro vulto de destaque na história paraense, Francisco Xavier da Veiga Cabral, o Cabralzinho, herói do Amapá, é também amado pelos mosqueirenses.

Na Ilha, tornou-se chefe político, ele que era líder natural. Dinâmico, altivo, honrado, idealista, defendia sinceramente o seu eleitorado, prendendo-o à terra, para fixação e desenvolvimento. Assim, fez com que grande parte do território fosse doada aos Marcelinos e Caetanos. Criou um novo Tratado, que marcava limites, linhas divisórias dos terrenos de propriedade daqueles chefes de eleitores. Em consequência mediam-se as terras naqueles tempos da seguinte forma: “Meia Ilha por tantas braças de frente”, conforme consta dos arquivos existentes na Biblioteca e Arquivo Público do Pará.”

O Professor Benedicto Monteiro, em sua História do Pará, mostra o espírito de luta do nosso herói, sempre defendendo os interesses do povo paraense:

“Dentre os princípios do regime republicano, a federalização do Brasil era o que mais interessava ao povo paraense. Tanto que muito antes da Proclamação da República, “A Província do Pará” já fazia uma campanha em prol desse princípio renovador que permitiria ao Pará livrar-se das decisões absurdas do poder central.

Ainda em razão desse interesse dos paraenses, em ter um governo composto com autoridades da terra, Francisco Xavier da Veiga Cabral, o “Cabralzinho”, chefiou uma insurreição já em julho de 1891, visando a impedir a instalação de um Congresso Constituinte que tentava manter ou eleger para o governo pessoas estranhas à terra, naturalmente influenciadas pelas autoridades e comerciantes portugueses não só pela imensa distância geográfica, mas também pelo distanciamento do poder central.”

Cabralzinho residiu por muito tempo na Sétima Rua. Como lembrança desse fato e do herói, essa rua, mais tarde, seria denominada Rua Francisco Xavier da Veiga Cabral.

FONTE: MARINHO ROCHA, Cândido. “Ilha Capital Vila”- GRÁFICA FALANGOLA EDITORA. Belém-Pa, 1973- p. 30.

FONTE: MONTEIRO BENEDICTO. “História do Pará” – EDITORA AMAZÔNIA. Belém-Pa, 2005- p. 154.

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segunda-feira, 14 de maio de 2012

CANTANDO A ILHA: NAQUELE TEMPO… (OU BISPO AGORA-ONTEM)




Autor: Prof. Alcir Rodrigues


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Neste novo amanhecer na praia
― a do Bispo ―, há uma névoa
cristalina que quer esconder
a realidade presente e revela
espontaneamente um outrora
ante minhas retinas estupefatas.




A lenda impele sua indistinta figura
no lento rumo daquele monumento:
São Pedro, imagem do santo pescador
decaído, que a baía já engoliu de todo.




Este é um olhar na direção da seta
apontando o que já-foi, tempo (tardio
tempo!) do qual ficaram somente
migalhas na palma de minha mão,
onde pousa este um pássaro etéreo
que vem mariscar e deixa, apenas,
o cuí indistinguível do tempo ido...




E voa... voa... e fico contemplando
sua sombra a se desvanecer nas nuvens.


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Praia do Bispo

terça-feira, 8 de maio de 2012

A ILHA CONTA SEUS CAUSOS: O JOVEM ADORMECIDO 2

Autor: Cândido Marinho Rocha

 

“Na casa de Anacibe, os acontecimentos decorriam em atmosfera de risos e piadas, pois descobria-se, de repente, que o fantasma do cemitério existia em carne e osso. Era a filha de um bodegueiro lá das bandas do Natal do Morubira, moça de beleza nativa bem acentuada, possuída dos demônios.

Menina criada sem companhia de mãe, irmãs ou primas, isolada, vivendo às margens do deserto mental, sem estudos ou contatos civilizados, foi por isso transferida já mocinha para a Vila, a morar em casa de parentes, de favor. Sua vida passou, assim, a ser mais opressiva. As mortes sucessivas de seus entes mais queridos teriam ocasionado o trauma que desequilibrou sua libido, tornando-a um caso patológico. Estancada a libido, a tensão psíquica aumentou extraordinariamente, tornando-se neurótica. Havia quem dissesse que a menina fora inocentemente levada a praticar o incesto, prática com a qual sua natureza se acalmava. Mortos pai e irmãos, surgira o desequilíbrio. Tornara-se, portanto, incapaz de dominar seus instintos, mas não perdera totalmente a personalidade. Bonitinha, calma, operosa, vivia quase de modo irreal, trabalhando nos assuntos domésticos, sem aspirações senão aquelas que, partindo do âmago da sua natureza, pediam inutilmente. Após uma série de vigilantes cuidados, as pessoas de sua residência, habituadas à sua passividade, reduziram a preocupação com a moça, do que se aproveitava para, à noite, enfeitar-se, dentro do seu mundo coercivo, e sair à rua, a procura de aventuras, abúlica, amoral, magnífica.

A amnésia infantil concedia-lhe a graça do esquecimento quanto aos atos praticados com pai e irmãos, mas sua personalidade vibrava ao descobrir alguém que fosse parecido com eles e tendia nervosamente no sentido daquela pessoa, com os instintos soltos, desenfreados. Mas, dentro de tudo, unia o cemitério à pessoa dos mortos, pois ali os deixara. Em consequência, para ali se dirigia sempre que colhia um admirador inadvertido. Sentia-se mais desesperada ainda, decepcionada, frustrada, irremediavelmente nula quando, às proximidades do campo dos mortos, os admiradores eventuais retrocediam e a abandonavam. Dirigia-se então ao primeiro túmulo, sobre o qual repousava a cabeça e a mente e dormia, na serenidade do imenso silêncio dos sepulcros, sob chuva, trevas ou estrelas. Quando o dia amanhecia, a moça já se encontrava em casa, corretamente aplicada aos seus deveres. Enchendo água retirada do grande poço, limpando o vasto quintal, verdadeiro pomar, apanhando frutas, cantando...

Tornou-se necessário que Anacibe visse à luz do dia a bela mulher das beiradas do Morubira para se certificar de que não fora vítima de assombração.

Desde então, voltou à sua vida anterior, curado, limpo, ou melhor, sujo outra vez, capaz de novas investidas noturnas, conquistas pequeninas e passageiras. Sem histórias.”

FONTE: MARINHO ROCHA, Cândido. “Ilha Capital Vila”- GRÁFICA FALANGOLA EDITORA. Belém-Pa, 1973- pp. 111 e 112.

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O Jovem Adormecido

quinta-feira, 3 de maio de 2012

JANELAS DO TEMPO: MOLECAGENS DO PASSADO 3

“O Caso da Galinha Carioca”

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“Madrugada afora, os Farahzinhos e sua turma faziam uma pausa nas brincadeiras e descobriam que estavam com fome. Que fazer? Claro que não era uma fome de chegar na cozinha e tal, beliscar alguma coisa e sair fora. Não, o gostoso para eles era conseguir um rango legal, mas batalhando. O clima ameno de Mosqueiro – madrugada abria o apetite e o gosto pela aventura.

Esse gosto pelo inusitado, pela emoção da aventura transcendeu a própria fome: os Farahzinhos bolaram um plano a longo prazo, isto é, conseguir uma galinha gorda e nutrida mas para ser comida no dia seguinte. Na vizinhança, havia uma senhora da alta sociedade, daquelas damas que nutria uma verdadeira paixão pela boa cozinha. E ela tinha ensinado aos Farahzinhos, isso sob rigoroso sigilo, o modo perfeito de preparar uma galinha, mas tinha que ser uma ave preta. Seguinte: depois de um mês de limpeza com sal amargo e limão galego, a gulosa dama deixava a galinha de quarentena se alimentando apenas de milho e pasmem! chá de erva cidreira de folhas miúdas. Ela explicava, com os olhos brilhantes, que esse requintado e exclusivo processo aromatizava de maneira especial a carne da ave, superando a do faisão.

Aliado à tentadora vontade de saborear prato tão exótico, os Farahzinhos tinham aprendido com um “macuqueiro” (ladrão de galinha) uma maneira habilidosa de roubar os galinheiros. “É o seguinte, malandros”, confidenciou o macuqueiro, “vocês pegam um saco de sarrapilheira molhado e adentra o galinheiro, com muito cuidado pra não acordar o galo, porque aí, malandro, quem entra bem é vocês. Bom, então vocês aplicam a técnica do papagaio: escolhem a vítima, chega perto e bate com suavidade nos pés dela, daí o pezinho se enrosca nos dedos, então joga o saco. Vai firme que é moleza”. Dito e feito. Naquela mesma madrugada, os Farahzinhos aplicaram a lição do mestre macuqueiro no galinheiro da confiante dama e a mais gorda e bela galinha preta foi surrupiada. Já em casa, Joseph agarrou a penosa pelo pescoço e auxiliado por Alexandre raspou cuidadosamente todas as penas do pescoço, com uma longa e afiada faca. Em seguida, a galinha, já despida de boa parte das penas, foi novamente posta no galinheiro da madame.

No dia seguinte, a segunda e genial parte do plano. Bem cedinho, Joseph e Alexandre bateram na porta da vizinha.

-- Bom dia, dona fulana!

-- Oh, bom dia, meninos, que é que está havendo, tão cedo aqui?

-- É o seguinte. A mamãe pediu pra senhora ver, por gentileza, se escapou para o seu quintal uma galinha carioca. Ela é preta e de pescoço pelado. Será que a senhora poderia...

-- Uma galinha carioca, ah, pois não. Ó Maria, vê aí no quintal se tem uma galinha carioca, e tal.

Não demorou muito lá vem a empregada com a tal galinha carioca, pescoço pelado, etc. A dama gentilmente entregou a ave, com pedidos sorridentes de desculpas: “não sei como veio parar aqui” e tal. E nunca uma galinha foi tão requintadamente saboreada, uma banda só para os Farahzinhos e o resto para a turma. Quanto à dama lograda, claro que dias depois percebeu o logro em que caíra, mas não disse nada, só que durante longos tempos desapareceu a simpatia e os sorrisos da boa senhora com os Farahzinhos.”

FONTE: Texto e ilustração (caricaturas): Especial de Férias de O Estado do Pará, de julho de 1978.

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Molecagens do Passado

Molecagens do Passado 2

terça-feira, 1 de maio de 2012

JANELAS DO TEMPO: PARTIDARISMO NOS PRIMEIROS TEMPOS DO DISTRITO

Autor: Cândido Marinho Rocha

A Vila possuía também tipos originais, populares, frutos da época, envolvidos pela bulhenta política partidária. Um destes, de nome Manuel Jovino, homem de cor, baixote, magro, era destemido capanga de um dos chefes políticos locais. Certa vez, obrigou um Coronel da Guarda Nacional a dançar nu na própria residência. Manuel Jovino encontrou-o escondido embaixo da cama, não o escandalizando devido aos aflitos pedidos da esposa. Mas cantou e forçou o homem a cantar também ali no quarto, em presença da mulher:

 

Eu estou nu

Não estou vestido

Nem remendado

Nem remendado

Estou dançando

Pra não morrer

Pra não morrer

Jovino era laurista e o tal político era conservador, dois grandes e intransigentes partidos que movimentaram a vida no Pará. Ninguém escapava: era laurista ou conservador. A punição deveu-se à circunstância de ter o homem declarado, no apogeu da campanha eleitoral, que se perdesse “tocava fogo no Mosqueiro”. Perdeu, foi punido, retirou-se da Ilha, onde nunca mais foi visto.

Como pelo resto do país, assim era, nos lugarejos distantes, o exercício da política partidária. Aquele que perdia a eleição perdia também o direito à cidadania, ao respeito, às amizades, pois tudo lhe era negado até o simples direito de fitar pessoas, na rua. Tudo se transformava em zombaria, insulto, represália, vingança, pancadaria. Na Ilha, todavia, um humor sombrio mas revelado claramente evitava crimes. Uma surra, um purgante, uma carreira, um susto, certa frieza social, exclusão do condenado ao ostracismo até nas participações de festejos religiosos como Juízes, Mordomos, Leiloeiros.

FONTE: MARINHO ROCHA, Cândido. “Ilha Capital Vila”- GRÁFICA FALANGOLA EDITORA. Belém-Pa, 1973- pp. 30 e 31.

MOSQUEIRANDO: lauristas: assim eram chamados os partidários de Lauro Sodré em oposição aos lemistas, simpatizantes de Antônio Lemos. Este e aquele foram os chefes das duas grandes facções políticas que dividiam o poder em Belém e no Pará, na época citada no texto.