quarta-feira, 24 de outubro de 2012

CANTANDO A ILHA: MOSQUEIRO

Autor: Otacílio Mota

Quando estou no Mosqueiro, fico no coreto da minha casa. O vento forte e constante que vem de encontro a mim, está repleto de promessas. Com ele canta a ânsia de viver e ser feliz. O fogo da vida chameja e o sol santifica o meu instante.

Fico quieto porque o mundo respira os meus segredos. Sorrio com a alma e com os olhos e me sinto pronto para renascer. Meus sentimentos ficam mais experientes e sensíveis e a vida me chega com maior riqueza e colorido.

Gosto de olhar as árvores que estão em volta e o verde das folhas nelas penduradas. Escuto os passos do coração e esqueço as perdas. Afasto as sombras do medo e penso nas coisas boas e simples que me encantam e uma luz permanente apaga as minhas sombras. É bom estar ali, sem pressa e sem compromissos.

Tudo me fica mais leve, com a natureza e Deus por perto. Quero caminhar um novo viver e espreitar esperanças, mais e mais.

Que os meus sonhos emanem perfume de poesia e que uma canção seja a minha história de bênçãos!

As raízes da esperança fincam-se na minha alma, para não se perderem jamais. Cada passo dentro de mim é o caminho do meu reencontro e é nesse caminho que trilho a minha essência. A solidão me sussurra que breve surgirá o meu dia, claro e límpido e o meu espaço azul.

A vida me fita e Deus debruça-se nos meus sonhos e o ritmo do meu íntimo soa a favor.

Enquanto a vida corre, sinto-me vivo. O ar que respiro fala com as manhãs e o que existe é o apenas tudo, e mesmo mudo fico molhado de sentido.

Mas, quando hesito e sofro, as letras e o que eu compreendo se embaralham e os olhos pisam na lágrima. A natureza apalpa o curso dos meus prazeres e arranca de mim o sentir-me saci na solidão de perna só. O meu entusiasmo é o de busca, por que o maior naufrágio é não partir em busca.

Depois de tudo, um beijo divino torna o meu cenário luminoso e mágico.

O cheiro do mato inunda o meu nariz. A matemática do zero queda-se vencida.

Mosqueiro é a matemática do resultado, com essência de verão e ânsias de infância. E mesmo com idade avançada cavo um sol com coração de menino.

Faço da força a minha busca projetada e jogo fora as lembranças estúpidas e sem endereço.

Respiro domingos e feriados, enquanto um passarinho inquieto se mexe em algum galho.

Mosqueiro é o meu recanto e o meu retalho.

FONTE: http://otaciliomotamanuscrito.blogspot.com/2010/10/m-o-s-q-u-e-i-ro_29.html

O autor:

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Quem sou eu? Não sei mais. Como estou eu? Estou assim. De dia, penso nas minhas noites. De noite, fico deitado fitando o teto. E dentro de mim fica o nada, do tudo que eu quero. Minha angústia não me deixa livre, nem para eu aceitar a minha solidão. Já tive o conforto de um abraço, o calor de um corpo junto ao meu, e a bem-aventurada invasão da minha alma. Depois, ficou-me o silêncio e o segredo da dor de perder. Nem a luz me dá a sua sombra. Meu amor é o mesmo, A esperança é a mesma. Eu é que já não sou o mesmo. Meu coração se afoga no rio que fica às minhas margens. E o meu silêncio é melhor que as palavras. Durante horas, olho para dentro de mim e não me encontro. Depois, volto ao mundo real e reflito: Só serei nada, se me sentir menos. - Um dia, me virá um sol, Para iluminar a minha noite.

FONTE: http://www.blogger.com/profile/09034585917591260929

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