terça-feira, 29 de novembro de 2011

NA ROTA DA HISTÓRIA: A RELÍQUIA PERDIDA

 

Autor: Claudionor Wanzeller

 

 

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FONTE: http://www.eujafui.com.br/3405870-belem/21215-ilha-de-mosqueiro/fotos/

Sábado, 26. Pesadas nuvens cobrem a ilha, escurecendo a tarde. Chove forte sobre a Vila centenária. O clarão dos relâmpagos parece fotografar a cena. O ribombar dos trovões estremece as casas e as pessoas.

De repente, um raio corta o cinzento do céu e atinge, em cheio, o antigo relógio no topo do Mercado Municipal, fazendo em pedaços mais de meio século de História.

Sim, o mesmo e tenaz relógio que Pires Teixeira doou em sinal do seu amor pela Ilha. O relógio que, nos velhos e silentes tempos, marcava a rotina do povo das redondezas: as horas mortas do meio da noite, o momento de entrar na fila da carne na época da guerra, a partida saudosa do navio, a pausa no trabalho para o almoço e a hora solene do Angelus.

O mesmo relógio cujas badaladas precisas cresci ouvindo e minha mãe e minha avó tantas vezes escutaram. Sons tão familiares como os apitos da velha Usina e do navio da linha.

É como se aquele raio quisesse parar o tempo: o presente com o cheiro do passado. Pessoas já se foram, o relógio já se foi, mas o tempo não para!

JANELAS DO TEMPO: MOLECAGENS DO PASSADO 2

Autor: Augusto Meira Filho

“Em uma das viagens de Belém para o Mosqueiro, pelo Alexandrino, os dois Joseph e Alexandre Farah, em companhia de colegas do mesmo tipo e padrão, resolveram criar o que chamaram de homem-bosta. Desejavam apurar como os cavalheiros austeros das mansões nobres do Mosqueiro se comportavam diante dessa palavra e dessa coisa hedionda que se chamava bosta!

O que fizeram, para obter uma resposta à sua indagação filosófica e moral?

Reuniram em vasilhame próprio uma porção de trampa e, quando todos dormiam, eles, aos pares, colocariam tal material nos portões das casas, nos trincos, nas maçanetas, dificultando seu uso. Quem conheceu o Mosqueiro daquele tempo sabe que os ônibus da Prefeitura passavam de madrugada, para o transporte de passageiros que se destinavam ao navio e a Belém. Esses veículos paravam em frente de cada vivenda, apanhando gente. Geralmente, mal acolhiam a freguesia de um bairro e estavam lotadíssimos. Ora! Quando eles chegavam à estrada do Farol, vinham cheios, sem lugar, e era um verdadeiro sacrifício tomar-se lugar naquelas circunstâncias.

Pois bem!

Os Farahzinhos e sua troupe infernal passaram fio de arame fino amarrando as folhas dos portões, impedindo, assim, que logo abrissem ao primeiro contato. Depois, como dissemos, aplicaram bosta em toda parte.

O pobre que se destinava a Belém, muitas vezes sem o café da manhã, mal colocava o casaco e apanhava a pasta de serviço, estava de espreita na passagem da viatura. Perdida, estava tudo liquidado. Raramente esses ônibus voltavam uma segunda vez para receber os retardatários. E foi isso que aconteceu a dezenas de veranistas, habitualmente fregueses, na madrugada, daquela espécie triste de transporte, da praia à Vila, quando saboreavam rapidamente um café no Lacerda ou no Padre Serra.

Imaginem os leitores de que essa meninada louca se dava ao prazer mórbido de acordar cedo para apreciar a desgraça alheia. O passageiro despedia-se às pressas da família e avançava para o portão. Fechado com arame, era difícil abri-lo com presteza. Vendo essa impossibilidade, o freguês pulava o muro sempre baixo e entrava apertado no veículo, causando a maior decepção. Suas mãos estavam cheias de merda, exalando cheiro desagradável. E não havia como lavar a imundície e era impossível regressar a casa para tal fim. Nem lenço dava jeito. Cada qual queixava-se para o vizinho e imaginava-se de quem teria partido semelhante absurdo. Quem? Repetiam em uníssono: “Os Farahzinhos. São uns demônios neste local. Uma praga! Uma desgraça social!”

Acontece que era hábito normal dos moradores da redondeza comparecerem à Missa domingueira das 8 horas, na Capela do Chapéu Virado. Senhoras, moças, crianças, rapazes, cavalheiros jamais faltavam àquele compromisso religioso.

No domingo seguinte a esses fatos que contamos, sentiu a esposa de Raymundo Farah um completo descaso, desinteresse por sua pessoa, diferente das vezes anteriores, com certa repulsa das vizinhas e amigas. Claro que isso afetaria a distinta senhora que nada tinha a ver com o caso das madrugadas pestilentas, comentadas em toda parte. Chegando a casa, chamou o marido reservadamente e expôs-lhe o fato ocorrido, lamentando-o, constrangida, e achando que as molecagens dos meninos estavam metidas nisso. Como sempre, o esposo discordou. As ‘meninas” eram inocentes. Perseguição da oposiçon, nada mais. Oposiçon! Sim! Oposiçõn!

Os dois, conhecendo o temperamento da genitora, deram um jeito de escutar a sua queixa, escondidos no quarto contíguo ao local do encontro. Ficaram matutando, preocupados, duplamente. Pela verdade do que ela dissera e pela ingenuidade patente do pai sempre negando as travessuras dos filhos gêmeos.

Cedo veio a ideia de apagar da história as dúvidas da mãe sem prejudicar o pensamento do pai. Concordaram, naquele mesmo instante, de efetuar a mesma operação no portão de sua própria casa. Assim, o velho Raymundo participaria da desgraça imunda imposta aos seus vizinhos e ficaria claro que os filhos nada tinham com a estória da merda nos muros. Não fariam aquilo com seu genitor. Sim!

Assim pensado, assim feito!

Na manhã de segunda-feira, o Sr. Farah viveria o mesmo vexame da vizinhança. Ao sair da casa velha, apressado, deixando a esposa no terraço, daria com as mãos num monte de bosta, colocado nos trincos, nos portões, em toda parte do muro antigo de sua vivenda tradicional. Ele não perderia a linha. Ao contrário, sentindo o mal realizado, retornou correndo com as mãos estendidas, dizendo à esposa que já estava aflita com aquele inesperado retorno:

-- Veja, dona Lordes, olhe aqui nas minhas mãos. Quanta imundície! Borraram o portão de fora, e isso é uma prova do que afirmei. Não foram nossas “meninas” que fizeram aquelas molecagens aí pelo Farol. São inocentes. Sim, dona Lordes, eu tinha razão. Mas vou agora apurar quem fez isto aqui no Mosqueiro. É o cúmulo, o máximo da falta de educação, de respeito aos moradores do bairro.

Foi desse modo – caros leitores – que Alexandre e Joseph livraram-se do problema e ainda confirmaram sua confiança naquele pai admirável que nunca aceitou suas malandragens.”

(Meira Filho, Augusto – “Mosqueiro Ilhas e Vilas”, Grafisa Ed., 1978, págs. 374, 375 e 376).

quinta-feira, 24 de novembro de 2011

JANELAS DO TEMPO: O COMANDANTE ERNESTO

Autor: Cândido Marinho da Rocha

“O “Almirante Alexandrino”, pequeno navio a vapor que fazia a ligação diária entre Belém e a Ilha, deixava a capital às 4 horas da tarde, chegava ao Mosqueiro mais ou menos às 6,30, lá passava a noite para regressar no dia seguinte às 6 da manhã. Aos domingos e feriados, zarpava de Belém às 6 da manhã, regressando do Mosqueiro às 5 da tarde. Assim por muitos anos.

Um dos mais notáveis comandantes do pequeno barco, de nome Ernesto Dias, modesto marinheiro, muito relacionado entre os frequentadores e habitantes da ilha, tem, hoje, uma rua com seu nome. O Comandante Ernesto conhecia a vida de cada um dos passageiros e dava aqui uma palavra a uma senhora idosa, ali ajudava uma jovem mãe a resolver os problemas do garotinho que levava nos braços, oferecia seus serviços a qualquer figurão que viajasse, palestrava com os rapazes, lembrava episódios com os conservadores, seus contemporâneos políticos.

Ernesto Dias era de pequena estatura, amorenado, esguio, afável, mas dirigia com energia o navio, cuja tripulação lhe devotava respeito e admiração. Tanto que, por muitos anos, foi o comandante do “Almirante Alexandrino”, até que a morte o colheu. Perfeito nas manobras de aportamento, nunca albaroou seu barco com os cais quer de Belém quer do Mosqueiro. Era mesmo famoso por suas manobras e se tornou durante algum tempo motivo de curiosidade a forma suave, elegante, lenta e segura com que encostava o “Almirante Alexandrino”, aproveitando as vantagens do vento e da maré. Nunca errou um cálculo de atracação, nunca foi obrigado a fazer o navio circundar o porto, em manobras frustradas, repetidas e morosas.

Naquela madrugada de Junho o navio, sob a balsâmica aragem mosqueirense, puxava fogo nas caldeiras, preparava-se para deixar a ilha rumo a Belém. Chovera durante toda a noite, as folhas das árvores que pendiam sobre as praias como que choravam inutilmente, por cima da areia, que sorvia aquelas lágrimas vegetais, num velho e indiferente hábito.

Os passageiros, que se destinavam a Belém, passavam apressadamente pela Praça da Matriz, uns embuçados em capas, outros protegidos por guarda-chuvas e os mais desprevenidos acobertando as cabeças com jornais velhos. O navio dava o último apito, avisando a partida. Faltavam dez minutos para largar com destino a Belém.

À proa, braços cruzados, cigarrinho pendido à boca, o comandante Ernesto dava ordens para a desatracação.”

(FONTE: MARINHO ROCHA, Cândido. “Ilha Capital Vila”- GRÁFICA FALANGOLA EDITORA. Belém-Pa, 1973- pp. 35 e 36)

MOSQUEIRANDO: A Travessa Comandante Ernesto Dias foi a rua onde vivi a maior parte da minha infância. Ali nasci e cresci até os nove anos de idade, vendo os carros de boi passarem a custo e os poucos ciclistas, retidos pelas fartas areias, obrigados a descerem de suas pesadas bicicletas do tempo da guerra. E como esquecer as festas no Pedreira E. C., quase em frente de casa, ou a movimentação no Partido (sede do PSD), em tempos de política? Como não lembrar o Bloco da Vitória, durante o carnaval? Ou a passagem do tradicional Mastro de São Pedro e, em noites iluminadas pelas fogueiras juninas, do boi-bumbá Pai do Campo? Ou o foguetório da disputa saudável e alegre entre o alvi-celeste Mundiquinho Bastos e o azulino Álvaro Mello, em dias de RE-PA? Impossível! São recordações que marcam uma vida! Essa rua, uma das primeiras da Vila, já foi chamada de Rua das Mangueiras, quando variadas espécies desse vegetal ocupavam seu leito. Depois que as frondosas árvores foram substituídas pelos trilhos do bondinho, foi denominada Travessa do Bispo, pois tem início naquela praia. Hoje, ostenta orgulhosa o nome do valoroso comandante do Alexandrino

quarta-feira, 23 de novembro de 2011

CANTANDO A ILHA - MARAHU: Primeira Relação

Autor: Max Martins

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Foto: Paula Sampaio

MARAHU: Primeira Relação

 

2 formigas - operárias
ápteras
ou novatas, não
de fogo mas
noturnas, doces
1 grilo
(depois aprisionado
pela aranha, morto
ao amanhecer).
O canto dum galo
e outro galo.
A saracura. A tarde.
2 gaviões molhados
encolhidos no pau da árvore
pensos.
Garças
sobre as pedras
negras da praia.
Os urubus
o boto morto
um cão medroso, sapos
sapos
sapos
1 goteira
sapos
chuva
o sol
vindo do mato
às 7
da manhã.
A noite
a escuridão o vento as velas
de Lao-tsé
Thoreau
e o meu cajado de bambu rachado
o chão
folhas úmidas.

O autor:

"A minha poesia tem uma relação muito veemente com a vida.
É poesia-vida, vidapoesia".
(Max Martins)

Max Martins nasceu em Santa Maria de Belém do Grão Pará em 1926. A partir de 1934, fez estudos nas áreas de Poesia, Artes, Literatura e Filosofia, nunca abandonando a formação autodidata.

Os primeiros textos de Max foram publicados por Haroldo Maranhão em um jornal escolar denominado “O Colegial”. Foi a partir desse jornal de alunos, que floresceu uma amizade entre Max, Haroldo e Benedito Nunes que dura mais de 50 anos. No período de 1945 a 1951, eles participaram juntos do suplemento literário “Folha do Norte”, de grande importância na época.
Ao lado de Benedito Nunes, Francisco Paulo Mendes, Rui Barata, Mário Faustino, Paulo Plínio de Abreu, Haroldo Maranhão, viu chegar a modernidade na poesia brasileira, da qual se tornou um dos poetas mais expressivos. Sua obra está traduzida para o alemão, inglês e francês.

Sua poesia é transgressão, é ruptura, é um fora na mesmice, é espelho para os novos poetas.

Livros publicados: O Estranho, 1952; Anti-Retrato, 1960 — ambos de poesia. Tanto o primeiro como o segundo livro receberam respectivamente os prêmios da Academia Paraense de Letras e Secretaria de Educação do Estado do Pará; H'Era, 1971; O Ovo Filosófico, 1976; O Risco Subscrito, 1980; A Fala entre Parênteses, 1982 — em parceria com o poeta Age de Carvalho; Caminho de Marahu, 1983; 60/35, 1985; Não para Consolar— Poesia Completa — Prêmio Olavo Bilac da ABL, dividido com o poeta António Carlos Osório, 1992; Para Ter Onde Ir, 1992; Colmando a Lacuna — Poemas Reunidos, 1952-2001.

Max Martins é dos mais instigantes, vale ouvir, vale a leitura, vale a reflexão.

O mundo das letras se despede de um dos maiores poetas brasileiros de todos os tempos, o poeta Max Martins. Max morreu no final da tarde de 9 de fevereiro de 2009, aos 82 anos. O legado poético que fica, eternizado por versos de finas estampas, é o de um gênio da palavra que fez da poesia um ato de resistência.

Mas poeta não se despede, e nem morre...

FONTES: http://academiadospoetasparaenses.blogspot.com/2009/01/poesia-de-benilton-cruz.html

http://academiadospoetasparaenses.blogspot.com/2009/02/morre-o-poeta-max-martins.html

segunda-feira, 21 de novembro de 2011

JANELAS DO TEMPO: DE VOLTA AOS NAVIOS DO PASSADO

Autor: Cândido Marinho da Rocha

“Para a indignação do jovem pintor Garibaldi conspirava a morosidade daquelas viagens. Quando, nos dias de maior movimento, que aconteciam ao se seguirem dois ou mais dias inúteis – feriados unidos ou anexos a sábados e/ou domingos – ou no dia do Círio de N. S. do Ó, padroeira da localidade, dois navios (às vezes até três) eram destacados para fazer o transporte dos fiéis. Um era, necessariamente, o “Almirante Alexandrino” construído em 1905, que tinha capacidade apenas para cerca de seiscentos passageiros, embora, certas vezes, recebesse mais de oitocentos. Outro era um largo e raso navio conhecido pelo nome de “chata” por ter o calado menor que os demais de sua envergadura e o casco chamado de “fundo-prato”. “Fortaleza”, “Belém”, “Belo Horizonte” eram seus nomes. Construídos em 1913, podiam transportar cerca de 250 passageiros alojados e 700 em pé. Para vencer as vinte e quatro milhas que separam Belém do porto da Ilha do Mosqueiro, a “chata” necessitava de quatro a cinco horas. Navios apropriados a longas viagens, eram dotados de muitos camarotes, pelo que não sobrava espaço disponível no convés, para alojamento de passageiros de curta viagem. O “Almirante Alexandrino”, mais leve, tendo sido transformado em navio de recreio para servir exclusivamente às viagens de Mosqueiro e Soure, era dotado de inúmeras cadeiras, que ofereciam maior comodidade ao passageiro, assim como conseguia alcançar Mosqueiro com duas horas de viagem. Contra a maré, o tempo aumentava, reduzido, naturalmente, se a viagem se fazia a favor da corrente”.

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A “chatinha” que fazia viagem para a Ilha (FONTE: MEIRA FILHO – 1978)

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Vapor Almirante Alexandrino (FONTE: A. MEIRA FILHO – 1978)

Todos os navios eram dotados de bar, onde se encontrava toda sorte de bebida. O ponto predileto da rapaziada ao redor daquele enorme balcão, atrás do qual diligentes moços serviam os sequiosos passageiros. Depois de uma ou duas horas de viagem, a conversa já era ruidosa, gargalhadas, anedotas, o diabo acontecia junto ao bar. Discussões a propósito do futebol, da mulher, do jogo do bicho, da guerra, da política, menos do Amor. De modo que ao chegar o navio ao Mosqueiro alguns já se encontravam conscientemente embriagados, falantes, exigentes, imprudentes, problemáticos. A roda habitual dos cervejófilos era quase sempre a mesma, todos conhecidos, que assim procuravam esquecer a tortura daquelas viagens sem fim, as máquinas a puxarem cinco milhas horárias.

Famílias que levavam crianças passavam mal. Faziam fila à porta dos banheiros – Cavalheiros, Senhoras – para que os garotos pudessem satisfazer suas desidratações. Enquanto esperavam, alta era a choradeira, os berros das amas indignadas, ali humilhadas perante os olhares de censura dos demais passageiros circunstantes. A confusão crescia, ajudada pelos grupos de moças e rapazes a cantarem com acompanhamento de abomináveis e chocalhantes violões, batidas de latas vazias. Lá adiante, roufenha vitrola explodia discos esganiçados enchendo o ar de poluídos sons. Os que ocupavam cadeiras – e para isso precisavam estar a bordo duas horas antes da partida, o que aumentava o tempo para cinco e mais horas de viagem – espremiam-se sufocantemente, fatigados da posição, amaldiçoando a hora em que se decidiram ir ao Mosqueiro. Amigas trançavam assuntos por cima das cabeças dos poucos que desejavam cochilar, armavam competições a propósito da competência de cada marido, acabando por confessar, desesperadas, as próprias mazelas das filhas e dos parentes. Um inferno! Uma que outra escaramuça surgia entre embriagados, exacerbados pela intervenção do pessoal acomodatício, entre os quais, quase sempre, saía um machucado. Sentados em cadeiras de lonas, e que faziam sistema com os proprietários, pois ora estavam à proa, ora à ré, ora à meia-nau, passageiros tradicionais choravam reminiscências. Tempos do “Velho Lauro”, do “Velho Lemos”, do Augusto Montenegro, do Enéas Martins, tempos inesquecíveis de civismo, diziam, saudosistas. Tempos de augustas escamoteações eleitorais, pensavam, envergonhados. Tempos em que se andava de “croisée” nas ruas de Belém, como o Dr. Virgílio de Mendonça, o comendador Candido Costa, o comendador Pinho e outros. Tempos em que médico tinha pejo de usar roupa comum. Aquilo sim que era pundonor profissional, diziam, resmungantes. Tempos da Sociedade do Descanso no Largo de Nazaré. Ah! Tempos sem pressa, Deus do Céu! Outros, mais vivos, menos mortos, relatavam diabruras sexuais, conquistas intermináveis. Recordavam mulheres soberbas, como haverá jamais. Nunca ninguém conquistou gente feia! Tudo belo, bonito, perfeito, puro e gostoso, como na poesia de Fernando Pessoa. Tudo princesa, duquesa, riqueza, limpeza!

Na altura da ilha de Tatuoca começavam a dormitar os velhotes, vítimas das próprias mentiras. Mas ou autênticos, os mentirosos de raça, continuavam a mentir, galhardamente, teimosamente, como o navio em que viajavam. Sem pressa.

Entre os campeões da pabulagem destacavam-se o Lisboa e o Candoca. Aquele era maquinista aposentado, conhecedor deste e do outro mundo. Este era vendedor de promessas, isto é, agente de seguros de vida. Prometia a vida vendendo a morte, o trapalhão. Eram competidores permanentes. Sátiras políticas, maledicência geral, forgicadores de anedotas atribuídas a pessoas conhecidas, tudo servia para as disputas. Mais que Paulito conheciam a vida de todas as mais notáveis pessoas de Belém. Hábitos íntimos, vícios, concubinas, renda mensal, religião, terreiros que frequentavam, “serviços” de macumba para conquistas amorosas, clube predileto, idoneidade, quantos filhos em casa, quantos fora de casa, mulheres falsas, moças fraudulentas, abortos, concessões, aberrações, nas minúcias, nas particularidades.

Espantosos, os velhotes!”

(FONTE: MARINHO ROCHA, Cândido. “Ilha Capital Vila”- GRÁFICA FALANGOLA EDITORA. Belém-Pa, 1973- pp. 188, 189 e 190)

sexta-feira, 18 de novembro de 2011

NA ROTA DO TURISMO: ELEIÇÃO PELO PÚBLICO DAS 7 MARAVILHAS DO PARÁ

 

Durante a premiação da sétima edição do Prêmio ORM/ACP, na noite desta quinta-feira (17), no Hangar Centro de Convenções e Feiras da Amazônia foram divulgados os nomes das '7 Maravilhas do Pará', uma promoção realizada pelo jornal O Liberal, por meio de votação popular. Foram eleitos também mais três ícones paraenses devido à expressiva votação.

Conheça as '7 Maravilhas do Pará':


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                Igreja de Pedra de Vigia (Foto: Ray Nonato)

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          Parque Ambiental de Paragominas (Foto: Antônio Silva)

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                     Praia do Atalaia (Foto: Henrique Felício)

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                           Alter do Chão (Foto: Ray Nonato)

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                         Círio de Nazaré (Foto: Ray Nonato)



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                       Ilha de Mosqueiro (Foto: Ray Nonato)

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              Parque Zoobotânico de Carajás (Foto: Agência Vale)

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                                 Ver-o-Peso (Foto: Igor Mota)

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                           Theatro da Paz (Foto: Elivaldo Pamplona)


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                Complexo Feliz Lusitânia (Foto: Oswaldo Forte)

FONTE: http://nossomeioambiente01.blogspot.com/2011/11/conheca-as-7-maravilhas-do-para-eleitas.html#more

segunda-feira, 14 de novembro de 2011

NA ROTA DO TURISMO: BELEZINHA

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Balneário BELEZINHA na Rod. Augusto M. Filho (GOOGLE EARTH, 2011)

Quem chega à ilha do Mosqueiro pela Rodovia Augusto Meira Filho, após atravessar a ponte Sebastião R. de Oliveira e pouco distante do Furo das Marinhas, vai encontrar, à direita, um aprazível balneário, refúgio para aqueles que, em dias de grande movimento, fogem das praias repletas de banhistas. É a hora de trocar o banho nas ondas doces do rio-mar Pará pelo mergulho nas águas tranquilas, escuras e geladas do Belezinha, as mesmas águas que envolveram o corpo escultural da atriz Cláudia Raia, durante a gravação de cenas para uma telenovela.

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Além do aconchego do lugar, as reconfortantes águas do Belezinha, uma das nascentes do rio Mari-Mari, são recomendadas para espantar o sono ou curar as indisposições causadas pelo excesso de bebidas alcoólicas. Sem dúvida, é um ponto turístico da ilha!

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FOTOS: Wanzeller, 2011

segunda-feira, 7 de novembro de 2011

JANELAS DO TEMPO: NA ÉPOCA DOS BONDINHOS

Autor: Cândido Marinho da Rocha

 

“A Ilha naqueles tempos quase que se resumia à Vila, onde casas nobres floresciam como as dos senhores Frazão, Comandante Solano, Souza Filho, Inácio Nogueira, Prisco dos Santos, Batista Moreira, Alcindo Cacela, Ó de Almeida, bem como outras menores.

À Praia do Chapéu Virado ia-se em bondinhos puxados a burros, a cavalo, ou acionando as próprias pernas.”

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          Bondinho puxado a burro (FONTE: A. MEIRA FILHO, 1978)

“E era divertida a viagem, embora morosa, os animais puxando os bondinhos sobre os trilhos, já decadentes. O caminho era estreito, as ramagens tocavam os passageiros. Chapéu Virado bairro longínquo, praia apenas para turistas e veranistas mais abonados. Pescadores ali moravam, poucos lavradores, que o povo de Mosqueiro não se dava muito ao cultivo da terra. Pouco se ouvia falar em Morubira, Ariramba e Carananduba, sítios distantes, praias, rios, matos, ótimos para caçadas e pescarias. Um que outro, mais corajoso, lá mandava construir uma casa.

O Hotel do Chapéu Virado era um grito avançado lá dentro da Ilha, ao lado da bela praia do mesmo nome. O Hotel do Zacarias, no Farol, era uma audácia sem conforto e sem frequência. Mas seus proprietários, teimosos, previdentes, corajosos – insistiam em oferecer pousada a quem quisesse realmente repousar naqueles ermos.

Luz elétrica pública não havia por assim dizer; água saía dos poços como, ainda hoje, cristalina, limpa e permanente.”

“Para assentamento de trilhos na Ilha do Mosqueiro a Lei Municipal nº 216, de 29 de dezembro de 1898 deu a concessão a João Evangelista Ferreira da Motta. Esta concessão foi transferida a Antonio Pindobussú de Lemos pela Lei nº 328, de 2 de abril de 1902. Assim, em 1931, os trilhos já não eram novos nem os bondes também. Estes eram deliciosos, lentos e prudentes, incapazes de ferir alguém, como aconteceria tempos depois, quando os automóveis tivessem tomado conta da praça.

Carananduba, cuja planta foi levantada em 1901, para que a localidade se transformasse em povoação, com todas as condições materiais de higiene, era lugar remoto e habitado por gente pouco conhecida na Vila.

Tudo isso consta do Relatório do Senador Antonio José de Lemos, Intendente de Belém, e referente aos anos de 1897 a 1902.”

“Pomares existiam fartos, com frutas de todos os tipos como abiu, cupuaçu, abacate, cutite, abricó, uxi, pupunha, mamão, graviola, goiaba, araçá, biribá, sapotilha, manga (grandes, copadas e veneráveis mangueiras), jambo, ajuru, murici, e tantas outras frutas silvestres.

Enormes terrenos eram propriedades doadas pelos governos de então, como para estimular o desenvolvimento e ocupação das terras. No bairro do Ariramba, por exemplo, o governador Augusto Montenegro doou extensa e profunda faixa de terra aos Marcelinos.

À sombra desses pomares, às tardes mornas da Ilha, muitos amores nasceram, floresceram e frutificaram. Quase sempre os casamentos eram consequências do namoro de jovens que não resistiam e se ofereciam à atmosfera amorosa do Mosqueiro, à embaladora brisa vespertina, à proteção das trevas noturnas das ruas sem luz ou à beleza das noites de lua cheia, verdadeiro grito de amor sobre a doce Ilha afrodisíaca.”

(FONTE: MARINHO ROCHA, Cândido. “Ilha Capital Vila”- GRÁFICA FALANGOLA EDITORA. Belém-Pa, 1973- pp. 21, 22, 23 e 24)

O AUTOR:

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           Cândido Marinho da Rocha ao microfone (FONTE: APER)

Cândido Marinho da Rocha nasceu em 14/06/1907, em Belém do Pará, filho de João Cândido da Rocha, e Maria Marinho da Rocha, ele vindo do Rio Grande do Norte e ela do Ceará.

Em 30/11/1933, contraiu núpcias com a Sra. Elizabeth de Souza Rocha, filha de Antônio de Souza Filho e Francisca Nepomuceno de Souza, de cujo matrimônio nasceu seus três filhos: Omar de Souza Rocha, dentista, sócio da firma C. M. Rocha Irmãos & Cia Ltda; Maurício de Souza Rocha, médico; e Luiz Carlos de Souza Rocha, engenheiro civil.

Fez o curso primário no Externato São Tomaz e no Grupo Escolar Wenceslau Brás, o Curso Secundário no Instituto Nossa Senhora de Nazaré, ingressando aos 15 anos de idade na Academia Livre de Comércio, mantida pela Fênix Caixeiral Paraense, onde, no ano de 1926, aos dezenove anos de idade, concluiu o Curso de Contabilista.

Além do curso de Contabilista, fez o curso de Técnico em Conferências e Curso de Preparação de Oficiais da Reserva (CPOR), tornando-se Oficial R2 do Exército Brasileiro. Foi, também, Professor do SENAC – Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial, na área de Metodologia.

Ainda em 1922, portanto com 15 anos de idade, embora trabalhando no comércio, começou a publicar os seus primeiros contos e crônicas nos grandes jornais de Belém, já com um estilo inconfundível, como jornalista e escritor.

Em 1930, quando ainda contava com 23 anos de idade, fundou e foi o redator do semanário “O Auxiliar do Comércio”, através do qual lutou pela instituição de oito horas de trabalho e da semana inglesa.

Prosseguiu colaborando com revistas e diários de Belém, entre as quais a “Revista Amazônia” até que, em maio de 1958, foi eleito membro do Instituto Histórico e Geográfico do Pará, lançando um ano depois o seu primeiro livro de contos “Terra Molhada”, que mereceu Menção Honrosa da Academia Paraense de Letras.

Nessa condição de escritor, colaborou com o Semanário “A Colônia”, órgão informativo da Colônia Portuguesa, dirigida pelo jornalista português J. Godinho Ferreira; com a revista “A Phênix”, informativo da Fênix Caixeiral Paraense, dirigida pelo saudoso mestre Ramiro Castro, de grande circulação regional e destacada entre as melhores revistas da época. A partir de 1926 passou a publicar contos e crônicas, sua especialidade, nos Jornais: “O Estado do Pará”, “A Província do Pará”, “Folha do Norte,” e “O Liberal”.

Seus principais livros, como escritor foram: “Terra Molhada” – contos, editado em 1959 e reeditado em 1962; “Vila Podrona”- romance editado em 1964; “O Defunto Homem” – romance e novela, editado em 1968 pela Editora da Universidade Federal do Pará em continuação à “Vila Podrona”; “Ilha, capital Vila” – romance e novela, editado em 1973, falando sobre a Ilha de Mosqueiro; “Menino do Marajó” – romance e novela, editado em 1976; “Biografias Maçônicas Paraenses”, editado em 1978; “Tijuco, Leite de Amores”, editado em 1975; e “As Viúvas”, romance e novela editado em 1979.

Foi Presidente, Vice-Presidente, e Presidente do Conselho Deliberativo da Fênix Caixeiral Paraense, e foi membro do Instituto do Ceará e da Ordem dos Velhos Jornalistas do Rio de Janeiro.

Com seu idealismo transparecendo em todos os momentos da sua vida, fez parte de um grupo de intelectuais que fundou o NORTE TEATRO ESCOLA DO PARÁ, onde exerceu o cargo de Diretor Administrativo, e a FACULDADE DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS E ATUARIAIS DO PARÁ, onde exerceu a Presidência, depois incorporada à Universidade Federal do Pará.

Destacou-se como Presidente da Associação Paraense de Seguros, cargo que assumiu, coincidentemente, no “Dia Continental de Seguros”, fato destacado em brilhante discurso proferido no dia 14 de maio, ao lado do nosso confrade Jorge Germano Silva que, na condição de Vice-Presidente, acabou recebendo, mais tarde, o honroso cargo de Presidente, através de atenciosa correspondência de 04/04/1979 de Cândido Marinho da Rocha.

Dezoito anos antes, em Sessão Magna realizada no dia 14/06/1961, aos cinqüenta e quatro anos de idade, tomou posse na Cadeira nº 1, da Academia Paraense de Letras, que tem como Patrono Arthur Otávio Nobre Viana, um dos fundadores da Academia, cadeira ocupada também por Manoel Lowton Taveira Lobato, Adalberto Santos, e Rafael Costa, e hoje ocupada pelo acadêmico Ivanildo Alves. O seu discurso de posse, que denominou “O Paraensismo”, foi publicado no mesmo ano, sob os auspícios do Governador Aurélio do Carmo. Na Academia Paraense de Letras, exerceu o cargo de Tesoureiro, e Presidente no período de 1970 a 1974.

Nesse período, Cândido Marinho da Rocha proferiu inúmeras palestras e conferências, abordando temas históricos e literários, todos publicados na Revista da Academia Paraense de Letras e do Instituto Histórico.

Quando em 2008, dentro do projeto “Belém da Memória”, implantado no ano de 1999 pelo Núcleo Cultural – Casa da Memória da Universidade da Amazônia, a UNAMA homenageou a Loja de Tecidos “Paris N´América”, situada na Rua Santo Antônio, bairro da Campina, a placa comemorativa continha fragmentos do texto “Pour monsieurs et madame”, de Cândido Marinho da Rocha, em que é relatado, em detalhes, uma das épocas de maior prosperidade econômica de Belém, que resultou na criação das arquiteturas mais luxuosas da cidade. O projeto “Belém da Memória” inspirou-se nos discursos de nossos escritores e fixou em vários pontos da cidade, placas padronizadas que reproduzem esses textos ilustrados por imagens e ícones do patrimônio arquitetônico da cidade, sendo o texto de Cândido Marinho da Rocha escolhido por representar a realidade que Belém vivia nos anos da “Belle Époque”, principalmente a moda da alta sociedade, sempre inspiradas nas tendências européias, descrevendo como as moças se vestiam, como eram as sedas e os tecidos finos que chegavam a Belém.

O seu valor como escritor, foi destacado em alguns depoimentos, dos quais se destaca:

* Salomão Laredo, no texto escrito em julho de 2004, denominado “FEIRA DO LIVRO, LEANDRO E DALCÍDIO”, cita Cândido Marinho da Rocha como um dos expoentes da literatura paraense, com produção de qualidade, ao lado de Sílvio Meira, Ignácio Moura, Bruno de Menezes, Eustachio de Azevedo, Clóvis e Cécil Meira, Rodrigues Pinagé, Lindanor Celina, Ruy Barata, Victor Tamer, Georgenor Franco, Silvio e Levy Hall de Moura, Ernesto Cruz, Domingos Antônio Raiol, José Guilherme de Campos Ribeiro, Osvaldo Orico, Carlos Rocque, e tantos outros de grande importância na literatura paraense.

* Em “Narrativas da Ilha do Mosqueiro”, Cândido Marinho da Rocha é citado várias vezes, ao lado de Meira Filho, Claudionor Wanzeller, ressaltando a obra “Ilha, Capital Vila”, de sua autoria, que retrata o seu carinho e admiração pela Vila do Mosqueiro.

A sua admiração pela Vila do Mosqueiro era tão grande, a ponto de entrar na discussão sobre o nome das suas praias, citando 17 praias (1972), enquanto Meira Filho cita 21 (1978), Lairson Costa cita 20 (2005) e Maria da Paz cita apenas 15 (2000). Entra, também, na discussão sobre a grafia do nome de uma das praias de Mosqueiro, se Marahú ou Maraú, em que emite a sua opinião abalizada. Cita-se como uma das razões dessa admiração por Mosqueiro, é que foi lá que conheceu a sua esposa e companheira Elizabeth. Dessa sua ligação com Mosqueiro, nasceu a Biblioteca “Cândido Marinho da Rocha” que, por muito tempo, funcionou com um rico acervo literário naquela localidade.

Na área comercial, em 1938, fundou e foi sócio das firmas C. M. Rocha, Irmãos & Cia Ltda, e M. Rocha & Cia, especializadas em seguros e equipamentos científicos. Foi membro do Conselho Superior da Associação Comercial do Pará, e foi agraciado com o Título de “Honra ao Mérito” concedido pela Câmara Municipal de Belém.

Participou ativamente da elaboração do primeiro plano de eletrificação do Estado do Pará, e, por volta de 1957, da fundação das Empresas Geradoras e Distribuidoras de Energia Elétrica do Pará, depois Força e Luz do Pará, hoje Centrais Elétricas do Pará – CELPA, das quais foi Diretor Comercial e Presidente.

No esporte, foi remador do Paysandu Sport Club – PSC, no período de 1932 a 1933, chegando a exercer os cargos administrativos de Tesoureiro, e Vice-Presidente do Conselho Deliberativo.

Na Maçonaria, se destacou como obreiro ativo e líder maçônico, iniciando os seus estudos maçônicos em 19/12/1940 (1º grau) na Loja Maçônica Renascença nº 3, onde foi elevado (2º grau) em 11/03/1941, exaltado (3º grau) em 20/05/1941, exercendo os cargos de Orador e 1º Vigilante (1946/1947), Membro da Comissão de Finanças (1949/1950), chegando a Venerável Mestre, no período de 1950 a 1952, e agraciado, em 01/04/1971, com o Título de Grande Benemérito da Loja. No período de 1957 a 1964, assumiu o cargo máximo de Sereníssimo Grão-Mestre da Grande Loja Maçônica do Pará - GLEPA, permanecendo no cargo durante 9 anos, período em que teve grande participação na fundação da Grande Loja Maçônica do Maranhão – GLEMA, concedendo a sua Carta Constitutiva em 1960. Em reconhecimento aos trabalhos desenvolvidos na maçonaria, o seu nome foi perpetuado na Loja Maçônica Cândido Marinho da Rocha nº 62, fundada em 14/06/1986, pertencente à Grande Loja Maçônica do Pará. Em uma das últimas homenagens prestadas, ao completar dez anos do seu falecimento, a Revista “O Maço” deu destaque ao acontecimento, dizendo ser o nosso patrono “um dos grandes vultos da Maçonaria do Pará que, ao transferir-se para o Oriente Eterno deixou para todos nós uma invejável folha de serviços prestados à Ordem”.

No Rotary participou intensamente das atividades rotárias como sócio Veterano do Rotary Club de Belém Nazaré, onde ingressou no dia 12/10/1960. Na sua trajetória no clube, exerceu os cargos de Diretor das Avenidas de Serviços Profissionais (1963/1964), Serviços Internos (1974/75), Presidente de várias Comissões e Subcomissões, ininterruptamente, Vice-Presidente (1964/65), 1º Secretário (1966/67), Presidente no ano rotário 1969 a 1970, período em que foi Representante Especial para Fundação de Novos Clubes em Belém, e Membro da Comissão Consultiva Distrital. No período 1972-1973, na gestão do Governador do Distrito Antônio Gomes Moreira Jr., foi Presidente da Comissão Distrital da Casa da Amizade e membro 6 da ACADEMIA PARAENSE DE ESTUDOS ROTÁRIOS – APER da Comissão de Resoluções na Conferência Distrital de 13 a 15/4/1973, participando, ainda, da fundação de vários clubes no Distrito.

A sua dedicação ao Rotary e à Maçonaria, fundamentada no “Ideal de Servir” e “na tolerância, respeito e o amor fraternal” estimulou o seu filho Luiz Carlos, a ingressar, também, no Rotary Club de Belém Nazaré, e a ser membro ativo da Loja Maçônica Cândido Marinho da Rocha nº 62.

Cândido Marinho da Rocha faleceu em 15 de novembro de 1985, com 78 anos de idade.

FONTE: ACADEMIA PARAENSE DE ESTUDOS ROTÁRIOS – APER. BIOGRAFIA DE CÂNDIDO MARINHO DA ROCHA – PATRONO DA CADEIRA Nº 18.

http://www.glepa.org.br/controle/arquitetura/arquivo/10.pdf

sábado, 5 de novembro de 2011

A IMAGEM E O TEMPO: AS CAPELAS DA BAÍA DO SOL

Autor: Augusto Meira Filho

clip_image002                                            Capela de São Sebastião ( A. M. FILHO – 1978)

clip_image004                                            Capela de São Sebastião (WANZELLER – 2010)

clip_image006                                 Capela do Divino Espírito Santo (A. M. FILHO – 1978)

clip_image008                                   Capela do Divino Espírito Santo ((WANZELLER – 2010)

“Na região da Baía do Sol, duas casas religiosas se instalaram: a primeira no local denominado “Fazenda” e a segunda no “Bacuri”. Aquela tem como orago São Sebastião e esta, o Divino Espírito Santo. É curiosa a manifestação religiosa anual dos devotos desta última, em alegre procissão, verdadeira romaria fluvial, à base de canoas, barcaças, ubás, que se acumulam nas águas correntes da baía, levando seu protetor abençoando a fartura piscosa dos rios. Das dezenas de promessas de sua gente simples que então apela, pescadores e lavradores unidos pelo coração e pela unção religiosa do meio, muitas benesses chegam a promover espanto no seio da pequenina comunidade que nasce, vive e morre naquele lugar admirável, entre rios e coqueirais, praias a invadir matas e capoeiras, num sonho de permanentes esperanças de melhores dias.

Já no arraial da “Fazenda” as festividades de São Sebastião se consagram entre o povo com aquela mesma sentimentalidade interiorana que se verifica em outros pontos do Estado. Sempre as comemorações do dia do padroeiro se exaltam através da presença do sacerdote, a composição de sua diretoria-da-festa, as danças e bebedeiras, após o culto religioso pregado no templo, quando não faltam as rezadeiras, o pagamento às promessas e a celebração da Santa Missa. Os folguedos entram pela noite adentro e foliões despertam com a madrugada dando vida ao lugar, estreitando as amizades, louvando a Deus pela boa sorte, saúde e ótima colheita nas correntes do rio que se alarga até o horizonte.”

(FONTE: MEIRA FILHO, Augusto. “Mosqueiro Ilhas e Vilas”- ED. GRAFISA, 1978- pp. 98 e 99)

quinta-feira, 3 de novembro de 2011

CANTANDO A ILHA: PRAIA GRANDE (BAÍA DO SOL)

Autor: Prof. Alcir Rodrigues

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Minhas pegadas na praia

hão de quase nada durar...

Talvez antes da maré cheia,

apague-as a chuva,

a frequente chuva

da Baía-do-Sol,

que encharca não apenas

o seio da terra,

mas o coração deste escriba,

liquefazendo lembranças

de um outrora tão volátil

quanto esta tequila

que agora mesmo bebo

― enquanto estas linhas

carimbam o papel ―

com imaginárias mãos dadas

a caminhar de cabo a rabo,

nesta ainda agreste paisagem

da Praia Grande erma de gente,

longa enseada de saudades...

Quantos Tupinambás foram aniquilados,

para que este torrão se tornasse nosso?...

(É a arguição

que meu fantasma

faz em direção às ondas.)

E seu bramido me responde

em meio a lamentos

e maldições

ininteligíveis para mim,

trôpego bêbado, perdido

entre sons, letras e sentidos.

Ah! Praia Grande...

Praia Graaande...

Graaaaaaaaaaannnndddeee...

Mergulho e me perco,

nas ondas me lavando e levando,

indo e sumindo imergindo e emergindo

no mar do sono e do sonho,

líquido fim de encantamento

em molhados braços de Morfeu e Uiara...

Ah! Praia Grande...

Praia Graaande...

Graaaaaaaaaaannnndddeee...

O vento forte da baía traz do horizonte cinzento

a chuva em chicotadas de pingos

sobre as águas e areias,

apagando quase de todo

as minhas tortuosas

pegadas...

Ah! Praia Grande...

Praia Graaande...

Graaaaaaaaaaannnndddeee...

 

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FONTE: http://moskowilha.blogspot.com/2011/09/praia-grande-baia-do-sol.html#links