quarta-feira, 30 de março de 2011

JANELAS DO TEMPO: UNISAM

 

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A UNIVERSIDADE DE SAMBA DO MOSQUEIRO (UNISAM) foi fundada em 2005 e sua história nestes seis anos de existência ficou registrada em discurso do Sr. Mairton Marques Carneiro, Presidente do Conselho da Ordem do Mérito da Ilha Verde da UNISAM, proferido em ato solene de entrega de comenda para seus associados ilustres:

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“E o seu início deu-se com uma brincadeira de alguns amigos, dentre eles o saudoso Sebastião Carlos de Lima, o Armando Amaral, o Oscimar Trindade, mais conhecido como Baiano. Ocasião em que, na época do Carnaval, saíamos com outros componentes pelas ruas do bairro do Maracajá, em um bloco conhecido como “papa xana”, e isto se deu por um período de três anos.

Desta brincadeira, passamos a pensar em uma coisa mais séria, isto porque entendíamos, àquela época, que o carnaval do Mosqueiro estava declinante, ou seja, quase à falência, e nós como admiradores e moradores do Mosqueiro, não poderíamos deixar que o carnaval falecesse.

Daí em diante, passamos a manter reuniões periódicas, com a intenção de elevarmos o carnaval do Mosqueiro e, para tanto, fundamos, não uma escola de samba, mas sim, uma UNIVERSIDADE DE SAMBA, com o intuito de alavancar o carnaval do Mosqueiro, fazendo com que o mesmo voltasse a ser o que outrora fora.

E para preparar a fundação da Universidade, criamos o bloco ARRASTÃO DO MOSQUEIRO, o qual, no ano de 2004, arrastou cento e vinte brincantes (120).

Após o ano de 2004, fundamos a UNIVERSIDADE DE SAMBA DO MOSQUEIRO, o que hoje chamamos carinhosamente de UNISAM.

Sendo que, para chegarmos à fundação da UNISAM, tivemos a participação de algumas pessoas, que, obrigatoriamente, tenho que nesta ocasião relembrar:

WLADIMIR COSTA, homem que tudo fez para a fundação da ONG, inclusive, junto com a sua equipe, criando o seu Estatuto;

OSCIMAR DA SILVA TRINDADE, conhecido no mundo carnavalesco como BAIANO, homem tinente, sério e trabalhador e que até este ano, foi o nosso compositor e cantor de nossos sambas enredos; deixou a UNIVERSIDADE DE SAMBA DO MOSQUEIRO, devido às vicissitudes da vida, mas não poderia a UNIVERSIDADE, de jeito algum, deixar de enaltecer a figura do BAIANO, como pai, como amigo, como compositor, como cantor e, principalmente, como pessoa ligada ao samba da UNISAM.

Também é bom lembrar a participação do nosso eterno tesoureiro ARMANDO AMARAL NUNES, de sua esposa ZÉLIA, os quais, com muita tranqüilidade e zelo, cuidam das finanças da Universidade, contribuindo para o seu engrandecimento.

É bom que se faça uma lembrança, bem especial, a uma pessoa, que tudo faz, e vem fazendo, pelo engrandecimento de nossa Universidade, que é a Diretora Lena Vânia Nunes, porquanto a mesma, por ocasião das grandes dificuldades por que passam as escolas de samba, não mede esforços para fazer com que a UNISAM desfile linda e maravilhosa no carnaval do Mosqueiro, chegando, às vezes, inclusive, a não participar dos desfiles por problemas de doença. Mas, no próprio leito onde se encontra acamada, isto depois, torno a lembrar, de tudo fazer para colocar a escola em seus colossais desfiles, fica torcendo para que tudo corra bem. Continue assim, Lena Vânia, pois sabemos de sua perseverança e de seu amor pela Universidade de Samba do Mosqueiro.

Necessário se faz lembrar os companheiros fundadores, os quais preferem não nominá-los com receio de praticar injustiças, sendo que estes, juntamente comigo, fizeram com que a UNISAM seja o que é hoje.

Finalmente, é momento também de agradecer, principalmente aos nossos patrocinadores, nas pessoas de um FERNANDO FERREIRA, homem paraibano, que veio para o PARÁ e aqui implantou o seu negócio no ramo de peixe, e devido a este negócio, hoje, o mesmo chegou à presidência do CONEP e a sua participação junto a UNISAM é tão grandiosa, pois, dentro do prazo de sua existência, vem participando dos carnavais, tanto com sua contribuição pecuniária, como sua presença nos desfiles da Universidade, porquanto, no ano de 2006 foi o nosso homenageado.

Também é bom agradecer a figura do deputado estadual CEZAR COLARES, o qual vem contribuindo para o engrandecimento da UNISAM e com o carnaval do Mosqueiro.

É necessário agradecer as pessoas dos meus amigos e amigos da UNISAM: AFONSO MONTEIRO, EDSON JUNQUEIRA, WALTER COSTA, ELSON SOARES, RONALDO LEAL, CLÁUDIA FERREIRA, EDMILTON SAMPAIO, MILTINHO, CLEICIREMA, ROBERTO GONÇALVES DE MOURA, ODACYL CATTETE, JOSÉ TORQUATO DE ALENCAR, GOUVEIA JUNIOR, MIGUEL LOBATO DE VILHENA, O COMPANHEIRO WASHIGTON, DJALMA MELO, RUBEM PAIXÃO, bem como, ao abnegado vice-presidente da UNISAM FERDINANDO BEGOT, assim como a todos os brincantes e participantes de outros projetos dos quais a UNISAM é organizadora.”

Ainda finalmente, quero, neste momento solene, lembrar uma estrofe de um dos melhores sambas do carnaval da UNISAM, onde o então compositor da escola BAIANO homenageou este que vos fala, e ele dizia o seguinte:

“... E o ciclo, e da borracha Leopoldo pulou, Vargas, Augusto, balsa e ponte e o Judiciário Mairton exaltou...”

Por último, quero agradecer a uma mulher maravilhosa que muito vem engrandecendo a UNISAM, uma vez que ela, além de ser a minha esposa é a presidente da UNISAM, senhora DOMINGAS RODRIGUES CARNEIRO, para a qual o peço uma salva de palmas.

O MEU MUITO OBRIGADO!

Embora não aconteçam concursos, a UNISAM participa dos desfiles ostentando bonitas fantasias e uma estrutura básica de escola de samba, merecendo os aplausos do público.

Nos últimos anos, o carnaval temático da Universidade de Samba do Mosqueiro vem desenvolvendo enredos de exaltação à terra e a personalidades ilustres: “Amazônia do Meu Pará” (2008), “Transamazônica – A Saga de um Povo” (2009), “Walter Costa Registrando Belém” (2010).

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No Carnaval 2011, a UNISAM homenageou a sua presidente Srª Domingas Rodrigues Carneiro pelo trabalho desenvolvido em prol da entidade, exaltando sua coragem e determinação.

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FOTO: WANZELLER 2011                                             FOTO: WANZELLER 2011

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FOTO: WANZELLER 2011                                             FOTO: WANZELLER 2011

MOSQUEIRANDO: Você quer saber mais sobre a UNIVERSIDADE DE SAMBA DO MOSQUEIRO? Visite o SITE DA UNISAM.

FONTE: http://www.unisam.net/site/15/pg2.asp

 

 

terça-feira, 29 de março de 2011

CANTANDO A ILHA: Onde...

 

Autor: Prof. Alcir Rodrigues

Onde...

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As ondas da praia do Bispo
Nada sabem de você...
No céu plúmbeo,
As nuvens quase equidistantes
Não me cochicham,
Segredando teu destino.


Às garças elegantes,
Grito silenciosa
E desesperadamente
Que não mintam para mim.
As pedras cruelmente calam,
Calam, calam...
Só as ondas falam...


Mas é um idioma
Cujo código desconheço
Por completo...
Ao largo, na baía,
Zombeteiros barcos, gargalhando
Aos pô-pô-pôs,
Despedem-se e vão-se...
E só, eu vou ficando por aqui...

O sol decai em sono lento,
Espargindo pelo panorama
Melancólicos vermelhos,
A impregnar meus lassos olhos,
Abandonados pela luz.


Pergunto às estrelas,
que apenas me piscam, cúmplices
desse segredo, desse mistério
que insiste em não ser revelado...


Que estará fazendo o Meu Amor?
Por quais trilhas estará vagando,
longe longe sem mim, que lamento
por estares em um lugar por mim desconhecido!


Eu, que durmoacordo no Paraíso,
porque é com minha Princesa que divido
o leito, vivo num sonho, devaneio
que não quero nem de longe
que me escapula da vida/vista.


Tudo que mais quero no mundo
é ter você em meus braços...


Sempre... Sempre...


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FONTE: http://moskowilha.blogspot.com/2010/09/onde.html#links

segunda-feira, 28 de março de 2011

CURIOSIDADES: A PONTA DA PEDREIRA

Autor: Augusto Meira Filho

“Sob o ponto de vista industrial, o Mosqueiro mantém serviços de serrarias, olarias, de marcenaria e mecânica. São pequenas instalações que servem aos interesses locais e aos dos veranistas que ali se estabelecem, fixando residência, sobretudo, agora, após o advento da ponte na rodovia Belém-Mosqueiro, sobre o canal da Marinhas, como estudamos.

Entretanto, existe há muitos anos na praia do “Areião”, local denominado de Pedreira uma usina de beneficiamento de borracha e extração de óleos, pertencente à firma Bitar Irmãos que, com o correr dos anos, fixou uma nova denominação ao lugar. Hoje, aquela ponta ocidental da ilha do Mosqueiro é conhecida como a “Ponta-do-Bitar” e ali vimos instalado um farolete ou farol de aviso marítimo ou fluvial, sob a designação de “Ponta-do-Mosqueiro”. Assim assinalam as plantas da entrada de Belém...”

“Em 23 de junho de 1924, a firma Bitar Irmãos, que desde 1897 já se dedicava ao comércio, fundada em Belém por Simão e José Miguel Bitar, resolveu adquirir uma extensa área de terra em Mosqueiro, onde existia uma velha construção de madeira, situada na praia do “Areião”, em uma ponta avançada para a baía de Santo Antônio, denominada de Pedreira.

Foi nessa antiga edificação, totalmente reconstruída, que a firma instalou uma nova indústria, certamente, a primeira iniciativa particular desse gênero fixada no Mosqueiro.”

“Notícias antigas informam que essa denominação de “Pedreira” àquele lugar da Ilha do Mosqueiro é originária de ter sido utilizado no século XVIII, para a exploração de pedras especiais para as construções na sede da Colônia. Muitas (edificações) obras oficiais daquele tempo se abasteciam na Pedreira Real em busca de material apropriado para as alvenarias-de-pedra, processo construtivo da época, largamente utilizado pelos construtores e engenheiros em suas obras erguidas em Belém. Também à margem do rio Guamá, na face oriental da cidade, distante um quarto de légua do centro urbano, outra pedreira fornecia material para as obras públicas e as particulares edificadas na Colônia e, depois, na Província, no período do império. Hoje, chamamos a esse ponto da cidade de “pedreirinha do Guamá”, próximo às novas instalações do Campus da Universidade Federal do Pará. As plantas de Belém do fim do século XVIII (ver nosso trabalho Evolução Histórica de Belém do Grão-Pará) fazem pequenas referências a esse lugar, no extremo oriental da cidade. Esse material até agora é o mais usado nas fundações de construções residenciais e de outras congêneres, sem maiores responsabilidades. Trata-se de laterita, comum no subsolo próximo a Belém, popularmente chamada de “pedra-preta”, “matacão” ou “pedra-Pará”. Não se trata, absolutamente, de nenhuma rocha granítica enterrada ou superficial.”

(Meira Filho, Augusto. “Mosqueiro Ilhas e Vilas”- ED. GRAFISA, 1978, pp 88 e 91)

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PONTA DA MUSQUEIRA > PONTA DA PEDREIRA > PONTA DO BITAR (FONTE:

Google Earth)

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FÁBRICA BITAR NA PONTA DA PEDREIRA (FOTO: Cássio Nascimento).

A ILHA CONTA SEUS CAUSOS: CHINCOÃ

 

Dizem que, ao se aproximar as seis horas da tarde, principalmente nos locais ribeirinhos, não se deve brincar com os pássaros, pois algo muito ruim pode acontecer.

Na beira de um rio morava um senhor chamado Benedito, que trabalhava fazendo matapi. Certo dia, por volta das cinco e meia da tarde, um lindo pássaro chamado chincoã, que estava de passagem por aquela mata, passou bem próximo da casa deste senhor, cantando sua doutrina: “chincoã”, “chincoã”, “chincoã”; o senhor começou a xingá-lo e quando ele voltou de novo cantando a mesma doutrina, o homem falou:

-- Se fosse homem, vinha me ajudar.

E o chincoã se transformou em um lindo rapaz e pediu um copo de água ao seu Benedito, quando viu que o senhor estava precisando de ajuda e falou:

-- Posso ajudá-lo?

-- Sim.

E o rapaz começou a fazer matapi. Quando chegaram as seis horas da tarde ele parou de fazer e disse:

-- Eu já acabei. O senhor ainda tem alguns matapis para fazer?

E seu Benedito falou:

-- Não.

-- Agora estenda as mãos.

Ele estendeu e o lindo rapaz cortou as mãos de Benedito, dizendo:

-- Isso é para o senhor nunca mais mexer com os pássaros.”

(Lima Gama, Rosangela C. e Santos Andrade, Simei. “Mosqueiro Conta em Prosa e Verso o Imaginário Amazônico”. PMB, 2004, p. 132)

quinta-feira, 24 de março de 2011

CANTANDO A ILHA: O RIO

Autor: Claudionor Wanzeller

Sou rio,

Mas não rio

De dinheiro,

De lágrimas.

Rio – isso sim! –

Da insensatez humana.

Sou sério, mas não me levam a sério.

Sou tua estrada que caminha.

Tenho vida e sou a tua vida.

Nasço como tu nasces,

Cresço como tu cresces

E busco a amplidão como tu buscas,

Mas posso morrer como tu morres.

Se durmo tranquilo em meu leito,

Posso sonhar em ser mar.

Mas, embriagado pelas águas ardentes das enchentes,

Posso sonhar os pesadelos que tu vives.

E, nesses longos e inesperados pesadelos,

Posso levantar-me trôpego, desnudo e sonolento

Do meu leito

E rolar, às vezes em formidável fúria,

Pelo chão de várzeas do meu quarto.

Afinal, estou no meu íntimo espaço!

Aqui posso ser livre – pelo menos aqui –

Já que me prendes muitas vezes em tuas barragens

E me escravizas para mover tuas usinas

E me sujas com teu lixo e teus dejetos imundos.

Feito à semelhança de Deus tu foste,

Mas deus não és!

Tudo queres, mas nem tudo podes.

Se quiseres conviver comigo,

Acostuma-te com meu ronco perturbador

E com meu arranco assustador

Ou muda-te para terras altas.

Sou rio

E sorrio.

Continuarei a ser rio

E a rir da tua natureza humana

Que não quer ser Natureza.

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Praia do Marahu: o rio reclama o seu espaço (FOTO: WANZELLER)

quarta-feira, 23 de março de 2011

NA ROTA DO TURISMO: Entre Trapiches, Trilhas e Vilas: Organização Comunitária e Práticas Sustentáveis no Distrito de Mosqueiro, PA (ENTRATRIVI)

Prof. Daniel Fernandes

O projeto em construção por um grupo de pesquisadores das Faculdades Integradas Ipiranga (FIPI), ligados a seu Núcleo de Pesquisa, na linha de pesquisa Desenvolvimento Sustentável, objetiva alcançar interação dos saberes acadêmico e tradicional, a fim de estudar e analisar a organização social no Distrito de Mosqueiro.

clip_image002                    GRUPO ENTRATRIVI DE PESQUISADORES DA FIPI ( FONTE: C. S. WANZELLER, 2011)

Inicialmente foram objetivadas as comunidades de Caruaru e Castanhal do Mari-Mari, porém com as idas a campo observou-se, em decorrência de problemas estruturais, que seria necessário delimitar mais o espaço de pesquisa. Assim, optamos por trabalhar com a comunidade do Caruaru e, em um segundo momento, com a do Castanhal do Rio Mari-Mari, já que esta se encontra em parceria bem adiantada com o Eco-Museu e pesquisador de uma escola da sede da ilha de Mosqueiro.

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        CASTANHAL DO RIO MARI-MARI                                                           CARUARU                        FONTE: DANIEL  DANIEL FERNANDES, 2009                         FONTE: DANIEL FERNANDES, 2011

A finalidade do projeto é contribuir para o aprimoramento das práticas de subsistência, de forma a permitir a compreensão de suas próprias ações e dos processos políticos e culturais em que estão envolvidas.

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REUNIÃO COM O PRESIDENTE DA ASSOCIAÇÃO DE MORADORES DO CARUARU (ASMOCA)FONTE: GERLEI MENEZES. 2011

Desta forma, começamos com algumas discussões sobre ações que visem à interação entre o saber sistematizado e o saber tradicional, interagindo e planejando, conjuntamente com as famílias locais e parceiros, estratégias voltadas à sustentabilidade dos recursos naturais e à oferta e ampliação de alternativas econômicas que propiciem o emprego, a renda, a inclusão social e práticas ambientais não-destrutivas. Para viabilizarmos estas possibilidades, optamos por utilizar as bases teóricas do turismo de base comunitária, levando em consideração que alguns ribero-ilhéus já têm contato com alguns parâmetros dessa modalidade de turismo.

quarta-feira, 16 de março de 2011

JANELAS DO TEMPO: RAINHA DAS RAINHAS DO CARNAVAL MOSQUEIRENSE

 

O Concurso Rainha das Rainhas do Carnaval Mosqueirense é um evento que já se tornou tradicional na ilha do Mosqueiro, atraindo sempre um grande público, que comparece todos os anos para assistir a um esplendoroso desfile de fantasias, sem dúvida um espetáculo de muitas cores, valorizado pelo desembaraço, simpatia e beleza das candidatas ao título.

O Concurso foi criado em 1981, pelo colunista social Mário Rodrigues, que o promoveu até 1984. De 1985 a 1988, a promoção coube à Secretaria Municipal de Educação, que deixou de realizá-la em 1989. Em 1990, a AGRUFEM (Associação dos Grupos de Folclore de Mosqueiro), representada por sua presidente Vírcia Alberto Pedrosa, assumiu a responsabilidade pela revitalização do Concurso. A partir de 1994, este acontecimento marcante no Carnaval da Ilha passou a ser promovido pela Prefeitura Municipal de Belém, através da Agência Distrital do Mosqueiro.

Em 1993, na Abertura do Concurso, a AGRUFEM, com o apoio da Agência Distrital e de diversos patrocinadores, homenageou as onze primeiras Rainhas das Rainhas do Carnaval Mosqueirense: Rosiane Miranda (1981: Rainha da Churrascaria Boi na Brasa); Joana Lucinal Dias (1982: Rainha do Pedreira E. C.); Socorro Moraes de Sousa (1983: Rainha do Hotel Murubira); Nilce Aragão (1984: Rainha do Botafogo F. C.); Vilma Helena Barbosa (1985: Rainha do Hotel Chapéu Virado); Teresa Mônica de Brito (1986: Rainha do Hotel Chapéu Virado); Maria Lúcia Favacho Cezar (1987: Rainha do Pedreira E. C.); Leila Suely Oliveira (1988: Rainha do Hotel Chapéu Virado); Alessandra do Socorro Bentes (1990: Rainha da E. S. Estação Primeira de Maracajá); Waldisi Cardoso dos Santos (1991: Rainha dos Comerciantes) e Rosiane Pereira da Silva (1992: Rainha do Parazinho E. C.).

Uma das características marcantes do Concurso Rainha das Rainhas do Carnaval da Ilha é a sua realização ao ar livre, em espaço aberto ao público, embora, em algumas ocasiões, já tenha ocorrido em locais fechados. Talvez essa característica seja responsável pela popularização e brilhantismo da festa.

No dia 04 de março de 2011, foi realizado o 26º Concurso com a participação das candidatas que já haviam sido apresentadas ao público, no Coquetel de Lançamento realizado no Espaço Cultural Praia Bar, no dia primeiro. Nesse coquetel, a Srta. Mayara Mathias Leal, representante do PREMIER, foi eleita pela próprias concorrentes como Rainha Simpatia. Após o belíssimo desfile de fantasias realizado pelas candidatas no palco-passarela montado pelos organizadores na Praça Cipriano Santos, o júri elegeu a Srta. Mara da Conceição Castro, representante da Associação Atlético Cruzeiro do bairro de Carananduba, como a Rainha das Rainhas do Carnaval Mosqueirense.

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Mayara Mathias Leal – Rainha Simpatia

(FOTO: BLOG DO MOSQUEIRO)

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Mara da Conceição Castro, Rainha das Rainhas do Carnaval Mosqueirense

(FOTO: Blog do Mosqueiro)

MOSQUEIRANDO: Você quer saber mais sobre o Concurso Rainha das Rainhas do Carnaval Mosqueirense 2011? Visite o BLOG DO MOSQUEIRO (http://blogdomosqueiro.blogspot.com/)

terça-feira, 15 de março de 2011

JAELAS DO TEMPO: E. S. ESTAÇÃO PRIMEIRA DE MARACAJÁ




A Escola de Samba Estação Primeira de Maracajá foi fundada no dia 13 de março de 1987, quando seus idealizadores se reuniram na Escola de 1º Grau “Prof. Remígio Fernandez”, localizada no bairro do Maracajá. Como sócios fundadores, assinaram a ata Iracema Cezar Jardim, Lucivaldo Favacho Cezar, Sebastião Ferreira da Silva, Miguel Trindade Barbosa, Edna Maria Cruz Furtado, Laércio Wanderley de Brito Santana, Rufino Dias Soares, Francisco do Nascimento Jardim, Sílvio Bentes da Silva, Manoel Cezar, Gerson Araújo Teles, Leandro Ferreira da Silva, Pedro Paulo Castro Cardoso e Hernandes Barbosa. Na ocasião, foi eleita a primeira diretoria da entidade, cabendo a presidência da Executiva à Srª Iracema Cezar Jardim e o cargo de vice-presidente a Lucivaldo Favacho Cezar.
Como tantas outras escolas de samba, a Estação Primeira de Maracajá surgiu de um bloco de sujos (como se dizia na época), cujos integrantes viviam, naquele momento, a alegria e a descontração eufórica do mais perfeito espírito carnavalesco. No entanto, antes de pensarem na organização de uma escola, haviam brincado, durante anos, o carnaval livre e irreverente dos blocos que se transformariam nas raízes da agremiação: “Sovaco de Cobra” (1985), “Unidos Secaremos” (1986) e “Puxe o Saco Mas não me Quebre o Pau” (1987). E foi, justamente, na chegada desse último bloco, depois de uma divertidíssima tarde de carnaval, que um grupo de amigos reunidos no bar sugestivamente denominado Ponto Final, bebendo umas cervejinhas, cantando, batucando nas mesas e conversando, tiveram a repentina ideia de fundar uma escola de samba.
Assim, a partir de 1988, a E. S. Estação Primeira de Maracajá foi às ruas da ilha e, durante esses vinte e quatro anos de existência, teve os seguintes administradores: Iracema Cezar Jardim (1987 a 1997), Raimundo Nonato Bentes (1998 a 1999), Gildeliza Favacho Cezar da Trindade (2000 a 2002), Guilherme Brasil (203 a 2006), Sebastião Ferreira da Silva (2007 a 2009) e, novamente, a partir de 2010, Iracema Cezar.
Nesses anos de existência, a Estação Primeira de Maracajá recebeu várias premiações, entre as quais se destaca o Troféu ESTRELA (1991 e 1992) pela realização de grandes eventos e, em 1993, por ter sido a promotora do melhor evento do ano: A ESTAÇÃO VAI À PRAIA. A premiação aconteceu no Baile das SUPER STARS, promovido pelo Araçagy Praia Clube de Mosqueiro e coordenado por Sidirley Profeta. Também teve suas Rainhas Alessandra do Socorro Souza Bentes, Minéia Cezar Jardim e Lilian Aragão vencedoras do Concurso Rainha das Rainhas do Carnaval Mosqueirense. Em 2009, sua candidata Lysandra Santos foi eleita Musa do Carnaval de Mosqueiro, evento realizado pela ONG VIVA MOSQUEIRO. Nos Concursos Oficiais de Escolas de Samba promovidos pela Prefeitura Municipal de Belém (FUNBEL), a Estação Primeira de Maracajá sagrou-se Campeã em 1991 e 1995.
Por anos consecutivos, a escola desenvolveu enredos baseados em temas políticos ou regionais: “Teve uma vez em Mosqueiro”, de Sebastião Ferreira da Silva (1988); “Mitos e Lendas da Amazônia”, de Graciliano Ramos (1989); “Pará, Folclore e Poesia”, de Francisco Nascimento Jardim (1990); “No Reino da Ilusão, Carnaval é Fantasia”, de Francisco N. Jardim (1991); “No Mundo Encantado do Circo”, de Carlos Augusto e Getúlio (1992); “A Estação das Estações”, de Getúlio e Carlos Augusto (1993); “Mosqueiro, Carnaval e Sacanagem”, de Iracema Cezar Jardim (1994); “Brasil dos Palmares”, de Francisco Jardim e Walmir Pacheco (1995); “Açaí, uma Paixão Popular”, de Sebastião Ferreira da Silva (1996); “A Tradição vem da Ilha, com a Estação 10 Anos de Folia”, de Iracema Cezar (1997); “A Estação e a Comunicação”, de Francisco N. Jardim (1998); “A Bela Deusa das Águas”, de Fernando e Paulo Anete (1999).
No ano 2000, sem o Concurso promovido pela Prefeitura Municipal de Belém e vivendo a crise financeira que assolava o país, a escola não participou do Carnaval. Nos anos seguintes, de 2001 a 2006, tal participação aconteceu, porém sem o desenvolvimento de um enredo específico. Em 2007, retoma a linha do carnaval temático, com o enredo de Sebastião Ferreira da Silva “Açaí, uma Paixão Popular” (segunda versão).
Há três anos, os temas são voltados para a homenagem a grandes personalidades: “Saudade da Velha Guarda”, de Sebastião Ferreira da Silva (2008); “Mosqueiro, meu Amor”, de Manoel Maria (2009) e “Tributo ao Sibamba”, de Carlos Augusto Santos (2010).
Parodiando a frase bíblica “O pão nosso de cada dia”, foi elaborado, para o Carnaval 2011, o enredo “O lixo nosso de cada dia”, um grito de alerta para as autoridades e a população em geral, mostrando a importância do reaproveitamento do lixo (reciclagem) na luta contra a poluição. É também espécie de homenagem aos garis pela árdua profissão que desenvolvem no cotidiano das cidades.
FONTE: Dados fornecidos pela Diretoria da Entidade, conforme pesquisa realizada pela Profª Iracema Cezar.









sexta-feira, 11 de março de 2011

JANELAS DO TEMPO: TÁ FEIO: Ironia e Irreverência na Avenida

Autor: Prof. Alcir Rodrigues

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Fig. 1: foto de Edmilson L. Braz
Carnaval 2006

* Achamos por bem identificar os/as brincantes para que, futuramente, os/as leitores deste documento não sofram do mesmo tipo de apagamento que motivou a elaboração deste escrito: (da esquerda para a direita, primeiro os adultos, depois as crianças) Aldo, Daniele, Santana, Lindo (Gonçalo), Vanessa e Moisés, Alcir (o então Presidente), Daniel, Sheyla, Rick, Adriana e Arnaldo, Helen, e Beca; Caio Vinícius, Caio Campinas, Vítor, Tavinho (André Gustavo), Ariane e Arícia (oculta atrás do Rick) e Amanda.

GRCBC TÁ FEIO

O GRCBC TÁ FEIO foi fundado em 1979, após a inativação prematura da agremiação A Grande Família (aqui do Mosqueiro), da qual o Tá Feio acabou por herdar alguns brincantes/fundadores e instrumentos da bateria. O nome remonta aos primórdios da Escola de Samba Quem são Eles, que nasceu com o nome de Tá Feio. O propósito com que os fundadores criaram esta agremiação foi pautado pelo inconformismo com o tipo de “carnaval para turista ver‟, o carnaval formal e tradicional, fantasiado e bem bonito, o que não corroborava com o contexto social, histórico, cultural, político e, principalmente, econômico, pelo qual nosso país passava então. Tudo passa a lembrar precariedade (Como se pode ler em “Tá Feio! Tá Feio! / O homem sem cueca/ E a mulher sem porta-seio”, cantado pelos brincantes de então), principalmente a partir dos anos oitenta: tudo ruço, tudo “tá feio‟, nesse período de ínfimos salários e inflação galopante de Figueiredo e Delfim Neto, e segue adiante com Sarney e seu Plano Cruzado. (E depois, para piorar, viria Collor.) Nessa época (1986), o Tá Feio assume sua vocação para a denúncia, fazendo crítica construtiva por meio de uma postura de irreverência, inclusive retratando realisticamente a inépcia dantesca das autoridades e instituições “competentes”. Seu enredo, nesse ano, teve como tema “As horríveis noites de Carnaval”, que seria repetido, nos anos a seguir, como “As horríveis noites de Carnaval II”, e assim por diante. Em 1989, no decenário do Bloco, o historiador André Alvarez publica um artigo no jornal O Liberal, com o título “Nós que amamos tanto o Tá Feio”, e o Tá Feio, pela única (e última!) vez desfila como agremiação carnavalesca formal, com fantasias, adereços etc., com o tema “Ao despertar da folia”, ato de decisão isolada da Diretoria, o que muito desagradou os brincantes em geral, já que o período carnavalesco para eles deveria, como condiz com sua remota origem, ser não só de festa, mas também de inversão de valores. É nessa época, e só nela, que o pobre tem vez e voz: o morro, a baixada, a invasão; o operário, a doméstica, o desempregado têm seus poucos minutos de fama e de poder dizer, como no famoso samba de enredo, “Sou na vida um mendigo, / Na folia eu sou rei” (Beija-Flor). E por sua postura afirmativa, até escarnecedora em alguns casos, e por não baixar a cerviz jamais aos poderosos e seus desmandos, o Tá Feio, não é de hoje, foi constantemente boicotado, ou posto para desfilar em último lugar. Mas, como se diz, sempre deu seu jeito. O boicote, também econômico, custou ao Bloco ter se tornado Bloco Fixo, isto é, não desfilava, em anos intermitentes durante a década de 1990. Contudo, como uma Fênix, o Bloco ressurge pujante ainda em 1999, com o tema “O Real virou cocô”. Em 2000, com o “Brincadeira de peteca”. Seguem outros anos de Bloco Fixo. Em 2005, com dificuldades, sai na avenida repetindo o tema de 2000. Já em 2006, vem com o irreprimível “Tem culpa todo mundo, só não tem culpa eu”. Em 2007, o Tá Feio emplaca com “Se bobeias, danças”. Em 2008, o samba “Agente vai, a gente fica”, na linha dos anteriores; em 2009, “Trinta Anos de Tradição e Irreverência no Carnaval Mosqueirense”; em 2010, “O Belo e o Feio – A Antítese da Folia no Carnaval do Tá Feio” e, em 2011, comemora os “Vinte Anos de Empata’s Phoda Bar com as Bênçãos de São Caralho”, com forte teor de ironia, de irreverência e criticidade construtiva que sempre marcaram o Carnaval do Tá Feio, desde sua fundação até hoje.

Em vez de mil e uma, um milhão e mil e uma histórias têm os brincantes desse Bloco para decantar em prosa & verso. Em tempo, quando se dissolveu A Grande Família, e a família que a organizava cedeu os tambores para um de seus filhos e seus amigos formarem um Bloco de Sujos, como se dizia à época, surgiu o questionamento: Qual o nome a ser dado? Entre outros, surgiu o irretocável Tá Feio, por influência (Excepcional, diga-se!) da Escola de Samba Quem São Eles, que teve esse nome como seu primeiro.Tá Feio porque a situação socioeconômica da época “tava ruça”, como se costumava dizer. Tempo de “inflação galopante”, “fantática”, como o então ministro Delfim Neto a qualificava. Governo Figueiredo, quase no fim da dita-Dura. É desse período o “refinado‟ refrão, que igualmente o era seu “samba-tema”:

Tá Feio! Tá Feio!
O homem sem cueca,
E a mulher
Sem porta-seio...

Pode-se observar, da problemática óbvia, em questão, do baixo ou nenhum salário, do poder aquisitivo baixíssimo, ou na verdade zerado, que não daria sequer para comprar um sutiã ou uma cueca; além de tudo isso, veja-se o bom-humor, a sátira da letra, coisa já mais madura que nos primórdios do nascimento do Bloco, em que só se dava um grito de guerra, o tempo todo, repetidamente:

Ê eeeoôôôô, eeeôôôô
Tá Feiôô!

É dessa fase que vem a mística de que Tá Feio é o Bloco mais “enjoado” do Mosqueiro, no sentido de ser o mais persistente, o que mais vezes “passava” na frente do palanque oficial. Segundo alguns, há um número hiperbólico de 33 vezes e meia. Inclusive, certamente nesse carnaval aí das 33 vezes e meia, disseram, os organizadores do evento, que “aquela” seria “a última passagem do Bloco”, que após sair dali, não poderiam os brincantes voltar. Então, o que se fez? Ora, deram meia volta, uma ré, e o Bloco atravessou a Avenida no sentido inverso. Foi hilário, porque passou pelo meio rasgando os outros blocos e atrapalhando suas baterias, já que na do Tá Feio, ninguém sabia batucar. Ainda na década de 80, um brincante, Edivaldo Teles de Sousa, o Dico Medalha, uma vez perguntado sugestivamente qual seria o tema do Bloco para o Carnaval daquele ano, saiu com esta deliciosa pérola: “As horríveis noites de Carnaval”, o que combinaria com o nome da agremiação: Tá Feio. Aí, um outro brincante, o Vitor Barata, compôs um samba bem bacaninha, que segue abaixo:

As horríveis noites de Carnaval

Hoje a Vila está em festa
Tá Feio o seu povo vem saudar
Com horríveis noites de Carnaval
Este é o seu tema popular

Tem rasteira, tem empurrão
Tem madame fugindo com o Ricardão

Vem morena,
Que hoje ninguém é de ninguém
Tira a mão do meu, morena
Se não, amanhã vai ter neném

Vai ter neném
Sim, senhor
Este é o Tá Feio
Que o povo aclamou.

É possível que certas opiniões, e até com certo crédito, atribuam à letra um quê de ingenuidade, o que não deixa de ser parcial verdade. Mas é crucial que observem a crítica acerca da promiscuidade, com visão “machista‟, ou, no mínimo, patriarcalista, mas certamente crítica, com relação à deterioração das relações conjugais, bem típicas do período momesco. Importante também é a referência ao comportamento agressivo de algumas parcelas de brincantes que atrapalham ou mesmo estragam esse período, que deveria, como condiz com sua origem, ser de festa e de inversão de valores. É nessa época, e só nela, que o pobre tem vez e voz: o morro, a baixada, a invasão; o operário, a doméstica, o desempregado têm seus poucos minutos de fama e de poder dizer, como no famoso samba de enredo, “Sou na vida um mendigo, / Na folia eu sou rei”. Além desse fato, naqueles anos perto do fim da década de 80, a AIDS já vitimava muita gente. A gravidez não programada e precoce era uma constante. Esses fatos não mudaram muito. Mas no sambinha há um alerta contra o não-planejamento familiar. Não é tão ingênua assim a letra, portanto, como pudemos ver. Sem falar que a maioria das pessoas tem uma visão bem ortodoxa acerca do que é a beleza na passarela. Joãozinho Trinta rompeu com isso, na linha de Pablo Picasso, que disse que “O feio é belo”, quando desenvolveu na Av. Marquês de Sapucaí o tema, pela Beija-Flor, “Sapos, cobras, urubus, larguem minha fantasia”, em 1989. Ora, o Tá Feio tinha por tema, em 1986, “As horríveis noites de carnaval”. Que tal?

MOSQUEIRANDO: Para saber mais sobre o TÁ FEIO, visite o BLOG MOSKOWILHA.

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