sábado, 31 de dezembro de 2011

CANTANDO A ILHA: MOSQUEIRO E COPACABANA

Autor: Cândido Marinho da Rocha

Todos os dias no Mosqueiro são feriados. Vive-se num eterno domingo. Quem assim decidiu foi o próprio Anacibe, o moço das infelicidades buriladas. Há um estado permanente de êxtase naquela gente. Acredita-se, agora, tantos anos depois dos acontecimentos aqui expostos, que só em Copacabana são encontradas pessoas tão desocupadas e tão felizes. Aquele ir e vir carioca, aquelas piadas, aqueles olhares sorridentes, que só não são encontrados nos motoristas de ônibus, tudo existia na Ilha paraense. A mesma predileção para a conversa fútil, confiada e humorística; a mesma facilidade com que se encontram e se comunicam homens e mulheres; o mesmo sentido de superior indiferença pelo Futuro; a mesma despreocupação; a mesma galanteria – tudo foi copiado por Copacabana daquela bela Ilha chamada Mosqueiro.

Veja-se que estamos em 1933 e ainda hoje, quarenta anos depois, Mosqueiro e Copacabana se assemelham em relações humanas de toda a espécie. Além disso, no Mosqueiro existem praias que são belas enseadas, tal como Botafogo, Flamengo, Copacabana, pois assim são Farol, Morubira, Ariramba e São Francisco.

A Ilha é cercada de amor por todos os lados. Copacabana por todos os lados é amor. A Ilha acolhe e reverdece as mulheres. Copacabana é a princesinha que a todos reanima. Na Ilha, mulheres belas se despem desinibidas. Em Copacabana, elas descem despidas de inibições. As noites de Copacabana são luminosas e protetoras. As do Mosqueiro são acolhedoras e discretas. As manhãs, lá e cá, são uivos de animais no cio. As tardes, lá e cá, amparam projetos de novos programas.

Aceita-se a palavra de Anacibe. Mosqueiro é um eterno domingo.

Domingo festivo, colorido, ventilado, saudável, afrodisíaco.

Quem fala em morrer em Copacabana? Quem vai ao Mosqueiro para morrer? Morte é palavra morta entre mosqueirenses e copacabanenses. Uma tem água fria nas praias, outra tem água morna. Ambas, sugestões acariciantes ao pecado. Portanto, sugestivas e pecadoras são ambas, com suas antenas a captarem olhares lúbricos, gestos eróticos, palavras embriagadoras. Ambas enfeitam-se com os reinos animal, mineral e vegetal. Com o panorama combinado de mulheres, do mar e das flores. Ambas protegem, escondem, aconselham sonhos de felicidade. Ambas são deixadas por Deus para uso de um povo despreocupado, que não se contenta mais com a admiração que lhe provoca a minissaia. Ambas as praias que querem mais, muito mais, se Deus quiser.”

(FONTE: MARINHO ROCHA, Cândido. “Ilha Capital Vila”- GRÁFICA FALANGOLA EDITORA. Belém-Pa, 1973- pp. 129 e 130)

MOSQUEIRANDO: Eis que mais um ano se vai! As tristezas, os problemas que a custo resolvemos, os projetos não concluídos vão que vão ficando no passado. Só restarão a saudade dos momentos felizes que vivemos intensamente e a certeza alegre de um novo recomeço. Sim, se Deus quiser, nós continuaremos a fazer a História! Queremos agradecer a vocês, internautas da cultura, a visita frequente a este blog e desejar a todos um FELIZ 2012!

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