terça-feira, 23 de agosto de 2011

NA ROTA DA HISTÓRIA: A BELÉM-MOSQUEIRO NO JOGO POLÍTICO DOS ANOS 50.

Autor: Augusto Meira Filho

Esse ano de 1955 seria palco de outra movimentação política. Completava-se o governo Assunção e, a 3 de outubro, o pleito se feriria em todo o Estado.

Magalhães Barata candidata-se a Governador e o destino faria com que ele mesmo fosse o substituto do General Zacarias de Assunção, vencendo as eleições, tomando posse no ano seguinte, de 1956. Celso continuava na Prefeitura e, cedo, ocorreria a escolha de seu sucessor, que recaiu na pessoa do Sr. Lopo Alvarez de Castro, realmente vencedor e empossado em novembro de 1957.

Estava, pois, dividida a área política do Estado e da capital. O grupo oposicionista ao PSD (Barata) chefiava o município da capital e o Estado ficava em mãos de Magalhães Barata.

Poucos acreditam que essa divergência política foi a principal responsável pela demora na conclusão dessa obra da estrada Belém-Mosqueiro. Nós, que nunca a largamos, sabemos, perfeitamente, pois sentimos isso na pele, o prejuízo que nosso plano teve, em face desse lamentável desencontro. E é fácil explicar. Mosqueiro, na qualidade de distrito da capital, estava sujeito ao Prefeito de Belém; por outro lado, a parte da rodovia continental dependia das atividades do governo estadual. Dessa maneira, a PA-17, no Mosqueiro, era designada BL-19 (estrada municipal) e só mantinha sua denominação estadual, no continente. Veja-se a curiosa situação da estrada: partia de Belém para Belém na ilha, passando por um município do Estado (Ananindeua). O problema geográfico em nada influiria. A questão maior dizia respeito à posição político-partidária das duas chefias. Adversárias, cada qual trabalhando para a sua facção, nenhuma dava a outra qualquer oportunidade de “aparecer” perante o eleitorado. O Governo estadual não cooperava francamente, porque não iria ajudar uma obra municipal, de interesse da oposição; a Prefeitura, de sua parte, deixava a coisa rolar, simplesmente, porque “sem a obra no continente” de nada valeria despender-se qualquer soma em uma obra na Ilha, propriamente dita.

Eis a guerra formada e levada a sério por muitos anos.

No entanto, nada disso levávamos em conta e tocávamos para a frente o grande empreendimento. Com a simpatia de um grupo amigo, nos seria possível manter vivo o fogo olímpico que empunháramos em 1946.

Enquanto os políticos se digladiavam, inutilmente, perdendo tempo e dinheiro, nós avançávamos na nossa conquista.

Nesse interregno, visitamos, em Guarujá, o serviço de balsas ali mantido pelo Departamento de Estradas de Rodagem de São Paulo. Tomamos conhecimento de que tais encargos estavam afetos ao colega Oscar Fernandes da Silva, engenheiro paraense, servidor do DER paulista. Irmão do gerente da agência do Banco da Amazônia onde servíamos, nos aproximamos e dele obteríamos todas as informações sobre o funcionamento dos ferry-boats em Santos e demais detalhes técnicos. Serviço congênere Belém iria necessitar no “Furo das Marinhas”, no percurso da rodovia Belém-Mosqueiro.”

FONTE: MEIRA FILHO, Augusto. “Mosqueiro Ilhas e Vilas”- ED. GRAFISA, 1978- pp. 179 e 180.

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