quinta-feira, 18 de novembro de 2010

A OUTRA FACE DA ILHA: DE NOVO OS CASARÕES

 

Deu no Amazônia:

Edição de 07/11/2010

   

 
   

Em Mosqueiro, Construções do século passado estão caindo

Noely Lima

Da Redação

Casarões e chalés históricos do distrito de Mosqueiro passam por um triste processo de degradação. Sofrendo com a ação do tempo, os casarões da ilha estão em estado de abandono e servindo de abrigo para a marginalidade da área. Um dos casos que mais choca os que se preocupam com a preservação do rico conjunto arquitetônico da ilha é o caso do antigo educandário Nazareno, localizado na orla da avenida Beira Mar, próximo à praia do Bispo.

A ação do tempo, aliada ao abandono do poder público, transformou o espaço em um dos maiores exemplos do descaso com o patrimônio histórico na ilha. Com as paredes rachadas e a estrutura do telhado toda comprometida, o prédio ainda preserva o brasão da Prefeitura Municipal de Belém, que o identifica como um prédio público. Tamanho o abandono do imóvel, que a edificação está sustentada apenas por troncos de árvores que cresceram no interior do casarão. "Pelo menos não corre o risco de desabar, pois os troncos das árvores estão segurando o prédio. Hoje a área externa do imóvel serve para o pasto, pois tem sempre um cavalo amarrado na área. Recordo do período em que essa área era ocupada pelos estudantes do educandário. É uma situação lamentável e muito triste", declarou o comerciante Mário Augusto Costa, que reside há 30 anos na ilha.

Nascido e criado na ilha de Mosqueiro, o morador Edmilson Macedo dos Santos lamenta o abandono em que se encontra o antigo educandário. "Este imóvel faz parte da minha história, pois estudei e morei neste prédio na época em que ele abrigava o educandário das freiras. Depois que a irmã responsável pelo colégio faleceu, os estudantes tiveram que deixar o local. Vejo este abandono com muita tristeza, pois é um patrimônio que guarda parte da história de Mosqueiro", declarou o morador, enquanto observava o que restou da estrutura do prédio

Segundo ele, o casarão está abandonado há mais de 20 anos e hoje serve como abrigo de marginais. "É uma situação lamentável, pois o prédio poderia ser revitalizado para abrigar uma biblioteca pública. É um espaço excelente e bem localizado e seria o local ideal para o projeto de uma biblioteca pública ou outro espaço cultural. Seria uma forma de preservar o patrimônio histórico e beneficiar os moradores da ilha, que ganhariam um espaço de leitura", argumentou o morador.

De acordo com Ana Esmeralda Medeiros, diretora da biblioteca Avertano Rocha, o casarão do educandário está destinado para a construção de uma biblioteca. "O projeto existe e estamos em fase de finalização. O repasse ao município já foi feito e a construtora responsável pela obra já foi escolhida. A expectativa é de que no início de dezembro a obra comece. A intenção é a de entregar o espaço pronto até março de 2011", afirmou Esmeralda.

Localizado na orla da praia do Porto Arthur, o casarão Briconly ainda se mantém em pé, apesar do adiantado estado de degradação. A estrutura original do imóvel datado da primeira metade do século XX já começa a ruir. Impossível passar indiferente à arquitetura do chalé, já que o casarão fica localizado na orla da avenida Beira Mar. "É o retrato da falta de vontade do poder público municipal, pois a revitalização do patrimônio arquitetônico de Mosqueiro é dever do município, já que esta ilha é um distrito de Belém", observou a aposentada Ana Amélia Santos, que reside há 50 anos na praia do Murubira.

"Manter um prédio histórico não é fácil"

Um paraíso arquitetônico localizado às margens da quase desconhecida praia do Bispo. O Canto do Sabiá é um dos mais importantes casarões no centro histórico de Mosqueiro. Construído no início do século XX em estilo germânico, o casarão até hoje conserva o amarelo das paredes e o verde das grades. Em meio ao amarelo desbotado das paredes e outras relíquias, uma velha escadinha de madeira leva diretamente ao rio. "Esse imóvel pertenceu ao meu avô, que passou ao meu pai e hoje estou tentando preservá-lo. Cheguei a morar aqui, mas depois me mudei para Belém com a família. Atualmente, minha sogra está residindo no local", declarou Andreas Krueger, proprietário do imóvel. Segundo ele, a falta de recursos financeiros é um dos principals entraves na preservação do patrimônio. "Manter um prédio histórico como este não é nada fácil, pois os custos são altos, já que não podemos fazer modificações na estrutura externa. O material original utilizado na construção é caro, pois se trata de um imóvel de origem alemã. Apesar de todas as dificuldades, estou tentando buscar apoio para preservar o espaço. Confesso que as dificuldades existem, mas já conseguimos algumas parcerias, como com a PMB, que está fazendo uma limpeza em toda a área de jardinagem do casarão", comentou Krueger.

Os danos causados pelo intenso tráfego de veículos no entorno do imóvel também foi destacado pelo proprietário como um ponto negativo. "O impacto na estrutura do prédio é inevitável, pois o Canto do Sabiá fica localizado justamente no final da rua Nossa Senhora do Ó, que é uma via com fluxo de veículos intenso em direção à vila. Não há dúvidas de que o tráfego de veículos pesados vem abalando o casarão, pois se trata de uma estrutura com mais de 100 anos", relatou.

Restauração passa pelas três esferas

A maioria das edificações data da primeira metade do século XX, com modelos copiados da França, Alemanha, Suíça e Bélgica. Grande parte dos chalés está concentrada na orla das praias do Chapéu Virado, Farol e Murubira.

Mas o abandono dos casarões não é um problema encontrado apenas na orla da avenida Beira Mar. Na esquina da rua Coronel José do Ó com a travessa Pratiquara, na Vila de Mosqueiro, um casarão em ruínas chama a atenção.

A estrutura do prédio ainda preserva os azulejos portugueses, escondidas entre o mato e o lixo que toma conta do interior do prédio. "Há vários objetos roubados escondidos aí dentro, pois os bandidos utilizam este espaço para guardar roubo", declarou o açougueiro Milton Amaral, que reside próximo ao casarão. "Lembro da época em que este imóvel ainda possuía moradores. Não sei o motivo do abandono, pois é um prédio que poderia ser recuperado para servir de moradia ou até mesmo para abrigar um comércio", completou o açougueiro.

De acordo com a assessoria de comunicação da Fundação Cultural do Município de Belém (Fumbel), a restauração dos casarões e chalés privados de Mosqueiro é de competência dos proprietários dos imóveis. Segundo a assessoria, para fazer qualquer obra nos casarões é necessário que o proprietário encaminhe projetos ao Departamento de Patrimônio Histórico (DPH) das três esferas, federal, estadual e municipal.

A prefeitura de Belém faz uma análise prévia do projeto e acompanha as intervenções feitas pelo proprietário. A maior preocupação é a de preservar a estrutura original do prédio.

Postado por PT de Mosqueiro em 16.11.2010.

http://ptdemosqueiro.blogspot.com/

MOSQUEIRANDO: Acreditamos que, com essa resposta, a FUMBEL já lavou as mãos há muito tempo. De repente, com tanta burocracia, até Parece História pra boi dormir. Os casarões são propriedades privadas, mas o patrimônio histórico que eles constituem pertence a todos nós. Inegavelmente, são marcos de uma era na História do Pará e, como tais, devem ser também responsabilidade do Poder Público. Afinal, quantas empresas privadas o Governo tem ajudado ao longo dos anos? Por que não ajudar os proprietários dos chalés nessa difícil missão? Será um bom uso para o dinheiro público! Caso contrário, só vai perdurar a fama que o brasileiro tem de não valorizar e preservar o seu patrimônio histórico!

3 comentários:

  1. Concordo. A FUMBEL já lavou as mãos. É deprimente.

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  2. Aviso:
    Um dos casarões, na praia do Murubira, alvo da imprensa e do abandono, está sendo reformado. É isso que precisamos manter: uma campanha de alerta e contra a especulação imobiliária, contra o descaso do poder público e da falta de conscientização dos herdeiros.

    Apesar dessa vitória, no domingo fotografei um novo chalé entregue ao abandono e tomado pelo matagal, ao lado do mesmo um prédio moderno está sendo construído, com certeza no lugar do antigo. Está localizado na praia do Ariramba. Segundo informações, está para ser vendido.
    As fotos estão no blog
    http://chalesdemosqueiro.blogspot.com

    jcsoliveira_uema@hotmail.com

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  3. AS SETE MARAVILHAS DO ESTADO DO PARÁ
    Alterta aos Mosqueirenses

    Uma resposta ao assunto:
    Tornou-se uma situação seria a campanha de eleição das sete maravilhas do Estado do Pará.
    Num primeiro contato com a Tv Liberal, ninguém sabia responder sobre o assunto e a ligação foi passada para o jornal O Liberal. Nessa ligação, em meio a tantas dificuldades, já no terceiro dia de busca de informações,(22/11), minha ligação foi passada para a sra. Renata Sade, gerente de Marketing do Jornal, que respondeu-se às seguintes interrogações:
    1) No jornal consta uma ficha de votação contendo dados pessoais importantes. Para que tanta exigência, se no site pede apenas o nome e o site do eleitor?
    Resposta: Primeiramente trata-se um banco de dados da empresa e, no segundo caso, a votação é aberta.
    -->O que quer dizer isso?
    -->A quem interessa esses dados?
    --> E o resultado, o que nos beneficia ou nos prejudica?

    O resultado dessa votação poderá ser catastrofica, Vejamos:

    --> Mosqueiro tem problemas, há pessoas que amam esse lugar, mas há quem critique, por isso precisamos unir nossas forças e agir contra essa modalidade de votação que, de alguma forma, beneficia os privilegiados, ou seja, quem mora na cidade e possui a internet ao alcance de suas mãos, para votar e para criticar. E quem não tem um PC? Quem mora no interior e nem mesmo possui a ficha de votação e não compra o jornal. Quando votar? Aonde votar?
    --> Isso precisa mudar, afinal aonde se quer chegar com esse tipo de votação?
    --> A quem beneficiar? O povo do interior ou aos privilegiados da cidade que demonstram eleger o que é de interesse?
    --> Não vejo motivos para tal campanha, pois nem mesmo fomos convidados a partir da mesma! Então por que participar de um empreendimento que pouco nos interessa? Ou, em muito, nos prejudica!
    --> A quem interessar, vá ao site da ORM, cite seu nome e e-mail e vote infitamente, ou,
    --> Retire cópias da ficha de votação, preencha e leve para Belém, para depositar numa das urnas, conforme regulamento.

    Se for contrário a tudo isso, junte-se a nós e vamos colocar a boca no trombone, demonstrando nossa contrariedade a esse processo.

    jcsoliveira_uema@hotmail.com

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