terça-feira, 4 de maio de 2010

NA ROTA DA HISTÓRIA: A PONTE

NA ROTA DA HISTÓRIA

A PONTE

Embora o regime fosse ditatorial, aquele 12 de janeiro de 1976 representou um passo para a liberdade, pois mosqueirenses e veranistas sentiram, naquele dia, restaurado o seu direito democrático de ir e vir. È que o Presidente da República, Ernesto Geisel em pessoa, acabara de inaugurar a ponte que liga a ilha do Mosqueiro ao continente. Com seus 1.457,35m de concreto, a ponte Sebastião Rabelo de Oliveira (dec. 931, de 30.10.75) atravessa o rio Tauarié, também conhecido como Furo das Marinhas ou das Mariinhas na preferência de alguns. Furo das Marinhas lembra as embarcações artilhadas do governo legalista que, em janeiro de 1836, entrando pelas baías de Santo Antônio e do Sol, tentavam impedir a fuga dos bravos heróis cabanos. Furo das Mariinhas refere-se a duas jovens e bonitas irmãs que – segundo dizem – viviam isoladas naquelas paragens. Ora, se a grande escritora Rachel de Queiroz criou o romance “As Três Marias”, por que a ilha não poderia criar as suas duas Marias?

Naquela manhã ensolarada, lembro-me de estar na pracinha do Chapéu Virado, em frente ao Hotel do Russo, aonde a JAP (Juventude Arenista Paraense), comandada no Mosqueiro por Manuel Contente Melo, conduzira a população para saudar o Presidente. Afinal, era o primeiro a vir à ilha. E ele chegou num carro preto, acompanhado de grande comitiva e guardado pelo Exército, pela Polícia Federal e pelos homens do SNI infiltrados no meio do povo. Chegou elegante e austero, sorriu, cumprimentou as autoridades locais, entre elas o Agente Distrital Dr. Jacy Gonzaga da Igreja, ouviu atento os acordes da banda, descerrou o marco da sua passagem pela ilha, recebeu lembranças de alunos da terra e partiu.

E o povo, que o olhava de longe, aplaudiu, mais satisfeito com a ponte do que, evidentemente, com Sua Excelência. Pouco satisfeito, talvez, tenha ficado o Presidente. Em relato que ouvi alguns anos depois, segundo informações não-oficiais e não-documentadas, Geisel teria perguntado a alguém: “O que produz esta ilha?” A pessoa respondeu: “Nada, ela é usada só para o lazer.” E ele retrucou: “Uma ponte desse tamanho só para lazer?! Que desperdício!” O fato bem que pode ser verídico, já que o governo da época ainda estava contaminado pelo vírus do chamado “milagre brasileiro”, em que produção era a palavra de ordem.

Mas o povo estava feliz da vida. Abrira-se o segundo portal, já que o primeiro é o Trapiche da Vila e o terceiro fica no meio da ilha só “pra francês ver”. Ufa! Acabaram finalmente o desce-e-sobe nos ônibus da Empresa Beira-Dão, o corre-corre nos dias de chuva, a travessia sofrida no barco ou na balsa e a longa fila de carros particulares em época de grande movimento. O sonho tornara-se realidade.

Orçada inicialmente em três bilhões de cruzeiros antigos e projetada para ser construída com 33 vãos de 46 metros em quatro anos, a obra, pelo Decreto-Lei de 27.06.1969 assinado pelo Governador Alacid da Silva Nunes, passou a ser administrada pela sociedade de economia mista Mosqueiro Empreendimentos e Turismo S. A. (META), responsável pela construção e exploração econômica da ponte.

Nem a ponte foi construída em quatro anos nem estudos geológicos impediram a queda de tubulões. Faltaram verbas e técnica em alguns momentos, porém o entusiasmo de muitos, entre os quais citamos Augusto Meira Filho, Teófilo Conduru e Rodolpho Chermont, foi decisivo para a conclusão de uma obra que abriu e continua abrindo as portas da ilha para o tão sonhado e propalado projeto de desenvolvimento turístico. E a luta continua!

Comprovação histórica:

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Local do Furo das Marinhas onde se fixaria a

ponte do Mosqueiro (Foto: A. M. Filho)

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(Fonte: Foto cedida pela família Peralta)

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(Fonte: Foto cedida pela família Peralta)

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(Foto: Augusto Meira Filho)

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Geisel descerrando a placa de inauguração da

Ponte (Foto de A. M. Filho)

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(Fonte: Foto cedida pela família Peralta)

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(Fonte: Foto cedida pela família Peralta)

Trinta anos depois:

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Vendo a ponte do alto (Foto: PDB-2.006, Sávio Castro)

Trinta e cinco anos depois:

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Ponte vista do lado continental (Foto: W. J. Lameira)

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Atravessando a ponte (Foto: W. J. Lameira)

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Finalmente, estamos na Ilha (Foto: W. J. Lameira)

 

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2 comentários:

  1. Tio gostei muito da história sobre a ponte e o que o presidente talvez tenha falado.Muito interessante essa matéria.

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  2. Eu sou sobrinho do senhor Jaci Igreja infelizmente mosqueiro esta abandonada pelas autoridades chamadas competentes que na verdade são incompetentes para administrar a Ilha como um pólo turístico
    Mosqueiro esta abandonada entregue ao lixo e a dengue, Malária e as ruas estão cheias de buracos mosqueiro não tem agente distrital como antes uma pessoa que realmente ame mosqueiro e lute pelos seus direitos.

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